something DRAMATIC in english escrita por Segunda Estrela


Capítulo 1
A bela história de amor que todos deviam viver


Notas iniciais do capítulo

Você realmente chegou até aqui, não? Sabia que ia te conquistar com meu charme. O que posso dizer? É um dom e uma maldição.
E desculpa pelo atraso, eu sei que isso obviamente incomodou muito todos vocês. Eu fiquei enrolada com a escola, as férias, uns problemas em casa, meu cachorro fugiu, minha mãe decidiu largar a família para construir um spa para senhoras de meia-idade, um meteoro caiu no cabo da minha internet e fiquei sem luz, depois eu ainda tive que brigar com meus amigos policiais dizendo que não tava a fim de correr pela cidade com a sirene ligada, eles conseguem ser tão inconvenientes.
Não sei direito como isso funciona escrito, mas tente ler tudo que eu falo com um tom petulante de sarcasmo.



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Era uma vez uma garota, uma garota inteligente, engraçada, e que lia muito. Parecem qualidades estranhas para se colocar em uma mesma frase, mas não é. Ela tinha uma personalidade forte, e apesar de ser rude e mal-educada em seu exterior, era gentil e bondosa. Ela talvez até se sacrificasse no clímax da história por quem amava. Ela era a típica heroína que todos escrevem nos romances adolescentes. Vamos lá, você consegue imaginar alguém assim, não é? Ela até tinha seu próprio passado trágico, algo sobre seus pais morrerem em um acidente de carro ou terem sido assassinados cruelmente na sua frente. E cá entre nós, ela pode até se lamentar uns cinco minutos por isso durante o filme, mas não vai mudar nada na história.

O importante mesmo era que ela era a aluna nova em uma classe comum, de uma escola comum. Na Inglaterra.

Uma escola comum para pessoas super-ricas. Ela era filha de um grande homem de negócios não muito definidos, nunca vamos saber com certeza o que ele faz ou de onde vem o dinheiro para bancar a Mercedes que ela dirige.

O pai dela podia viver viajando consertando a Muralha da China e a mãe cuidando dos pigmeus na Indonésia, isso serviria também. Não, isso não vai dar certo, acabei de dizer que ela é órfã. Afinal, ela não merece pais cruéis que só se importam consigo mesmos e com dar Mercedes no aniversário. Então ela era a herdeira solitária de uma grande fortuna. Ela foi criada pelos empregados e talvez até pudesse sofrer sua própria tentativa de assassinato em algum momento. O culpado seria um antigo amigo da família em quem ela confiava, obviamente.

Enfim, ela tinha dinheiro e se vestia muito bem.  Se vestia muito bem, mas casualmente, não tenha ideias erradas. Calça larga, blusa larga e “um coque mal feito que ficou perfeito”. Se ela desse muita importância para a roupa, ia parecer com uma das garotas metidas da escola, e não queremos isso, não é?

Por falar em garotas metidas, ela tinha o trauma, ela tinha a escola nova. Faltam as patricinhas exageradas e fúteis que só ligam para o cabelo. Aquelas raparigas que fazem parte das líderes de torcida e riem quando prendem garotos franzinos nos armários escolares do corredor. Você não achou que a história se passava no Brasil, não é? Tudo bem, eu te perdoo por sua ingenuidade e falta de atenção, afinal eu tinha falado que ela estava na Inglaterra. Você achou que isso era só um fato aleatório e não ia ter efeito nenhum na história? Que tipo de autora pensa que eu sou?

Mas voltando a personagem principal, ela é a estrela. E uma estrela solitária e misteriosa com seu passado trágico. Muito mais madura e muito mais sagaz que todos os outros da sua sala. As garotas que entendiam de moda, oh, como todas eram repulsivas. Oh, como ela era tão superior a tudo aquilo.

Você deve estar sentindo falta de alguma coisa, não é? Não precisa me contar, eu sei que sim. Às vezes eu penso que tipo de coisa horrível eu escreveria se não soubesse exatamente o que você quer.

O que está faltando é o par romântico cobiçado da principal. Infelizmente, ele não era um vampiro, ou lobisomem, ou anjo, ou demônio ou alienígena. Sinto muito por decepcioná-los com isso. Pelo menos ele ainda era mais bonito que caras normais e todas as outras garotas tinham uma obsessão compulsiva por ele. Ele também lutava karatê, ou alguma coisa menos elegante que ele aprendeu nas ruas. Tinha motivo para elas serem obcecadas por ele, afinal sempre que chega um garoto com corpo e rosto perfeito, absolutamente todas as garotas se apaixonam por ele. E eu disse absolutamente TODAS, não tente me contestar.

Enfim, TODAS estavam apaixonadas por ele, menos nossa principal, é claro. Ela era maneira demais para isso. Ao invés disso ela criaria uma rivalidade sem sentido que faria os dois provocarem-se mutuamente até que um evento de vida ou morte os mostrasse que na verdade toda aquela implicância era tensão sexual e amor verdadeiro.

Essa ultima parte foi mentira.

É claro que ela também se apaixonou por ele. Eu disse absolutamente TODAS, não disse? Se você pelo menos prestasse mais atenção.

Enfim, ela estava lá, completamente apaixonada por ele. Ela era uma adolescente que nunca tinha namorado ninguém na vida. É claro que aquele cara era seu verdadeiro amor. E eu não quero ouvir seus argumentos contra isso, espertinho. Acho que nós dois concordamos que não precisamos da sua impertinência agora.

