Acampamento Imortal escrita por Vallabh


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Estamos de volta com mais um capítulo cheio de emoções!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/693380/chapter/13

TOBIAS

Uma semana antes do torneio

Faz exatamente sete dias que não a vejo, mas durante todos esses dias solicitei que um dos meus funcionários enviasse caixas com peças e instruções sobre o projeto para ela. Por mais que Ártemis tentasse de todas as formas possíveis me deixar completamente ocupado para evitar que eu pensasse nela, ela sempre estava presente na minha mente, afinal ela é a minha única motivação para continuar de pé.

Depois que peguei Ártemis no acampamento, caímos na estrada rumo a um destino que há muito tempo eu não via, Atenas. Quando Ártemis me levou pela primeira vez para a cidade de Atenas eu tinha apenas sete anos, foi logo após ter recebido a marca que me tornou guardião da Luna. Nessa viagem ela apenas me apresentou à cidade e pessoas que seriam importantes para o meu treinamento. Depois disso passamos a ir com bastante frequência para a cidade do conhecimento, todos os finais de semana ela me levava para lá e como gastávamos muito tempo viajando do acampamento até a Grécia, a primeira coisa que ela fez foi me ensinar a usar um portal, dessa forma só precisaríamos viajar algumas horas de carro até o parque Upper Canada Village, às margens do Rio São Lourenço, que fica na fronteira do Canadá com os Estados Unidos e usar o portal que fica lá.

            Durante os onze anos seguintes a minha vida se resumiu a treinar até não ter mais forças e estudar a pequena Luna. Sempre que eu aprendia algo, Ártemis me fazia treinar até ser o melhor que ela já conheceu naquilo e mesmo depois de me tornar o melhor, ela ainda insistia que eu poderia melhorar. Ártemis me ensinou a caçar, rastrear alguém na floresta, ser invisível, mentir, correr, escalar, acampar, sobreviver e matar.

Conheci Ares, deus da guerra e das batalhas, treinei com ele até ele dizer que eu não tinha mais nada para aprender. E, acima de tudo, Ártemis me ensinou como é ter uma família, mesmo contra a vontade de Zeus, durante os cinco últimos anos do meu treinamento, sempre que podia ela, arrumava uma forma de fazer eu me encontrar com Posseidon, meu pai. Durante esses cinco anos ele me ensinou algumas técnicas que poderia usar na água, desde a mais besta, como controlar a água, até a mais complicada, como se curar com a água.

Quando completei dezoito anos Ártemis finalizou o meu treinamento e passamos a treinar na floresta ao redor do acampamento e desde então nunca mais vi meu pai e nem havia voltado na cidade do saber. Durante o trajeto de carro até o portal ela foi calada, quando chegamos em Atenas ela continuava calada, fizemos todo o percurso até o topo da montanha mais alta de Atenas onde costumávamos treinar e ela permaneceu calada, mas quando nos aproximamos do rio que fica ao lado da casa em que guardamos nossas coisas entendi o motivo do seu silêncio.

— Pai?! — chamo surpreso, caminhando em sua direção. Ele estava sentado em uma pedra na margem do rio.

— Vejam só como você cresceu! Já está um homem! — Ele fala rindo, pulando da pedra, caminhando na minha direção e me abraçando.

— Não posso dizer o mesmo do senhor, continua o mesmo coroa! — brinco quando ele me solta do abraço e levo um tapa na cabeça como resposta. — Como você conseguiu escapar do olhar atento de Zeus? — pergunto curioso, desde que meu treinamento acabou Zeus proibiu Posseidon de visitar a terra dos mortais.

— Digamos que a sua mãe sempre consegue dar um jeitinho de enganar o senhor todo poderoso, vulgo seu tio. — fala rindo e piscando pra mim. — Adoraria colocar todo o papo desses últimos cinco anos em dia, mas temos pouco tempo e muito o que aprender.

— Achei que já tivesse me ensinado tudo. — Caminho para a cabana para guardar as nossas coisas.

— Tudo o que era necessário para proteger a Luna, mas temos que contar com a possibilidade dela se machucar e nesse caso você vai aprender a curar ela. — diz sério e sei que terei muito o que aprender.

— Exatamente, além do fato de que teremos que elevar as suas habilidades a níveis além do perfeito! — Minha mãe fala com um sorriso perverso no rosto.

