Jane havia acabado de chegar em seu dormitório, o professor de física havia aplicado uma prova surpresa, e depois disso tudo que a garota queria era deitar em sua cama e dormir até as férias, porem isso não chegou a acontecer, assim que pos seus pés em seu quarto ela se deparou com uma enorme bagunça. Sua cama que antes estava perfeitamente arrumada agora tinha os lençóis espalhados pelo chão, e os travesseiros... estavam em algum canto qualquer onde não podiam ser encontrados, suas roupas estavam todas espalhadas, gavetas abertas, frascos de perfume quebrados e o pior de tudo eram suas fotos, a garota simplesmente as amava, ela tirava fotos a todo momentos, eram suas recordações e lembranças mais importantes mas agora....o que sobrará delas? Nada todas rasgadas

Jane já sentia seus olhos se encherem de água, porem para a garota tudo sempre podia piorar

—Ora, ora, ora vejam meninas pelo jeito a presa chegou mais cedo- dizia uma irritante e estridente voz acompanhada de agudas risadas.

Ela reconheceria aquelas vozes em qualquer lugar, eram Maly (Maria Alicya) filha de Rapunzel, Corona filha de Merida e a pior de todas... Cindy, a filha de Cinderela

—O-o que v-vocês querem?- gaguejou Jane

—O que eu quero?Simples eu quero você!- Cindy dizia enquanto apontava para a garota chorosa- sua querida mamãe me deixou de detenção e por isso meus pais tiraram meu telefone e me deixaram de castigo, ou seja, SEM MESADA!

—M-m-mas eu não tenho nada haver com isso- praguejou Jane

—A, mas você tem sim, a jeito melhor de se vingar da Fada Madrinha do que fazendo algo contra sua filha?- dizia Cindy sorrindo maleficamente enquanto pegava uma das poucas fotos que ainda estavam intactas e a rasgava em minúsculos pedacinhos.

—PARE!- gritou Jane com uma determinação que nem mesmo ela sabia de onde havia tirado

—OU O QUE?- retrucou Cindy indo em direção da morena que estava calada

—s-s-s-se n-n-n-n-não e-e-eu... - a morena tremia de medo pensando no pior que Cindy poderia fazer contra ela

—HAHAHAHAHA eu sabia que você não era de nada- Cindy ria junto com suas amigas- ‘’Cão que late, não morde’’

—AU, AU, AU, AU, AU- todas imitavam um cachorro latindo e riam da morena que apenas chorava

—CHEGA! JÁ ESTOU FARTA DE VOCÊS- gritou Jane com raiva

—ESCUTE AQUI VADIA! VOCÊ NÃO OUSE LEVANTAR A VOZ PARA MIM E NEM MESMO ME ENFRENTAR!- Cindy gritava agora com raiva o quarto se silenciou e o único som que podia ser ouvido foi um rápido estalo

TAF...

Cindy havia dado um tapa em Jane, porém um tão forte que a pobre garota havia caído no chão chorando com a mão no local do tapa que agora estava vermelho

As outras garotas apenas riam da garota e batiam na mesma Cindy dava alguns chutes enquanto Maly e Corona se encarregavam dos tapas e socos

Em uma coisa Jane tinha que concordar para princesas até que elas eram bem fortes

—Que isso lhe sirva de lição- dizia Cindy ainda tentando recuperar o fôlego e a postura-NUNCA MAIS OUSE ME DESAFIAR!

E então como se nada tivesse acontecido, elas foram embora desfilando em seus saltos e deixando para trás uma Jane chorosa e machucada

Jane se arrastava pelo chão para pegar seu celular que havia ficado em sua bolsa. Assim que a alcançou foi direto para sua lista de contatos, não eram muitos, mas tinha que pedir ajuda a alguém a dor já estava ficando insuportável. Então...

