Completa-me escrita por BlackLady2


Capítulo 17
Capítulo XVII


Notas iniciais do capítulo

"Caminhamos lado-a-lado e eu quase não resisti a vontade de segurar sua mão. Ela balançava e me chamava, dizendo: vem, vou te levar para o tempo em que tudo fazia sentido, no tempo em que eu acariciava o seu rosto até você dormir."
Aaron Warner



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Por Aaron Warner

— Talvez devêssemos ir em carros separados.

— Não - respondeu Adam a Juliette - Mais de um carro chamaria muita atenção. Precisamos ser discretos. Castle nos deu um mapa com os locais onde instalaremos as câmeras e os microfones. Vamos nos dividir para ser mais rápido. Não podemos correr o risco de alguém nos reconhecer.

— Ok - concordou Kenji - Castle nos disse para sairmos daqui a uma hora. Todos estarão dormindo, então procurem fazer o mínimo de barulho possível. Apenas nós e Castle sabemos sobre as câmeras e não sabemos se há mais espiões dos Mockers dentro do Setor 45.

— Certo - Juliette respondeu - Mas é quanto aos armamentos?

— Castle já providenciou - respondi a ela calmamente - Está tudo pronto no carro que nos espera lá na garagem...

— Adam! - gritou James bem distante do galpão onde nos encontrávamos, correndo em nossa direção.

— O que está fazendo acordado a essa hora?

— Eu achei que vocês iriam sair novamente - declarou ofegante - então vim desejar boa sorte.

— Não vamos a lugar algum. Só estamos discutindo coisas importantes.

— Ah - ele parecia desconfortável e não eu precisava pensar muito para saber o porquê - Bem, então eu vou voltar para o meu quarto - disse, já dando meia-volta.

— James - chamou Juliette, de forma doce - Eu estava indo para o meu quarto e pensei se você poderia me acompanhar. Eu ainda me perco nesses corredores.

O rosto de James ganhou um rubor intenso nas bochechas e pude ver que ele lutou para manter o rosto erguido - C-claro.

Ela pôs-se ao lado dele e caminharam juntos até a porta de onde James havia saído, mas assim que passaram, James olhou para trás e gritou:

— Porque não vem com a gente, Aaron?

Cada reação foi única: Juliette olhou para James e suspirou; Kenji balançou a cabeça em discordância para James; Adam abriu um sorriso genuíno para o irmão mais novo; e eu...

Bem, eu caminhei para acompanhar James e Juliette, sem reclamar ou hesitar. Eu não tinha prometido a James que reconquistaria Juliette e ele também não me exigiu isso, mas me disse para fazer algo que era mais natural para mim que respirar. Amá-la. Simples assim.

Eu nunca deixei de amá-la e ela sempre soube disso, mas agora eu teria que demonstrar o meu amor. Como, eu não sabia, mas não custava nada tentar.

James entrelaçou os dedos atrás das costas e procurou fazer o menor dos ruídos com os passos, como se não quisesse chamar atenção. Eu podia, porém, perceber nele a vontade de falar, de fazer perguntas desenfreadamente. E parece que Juliette também notou isso.

— Você está muito calado, James - comentou ela - Não lembro de você assim. Na verdade, você falava bastante. Achei que teria milhares de perguntas para mim.

James achou nessa brecha uma oportunidade de falar - E tenho.

— Pode perguntar qualquer coisa.

Ele respirou - Onde estava esse tempo todo?

— Em vários lugares - respondeu ela sem nem pensar em hesitar - Tantos que não consigo contar.

— Mas, você não pensou em vir aqui alguma hora? Quero dizer, se você podia ir a tantos lugares, poderia ter vindo aqui também.

— Poderia, mas não quis.

— Por quê?

Juliette respondeu como se eu não estivesse ali - Porque eu não me sentia mais em casa - Desta vez, quem tentou fazer nenhum ruído fui eu.

— Mas esta sempre foi a sua casa. Deste que chegamos aqui, depois da guerra contra o Supremo Anderson, esta sempre foi a nossa casa. Porque não é mais?

— Coisas aconteceram e me empurraram para longe daqui.

— Que coisas?

— Coisas que você não entenderá.

— Talvez eu entenda.

— Quem garante?

— Eu garanto - declarou ele, firme, olhando para frente - Não sou mais a criança chorona que você conhecia quando foi embora, Juliette. Eu cresci, por mais que você não estivesse por perto para confirmar isso.

— É verdade, James. Eu não estava por perto, mas isso não significa que eu não senti sua falta.

