Seven Devils escrita por Lany Rose


Capítulo 5
Prisão, Diversão e Liberdade




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Frigga mandou alguns móveis para minha cela, talvez por consciência pesada pela forma que me tratou por todos esses anos. Agora ela quer compensar fazendo minha estada nesse lugar mais confortável. Posso garantir que está conseguindo, meu quarto nunca foi tão agradável quanto essa prisão está sendo.

Eu me divertia treinando meus novos poderes, lendo, conversando com meus demônios e descobrindo mais poderes. Passado alguns dias, eu recebi a visita do Deus da trapaça.

—Loki, depois de todo esse tempo você vem me visitar. – Levantei da cadeira e fui mais perto para que me visse melhor. - Por que?

—Odin baniu Thor de Asgard e caiu no seu sono. Agora o trono é meu.

—Sim, quem diria que o pai de todos baniria Thor. O filho predileto.

—Não parece surpresa.

—Não estou. Meus demônios gostam de andar por aí e me contar sobre o cotidiano do reino. Então, como conseguiu fazer os gigantes de gelo entrar aqui sem que o Heimdall soubesse?

Ele mostrou uma expressão como se estivesse ofendido.

—Por que pensa ter sido eu?

—Oh, por favor! – Sorri pra ele. -Sua mágica está melhor que pensei Loki Loufeyson. – Ele ficou sério. - Não me olhe assim, só descobri um pouco antes de me colocarem aqui. Como nunca vinha me visitar, não pude contar.

—Como descobriu?

—Posso ler mentes. Ainda não é um poder muito bem formado, mas consegui vasculhar as lembranças de Odin, naquele dia na sala do trono.

Ele parecia me analisar, deu uma risada contida.

—Então, no fim das contas, sou um dos monstros que tanto teme.

—Temia! Não tenho medo de mais nada. Saiba que eu nunca te vi como monstro e nunca verei.

—Você parece diferente.

—Eu estou. Contudo, vamos cortar o papo furado. Por que veio aqui?

—Sempre confiei no seu discernimento, na sua clareza de pensamentos...

—Quer um conselho?!

—Sim.

—Sobre?

—Thor! Minha mãe disse que ainda há esperanças no retorno dele.

—E se ele retornar o trono sai das suas mãos. Ora Loki, você deve manter seu irmão longe. O faça perceber que não tem motivo para voltar, que não o querem aqui.

Ele ficou pensativo e foi se retirando, mas eu ainda tinha algo para dizer.

—Esse conselho terá um preço, Loki. Ah! Cuidado com os amiguinhos de vocês.

Ele parou.

—O que quer dizer?

—Se quiser mesmo minha ajuda, terá de fazer algo por mim.

—Quer que eu a tire daí.

—É claro.

—Não vai acontecer, Cristie. Você é uma ameaça aos nove reinos.

—Assim como você!

Proferi essa última frase após a saída de Loki.

—Essa conversa não foi boa, criança.

—Oh! Não fique assim meu rechonchudo fofo. Eu conheço o Loki, como a palma da minha mão. Ele não queria conselho, já sabia exatamente o que fazer, veio apenas para descobrir o que sei sobre ele, se pode confiar em mim. Viu que pode. Logo estaremos fora dessa cela.

—Espero que esteja certa.

—Eu estou. Ao conseguir ver por trás do véu de sombras que há no coração do Loki, você passa a não se enganar mais com ele. Manipulá-lo não é fácil, mas não pretendo fazer isso, se tentasse cairia em um erro bobo. Assim como o conheço bem, ele também me conhece. Por essa razão tenho de deixar minhas intenções claras, parcialmente.

—Com quem você está falando?

—Sabrina! Tão bom vê-la. – Mostrei meu melhor sorriso. – Não me diga que Frigga mandou mais alguma coisa pra mim. Sinto-me tão culpada quando faz isso.

—Não, apenas queria saber se está bem.

—Pra você não posso mentir. Estou péssima com tudo que aconteceu... Tudo que fiz. – Comecei a chorar. – Eu quase... Fico feliz por não ter ferido Odin ou Frigga.

—É verdade que você deveria ser rainha?

—Sim, mas não quero nada disso.

—Eu soube que foi você quem matou a D. Silla, é verdade?