Mal? Não ela provavelmente faria algo contra Cindy que só pioraria as coisas

Sua mãe? Com certeza não! E mesmo se ligasse para ela não iria ajudar de muita coisa, afinal ela estava fora para uma conferencia em Arendelle

Após rolar por alguns contatos e sempre encontrar motivos para não chama-los ela finalmente parou nele...

Carlos? hm...talvez, ele era seu namorado, e além do mas era pacifico não iria fazer algo contra Cindy

Ponderou por alguns segundos e então decidiu iria chama-lo

‘’Alô, Jane! Tudo bem?’’- ele falava animado do outro lado da linha

‘’C-c-arlos’’

‘’Jane, você esta bem?O que aconteceu?’’

‘’Carlos e-eu’’- ela iria responder, porém uma brisa entrou pelo quarto fazendo seu corpo estremecer de dor- ‘’C-c-a-rlos está do-e-endo’’- ela chorava.

‘’Jane aguenta ai! Eu já estou indo!’’

Ela nem teve tempo de responder, ele já havia desligado e ela... bem ela havia desmaiado

ALGUNS MINUTOS DEPOIS

—JANE! Jane você esta ai?- perguntou uma voz masculina abafada pela porta

—Jane abra a porta, por favor!- brandiu a voz novamente, porém nenhuma resposta foi obtida

Pode ser ouvido um breve suspiro, e em menos de um segundo a porta já estava escancarada e um garoto de cabelos brancos como a neve e olhos castanhos chocolate adentrava o local que ainda estava em um estado deplorável

—OH MEU DEUS JANE!

Assim que Carlos entrou no quarto ele viu a morena desmaiada no chão e não pensou duas vezes quando correu em sua direção e a segurou em seus braços

—C-C-Carlos?- sussurrou uma voz falha a baixo dele

—Jane o que aconteceu?- ele perguntou agora calmo e repleto de preocupação

Assim que a fada abriu a boca para responder o namorado, uma enorme dor atravessou seu corpo e tudo que conseguiu soltar de sua boca foi um silencioso grito e um fraco gemido

Ela olhou para baixo por alguns segundos para ver o porquê de tamanha dor. Deparou-se com a mão de Carlos em uma região próxima a costela onde Cindy que estava com um salto agulha havia chutado. Provavelmente por causa do salto, ela deveria ter feito algum machucado mais grave, um corte talvez, já que havia visto uma macha vermelha em sua blusa.

—Me desculpe- se desculpou Carlos assim que viu que a estava machucando

—T-tudo b-bem- ela respondeu tentando se levantar, porém a dor não permitiu e ela logo sentiu seus braços falharem e quase caiu de volta ao chão, mas Carlos foi mais rápido e a pegou a tempo

—Ei... calma- ele dizia serenamente enquanto a pegava em estilo noiva a levando para a cama

—Obrigada- ela agradeceu assim que sentiu o colchão macio em suas costas

E em resposta ele apenas sorriu e assentiu indo em direção ao banheiro pegar um kit de primeiros-socorros e alguns travesseiros que ele havia descoberto que estavam lá. Assim que ‘’ajeitou’’ Jane nos travesseiros e deixou o kit em cima do criado mudo, ele foi em direção à porta fecha-la, já que a mesma até o momento estava aberta.  

Jane apenas o observava sabendo que mais cedo ou mais tarde ela teria que contar a ele o que havia acontecido, e para seu azar ela sabia que Carlos era esperto demais para acreditar em qualquer mentirinha como: “Eu cai”, pois ninguém que caiu conseguiria tantos hematomas e machucados como ela. As três agressoras fizeram questão de deixá-la em um estado deplorável, pelo corpo dava para ver até mesmo de longe os enormes roxos e cortes que marcavam suas pernas e braços, porém eles não eram de nada comparados ao corte em sua costela que ainda ardia como fogo, já em seu rosto, roxos por todas a partes, ao canto da boca podia-se ver um pouco de sangue e claro a enorme e vermelha marca de mãe estampada em seu rosto, isto com certeza ficaria difícil de esconder do De Vil

E por falar nele, agora que ele já trancara a porta- para garantir que ninguém os incomodaria-, e cuidava de Jane, havia passado álcool em alguns algodões e limpava alguns dos machucados da jovem fada, que às vezes se contraia de dor recebendo um breve ‘’desculpe’’ do namorado.