Depois disso não tivemos mais tempo para conversar, foi apenas treino e mais treino e mais treino ainda. Quando a quinta-feira chegou eu pedia a todos os deuses que não permitissem que eu tivesse que usar as técnicas que aprendi durante esses dias. Nesse momento estamos arrumando as nossas coisas nas bolsas para voltarmos para o acampamento, já está quase anoitecendo, o que indica que vamos chegar no acampamento pouco antes dos primeiros raios de sol da sexta-feira surgirem e a tempo para a primeira tarefa.

Termino de ajeitar as minhas coisas e saio da casa, indo em direção ao rio para me despedir do meu pai. Ele está sentando na mesma pedra, mas dessa vez de frente para o rio observando a correnteza. Chego nele e me sento ao seu lado na pedra, ficamos em silêncio, observando o rio.

— Como está o Kaique? — quebra o silêncio, me fazendo dar um grunhido de desgosto por conta do assunto. — Não me diga que vocês ainda estão sem se falar? — pergunta me encarando.

— Digamos que a nossa relação se tornou um tanto quanto muito mais complicada depois que a Luna passou a sair do acampamento.

— Entendo. — fala pensativo. — Diga a ele que mandei lembranças. — diz como se não tivesse escutado nada do que eu acabei de falar e voltamos a ficar em silêncio.

— Pai?

— Sim.

— Vai doer? — pergunto, sentindo o começo de um sentimento que há muito tempo eu não sentia, medo.

— Depende do quanto você quiser curá-la, às vezes o nosso desespero atinge níveis inimagináveis e quando encontramos uma forma de resolver a situação que nos causou tal aflição, dor e medo são detalhes que não percebemos. É a primeira vez que eu ensino essa técnica para alguém e você aprendeu com maestria, o que já era de se esperar.

Durante esses dias ele me ensinou a usar a água para curar outra pessoa, mas deixou claro que eu só devo usar essa técnica se for realmente necessário, pois a água vai ser apenas um condutor, para transferir parte da minha energia vital para a outra pessoa, se qualquer coisa der errado durante o processo eu posso acabar tendo toda a minha energia vital drenada.

— Quando eu vou lhe ver de novo?

— Isso vai depender de quando a sua mãe resolver me ajudar novamente. Digamos que ela ainda está um pouco ressentida pela nossa última discursão. — responde coçando a barbar rala.

Desde que me encontrou, Ártemis cuidou de mim como um filho e se tornou uma mãe para mim. Quando comecei a ter contato com Poseidon ela também se aproximou bastante dele e eu tenho quase certeza de que alguma coisa aconteceu entre os dois, mesmo que eles nunca admitam, mas no último dia do meu treinamento eles discutiram feio e mesmo o meu pai já tendo feito de tudo para que ela o perdoe, ela ainda tem um certo ressentimento com ele.

— Vamos? — Falando na mulher.

— Claro. — respondo, descendo da pedra, sendo acompanhado por Posseidon. — Obrigado pela surpresa, foi incrível poder revê-lo.

— Não tem de quê, estava com saudade de você. — Me abraça e ficamos assim por um tempo até Ártemis coçar a garganta, chamando nossa atenção. — Não fique com ciúmes, querida, você também faz parte dessa família, venha cá. — fala esticando o braço e puxando a minha mãe para o nosso abraço, no começo ela resiste, mas logo cede e nos abraça também.

— Eu amo vocês! — digo de olhos fechados, apreciando o abraço da minha família.

— Nós também te amamos muito, meu garoto! Tenha cuidado e volte para nós no domingo. — Meu pai fala e depois me dá um beijo na testa.

— Pode deixar. — falo sorrindo e o vejo caminhando para o rio, quando a água cobre sua cintura, um feixe de luz dourada desce do céu e o leva para o Olimpo.

— Hora de voltar para a realidade, garoto. — Minha mãe fala e começamos a voltar para a cidade.

Durante o percurso de volta para o acampamento Ártemis foi dirigindo, quando chegamos no acampamento, já estávamos em cima da hora. Ártemis veio o caminho todo reclamando que não deveríamos ter saído tão tarde de Atenas.

Assim que chegamos, Ártemis foi se juntar ao conselho que já estava indo para o local onde seria anunciada a primeira tarefa e eu fui para onde estavam os outros semideuses, procurando uma em particular. Quando a encontrei caminhei na sua direção, parando na sua frente de cabeça baixa, não falei nada, só queria sentir sua presença e ter certeza de que estava bem, levanto a cabeça e encaro seus olhos e, agora sabendo que eles são assim por minha causa, consigo acha-los mais lindos ainda. Desvio o olhar e olho para o paspalho do Kaique, que puxa a minha menina para perto dele, ela o encara e aproveito a deixa para me misturar a multidão.

