Losses escrita por Mares on Mars


Capítulo 1
Would be different?


Notas iniciais do capítulo

Pós season finale, nossos agentes enfrentam suas perdas.



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Os dois agentes fizeram um brinde silencioso. Fora um funeral simples. O General Talbot convocara um padre para rezar uma missa e mandou fazer duas lápides, com os nomes de Lincoln Campbell e Andrew Garner. A missa foi celebrada na capela do cemitério a 19km da base e contara com a presença de apenas algumas pessoas – Coulson, May, FitzSimmons, Mack, Yoyo, Joey, que voltara de sua pequena missão no México, o doutor Radcliff, o próprio general e Daisy – e o padre discursava sobre a beleza do amor e a grandeza do sacrifício. “Dois heróis, cada uma ao seu modo, que morreram em nome daqueles que amavam”, o padre dissera com suavidade e Daisy apertou a mão de Melinda. A jovem tinha suas lágrimas escorrendo livremente pelo rosto, enquanto a mais velha mantinha sua expressão firme, sofrendo silenciosamente. Quando o padre finalizou seu sermão, os agentes se levantaram e carregaram os dois caixões para fora da capela, um preenchido com o corpo transfigurado e sem vida de Andrew, e o outro completamente vazio.

Foi uma caminhada longa até as duas covas abertas, e dolorida demais para Daisy e Melinda, que ajudavam a carregar o caixão daqueles que amavam. Quando ambos os caixões foram abaixados em suas covas, o padre deu sua benção final a os agentes prestaram seus respeitos, jogando flores brancas sobre os túmulos, e se afastaram assim que a cova começou a ser coberta com terra. Por fim, só ficaram as duas viúvas, que tocaram as lápides por um momento e rezaram ao mesmo tempo pelas almas de seus amados.

— Hora de ir – Melinda chamou após encerrarem suas preces e estendeu a mão para a mais jovem, e ambas caminharam de mãos dadas para fora do cemitério.

Agora, sentada sobre a mesa de Coulson, com uma bebida na mão, Melinda May refletia sobre os últimos acontecimentos.

— Você acha que poderia ser diferente? – ela perguntou após meia hora de silêncio total. Como o homem não respondeu, ela continuou: – Se nós tivéssemos chegado antes? Se eu tivesse impedido Hive de liberar a ogiva na ilha? – havia um tom sereno em sua voz, quase anestesiado.

— Seria diferente – Phil respondeu após um longo silêncio – Seria diferente se eu não tivesse perseguido e matado Ward em uma vingança cega – ele disse cheio de culpa – Hive nunca teria retornado, Daisy nunca teria sido possuída, Andrew e Lincoln estariam vivos.

— Não ... – ela interrompeu com a voz fraca – Andrew não – acrescentou e suspirou rapidamente, sentindo uma dor tão profunda que quase curvou-se.

— Você tá certa, Andrew não – ele concordou gravemente – Ele estaria vivo se eu não tivesse feito você procurar por ele, convencido ele a vir aqui – falou com a voz trêmula.

— Para – Melinda pediu baixinho, encarando-o enquanto ele andava de um lado para o outro com o copo de whiskey em sua mão protética.

— Talvez ele ainda estivesse vivo se eu nunca tivesse arrastado você de volta pro campo – ele continuou irracionalmente – Talvez os dois estivessem vivos se eu tivesse continuado morto – gritou em seguida e o copo em sua mão estourou.

— Para com isso – Melinda gritou em resposta, saltando para fora da mesa – Para de se culpar – ela pediu com a voz um pouco mais baixa e ele respondeu ainda aos berros:

— Parar de me culpar? Eu morri Melinda, eu fiquei morto por duas semanas e desde que eu voltei nós perdemos tudo – disse insanamente e ela negava com a cabeça – Nós perdemos Ward, e não vamos negar que um dia ele já foi parte da família, nós perdemos Izzie, Idaho, Tripp, Rosalind, Bobbi, Hunter, Lincoln, Andrew – listou pausadamente, cuspindo cada um dos nomes com dor – Pelo amor de Deus, nós perdemos a SHIELD, nós perdemos a nós mesmos, nós não existimos – continuou, e em algum momento de seu descontrole, a mulher caiu no choro. Ela tinha a mão espalmada sobre o rosto e soluçava baixinho. Ao perceber o que fizera, o diretor deu-se conta de que em seu descontrole, havia se aproximado muito e que gritara as últimas palavras a centímetros do rosto da mulher. Envergonhado, afastou-se imediatamente e jogou-se em seu sofá, enfiando o rosto entre as mãos. Ouvir Melinda chorar, sabendo que fora o responsável, causava-lhe uma dor extrema no peito – Melinda eu ... – ele começou com a voz bem mais baixa, sem erguer o olhar.