Isso pegou James de baixa guarda. Talvez ele esperasse uma resposta grosseira, mas, apesar de tudo, Juliette ainda era Juliette, ainda doce quando queria. Já estávamos na porta do quarto de James quando Juliette notou isso.

— Esse não é o meu quarto.

— Não, esse é o meu - falou James.

— Achei que você me acompanharia até o meu quarto.

— Aaron pode fazer isso - ele me olhou - Não é, Aaron?

Eu quis fuzilar James, mas ele expressou tanta falsa inocência que eu não pude levar minha raiva adiante. Abri um sorriso para o meu irmão - Posso, sim - virei-me para Juliette - Claro, se você quiser.

Mesmo com tanto tempo passado, eu pude notar que Juliette não estava tão diferente assim. Ela ainda tinha aquele carinho por James e não parecia querer magoá-lo. E não o fez.

— Claro que pode - ela me fitou de uma forma nada legal - Porque não?

James desejou boa noite e fechou a porta do quarto, deixando eu e Juliette num silêncio tenso.

— Vamos?

Caminhamos lado-a-lado e eu quase não resisti à vontade de segurar sua mão. Ela balançava e me chamava, dizendo: vem, vou te levar para o tempo em que tudo fazia sentido, no tempo em que eu acariciava o seu rosto até você dormir. Me tentava e me enlouquecia. A única coisa que me mantinha são era o desconforto que vinha de Juliette. Não fazia muito sentido, já que eu costumava achar paz nos seus braços, mas eu também estava desconfortável. Mas não de uma forma ruim.

Era como aquela dúvida se você deve ou não deve beijar a garota no fim do primeiro encontro.

— Você não deveria usar James para tentar arrancar respostas que eu não quero dar. Não é justo com o garoto.

— O que?

— Não se faça de inocente, Warner – pediu ela – Porque essa é uma coisa que você não é.

— Eu realmente não sei do que você está falando. E, foi você que pediu para James acompanhar você.

— Não interessa – ela parou na minha frente – Você com certeza convenceu o garoto a armar esse tipo de situação. Conheço você.

— Não conhece, não.

— Não?

— Não, porque, se conhecesse, saberia que eu não espero que ninguém faça nada por mim. Se eu quiser alguma coisa, eu vou lá e faço.

— Não acredito em você.

— Não? E o que você quer? Uma prova? – cheguei mais perto dela, olhando dentro dos seus olhos – Eu vou dar uma prova.

Passei um braço ao redor da cintura dela e pus minha mão livre em sua nuca, puxando seus lábios para os meus. Juliette tentou se soltar, mas assim que minha boca encostou na dela, sua vontade pulverizou. Eu só queria provar que resolvia meus próprios problemas, mas o prazer que a língua dela me trouxe me fez esquecer o que eu queria mostrar. Logo os braços dela passaram pelo meu pescoço e ela também me agarrava.

No corredor silencioso, nossas respirações soavam altas. Prendi seu corpo contra a parede, sentindo todo o seu corpo tocando no meu. Durante os segundos daquele beijo, vi nosso primeiro beijo, vi nossa primeira vez, vi Juliette sentada na minha cama quando acordei com ela ao meu lado pela primeira vez. Vi cada momento, cada toque, cada carícia. Ouvi cada palavra sussurrada, cada suspiro apaixonado, cada risada, cada gemido. Eu vi tudo, ouvi tudo, senti tudo.

E, como o destino foi irônico, fez ela recordar que deveria me odiar assim que lembrei que, mesmo com tantas memórias bonitas, ela se foi.

— Nunca mais toque em mim – rosnou, ofegante – Se tentar, eu quebro você inteiro.

Virou-se e andou ligeiramente. Observei ela até que não pude mais vê-la. Mesmo sabendo que, em uma hora, ela nem sequer olharia para mim, fiquei feliz. Mais que feliz, fiquei radiante. A alegria que repousou sobre o meu coração foi tanta que não pude me impedir de comemorar como um garoto que conseguiu beijar a garota no fim do primeiro encontro.


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Notas finais do capítulo

Pronto, Lau Souza, satisfeita? Esse capítulo é para todos os que leêm Completa-me, mas eu tinha que destacar a Lau. Flor, eu sei que você me ameaçou se eu fizesse o Aaron sofrer, então eu realmente espero que você goste. Meu pescoço agradece.
Butterfly, o que achou do encontro entre James e Juliette? Sei que foi curto, mas quero sua opinião.
Comentem, critiquem, qualquer opinião é bem-vinda.
Beijos.
BL.



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