Quando a primeira prova é anunciada sei exatamente para onde ir, mas minha missão aqui não é ganhar e sim proteger a minha garota. Entro na floresta somente o suficiente para me esconder e fico observando a ela e ao paspalho, a garota é esperta, espera todos correrem para caminhos diferentes e só depois começa a caminhar calmamente na direção da cachoeira. Espero eles estarem longe o suficiente e começo a segui-los, me concentro em prestar atenção até no menor ruído e em manter uma distância segura dos dois. Quando já estão perto o suficiente da cachoeira corro, passando na frente deles de forma que não me vejam, e verifico todo o caminho a frente, quando vejo que está tudo seguro vou para o destino da prova.

Sou o primeiro a chegar, então me dou ao luxo de ficar conversando um pouco com a ninfa Lucina até que a Luna chegue e eu possa ter certeza que ela está bem. Quando eles chegam recebo minha recompensa e saio de dentro da cachoeira, indo me esconder na floresta novamente, fico esperando até eles saírem, espero passarem na frente e vou seguindo-os novamente, quando já estamos perto o suficiente do acampamento, passo na frente e chego primeiro que eles. Falo com o Thoth e ele transforma o meu pingente em uma pulseira.

Vou para a tenda dos semideuses e me acomodo no primeiro ‘quarto’, retiro meus sapatos e a camisa e troco a calça molhada por outra azul clara seca. Me deito no pequeno colchonete e fico encarando o teto até que escuto eles entrando na tenda. Presto atenção na conversa deles e percebo quando o Kaique sai da tenda e deixa a Malagueta descansando. Espero alguns minutos e depois vou em direção ao quarto dela que é ao lado do meu, Thoth deixou bem claro que eu deveria me manter o mais afastado possível dela, mas não concordo com tudo da estratégia deles, sei que em algum momento vou precisar me aproximar da Luna e preciso que ela aceite minha aproximação.

A melhor forma de isso acontecer é tentar conversar com ela e ficamos “bem”, mas quando entro e ela está deitada dormindo, puxo uma cadeira que tinha próximo e me sento para observa-la. Fico assim por cerca de meia hora, até ela acordar. Ela se assusta com a minha presença e acaba se levantando de uma vez da cama e Zeus sabe o quanto eu me controlei para não lhe atacar naquele exato momento. Ela estava apenas com uma minúscula lingerie azul escuro, o que realçou ainda mais a sua pele clara.

Entretanto, o que mais me chama atenção é o que eu vejo em seus olhos, dor. Eu a magoei de verdade e de uma forma mais profunda do que eu esperava e sei que a única forma de tentar me aproximar novamente dela é sendo sincero, nesses anos que venho a acompanhando de longe, pude perceber o quando a Luna odeia que lhe escondam algo ou que mintam para ela. Abro o jogo com ela, pelo menos o que eu posso contar, falo tudo que eu queria e ela acaba desabando, a seguro e nos conduzo para a cama. Me deito e puxo ela para o meu peito. Fico fazendo carinho nela até ela dormir, quando isso acontece aproveito um pouco mais a sua presença ao meu lado e acabo pegando no sono também.

Acordo com a Luna me balançando e pedindo que eu saísse do seu quarto, aparentemente o idiota do meu irmão entrou e nos viu dormindo juntos e ela, como a boa amiga que é, precisa ir atrás dele se explicar. Lhe dou um último beijo prometendo que a faria minha quando tudo isso acabasse e saio de lá.

Volto para o meu cômodo, termino de me arrumar e de arrumar as minhas coisas para a próxima prova. Saio da tenda e fico esperando a próxima prova ser anunciada. Assim que o canhão dispara todos começam a correr para o labirinto e eu não sou uma exceção. Dessa vez eu não vou seguir a Malagueta, quem está atrás dela sabia que eu estava vigiando e não ousou tentar nada. Por isso, decidi me manter afastado durante essa prova e manter ela sob a proteção do Kaique. Conversei com ele e decidimos que eu irei chegar à sala dos tronos primeiro e esperar por eles, ele fará a segurança dela durante o labirinto.

