Meu Jeito escrita por Palas Silvermist


Capítulo 12
Capítulo 12 – Uma nova companhia




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Naquela tarde, o fogo crepitava apesar de ser verão. Um punhado de pó de Flu é jogado nas chamas.

—Arrivederci. – despendem-se

Uma mala é colocada na lareira.

—Três Vassouras.

E a viagem pelas lareiras bruxas começou.

Um baque surdo e a mala aparece na lareira do bar Três Vassouras em Hogsmeade.

—Ai. Atchim! – ouve-se de uma garota que caíra em cima da bagagem – Não vejo a hora de passar no exame de aparatação. – ela murmurou para si mesma

Com certa dificuldade arrastou o malão para longe das chamas. Ia dirigir-se à balconista para perguntar pelo senhor Rúbeo Hagrid quando um homem extremamente alto e com uma espessa barba aproximou-se dela.

—Safira Knight? – o meio gigante perguntou

—Sou. O senhor é Rúbeo Hagrid? – ela perguntou educadamente

—Pode me chamar só de Hagrid. Precisa de ajuda com a mala?

—Por favor.

—Então vamos. – disse Hagrid levantando a mala como se esta não pesasse mais do que uma caixa de maquiagem – Vou levá-la à Hogwarts.

Uma vez nas ruas no povoado, ela começou a espanar as cinzas de suas vestes e cabelos.

—O senhor é professor? – ela perguntou

—Não, sou só o guarda-caça. Então, pode me chamar só de você.

—Certo. – a garota cuidava de apressar os passos, pois a cada um que Hagrid dava, ela precisava dar dois.

—Já sabe bastante sobre Hogwarts? – Hagrid puxou assunto

—Não muito, só algumas histórias que ouvi de meus pais e… meu avô.

Hagrid abriu um pouco mais os olhos ao ouvir a referência a essas pessoas.

—Com a mudança pra cá não tive muito tempo de pesquisar. – continuou ela – Estou curiosa para saber como é a Seleção para as Casas.

—Ah, vai descobrir logo. Deve ser uma das primeiras coisas que a professora McGonagall vai tratar com você. Ela ensina Transfiguração e é vice-diretora de Hogwarts. E você também vai conhecer o diretor Alvo Dumbledore. Grande homem, o Dumbledore.

Nesse ponto da conversa eles já adentravam os portões da propriedade da escola.

—Ali é onde eu moro. – Hagrid apontou para sua cabana – Mais adiante ficam as estufas onde terá aulas de Herbologia.

Entraram no castelo e dirigiram-se para o escritório do diretor. O lugar era muito maior do que onde ela estudara antes. Safira tentava memorizar os corredores, mas tinha a impressão de que iria se perder a caminho das aulas por, pelo menos, umas duas semanas.

Pararam em frente a uma gárgula de pedra.

—Caramelo. – Hagrid falou a senha

A estátua afastou-se mostrando uma escada que subia em espiral. Rúbeo indicou-lhe que subisse e foi em seguida a ela. A garota não teve tempo de observar a ante-sala, Hagrid já batera à porta e uma mulher de aspecto severo abrira prontamente.

—Obrigada, Hagrid.

Safira viu-se em uma sala ampla e circular sendo acompanhada pela senhora até a mesa do diretor.

—Este é o professor Dumbledore e eu sou a professora McGonagall.

—Prazer em conhecê-los. – Safira falou inclinando levemente a cabeça

Um sorriso simpático desenhou-se nos lábios do diretor e enquanto a professora dirigia-se até uma das prateleiras, ele falou:

—Bem vinda a Hogwarts. Antes de mais nada vamos selecioná-la para uma das Casas da escola. Enquanto estiver aqui, ela será uma espécie de família.

Minerva voltou com um chapéu de aspecto antigo e esfiapado. O professor explicou sucintamente sobre o campeonato entre casas e as características de cada fundador. Em seguida, o Chapéu Seletor foi colocado sobre a cabeça da garota.

Ela não teve tempo de observar nada à sua volta, pois começou a prestar atenção à uma vozinha que apareceu em sua mente.

“Hum… vamos ver… lealdade, inteligência… onde vou colocá-la? Coragem e… ah, sim, uma sensibilidade incomum. Creio que ficará melhor na GRIFINÓRIA.”

