Meu Jeito escrita por Palas Silvermist


Capítulo 16
Capítulo 16 - Impiastro


Notas iniciais do capítulo

“Impiastro”, do italiano, diz respeito a uma pessoa "sebosa", aborrecida ou de difícil trato, ou uma pessoa que não é bem vinda, um intruso.



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Meados de outubro chegaram trazendo temperaturas mais amenas. As folhas das árvores da Floresta Proibida começavam a amarelar e o vento que entrava pelas janelas estava mais fresco.

Uma certa estabilidade parecia começar a se formar entre os setimanistas da Grifinória. Lílian já se habituara a seus novos horários, intercalando as aulas com seu estágio na Ala Hospitalar. O time de Quadribol treinava com cada vez mais empenho se preparando para o primeiro jogo da temporada. Alice e Frank ficavam mais próximos a cada tarde estudando juntos. Guilherme, nas palavras de Ana, não dera mais nenhum chilique. E Safira havia terminado de por tudo em dia com a ajuda de Sirius.

O maior problema da senhorita Knight estava sendo Edgar Flint. O sonserino infelizmente descobrira seu nome e já a abordara cerca de mais sete vezes, sempre no seu modo astronomicamente petulante.

Numa quarta-feira de céu nublado, Safira chegou ao Salão Principal atrasada para o almoço. Sentou-se à ponta da mesa da Grifinória expirando com força.

—O que foi? – Lily perguntou

—Flint. Mais uma vez. – ela respondeu em um tédio inconformado

—De novo?? – fez Ana – Essa foi o quê? A décima vez em um mês?

—Perdi a conta. – foi a resposta de Safira

—Lily, você não tem a impressão de já ter visto esse filme?

—Não é bem assim, Ana. – Alice ponderou

—Eh… os convites de Tiago eram diferentes. – Lily concordou – Convencidos pra caramba, é verdade, mas não assim.

—Eu não sei mais o que fazer. – falou Safira pegando a jarra de suco de abóbora

—Hum, talvez eu possa ajudar. – ofereceu Sirius ao lado dela

—Como? – a moça virou-se para ele descansando a jarra sobre a mesa

—Tenho uma idéia que pode dar certo, só que você vai precisar entrar na brincadeira.

—Que brincadeira?

—Vai ver na hora. – Sirius respondeu com um sorriso maroto – Só fica perto de mim, ou pelo menos à minha vista.

—Por que não posso saber o que é?

—E perder a graça do elemento surpresa? … Ah, olha a hora. – disse ele batendo o olho no relógio – Preciso dar uma passadinha na sala do Filch. E você não ouviu nada, não é, Monitora Campbell? – perguntou com sua maior cara de pau

—Eu mereço. – Alice fechou os olhos

Displicentemente, o rapaz jogou mais uma batata-frita na boca e saiu para o corredor.

—Vocês sabem do que ele estava falando? – Safira perguntou para as outras meninas

—Não. – falou Ana – Vindo dos Marotos, pode ser qualquer coisa.

Safira apenas voltou à tarefa de encher seu copo sem conseguir imaginar o que a esperava.

… … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … …

Logo após o almoço, Ana e Maia rumaram para a aula de História da Magia. O professor Binns estava com o ânimo de sempre, e sua aula, interessante como sempre.

Entediada, Ana rabiscou um bilhete e jogou na carteira da frente.

Ana (bocejo): Por que ainda fazemos História da Magia?

Maia: Somos masoquistas

Ana: Se engarrafassem essas aulas do Binns sobre as conferências para a Criação do Ministério da Magia, seriam um excelente sonífero.

Maia: Melhor que a Poção do Morto-Vivo.

Ana: Que desânimo é esse?

Maia: Estado de torpor por causa dessa aula. Detesto essa matéria, essas conferências me deixam tonta.

Ana: Ah, eu sei. Eu sempre troco as decisões de conferência.

Maia: Nem me fale. Eu sempre acho que decidiram que só bruxos fariam parte da Suprema Corte na Conferência de Glasgow, aí chega o Binns e fala que foi na de Birmingham.

Ana: Eu nem lembro onde foi a primeira conferência. Foi Edimburgo?

Maia: Não, Cardiff. Está na lousa.

Ana: Ah, que ótimo, nem pra olhar a lousa eu sirvo.

Maia: Olha o drama.

Ana: Preciso espantar esse tédio. Que tal um joguinho de forca?

Maia: Hum, não.

Ana: Stop?

Maia: Imagina você gritando Stop! no meio desse silêncio todo.

Ana: Pelo menos, animaria um pouco a sala.

Maia: Ah, claro. Inclusive a nossa semana seria super divertida com detenção todos os dias.

Ana: Mero detalhe. Forca não, stop não. E uma lista dos caras mais gatos do castelo?

Maia: Lógico. E não esquece depois de fazer um quadro dessa lista e mandar de presente para o Guilherme.