Tudo estava indo muito bem, eu já havia chegado à sala dos tronos há algum tempo e estou esperando por eles quando sinto a primeira fisgada. A dor vem da minha coxa, examino e não vejo nenhum ferimento, então percebo que a dor não é minha e sim da Luna, ela se machucou e de alguma forma passou a dor para mim. Isso sempre aconteceu, mas agora está diferente, antes eu apenas sentia que ela havia se machucado, como foi na noite em que ela foi atacada pela criança da noite em frente a cafeteria, mas agora eu consegui sentir a dor que ela sentiu. Começo a andar pela sala, olhando para todas as entradas tentando ver ela quando avisto o Kaique correndo para chegar à sala, mas ele está sozinho.

— Cadê ela? — pergunto, indo até ele.

— Nós nos separamos, não sei dizer como ela está.

— Desgraçado! — Agarro ele pelo pescoço e tenho vontade de acabar com a raça dele, porém o empurro em direção ao trono de Posseidon e jogo ele sentando. — Nos vemos no acampamento. — Sei que ficar sem notícias dela vai ser pior do que qualquer surra que eu poderia dar nele.

Começo a cogitar a hipótese de voltar para o labirinto quando a vejo correndo para dentro da sala dos tronos, carregando alguém nos braços. Corro na sua direção, ela desaba na entrada da sala e tenta reanimar o corpo que agora reconheço ser da Kelvia. Ela tenta pegar o corpo da mesma no colo, mas faço isso e depois o levo para o trono de Afrodite. Por fim ajudo a minha pequena a encontrar o seu trono, entretanto, quando ela senta e o trono começa a brilhar, a luz é diferente e sei que tem alguma coisa errada. Corro para o meu trono e, em questão de segundos, estou de volta ao acampamento, começo a procurar por ela, mas não a encontro.

— Temos um problema! — falo invadindo a tenda do conselho.

— Concordo, a sua falta de educação é um grande incômodo. — fala Apollo com cara de desgosto.

— E você é um fracassado. — rebato e vou na direção de quem realmente importa. — Ela já deveria estar aqui, Thoth, o trono a mandou para outro lugar. — Apollo se levanta e começa a reclamar de alguma coisa enquanto o Dionísio fala que avisou que era uma má ideia. Todos ficam falando ao mesmo tempo e não dá para entender nada.

— CALADOS! — Thoth grita, fazendo todos se calarem. — O que aconteceu? — explico tudo que aconteceu para eles e as minhas suspeitas.

— Não podemos fazer nada, apenas esperar que ela consiga voltar para o acampamento. — Thoth fala por fim e volta a se sentar na sua poltrona.

— O quê? Então nós vamos apenas sentar e esperar que ela apareça, isso, é claro, se ela aparecer. — digo, frisando o “se”.

— Mas você pode encontrá-la. — Dionísio fala. — Se ela ainda estiver na floresta, você pode conseguir rastreá-la, não é?

— Eu já pensei nisso, mas ela estava machucada e perdendo muito sangue. Eu mal consigo sentir ela, só sei que ela está viva ainda porque eu também estou.

— E as ninfas? — pergunta Ártemis. — Elas podem sentir a presença dela.

— Elas não vão ajudar, as ordens saíram do Olimpo, elas não podem interferir de forma alguma nas provas enquanto o torneio estiver acontecendo. — Apollo diz.

— Mas a floresta pode. — Thoth fala e se levanta, caminhando pelo cômodo.

— O que você tem em mente? — pergunto ansioso.

— A Luna é uma garota esperta, assim que perceber que não está no acampamento ela vai tentar se orientar para chegar até aqui. Ela provavelmente vai usar instrumentos de orientação básica, a direção dos ventos e as constelações.

— Podemos fazer as constelações brilharem mais, facilitando sua visibilidade e tornar os ventos mais intensos. Por mais que ela sempre tenha sido péssima ao se orientar através deles. — completa Dionísio.

— Isso se ela estiver mesmo na floresta. — comenta Apollo.

— Nenhuma magia conseguiria romper os limites da floresta, apenas o próprio Zeus poderia derrubar as barreiras e permitir um portal dentro da floresta. — responde Ártemis.

— E ainda temos que pensar no fato de que a floresta não é confiável, pode fazê-la ir para outro caminho. — fala novamente Apolo.

— Mas as constelações não enganam. — responde Dionísio.

— Exatamente. — Thoth concorda.

— Então mãos à obra.

Vamos para dentro da mata e eu começo a me concentrar, consigo sentir ela, mas sua energia parece está fraca. De repente me sinto sem ar, uma dor insuportável nas costelas me faz perder o fôlego, caio de joelhos no chão, tentando me recuperar. Ártemis corre em minha direção.