—Excelente. – falou Dumbledore – A professora McGonagall – ele apontou para o professora – é a diretora de sua casa.

Por mais algum tempo eles permaneceram ali. A senhorita Knight recebeu inúmeros avisos sobre o “funcionamento” do castelo como até que horas era permitido aos alunos andarem pelos corredores, a proibição de entrar na Floresta, etc.

A garota falou pouco. Estava em um lugar completamente estranho e sem ninguém que conhecesse por perto. Fora o atraso de uma semana e os N.I.E.M.s que viriam com o fim do ano letivo.

—Minerva, se puder levar a senhorita Knight até a Torre da Grifinória… Acredito que ela esteja um pouco cansada com essa mudança. – Safira retribuiu ao olhar simpático do professor com um sorriso nervoso - Acho que a senhorita Campbell poderá cuidar dela para nós. Tenho certeza que em pouco tempo estará se sentindo em casa. – o diretor lhe dirigiu uma piscada.

As duas atravessaram os corredores quase em silêncio. McGonagall dava algumas indicações de localização das salas, mas Safira sabia que deveria dar-se por muito feliz se conseguisse guardar metade delas. O castelo parecia-lhe um labirinto.

Por fim, chegaram ao quadro da Mulher Gorda.

—Senha? – pediu a figura de vestido cor-de-rosa

—Raios Dourados. – respondeu Minerva

O retrato inclinou-se para frente mostrando uma abertura na parede. A professora entrou seguida pela garota.

No Salão Comunal, um aposento amplo cheio de poltronas fofas, havia poucas pessoas, principalmente alunos mais novos.

Minerva foi até a mesa onde um rapaz solitário de cabelos castanho-claro lia.

—Boa tarde, senhor Lupin.

—Boa tarde, professora. – Remo cumprimentou estranhando a presença da diretora da Grifinória ali àquela hora. Mal tinha se refeito da surpresa quando notou a presença da moça, para ele desconhecida, que a acompanhava.

—Sabe se a senhorita Campbell está no dormitório?

—Alice precisou sair, mas já deve estar voltando.

—Muito bem, e sabe se alguma das outras meninas está lá em cima?

—Todas saíram, professora. Posso ajudar?

—Creio que pode. – respondeu McGonagall – Esta é a senhorita Safira Knight, chegou a Hogwarts há pouco. Poderia fazer-lhe companhia?

—Claro.

—Ótimo, preciso voltar à minha sala. Mais uma vez, seja bem-vinda, senhorita Knight.

Safira, visivelmente sem-graça, observou a professora sair.

Remo levantou-se para cumprimentá-la.

—Sou Remo Lupin. Senta, - ele lhe indicou uma cadeira – pode ser que a Alice ainda demore um pouco.

—Obrigada. – ela agradeceu com outro sorriso nervoso, sentando-se

—Dormitórios masculinos são por ali – ele apontou para uma das escadas – e os femininos por ali. Naquele canto há um quadro de avisos e… ah, sim, se quiser, semana que vem haverá testes para o time de Quadribol.

—Ah, acho que não. Minha performance como jogadora é lastimável.

—Verdade? Entendo o que quer dizer. Acho mais fácil manejar livros do que balaços.

—Com certeza. – os dois sorriram

—Em que ano está? – Remo perguntou

—Sétimo. E você?

—Também no sétimo. Se não se importa que eu pergunte, por que veio para Hogwarts só no último ano?

—Meu… pai é Diplomata Mágico e foi transferido para a Inglaterra.

—De onde veio?

—Gênova, na Itália.

—Itália? – Remo se admirou – Seu inglês é perfeito, não tem sotaque.

—Nasci em Cambridge. Meus pais se mudaram pra Itália quando eu tinha uns dez anos.

—Deve ser interessante morar em outro país.

—É, eu gostava bastante de lá.

—Espero que goste daqui também.

A conversa foi interrompida quando Remo viu a passagem do Quadro da Mulher Gorda se abrir e uma moça de cabelos loiros entrar carregando alguns livros.

—Aí está, Alice! – Remo chamou

Quando ela se aproximou, o rapaz fez as devidas apresentações:

—Esta é Alice Campbel, sétimo ano, monitora da Grifinória. Lice, Safira Khight. – e ao ver o olhar de interrogação da amiga, acrescentou – Aluna nova.