—Não, por Odin, não! Você sabe o quanto a odiava, mas matar?! Eu não seria capaz. E você viu o estado do corpo, como eu poderia fazer aquilo?

—Dizem que tem poderes.

—Apenas uma energia, nem consigo dominar direito. Sabrina, você precisa acreditar em mim. O que houve na sala do trono foi por estar em choque com a história da minha vida. Eu sei que Odin e Frigga fizeram o melhor por mim. Eu entendo o medo que sentiram por causa do passado da minha família, mas cresci longe de tudo isso, não tenho maldição alguma. Se eu pudesse falar com Odin, tentaria convencê-lo de me tirar daqui. Só quero ir embora e nunca mais voltar. Esquecer tudo.

—Odin não é mais o rei.

—Como assim?

—Ele baniu Thor e entrou no sono de Odin. Agora Loki é o rei.

—Isso é ótimo! Sempre fui muito amiga do Loki. Ele me conhece bem, não tão bem quanto você, mas, talvez, ele consiga entender que foi um surto momentâneo. Nunca quis machucar ninguém.

—Eu posso falar com ele, pedir que venha vê-la.

—Você faria isso por mim?!

—Claro. Sei que você não é isso que falam.

—Obrigada minha amiga.

Após sua saída meus demônios demonstraram sua curiosidade.

—Pode explicar essa conversa?

—Ora gente! – Enxuguei as lágrimas. – Aprendam isso: Por mais que a vitória seja certa, sempre tenham um plano ‘B’ guardado no bolso.

Regressei para minha leitura, enquanto esperava. Acredito que tenha passado algumas horas até ele aparecer.

—Majestade! Sentiu saudade?!

—Sabrina disse que queria falar comigo.

—Ah! Ela é uma boa amiga, pensa que seria capaz de me tirar daqui.

—Por que eu faria isso?

—Oh Loki! Olhe só para nós dois. Transformados pela verdade... Ou pelo menos um de nós, pois, no fundo, você é o mesmo. Continua querendo provar para o pai de todos que você é digno. Se quiser posso te ajudar a mudar... A evoluir.

Ele sorri.

—Você só quer que eu a tire daí.

—Talvez eu só queira beijar você de novo.

—Oh! Você realmente mudou. –Ele pensou por um segundo. – Acho que tem como me ajudar.

—Como?

—Consegue ver através dos olhos dos outros, não é?

—Sim.

—Quero que veja através dos olhos de Heimdall. Descubra algo sobre meu irmão, se alguém conspira a seu favor.

—Não deveria fazer isso, criança. O guardião é muito poderoso e seu poder ainda não está totalmente formado.

—Eu faço.

—Minha rainha...

—Calados!

—Que está havendo? - Perguntou Loki.

—Apenas uma diferença de opinião.

Concentrei-me por um tempo, atingi a mente de Heimdall. Vi coisas incríveis ali. Só conseguia pensar em como ele aguentava tanto poder, ver tanto e o tempo todo. Consegui ver Thor, ele o observava constantemente, então vi os amigos dele. Nesse ponto o grande guardião da ponte me notou, não tenho muita certeza do que aconteceu em seguida. Só lembro-me dos olhos dele, depois percebi meu corpo caindo, mas não o senti chegar ao chão. Acordei em uma cama, não na minha da cela, era o quarto do Loki. Meus sete demônios estavam ali.

—Como se sente minha rainha?

—Estou com dor de cabeça. O que aconteceu?

—Você desmaiou minha criança. Loki entrou na cela e a trouxe pra cá.

—Eu disse que o faria me tirar dali.

—Você se arriscou muito.

—Heimdall não me mataria, não era ameaça a Asgard ou qualquer um. Apenas estava observando.

—O guardião vê mais do que demonstra.

—Eu sei, mas não se preocupem. Ele não fará nada contra mim.

Loki apareceu.

—Vejo que se recuperou.

—Estou melhor, obrigada.

—O que viu?

—Os amigos de Thor tramando para trazê-lo de volta.

—Todos estão proibidos de usar a Bifrost.

—Acha mesmo que Heimdall não irá ajuda-los?

—Ele deve lealdade a mim.

—Loki, ele vai dá um jeito.

Ele saiu, parecia com muita raiva.