— Tobias! O que foi? O que você está sentindo?

— Eu... Lu- Luna... — Tento falar, mas meus pensamentos começam a ficar desordenados, de alguma forma os pensamentos da Luna estão interferindo nos meus.

— O que tem ela, Tobias?

— Ela se machucou, não foi? — Apollo pergunta antes que eu responda à pergunta de Ártemis e apenas balanço a cabeça, concordando. — A ligação deles já saiu do controle, ele já consegue sentir as dores dela, se continuar dessa forma tudo que fizemos até aqui terá sido em vão.

— Eu sei que isso é preocupante, mas nossa prioridade no momento é outra, Apollo. — Dionísio fala e consigo perceber a repreensão velada na sua voz.

Consigo me recuperar e me levanto com a ajuda da minha mãe. Mal fico em pé e sinto outra dor forte, minha mente mais uma vez fica confusa, mas logo em seguida tudo se acalma e isso me preocupa.

— Eu... — começo a falar, atraindo a atenção de todos. — Eu acho que ela desmaiou.

— Como assim? — Thoth parece a ponto de perder a sua tão famosa calma.

— O que o Apollo falou é verdade, nos últimos dias tenho sentido nossa ligação diferente, é como se ela fosse um cabo de energia e estivesse recebendo uma sobrecarga de energia continuamente, tornando tudo mais intenso. — Olho para Thoth e o vejo travar a mandíbula, observo os outros membros do conselho e os percebo preocupados. — Um sinal disso é que consigo perceber os pensamentos da Luna dentro da minha cabeça, não é como se eu conseguisse saber o que ela está pensando, mas consigo perceber quando a mesma esta confusa ou quando sua mente está tranquila.

— Continue. — Dionísio incentiva.

— Assim que eu senti a primeiro dor, minha mente estava uma grande confusão e percebi que não era por causa dos meus pensamentos, mas logo depois da segunda pontada tudo ficou calmo, o que me leva a crer que ela possa ter desmaiado.

Todos permanecem calados, perdidos em seus próprios pensamentos. Estou prestes a perguntar se não irão fazer nada quando minha mente volta a ficar confusa. Mas dessa vez duas palavras se tornam nítidas “vento” e “glamour”.

Corremos para o quadrante, mas não encontramos ela. Me concentro novamente e ela continua correndo, seus pensamentos estão confusos, ela parece não saber para onde está indo.

— Ela não está nos vendo, mas consegue sentir os ventos — grito para Apollo.

— Como você sabe disso?

— Eu não sei explicar, apenas sei. — digo e olho para Thoth, esperando que ele acredite em mim.

— Aumente a intensidade dos ventos, Apollo. — Sorrio em agradecimento. — Vamos voltar para a entrada do acampamento, de lá teremos uma visão melhor para vê-la chegando.

Todos concordam e começamos a caminhar para a entrada onde estão montadas as estruturas do campeonato. Me encosto em uma árvore um pouco mais afastado dos outros, ainda sinto vestígios das dores da Luna e isso me incomoda um pouco. Ártemis chega com o Kaique que passa por mim e fica ao lado de Thoth. Sinto quando ela atravessa a barreira do glamour e ergo o olhar, a vendo começar a caminhar mais rápido na nossa direção, não me seguro e corro até onde ela está caída.

— Luna! — Ela está prestes a cair, então seguro ela.

— O que eu perdi? — pergunta sorrindo, mas antes que eu possa responder ela apaga.

— KAIQUE! — chamo ele e pego ela no colo. — O lago mais próximo, onde? — Não consigo preguntar direito, mas sei que ele entendeu.

— Alguns metros ao sul daqui. O que ela tem? — pergunta me acompanhando.

— Ela está muito machucada. Thoth, volte para o acampamento e resolva tudo. — Inclino a cabeça na direção do amontoado de semideuses que olhavam para a cena com curiosidade. — Estaremos de volta antes da próxima prova. Procurem quem colocou esse encanto no labirinto e aqui. E você! — falo, me virando para o Kaique. — Vem comigo.

— Tobias. — Me viro para ir em direção ao tal lago, mas paro quando minha mãe me chama. — Tome cuidado, você sabe as consequências da sua decisão. — Apenas balanço a cabeça e volto a andar.

— O que você vai fazer? — pergunta o paspalho quando já estamos chegando ao lago.