—Aluna nova?

—Transferida de uma escola na Itália, chegou hoje.

—Muito prazer. – Lice a cumprimentou com um sorriso.

—Pode mostrar a ela o dormitório? – Remo sugeriu – Já devem ter levado as coisas dela pra lá.

—Claro. Vem. – Alice a chamou

Atravessando o Salão Comunal e subindo as escadas, Lice notou o silêncio de Safira.

—Você está bem? – perguntou

—Estou. Só… um pouco deslocada.

—Ah, normal. Isso passa. Espere até conhecer Ana. – Alice falou abrindo a porta – Faz quanto tempo que chegou?

—Umas duas horas, acho. Talvez um pouco mais.

—Puxa, os elfos são rápidos. Então foi por isso que antes de eu descer dois deles apareceram aqui para colocar uma cama extra. Aliás, é esta aqui. – Alice indicou a cama próxima a porta – Que bom, seu malão já está ali ao lado

Alice reparou nos traços do rosto da moça algo além de cansaço e acrescentou:

—Se quiser tomar um banho para descansar um pouco, o banheiro é ali ao lado. – ela mostrou uma porta à sua esquerda

—É, pode ser uma boa idéia. – Safira sorriu discretamente

… … … … … … … … … 

Uns dez minutos depois, quando Safira estava no banho, Maia, Ana e Lily entraram no dormitório.

—Lice, os Marotos andaram distribuindo cerveja amanteigada na cozinha? – Ana perguntou

—Ai, Merlin. – fez a monitora Alice preocupada – Não que eu saiba, por quê?

—Os elfos se enganaram e montaram outra cama aqui.

—Ah, isso. Não foi engano. Temos uma nova colega de quarto. – Alice explicou

—Como assim? – surpresa, Maia parou de pentear o cabelo

Alice contou o pouco que sabia e concluiu:

—Parece simpática.

—Ah, droga. – Lily falou mexendo em seus pergaminhos – Esqueci de entregar isso ao Remo. Eu já volto. – disse saindo do dormitório

Pouco depois, Safira saía do banho.

—Estas são outras setimanistas da Grifinória. – falou Alice

Maia se adiantou para fazer as apresentações:

—A míope é Diana White…

—Ah, obrigada, Maia. – fez Ana – Não dava pra pelo menos falar “a de óculos”?

—Eh… - Maia fingiu pensar – Não, ia tirar a graça. E eu sou Maia Swan. Seja bem-vinda.

—Obrigada. – Safira sorriu

Nesse ponto da conversa, Lily chegou.

—Olá.

—A ruiva é Lílian Evans. – Maia apresentou

Havia algo no rosto daquela desconhecida que Lily não sabia dizer o que era e lhe dava a sensação de logo serem amigas. Safira viu nos olhos intensamente verdes da garota uma simpatia doce e teve a mesma impressão de Lílian.

… … … … … … … … … 

No dormitório masculino, Remo contou a novidade aos outros rapazes.

—Não é meio estranho ela chegar aqui depois de as aulas já terem começado? – disse Sirius sentado no chão com as costas apoiadas na parede

—A viagem é longa, Almofadinhas. – falou Tiago

—E o Ministério deve estar uma bagunça. Até transferirem o pai dela de volta para a Inglaterra deve ter demorado um pouco. – supôs Frank remexendo seu malão

—Nós não vamos jantar? – fez Pedro – Já estou com fome

—Rabicho, você está sempre com fome. – Remo falou – Mas dessa vez, eu também estou. Vamos?

Descendo as escadas, os quatro ouviram Pedro ir falando baixo:

—¡Hola! … É… ¡Hola! … ¡Hola! ¿Que tal?

—Rabicho, o que é isso? – Sirius o olhou como se ele fosse um bicho esquisito

—Treinando pra falar com a tal da Safira. – Pedro respondeu

Os outros riram.

—Ela fala inglês. – Remo disse

—Ah, que bom. – fez Pedro

—E Remo já tinha tido que ela é inglesa. – Tiago falou

—E Pedro… - começou Frank

—O quê?