Carlos logo terminou de limpar e enfaixar alguns dos cortes de Jane, mas ainda faltava um, o de sua costela, porém devido a região do corte Jane teria que retirar a blusa que estava usando para Carlos cuidar de seu machucado

—Hm. Jane... será que...você poderia...- Carlos gesticulava para a blusa enquanto seu rosto de avermelhava de vergonha por ter que ver sua namorada sem roupa

—C-c-claro- ela respondeu também vermelha se remexendo para tentar retirar sua blusa, mas assim como antes à dor não permitiu

Carlos vendo que a namorada não conseguia se mexer decidiu que seria melhor ajuda lá

—Deixa comigo- ele disse já puxando a blusa pela cabeça de Jane e a jogando em um quanto qualquer da cama

Por mais que estivesse vermelho como um pimentão era evidente sua preocupação quando viu o enorme corte que ainda sangrava. Agora ele não aguentava mais, tinha que perguntar:

—Jane, agora me fale a verdade, o que aconteceu?

—Nada, e-eu apenas cai- não custava tentar

—Jane ninguém que cai consegue destruir um quarto, e se machucar tanto! Se você não percebeu você tem cortes e roxos por todo o corpo!- Ele já estava ficando irritado com a teimosia dela de não lhe falar a verdade

Jane apenas se calou e desviou do olhar penetrante dele

—Jane- ele suplicou-, a verdade... por favor!

Ela olhou para ele por alguns segundos, ponderando se deveria ou não contar. Até que por fim soltou um suspiro e começou a lhe falar:

—Foi Corona, Maly e... Cindy

—O que? Mas como elas conseguiram fazer tudo isso?- ele indagava gesticulando para o quarto e para ela que apenas o encarava

Jane lhe contou tudo, e enquanto ela falava ele apenas a observava abismado com a tamanha brutalidade das garotas

—Você deveria dizer isso a Ben ou sua mãe! Elas merecem ser punidas!- ele brandia raivoso enquanto ela apenas negava- Bem...se você não vai eu vou!

Carlos se levantou e Jane começou a se desesperar temendo o pior

—NÃO POR FAVOR!- Jane brandiu se levantando em ato brusco e agarrando a mão de Carlos. Porem junto com seu ato a dor veio tona- Argh!

A raiva que antes dominava Carlos deu lugar à preocupação

Ele empurrou Jane delicadamente de volta a sua posição anterior sem que a mesma soltasse sua mão

—Por favor, apenas fique comigo essa noite, e amanhã faremos algo- ela sussurrou tão baixo que até mesmo duvidou se ele havia ouvido.

Ele trocava seu olhar entre Jane e a porta. E por fim se deu por vencido e soltou um breve suspiro

—Tudo bem- ele disse recebendo um enorme sorriso-, mas você tem que me prometer que amanhã iremos fazer algo contra isso

—Eu prometo- disse a fada levantando seu dedo mindinho

—Boba- ele sorriu cruzando seus dedos-, agora vamos dormir você está machucada e precisa de descanso

Ele mal terminou a frase e Jane já estava se aconchegando em seu peito e em resposta ele passou as mãos pela sua cintura tomando o máximo de cuidado possível para não relar em seus machucados

Após alguns segundos em silencio no escuro Jane sussurrou:

—Obrigada Carlos

—Pelo que?- ele indagou confuso

—Por estar aqui e... por cuidar de mim

—Eu sempre estarei ao seu lado, e sempre irei cuidar de você.