— A energia vital da Luna não é só dela, é nossa. Ela passou por muita coisa e de alguma forma essa energia está muito fraca, se não resolvermos isso, quando a sua energia se esgotar ela vai começar a drenar a minha. Digamos que eu sou uma espécie de reserva de vida dela, se alguma coisa tenta matá-la acaba me mantando ao invés de matar ela.

— E o que acontece se você morrer?

— Não sei ao certo, mas sei que não será nada bom para ninguém.

— Mas, mesmo você morrendo, ela ainda vai continuar sendo...? — Não chega a terminar a frase, mas sei ao que ele se refere, enquanto estava treinando, Posseidon me contou que a existência da Luna implica em muito mais coisa do que imaginamos. Aparentemente existe uma profecia envolvendo o fim do Olimpo e ela é a causadora disso.

— Exatamente, o que deixa tudo muito mais complicado.

— E como vamos impedir isso?

Akvo de vivo.

— A técnica da água da vida, mas apenas Posseidon sabe usá-la.

— Não mais.

— Ele te ensinou? Espera ai! Você o viu? Quando?

— Ele mandou lembranças.

— E por que você precisa de mim?

— É preciso fazer uma “câmara” d’água, eu poderia muito bem fazer sozinho, mas a cada minuto que passa a Luna suga mais um pouco da minha energia e me sinto enfraquecendo. Então eu preciso que você faça, o resto pode deixar comigo.

— Entendi.

— Pode começar. — falo quando chegamos ao lago.

Fico sentado na beira do lago enquanto ele faz a câmara, quando ele termina coloco ela dentro e ele termina de fechar, mantendo pequena bolhas de oxigênio para que ela possa respirar. Ela funciona como uma espécie de incubadora, irá servir para manter a Luna protegida, impedindo que outros serem que habitem no rio possam interferir, mesmo sendo feita de água suas paredes são rígidas e só permitem que as bolhas de oxigênio criadas pelo Kaique atravessem cheguem até a Luna.

— Mantenha as bolhas de oxigênio até o processo terminar e sob hipótese alguma interrompa. — Ele apenas balança a cabeça, concordando.

Tiro meus sapatos e minha roupa, ficando apenas de cueca, entro na água e caminho para o fundo do lago, levando a grande bolha d’água em que a Luna está comigo. Quando já não consigo encostar meus pés no chão, mergulho, levando a Luna comigo, e começo a me concentrar em tudo que meu pai me ensinou. Esvazio a minha mente e começo o processo. Crio pequenos tubos que me ligam à bolha em que a Malagueta está, começo a me conectar a ela e ver o que está machucado.

Depois de um tempo vendo tudo o que precisa ser curado começo a técnica de verdade. Me concentro nas partes que estão machucadas e começo a curá-las, primeiro os ferimentos mais leves, depois vou indo para os mais graves. No início não dói, mas aos poucos vou sentindo pequenas pontadas nos locais em que estou curando-a. As pontadas vão evoluindo e agora parece que cada parte dela que eu curo é arrancada de mim.

Quando finalmente termino, volto para a superfície, trazendo a bolha comigo, mas a deixo no mesmo local, não tenho forças para leva-la de volta para a terra, aos poucos sinto minha mente apagando. Começo a caminhar para a margem, mas minhas pernas falham e acabo caindo. O Kaique corre na minha direção e tenta me ajudar, porém eu dispenso a sua ajuda.

— Estore a bolha e leve ela de volta para o acampamento. Ela vai ficar bem, só precisa descansar um pouco. — Ele fica meio relutante e tenta me ajudar a levantar. — Eu estou bem, apenas leve ela.

Por fim ele concorda e vai pegar ela. Chego à margem do lago e começo a vestir as minhas roupas lentamente. Estou esgotado. Kaique passa por mim com a minha pequena nos braços e vai para o acampamento. Me levanto para fazer o mesmo, porém caio novamente e não tenho forças para levantar, pouco a pouco sinto a água me levar de volta para o fundo do lago e acabo apagando.

Desperto e fico de olhos fechados, tentando me lembrar o que aconteceu, relembro os últimos acontecimentos e percebo que tenho que correr se quiser chegar no acampamento a tempo da próxima prova. Abro os olhos e vejo o céu, ainda está escuro, então ainda devo ter algum tempo para chegar ao acampamento. Me levanto e percebo que todos os ferimentos que tinha foram curados, de alguma forma eu fui levado para dentro do lago e a água fez um ótimo trabalho me curando, provavelmente tive ajuda de alguma ninfa. Visto minhas roupas e começo a correr em direção ao acampamento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ai meu ♥...

XOXO



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Acampamento Imortal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.