Oliver segurou a cintura da moça se perguntando se ela realmente falava sério. Mas a frente do casal, Donna Smoak jogava pragas aos quatro ventos por ter que aturar Noah Kuttler falando de quão sua esposa agradável era sua esposa e das lindas filhas durante uma hora sem intervalo. Odiava Noah e a família perfeita que ele criou logo após se separarem, se odiou em saber que era a amante do homem que já tinha uma esposa há anos. E odiou em imaginar que ele não falava com tanto entusiasmo da filha deles, sua Felicity.

— Ainda não sei o que você faz aqui seu imprestável.. você não faz parte da vida de Felicity. - Felicity escutou sua mãe resmungar e colocar as mãos no quadril para enfatizar sua indignação.

— Você sabe que eu não faço parte da vida da nossa filha por sua causa D..

— Não me chame assim. - a Smoak mais velha rosnou se contendo para não avançar no homem que exibia um sorriso descarado ao notar a fraqueza da mulher.

— Isso vai ser interessante..  Thea peça para Raisa cancelar o jantar e peça pipoca, muita pipoca. - Nana gargalhou, o olhar de repreensão que Robert lançou na mãe não surtiu nenhum efeito porque a mulher continuava a ri das constantes provocações dos pais de Felicity.

— Oliver, por favor me tira daqui. - a loira pediu, implorou na verdade, seus olhos arregalados de medo. Pelo bem da sanidade mental de Felicity o homem fez exatamente o que ela tinha pedido. – Obrigada, eu não estava pronta para rever meus pais e toda essa confusão que eles carregam.

— Não foi nada. - o loiro sussurrou em resposta. O silêncio gritou entre eles, os dedos estavam entrelaçados e o casal não tinha se dado conta de como ou quando estava daquela forma. A brisa fria beijava os rostos suavemente enquanto caminhavam pelo jardim.

— Onde você esta me levando? - a garota perguntou sendo guiada por um Oliver misterioso. O jardim que nunca tinha visto brilhou em seus olhos, um pequeno labirinto mais a frente dava uma aparência ainda mais elegante.

— Esse é meu lugar favorito em toda a mansão. - disse abrindo os braços para englobar o jardim. Os olhos azuis se prenderam em um pequeno balançador florido. – Costumava muito vim aqui para pensar.

— Oh, isso é uma novidade para mim. Você realmente pensa? -a garota questionou em um tom brincalhão fazendo Oliver revirar os olhos, as pernas femininas se encaminharam até o balanço traçando as flores de forma lenta e suave. Suas narinas absolveram o cheiro de rosa e seu corpo se aconchegou no balanço, sentindo o vento esvoaçar seus cabelos. – Você disse que precisávamos conversar, sobre o que exatamente Oliver?

Felicity não tinha coragem para encarar o homem, não sabia o que ele falaria e machucaria menos se não encarasse os olhos expressivos dele. Ela não sabia se estava ficando doida ou não, mas podia afirmar que viu uma pequena chama brilhar em seus olhos no momento em que ele ajeitava seus cabelos no final da tarde. Lembrou-se dos dedos roçando seu rosto, da forma carinhosa como qual ele a encarava. E gostou tanto que desejou por mais momentos como aquele. Mas sabia que Oliver não era de uma só mulher, não importava o que ela sentia, não podia se entregar para alguém para que no final do dia quebrasse seu coração em milhares de pedaçinhos.

— Nós aparentemente vamos ser pais. Precisamos resolver isso. - se fosse possível, o coração da moça murchou. – Eu pensei em gravidez psicológica. - Oliver acrescentou tímido. Sua voz morrendo a cada palavra dita.

— Claro.. nós podemos pensar nisso outro dia? Hoje eu já tenho que rejeitar seu pedido.

— Claro, sim.. você está certa. - consentiu. O silêncio abraçou ambos, e apenas o farfalhar da roupa de Felicity no balanço eram escutados.  – Felicity eu.. - Oliver abriu a boca para finalmente falar dos sentimentos mais profundos quando o toque de seu celular fez com que sua coragem esvaziasse por completo. Era Thea, implorando para que eles voltassem porque a confusão estava prestes a ter outro nível.

