A Sinhazinha escrita por Wind_Bloos_Aria


Capítulo 2
A maldita há de me pagar!


Notas iniciais do capítulo

Contém: Violência.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/69306/chapter/2

Começava 1887, as pressões para o fim da escravidão aumentavam consideravelmente rápido, à medida que a maldade de alguns donos (e donas) de escravos aumentavam.

 

Era uma linda manhã de Janeiro, naquele dia, Nádia acordou com um presentimento que sua vida mudaria. Enquanto isso, Nicole; com uma irritação miserável, saía de casa.

 

A linda escrava decidiu desobedecer sua sinhá e dar uma volta pela cidade, aproveitando que D. Aurora dormia profundamente por efeito de valeriana* por causa de uma crise nervosa e que Nicole não estava.

 

Ao sair, lá por perto da Igreja, encontrou um garoto de sua idade, 17 anos. De início, nenhuma conversa quis com ele, pensou que a trataria com arrogância como Sinhazinha Nicole sempre fez; porém, foi Fabrício quem começou a amizade:

_Olá, linda sinha...

_Não sou sinhazinha, muito menos branca. - Interrompeu-o Nádia

_E o que isso importa ? Quero ser seu amigo da mesma maneira. Sou abolicionista convicto e acho uma grande maldade essa discriminação por cor da pele!

_Abolicionista ? O que é isso ? - Perguntou intrigada.

_Pessoas que lutam pela liberdade dos escravos, que não veem razão para uma pessoa escravizar outra como ela! - Falou Fabrício.

_Eu... nunca tive um amigo branco... e...

 

De repente, Nicole a viu e em sua direção foi, com um chicote nas mãos.

 

_Escrava desgraçada, por que não está arrumando minha casa?!

 

Nicole deu-lhe uma chicotada nas costas, mesmo na frente de outras pessoas; Fabrício tentou impedir que ela repetisse o mesmo, todavia Nicole a levou pelo braço. O garoto a seguiu e descobriu onde ela morava.

 

De fora da casa era possivel ouvir o açoite e o choro da mãe de Nádia implorando que Nicole não batesse em sua filha, Fabrício, estupefato, nada poderia fazer, apenas esperar.

 

Por volta das 10 da noite, todos dormiam, menos a infeliz escrava. Ele então, bateu de leve na janela. Ouvindo a batida, Nádia abriu a cortina e viu aquele garoto que conhecera em frente à Igreja.

_Olá - sussurrou Fabrício.

_Boa noite! Por que está aqui ? Podem te ver! - Falou Nádia, um pouco preocupada.

_Não, não. Não vão me ver, dá para escutar os roncos daqui! Fiquei preocupado com você, ela te bateu com muita força ? Olha eu comprei alguns remédios ali no boticário e...

_Bateu, mas seria melhor que uma mulher cuidasse de mim, está doendo em minha costas!

_Entendo, mas fique com estes remédios. - Insistiu Fabrício.

_Está bem.

_Ela é sempre assim ? - disse o garoto enquanto Nádia colocava os remédios em uma mesa.

_Assim e pior. Sempre me maltratou, aquela desgraçada! Se vossa mercê soubesse o que ela já fez...

_Por que não foge ? Ela aparenta ter no máximo 17 anos, e força ela não tem... sem ofensa às mulheres. - Indaga Fabrício.

_Sabe porque, sinhozinho, ela vai bater em minha mãe, que já tem 50 anos... ela não poderia fugir comigo... por isso não fujo. - Respondeu tristemente Nádia.

_O que ela já fez com você?

_Chicoteou, fez cavalinho, me faz trabalhar demais, me insulta por não ser branca... Minha vontade é espancar a sinhazinha! Só não faço isso pela minha mãe! Mas aquela maldita há de me pagar!

_A vingança não leva a nada, mas você poderia espancá-la mesmo e assim ela teria medo e te venderia para alguém talvez melhor... - sugeriu Fabrício.

 

Logo depois, Nádia despediu-se e foi para sua alcova**

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Valeriana: Erva sonífera, muito usada no século 19.
**Alcova: Nome para quarto no séc. 19



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Sinhazinha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.