Ana: Falando na peça rara, ele está mais calminho ou ainda precisa dar uma passadinha no St. Mungus?

Maia: Sempre sutil… Sim, está mais calmo, mas prefiro não abusar da sorte.

Ana: Hum…  Meu relógio parou ontem. Quanto falta pra acabar essa aula?

Maia: Meia-hora.

Ana: ‘Tá brincando? Pelo menos tiveram o bom-senso de não colocar dobradinha de História da Magia.

Maia: Nem fala uma coisa dessas!

Ana: Traumatizada, é? Ainda não esqueci a história da nossa primeira aula das segundas-feiras ser com o Binns.

Maia (revirando os olhos): Como se tivesse sido eu que fiz os horários.

Ana: E agora, quanto tempo falta pra acabar a aula?

Maia: Vinte e quatro minutos.

Ana (batendo a cabeça na carteira): Ah, não.

… … … … … … … … … … …

Safira não estava sossegada. Vez ou outra sua linha de raciocínio era interrompida por suposições do que Sirius tinha em mente. Por isso, na saída da sala de Poções ela o chamou para um canto do corredor.

—Sirius, vai, me fala o que é. – ela pediu

—Curiosa? – ele deu o exato mesmo sorriso da hora do almoço

—Sinceramente? Preocupada. Correm histórias dos Marotos por todo o castelo.

—Elas podem não ser verdade...

Um olhar dela bastou para ele corrigir.

—Ok, são verdade.

—Então anda, fala.

—Estraga surpresas. Está bem.

Sirius se inclinou e cochichou algo no ouvido dela. Safira abriu mais os olhos.

—Você está brincando. – ela afirmou, mas seus olhos inquiriam

—Ãhn… - ele fingiu pensar – Não. – respondeu bem humorado – E pra se livrar dele, não vale a pena tentar?

—Eh, - ela disse incerta – vale.

… … … … … … … … … … …

Alice e Remo chegaram tarde ao Salão Principal na hora do jantar.

—Sirius, - Alice disse em voz baixa sentando ao lado dele – o que você aprontou na sala do Filch hoje?

—Tem certeza de que quer saber?

—Tenho a impressão de que já sei. Você não vai crescer nunca, Almofadinhas?

—Como não? – fez ele com cômica indignação – Tenho 1,80 de altura.

—Não era bem is… - Alice começou, porém desistiu – Deixa pra lá.

Não tendo ouvido essa conversa, Ana perguntou:

—Remo, o que aconteceu com Filch? Passei pelo corredor e ele estava quase aos gritos.

Alguém enfeitiçou a maçaneta da porta da sala dele. Cada vez que ele tentava entrar na sala, a maçaneta fugia deslizando por todos os pontos possíveis da porta. Parece que Filch passou metade da tarde tentando pegar os formulários que estavam lá dentro.

Os outros três Marotos riram e Remo também não conseguiu manter o rosto sério.

—Então foi por isso que o ouvi reclamando como ele gostaria que os castigos físicos voltassem e blá, blá, blá. – falou Frank

—Grande novidade. – disse Ana – Ele vive falando isso.

Mais para o meio da mesa, a conversa era outra:

—Sente falta de alguma coisa da sua outra escola, Saf? – Lily perguntou – Além das amiga, é claro.

—Hogwarts até que é bastante diferente de Avezzano – Safira meneou a cabeça – Depois de estudar lá seis anos, tenho saudade do castelo, da praia e tudo mais. Só que Hogwarts é… sei que a palavra vai soar óbvia, mas mágica. Não lamento precisar ter vindo pra cá, pelo contrário, acho fantástico. Só tem uma coisa que sinto falta. Uma matéria na verdade. Aqui só temos Herbologia nas estufas, não é?

—É. – Lily confirmou – Você tinha fora de estufas?

—Também. Em alguns sábados, tínhamos Trabalho de Campo em Poções e Herbologia.

—Aulas aos sábados?? – fez Pedro com a voz abafada por a boca estar cheia de arroz

—Como você é fino, Rabicho. – falou Tiago

—Era só um sábado a cada dois meses. – Saf explicou – Não dava pra ser mais freqüente porque fica meio complicado sair da escola com as turmas. No primeiro sábado, ia a turma do sétimo ano, do segundo, a do sexto e assim por diante. Depois ficava um sábado sem ninguém sair do castelo e aí recomeçava.

Pedro continuava com cara de quem achava que sábados com aula não seriam bons em freqüência alguma.

—Era bem interessante… recolher ingredientes nas condições certa, ver plantas que crescem mais, ou adquirem outras características em ambiente aberto.

—Que pena que não fazemos isso aqui. – falou Lily

—Acho que só dá pra fazer isso lá porque é uma escola bem menor.

—Não consigo imaginar Slughorn levando os alunos para um passeio – Tiago disse em um meio sorriso

—Ah, não saíamos com uma professora só. Eram sempre pelo menos quatro. … Pois, não?