Aterrorizado Oliver leu a mensagem em voz alta e o olhar de pânico era facilmente reproduzido no olhar da moça.

— Será que eles se mataram? Quero dizer meus pais, porque eles não são o exemplo de sanidade quando estão juntos. - a moça tagarelou erguendo o corpo do balanço com uma rapidez já se movimentando para sair do lugar mágico que tinha acabado de conhecer.

— Eu sou apaixonado por você Felicity. - a garota congelou ao ouvir essas palavras. Piscou sem parar antes de encarar Oliver que estava de cabeça baixa e as mãos no bolso. Seu coração estava prestes a sair pela boca enquanto seu cérebro tentava formular qualquer frase.

— Você só pode está brincando comigo. - a moça afirmou travando uma batalha em seu peito. Oliver ergueu os olhos com o tom descrente dela e entendeu rapidamente sua duvida, ele nunca foi de se apaixonar, nunca nem ao menos a deixou perceber qualquer mínimo detalhe de seus sentimentos. Ele era o carma na vida de Felicity. – Quem você pensa que é Oliver Queen? Primeiro me mete nessa enrascada onde eu corro risco de perder uma das minhas melhores amigas, um casal que me acolheu como filha, posso perder muita coisa e agora você quer mesmo brincar com o meu coração? Você deve ser mais imbecil que eu pensava.

— Eu falo sério Felicity, eu não quero brincar com o seu coração.. eu posso provar que falo a verdade.

— Eu não quero saber, tudo que sai da sua boca são mentiras.. Se você ao menos gostasse um pouco de mim não transformaria minha vida em um inferno por 5 anos, 5 malditos anos. - Felicity disparou zangada, seu rosto estava vermelho e seus olhos cheios de lágrimas. Não queria ouvir aquilo que ouviu, só a machucaria mais e mais. Depois de anos de convivência aprendeu que não era apropriado dar seu coração a Oliver, ele apenas usava as mulheres e as descartavas no dia seguinte. E ela era uma boba apaixonada que nem ele agindo como o capeta em pessoa conseguia tirar esse sentimento de seu peito. Mas aquilo, aquilo era demais para si. Ele estava brincando com seus sentimentos. Tudo que passava na cabeça de Felicity era que ele havia descobertos os olhares e suspiros que ela lançava para ele e não deixou de se aproveitar. Felicity arregalou os olhos, sua mente girando sem parar, fora por isso que ele a usou nesse joguinho de mentiras.

— Felicity por favor acredite em mim.. eu não estou mentindo sobre isso, eu nunca menti para você.

— Oliver eu posso enumerar todas as vezes que você mentiu justamente para mim. Você foi um carrasco na minha vida, você me infernizou.. porque esta dizendo isso logo agora? Você descobriu não foi? Descobriu que eu te amo e está fazendo esse joguinho comigo você está brincando comigo como sempre brincou.

— Você é apaixonada por mim? - Oliver questionou gaguejando. A mulher a sua frente não acreditava em suas palavras que foram sem sombras de duvidas as mais verdadeiras em toda sua vida. E ela era apaixonada por ele.

— Você não tem esse direito Oliver. Você não tem direito de brincar assim comigo. - ela sussurrou contendo as lágrimas. A declaração não prevista havia mexido com a Smoak mais do que ela pensava, Felicity não sabia como ela ainda estava em pé, não podia sentir suas pernas, pensava que desmaiaria a qualquer segundo.

— Pelo amor de Deus eu vou ter que arrastar vocês mesmo? - a voz de Thea, agitada e assustada tirou o casal do topor que estavam. A mais nova nem ao menos notou o clima tenso e as poucas lagrimas no rosto de Felicity.