Ela já tinha o palco montado para seu grande show. Faltava uma oportunidade. Atacada por patricinhas? Atacada por estupradores? Atacada por alces? Vamos combinar, essa é tão ruim que nem eu escreveria.

Não. Eles só vão fazer um trabalho juntos. Provavelmente biologia. Eu já li bastantes romances para saber que essa é uma escolha razoável.

É claro que antes de fazerem o trabalho ela vê o garoto bonito e inteligente (eu comentei que ele era inteligente? Não? Bom, vocês já deviam ter adivinhado) salvar um gatinho filhote de um atropelamento, ou parar uma briga com seus incríveis golpes de karatê/luta informal de rua. Mas ele só parou a briga porque eram valentões abusados contra um indefeso garoto magrelo, não saiam por aí pensando que ele era um encrenqueiro. Ou talvez ele fosse, garotas não gostam desse tipo? Ele podia até ser o chefe da máfia canadense.

Mas não, no momento em que ela o viu em um ato incomum e completamente santo de bondade, ela percebeu que, além de tudo, o gatinho que não era alienígena, nem tinha super-poderes, tinha um coração de ouro.

Eles se encontraram na casa do rapaz. E será que podia ser verdade? Os pais dele tinham morrido e ele tinha acabado de se mudar para a cidade com o tio? Era uma coincidência que só podia significar destino.

Enquanto conversavam sobre suas vidas e passado, eles perceberam uma coisa. Ninguém nunca tinha os entendido tão bem. Eram, definitivamente, o casal perfeito. Combinavam em tudo e tinham as mesmas opiniões. Se ficassem juntos, DEFINITIVAMENTE seriam muito felizes. E nenhum dos dois nunca acharia alguém com quem pudessem viver em tão harmonia.

Exceto que quando ela se confessou, foi rejeitada. :(

Como isso podia ser verdade? Ela tinha uma personalidade incrível, se vestia de qualquer jeito com roupas de marca e dirigia uma Mercedes!

Na semana seguinte, o garoto estava namorando a rival da nossa querida principal. Aquela loira oxigenada deveria ter feito alguma lavagem cerebral no cérebro do rapaz, era a única explicação razoável. Só que não era verdade. A loira oxigenada podia não ser tão sarcástica e inteligente quanto nossa mocinha, mas ela não era uma idiota descabeçada. Talvez, me perdoem por isso, ela fosse até legal.

Mesmo assim, o rapaz não se dava tão bem com ela como tinha se dado com a nossa estrela. Então qual era o problema? Por acaso era tudo uma fachada e no fundo ele também era um jogador de futebol americano egocêntrico disfarçado de protagonista? Não, ele era completamente normal, nem mesmo era um encrenqueiro adolescente chefe da máfia canadense.

Havia um motivo para ele ter escolhido a loira exuberante ao invés da nossa menina pálida. Ela era pálida que nem queijo-minas, mas não sei se posso falar isso, já que não queremos nenhuma associação com esse nosso Brasil varonil. Ela era pálida como escargot feito por um grande chef francês pintado com tinta branca, tinta branca inglesa.

Mas havia uma limitação para nossa garota, uma limitação que não a deixava alcançar completamente o patamar de mocinha. Um atributo que não combina com uma personagem principal.

Ela era feia.

Era a triste verdade. Desculpe por esconder por tanto tempo. E talvez você queira argumentar que a beleza é subjetiva, mas não tem problema estar errado.

O rapaz nunca chegou a olhar com interesse para ela. Ela não tinha aquela beleza estonteante e abrasadora, mas nunca alto-declarada. Afinal, mocinhas têm a alto-estima muito baixa. Quando ela dizia que se achava feia, era verdade, não modéstia.

Talvez ele não fosse o cara certo, você certamente pensa. Há há há, não seja tão tolinho.

Ela não ia ficar com o mocinho desejado e viver um romance avassalador. Infelizmente. Ia acabar namorando um cara legal de aparência normal que não causaria inveja em ninguém, e que não a levaria em turnês pelo mundo. E no fim das contas, nosso suposto protagonista ficaria satisfeito com a garota não tão inteligente, mas muito mais bonita.

O triste era que eles teriam sido muito felizes juntos, talvez até almas gêmeas. Se uma coisa dessas existisse. Infelizmente ela tinha de ter aquela cara.

Não olhe para mim assim, eu não pretendia te deprimir com essa coisinha terrivelmente verdadeira. Tá tudo bem em ser uma jovem pessimista e alegre que não acredita no amor. Não leve tão a sério.

E veja bem, eu também nem tive a chance de fazer ela usar preto e fazer uma tatuagem. Nem lutar contra um regime totalitário e bancar a virgem inexperiente, mas que rebola que nem uma cobra na hora “h”. Ela nem teve que lutar pela vida em uma tentativa de estupro.

Viu? Nós dois saímos perdendo nessa.


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Notas finais do capítulo

Não faço isso pela glória, não faço isso pela fama, faço isso pelo dinheiro. Infelizmente nós usamos uma rede social não dá nada disso em troca. Só amor. Nos comentários. Ou ódio. Nos comentários. Nessa seca que eu tô, aceito os dois.

Tanto tempo passou, e mesmo essa fanfic tenho tido um número razoável de leitores, ninguém nunca comentou. E sinceramente, eu não os culpo. Mas ainda tô esperando a hora que alguém vai escrever me xingando e eu vou pensar: gosto de você, pequeno rebelde.



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