—Isso é espanhol, não italiano. – ele concluiu fazendo os outros rirem de novo

No Salão Comunal, Pedro tentava apressar o grupo para irem logo jantar, quando Tiago parou dizendo:

—Esperem, as meninas também estão descendo.

Entre elas vinha a senhorita Knight sorrindo de leve de alguma coisa que lhe era dito.

Maia mais uma vez fez as apresentações, começando com quem estava mais próximo dela:

—O Remo você já conhece, ao lado Frank Longbottom, Pedro Pettigrew, o de óculos é Tiago Potter e o outro, Sirius Black.

Safira não tinha a beleza de uma boneca de porcelana como Lílian, ou a de uma princesa fugida de contos de fada como Alice. Não tinha a elegância natural de Maia, nem o rosto absolutamente sorridente e brincalhão de Ana.

Mas quem reparasse, veria como era bonita. Não o tipo de pessoa que chama atenção por onde passa. Era uma beleza mais discreta, contudo, nem por isso menor. Tinha uma aparência delicada e ao mesmo tempo forte. Parecia uma pessoa determinada, apesar do sorriso nervoso que dirigia ao lugar à sua volta.

Não era alta, nem baixa, tinha um pescoço elegantemente longo. A pela clara contrastava com o cabelo castanho escuro. Os fios eram pesados, quase escorridos e chegavam ao meio das costas. A parte da frente era ligeiramente repicada da altura da orelha até a ponta, emoldurando graciosamente seu rosto.

Apenas quando ela o olhou diretamente, Sirius notou seus olhos. Pareciam-lhe ter uma expressão indefinida, um misto de curiosidade, coragem, simpatia e reserva. Eram de um azul bem escuro, como um mar profundo…

… … … … … … … … … 

Era a primeira vez que Safira entrava no Salão Principal. Chegando ao castelo com Hagrid, tinham passado direto do Hall de Entrada às escadarias de mármore. Ao olhar o teto encantado e ver o céu com poucas nuvens, pressionou um ponto do pescoço pouco abaixo do colarinho da camisa. Apenas Lílian notou o sutil movimento, porém nada disse.

Depois de todos já acomodados, Ana perguntou:

—Hogwarts parece muito diferente da sua escola na Itália?

—Um pouco. Pra começar, Avezzano é uma escola feminina. Nossos uniformes eram de cor azul escuro. A programação também é um pouco diferente. Vocês já tiveram algumas matérias que eu não tive e vice-versa, é pouca coisa, ainda bem. Mas assim como em Hogwarts, de vez em quando tínhamos permissão para sair do castelo. Há também um povoado bruxo próximo, e além disso, a escola fica de frente para o Mar Adriático. Uma linda praia… uma delícia caminhar à beira-mar. – disse com os olhos saudosos – Mas é interessante conhecer Hogwarts, ouvi falar muito desse lugar. Meus pais e… meu avô estudaram aqui.

—Seja muito bem-vinda, senhorita. – cumprimentou o fantasma que vestia uma espalhafatosa gola e que estivera esperando ela acabar de falar para cumprimentá-la

—Obrigada, senhor…

Sir Nicholas.

—Muito prazer em conhecê-lo.

—Igualmente. – respondeu o fantasma antes de se retirar

Quando estavam fora do alcance dos ouvidos de Sir Nicholas, Safira perguntou:

—Esse é Nick-quase-sem-cabeça?

—É. – Ana respondeu sucintamente

Suspeitando de algo no tom da pergunta, Remo comentou com um meio-sorriso:

—Parece que alguém te recomendou pra não dizer esse nome perto dele.

—Eh... - ela respondeu no mesmo tom do comentário – Parece que ele não gosta muito do apelido...

—Se chamar só de Nick, ele não se incomoda. – Sirius acrescentou bem-humorado

—Bom saber.

E, começando a se acostumar com o novo lugar e os novos amigos, Safira sorriu abertamente pela primeira vez em sua nova vida.


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Notas finais do capítulo

De qualquer modo, aqui está o capítulo 12. Vocês acabam de ser apresentados a uma personagem que eu gosto muito, embora nesse capítulo não dê para imaginar muita coisa dela. Quais são as expectativas?

Hum, “Avezzano” é o nome de uma comuna italiana (equivalente aos nossos municípios) e não fica a beira-mar. Total licença poética, hehehe.
Abraços,
Palas



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