— Vamos. - foi Felicity quem chamou já virando as costas. Ela ainda ouviu um sussurro quase morto de Oliver que lhe apertou o coração, mas ela se recusou a encara-lo. Ia contar para todos que tudo não passou de uma estupidez, precisava sair dali, de onde Oliver estaria a qualquer segundo. Thea a sua frente resmungava que Donna e Noah estavam prestes a entrarem em guerra caso Felicity não aparecesse logo. Assim que chegaram na sala a garota abriu a boca para falar toda a verdade mas nada saiu por sua boca, ela não tinha coragem o suficiente para fazer aquilo. Ela não tinha coragem de ver a decepção presente nos olhos dos adultos. A moça sentou-se ao lado a mãe que a abraçou notando a tristeza em seus olhos.

— Vocês estavam onde? - Nana perguntou cheia de malicia, intercalando em olhar para Felicity e Oliver que acabará de entrar.

— É um prazer conhecê-los. - Oliver cumprimentou Donna e Noah que ofereceu seu lugar para que pudesse se sentar ao lado da noiva.

— Vocês brigaram..

— Nana por favor, esse não é o melhor momento para isso.

— O sexo de reconciliação é o melhor. - Donna completou piscando para Nana que assentiu animada para a outra. Nana sabia que tinha motivos para gostar da mãe de Felicity assim que a viu, ela se viu em Donna.

— Donna pare com isso, estamos na frente da nossa filha. - Noah sussurrou a advertindo e obteve um revirar de olhos.

— Filha maior de idade, que não é virgem e com certeza não fica conversando a noite toda com um noivo sexy desse jeito, Noah fica calado. - na outra ponta da mesa Robert e Moira continham o riso, não esperavam uma noite tão agitada assim, com certeza estavam precisando de uma dose de humor em suas vidas.

— Mãe! - Felicity repreendeu fechando os olhos em seguida. Não acreditava que realmente estava passando por aquilo. – Por favor para de falar da minha vida sexual.

— Vai dizer que você fica conversando a noite toda com Oliver? Oh meu Deus vocês ficam conversando a noite toda! - Dona arregalou os olhos apoiando os cotovelos na mesa, imediatamente os olhos da garota se moveram para os do homem ao seu lado e viu o pânico crescer conforme sua mãe perguntava se ele tinha algum problema.

— Você vê o porque de querer fugir por aquela janela? - a moça questionou baixinho se permitindo esquecer os minutos atrás, Oliver assentiu rapidamente e sem se conter agarrou a mão dela por baixo da mesa apertando com força que foi retribuída.

— Ollie não tem problemas D, mas o meu ex marido tinha, era um horror. - Nana interrompeu. – Ainda bem que isso não é passado para as próximas gerações.

— Mãe! Para de difamar a memória do meu pai, que mania feia. - Robert urrou ficando sério a primeira vez na noite.

— Garoto olhe como você fala comigo, eu sou sua mãe e para de falar no falecido. Até depois de morto esse velho me perturba. - Nana repreendeu Robert que revirou os olhos em direção a mãe.

— Se saímos agora será que eles vão notar? - Oliver questionou baixo olhando a loucura que estava na mesa, ele Thea e Felicity se dispuseram a apenas observar os mais velhos.

— Não acho que vão notar. Vamos embora. – Thea respondeu se erguendo da mesa discretamente, Felicity a imitou colocando o guardanapo na mesa, antes que pudesse se movimentar sentiu um leve puxão em seu braço a obrigando a abaixar o corpo em direção ao corpo de Oliver.

— Eu vou lutar por você Felicity. Falei muito sério quando disse que estava apaixonado por você. - ele sussurrou em seu ouvido a fazendo se arrepiar em resposta. O halito quente tocou seu pescoço e indo ao extremo o homem depositou um rápido beijo naquela área. Felicity ajeitou o corpo e nervosamente passou a mão pelo vestido, mas o grito de sua mãe a fez para de imediato.