—Você deve ir embora, minha rainha.

—Abandonar o Loki?

—Ele ainda é um garoto com planos pequenos.

—Ele vai perder e você voltará para a prisão.

—Vocês tem razão. Vamos embora, mas como? Não posso passar pela Bifrost e não conheço os outros caminhos.

—E quanto a Midgard?

—Não, acabaria encontrando a Freya. Ela me traiu, assim como todos. Agora vejo tudo com clareza. Ela sabia... Odin e Frigga contaram sobre mim. E ao invés de me falar, o que ela fez? Me usou para fugir. A família de Odin vai pagar, mas por enquanto preciso de um lugar para fazer meus poderes crescerem.

—Sei de um caminho, minha rainha.

—Como?

—Andei por aí, vasculhando.

—Aonde ele vai dar?

—Não tenho certeza, minha rainha.

—Bem, não importa. Encontrem uma nave, preciso fazer uma coisa antes de irmos. Aliás, duas.

Dei uma passada no quarto de Freya e depois fui até a cozinha, chamei Sabrina para a salinha do lado.

—Cristie! Loki a tirou mesmo da prisão. – Ela me abraçou.

—Sim, mas escute com atenção.

—O que?

—Sabrina, vá embora desse castelo.

—Eu não posso, minha mãe está doente.

—Certo, olha, os próximos anos serão de guerra e você deve se manter longe. Aqui, fique com isso. Esse é todo o dinheiro que consegui pegar, além de algumas joias. Vou sumir de Asgard hoje, porém pretendo voltar em breve. Quando voltar eu darei um jeito de curar sua mãe, até esse dia, suma desse lugar.

—Mas...

—Apenas suma!

Realmente quero retornar a Asgard e quando o fizer os nove reinos irão tremer. Porém, prefiro que Sabrina se mantenha fora disso. Ela é uma boa amiga, nunca me desapontou. Agora só me faltava uma coisa antes de ir. Loki estava irado por os amigos de Thor terem usado a Bifrost.

—O que quer?

—Vou deixar Asgard e quero que venha comigo.

Ele desceu do trono, veio perto de mim.

—Você não sairá daqui.

—Nenhum dos seus guardas pode me deter. Meus poderes estão crescendo constantemente.

—Vi uma amostra deles. – Ele sorriu com desprezo.

—Loki, achou mesmo que mostraria todo meu potencial assim? Você sempre teve essa mania de me “salvar”. Sempre apreciou isso. A única garota que era salva por você e não por Thor. Essa era a chave da prisão. Por favor, venha comigo. Irá perder se ficar.

—Eu vou mostrar para o meu pai como sou um filho digno. Irei salvar a todos da invasão dos gigantes de gelo.

—Esse é seu plano?! Ele é estúpido. Nunca dará certo. Os demônios tem razão, você ainda é um garoto com planos pequenos.

—Então vá! Abandone-me como todos fazem.

—Não, Loki. Eu posso estar indo, mas é você quem está me abandonando.

Ele ficou ali parado, conseguia sentir seus olhos em mim até sumir daquele salão. Corri até meus demônios que me levaram a uma nave. Nunca tinha usado uma, porém não tive dificuldade, voamos até perto de umas montanhas. Meu demônio magrelo disse para acelerar e ir em direção as árvores. Sumimos um pouco antes de atingi-las e nos vimos em um local muito estranho. A nave estava com uma velocidade muito alta, acabamos batendo na ponta de umas rochas. Caímos mais a frente.

Quando dei por mim estava sendo carregada por uns seres estranhos, levaram-me até esse local que deve ser algum tipo de castelo. Havia um homem lá, sentado num trono. Ele era azul ou roxo, sei lá. Colocaram-me no meio do salão em frente a esse ser.

—Quem é você? - Perguntou ele.

—Eu sou Cristie de Centurion.

—A filha de Born?!

—Conheceu meu pai?

—Todos conheciam o senhor dos dez reinos. O que faz aqui na Lua de Titã?

—Fui mantida presa por anos em Asgard. Acabei de fugir de lá, vim parar aqui sem querer. Não conhecia ou tinha ouvido falar desse lugar. E quem é você?

—Eu sou Thanos rei de Titã, filho de Mentor e neto de Kronos.


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