— Quando você morreu – ela interrompeu-o com a voz mais firme do que imaginara possível – Eu fui ao seu funeral ... Todos os agentes da nossa antiga turma da Academia estavam lá – narrou calmamente, permanecendo de costas para o homem – Eles vieram me cumprimentar, disseram que sentiam muito ... Quando os soldados tiraram a bandeira do caixão, foi pra mim que eles entregaram – nesse momento, sua voz falhou e ele olhou-a com surpresa. Era a primeira vez que ouvia tal informação. Ele passara os últimos três anos acreditando que Fury mandara entregar a bandeira para Audrey – Sua namorada estava lá, Audrey, e quando o funeral acabou, ela veio falar comigo – prosseguiu com a voz fraquinha – Ela disse que você falara de mim para ela várias vezes, e que ela pedira para Fury que eu recebesse a bandeira, em nome de tudo o que nós passamos juntos – contou com um nó na garganta e pigarreou – Toda vez que eu vejo você se questionando se você deveria estar vivo eu penso nela – admitiu e caminhou até o sofá, sentando-se ao lado dele – Eu penso no futuro que vocês poderiam ter tido juntos se você não tivesse morrido, eu penso nos filhos que vocês poderiam ter tido, na linda casa em Portland – ela disse suavemente, com o lábio trêmulo – E eu penso no quanto você já fez desde que voltou ... Em quantas pessoas você salvou. Em como você me salvou daquele cubículo miserável, em como você salvou Skye, Akela, Mike, em como você salvou a Audrey daquele maníaco, em como você salvou o mundo mais de uma vez, em como você reergueu a SHIELD das cinzas – discursou pausadamente e uma lágrima solitária escorreu sobre sua bochecha – Mas também, toda vez que eu vejo você se questionando se deveria estar vivo, eu me lembro de como eu sofri quando eu segurei aquela bandeira, porque foi quando eu me dei conta que você estava morto de verdade e eu teria que viver o resto da minha vida sem você, porque você é o meu melhor amigo no mundo e eu te amo tanto – admitiu um segundo antes de cair no choro e Phil puxou-a para um abraço apertado.

            Por vários minutos, ambos choraram juntos, com o peso do mundo em seus costas, e agarrando-se um ao outro como se suas vidas dependessem daquele toque. Melinda tinha o rosto afundado contra o peito de Phil, que apoiava o queixo sobre a cabeça dela, soluçando baixinho.

— Me perdoa – ele pediu com a voz embargada e ambos se moveram juntos para uma posição meio deitada – Me perdoa por ter dito o que eu disse, me perdoa por te fazer sofrer – ele implorou e ela afundou-se mais em seu abraço – Eu te amo tanto – disse simplesmente e suspirou contra os fios escuros da chinesa. Em algum momento depois de toda a descarga emocional, no meio de todo o silêncio que os envolvia, os dois adormeceram, mais exaustos do que jamais se sentiram, e foram acordados somente na manhã seguinte pela claridade que entrava pela janela e pelas batidas insistentes na porta. Doloridos de sua posição no sofá, os dois colocaram-se de pé e Phil caminhou até a porta para destrancá-la.

— Senhor, nós temos um problema – Jemma disse gravemente, assim que entrou na sala. Ela tinha uma aparência tão exausta quanto a dos chefes e parecia ter acabado parar de chorar – Skye se foi – anunciou com um nó na garganta, chamando a amiga pelo antigo nome e passou um bilhete para o diretor, que leu-o silenciosamente.

— Mais uma perda – ele falou tristemente assim que terminou de ler o que havia no papel, e olhou profundamente para Melinda. O brilho sempre presente nos olhos do diretor pareceu se apagar, e com lágrimas nos olhos e o estômago embrulhado, a mulher leu:

Por favor não venham atrás de mim. Eu sou eternamente grata por tudo o que vocês fizeram por mim, mas tudo isso é mais do que eu posso lidar agora. Eu amo todos vocês com toda a minha alma, e eu não seria nada sem esse amor, mas nesse momento, isso não é suficiente para me fazer ficar. Coulson, você é o meu pai. Foi meu pai desde o primeiro momento e eu peço desculpas pela minha ingratidão e por todos os meus erros. May, você é minha mãe, a mãe que eu verdadeiramente amo, mil vezes melhor do que aquela que um dia eu chamei de mãe, e eu peço desculpas por um dia não ter enxergado isso. Eu pensei sobre o que você me disse naquele dia, no Zephyr, e você estava certa sobre tudo o que disse, e sobre o que não disse: eu sei. FitzSimmons, Mack, vocês são meus irmãos, os melhores que eu poderia ter, os melhores que eu jamais imaginei merecer, e eu vou amá-los até o último dos meus dias. Yoyo, Joey, vocês são valiosos amigos e meus irmãos de batalha, verdadeiros heróis, e eu me orgulho de um dia tê-los reunidos e estarão sempre no meu pensamento.

Eu amo tanto todos vocês que eu jamais poderia me despedir pessoalmente. Eu nunca vou esquecer do que eu aprendi com vocês, de quanto amor eu recebi, e eu nunca mais vou me esquecer de quem eu sou realmente. Obrigada por tudo.

 

                                                                                              Com todo o amor do mundo,

                                                                                                                      Skye”


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Notas finais do capítulo

Peço perdão se por acaso eu fiz alguém chorar.
Me deixem saber o que vocês pensaram.
Titia ama muito vocês.