Ao lado de Safira estava uma garota do segundo ano, que estivera ali parada no último minuto esperando a moça acabar de falar.

—Pediram para entregar isso. – a menina estendeu a ela um envelope

—Obrigada.

—Ih, será que é do Flint? – supôs Lily

Safira não disse nada, apenas deu de ombros. Contudo, achava que se fosse do sonserino, talvez representasse um avanço. Cartas ela poderia simplesmente jogar na lareira, sem ter de agüentar a forte dose de pedantismo nos modos do garoto. Bom, desde que ele não começasse a mandar berradores…

O envelope continha um bilhete curto, sem assinatura. No entanto, a caligrafia e o fato de estar em italiano deixavam claro que vinha de seu pai, Fábio Knight.

Evite o correio coruja.

Mande as cartas para o professor Dumbledore ou para professora McGonagall.

Um beijo, querida.

“Devia estar com muita pressa.”, Safira pensou

—Não, não é de Flint. – ela acabou por dizer, e para despistar, acrescentou – A coruja deve ter errado o destinatário. Viram meu nome no envelope e vieram me entregar. Corujas recém-treinadas…

Ela guardou o envelope no bolso da saia e se serviu de mais purê de batatas sem dizer mais nada.

… … … … … … … … … … …

Naquela noite, no dormitório feminino…

—Achei outro teste! – Ana falou teatralmente puxando uma folha do malão

—Ah, não. – fizeram Maia, Ana e Lice

—Achou? – falou Maia calçando suas pantufas de cisne – Você deve é fazer um estoque deles nas férias pra ir tirando da cartola ao longo do ano.

—Impossível, não uso cartola. Não combina com meus óculos.

—Você entendeu.

—A gente já passou da idade de fazer isso. – falou Lily

—É. – fez Lice – Ana, você também não cresce?

—Não. – ela respondeu – Já me conformei que do meu metro e cinqüenta e seis eu não passo, como a Lily.

—Não era bem is… - Alice começou, mas interrompeu – Você o Sirius combinaram?

—Estamos perdendo tempo, todas para o chão. – fez Ana

As três voltaram a reclamar enquanto sentavam. Safira apenas assistia a cena achando graça. Ana virou-se para ela:

—Elas falam isso, mas me amam.

—Você que está dizendo. – falou Maia

—Ah, lá no fundo você me ama, sim.

—Só se for beem lá no fundo.

—Ah, bondade sua. – Ana fez um gesto de modéstia – Lice você primeiro.

—Por que eu de novo?

—Ordem alfabética. – foi a resposta

—Lice, o medibruxo disse pra não contrariar… - Maia falou baixo entre os dentes como se fosse uma informação sigilosa, mas garantindo que todas escutassem

—Ah, verdade.

—Como vocês são bobas. – fez Ana

—Nós? – fez Maia

—Ah, onde está minha educação? – falou Ana

—No corujal? – Lice sugeriu depressa

Não dando atenção, Ana continuou:

—Saf é a mais nova em Hogwarts, ela deve ir primeiro

—Meus pêsames. – Maia falou

Achando que a conversa estava esticando demais, Ana não esperou a resposta de Safira e começou a ler o teste:

—Que bicho você é? Gato, leão, pássaro ou cachorro?

—Ai, Merlin. – Lily abaixou a cabeça

—Você se machucou e está com a perna engessada. E agora?

 A - Nossa! Eu aproveitaria pra assistir uma TV e dormiria muito durante todos esses dias.

 B - Não sei se eu aguentaria. Ia ter vontade de arrancar esse gesso e sairia andando por aí!

 C - Ia querer ficar ganhando muito carinho dos meus amigos e familiares.

 D - Gesso? Eu nem deixaria engessarem a minha perna.

—Hum, - Saf disse incerta – Acho que nenhuma das quatro.

—É sempre assim. – falou Maia

—Mas das quatro, qual você escolheria? – Ana insistiu

—B, eu acho.

E o “teste” continuou. Por fim, Ana anunciou:

—Você é um pássaro. Adora aproveitar a liberdade. É uma garota simpática e alegre como um pássaro e uma pessoa essencialmente charmosa. Está sempre observando tudo do alto, indo ali, acolá.

—O final inclusive foi bastante específico. – Lily ironizou

Saf não disse nada, apenas sorriu. Eh, até que o resultado fizera algum sentido…


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Notas finais do capítulo

N/A - Olá! Como estão?
Alguém suspeita do que o Sirius pode estar aprontando? rsrs
A aula de história da magia foi baseada nas Conferências de Paz pós Guerras Mundiais (elas me deixavam tonta na época do colégio).
Um detalhe inútil, mas ainda assim: alguém notou que a Maia calça pantufas de cisne e o sobrenome dela é Swan? :P

Sintam-se a vontade para dizer o que acharam, se comi bola na revisão, essas coisas.

Beijos,
Palas



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