— Eu vou ser avó? - o grito de Donna sobressaiu todas as vozes, tropeçando nas pernas a loira se lançou contra a filha com uma animação notável. Felicity sorriu amarelo sentindo as lágrimas quente escorrerem por seu rosto borrando a maquiagem. – Já tem ultrassom? - Donna segurou os ombros de Felicity com rapidez a chacoalhando.

— Não mãe, eu fiz apenas um teste de farmácia. - a garota mentiu descaradamente esperando que ela não notasse a mentira. Aquela foi a primeira coisa que lhe veio a mente.

— Querida esses testes nem sempre são seguros você devia saber disso. - Donna sussurrou de volta acariciando o rosto da filha em um gesto de carinho. 

— Eu sei, era por isso que não queria muito alarde não queria dar esperanças antes de ter certeza.. eu posso não estar realmente grávida. - confessou baixo e logo depois ouvir um ofego surpreso de Moira. Felicity lhe pediu desculpas com o olhar e em retribuição a matriarca da família Queen sorriu.

— Querida, não se preocupe.. Você e Oliver vão ter muito tempo para me dar netos.. Sabe eu mesma já tive falsos alarmes de gravidez.. - Moira riu sozinha retirando o guardanapo do colo e abraçando Felicity, surpresa pelo ato da mais velha a garota deixou algumas lagrimas caírem por seu rosto. – Mas depois de acho que três falsos alarmes, eu finalmente engravidei e hoje minha criança já tem 27 anos e está prestes a casar. - Moira completou soltando a garota e encarou Oliver carinhosamente. – Vocês vão ficar bem acreditem em mim.

— Uau, esse foi um discurso e tanto Senhora Queen. - Donna sussurrou limpando o rosto, e mudando como da água para o vinho ela colocou a mão na boca surpresa. Felicity girou o corpo se dando conta das mãos paradas em sua cintura. – É agora? Você vai fazer o pedido agora? Isso é tão lindo!

Felicity engoliu o seco ao ver a intensidade nos olhos de Oliver, ele sorriu de canto e como uma boba ela imitou seu gesto.

— Meu primeiro pensamento a cada dia assim que acordo, é em seu sorriso.. Não tem um dia em que não pense em você, seu sorriso me dá suporte para tudo o que faço, e minha força para encarar o dia. Você Felicity Smoak, você é minha melhor parte, você sabe exatamente o que eu preciso, você me conhece melhor do que eu mesmo. - Oliver iniciou, suas mãos suavam e seu coração estava prestes a sair por sua boca. Não havia nenhum respingo de mentira em suas palavras. Do outro lado da mesa as mulheres deixavam as lágrimas escorrerem por seus rostos. – Eu não sei o que seria de mim sem você, não posso nem imaginar minha vida sem você. Eu me lembro com exatidão do dia que soube que estava apaixonado por você, era um dia chuvoso e você estava completamente molhada debaixo de uma arvore de olhos fechados os respingos caiam por seu rosto lhe dando uma aparência surreal, incrível.

— Você caminhou ate mim e implorou que eu saísse da chuva para não pegar um resfriado. – Felicity completou sentindo seus olhos arderem conforme as memórias daquele dia lhe invadiram a mente. Oliver sorriu tristemente ao ver que ela ainda se lembrava.

— E você teimou, sua voz estava embarga e então eu soube que algo estava errado, e os respingos não eram mais respingos e sim lagrimas, suas lagrimas e meu coração apertou em desespero por ver você chorando, eu te abracei naquele momento e você retribuiu me agarrando com força. Naquele mesmo dia eu te beijei. - Felicity ergueu a mão até a boca ao ver Oliver se agachar em sua frente com o anel em mãos.

— Felicity Smoak, você me daria à honra de se tornar minha esposa? Seja minha Felicity. - era agora. Era nesse momento que ela falaria não para Oliver. Encarando os belos olhos azuis de Felicity Oliver prendeu a respiração esperando por sua resposta, sabia que ela diria não e que sairia de sua vida no segundo seguinte, mas não pode evitar de deixar claro seus sentimentos mais profundos.

— Sim.