Flame for the Birth escrita por Queen of Ravka


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que goste, Nat.


Ou quem mais for ler, não sei.
Acho que ngm alem da Nat vai ler mas enfim, desculpa qualquer erro de formatação o site pode ter bugado tudo.



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lack for hunting through the night

For death and mourning the color’s white

Gold for a bride in her wedding gown

And red to call enchantment down.

White silk when our bodies burn,

Blue banners when the lost return.

Flame for the birth of a Nephilim,

And to wash away our sins.

 

Simon acordou com a luz que entrava pela janela entreaberta e fazia um feixe claro bem na altura de seus olhos. Estava deitado com a barriga para cima e virou-se apenas para descobrir, surpreso, que Isabelle não estava mais na cama. Levantou-se e foi até a porta do banheiro. Escutou o barulho de água correndo da torneira.

— Izzy? – Simon bateu à porta.

— Ah. Oi anhh, bom dia vou só tomar um banho. – Ela falou através do barulho da água – Vejo você em um instante.

Era impressão sua ou a voz de Izzy soou nervosa?, pensou Simon. Deixando a preocupação de lado, saiu do quarto e se viu no corredor do Instituto. Ele e Isabelle Lighwood, casados havia um mês, quem diria. As vezes sequer ele acreditava. O casal estava morando junto no Instituto. Tinham passado sua lua de mel em Cancún e voltaram há uma semana. Simon foi em busca de outro banheiro para utilizar. Entrou no quarto mais próximo e tomou um banho rápido, escovou os dentes, passou os dedos pelo cabelo, agora com um corte mais curto, já que não precisava mais esconder aquela Marca que o protegera uma época.

Simon saiu do quarto e se dirigiu para a cozinha do Instituto. Entrou no recinto e logo sentiu o cheiro de café da manhã que já tinha se acostumado. Viu Maryse pondo uma cesta com pães na mesa. Viu também frutas, ovos, café, suco do que parecia ser manga, uma torta e... Church? Como se sentisse a presença de Simon, o gato acordou de seu cochilo e pulou de cima da mesa antes que Maryse pudesse perceber.

— Bom dia – disse Simon

— Bom dia – respondeu Maryse, alegre – Onde está Isabelle?

— Quando saí do quarto ela estava tomando um banho, mas disse que vinha tomar café conosco.

Depois de dois pães e uma xícara de café, Simon estava acariciando o pelo de Church preguiçosamente, se perguntando onde estaria Izzy quando Clary e Jace entraram no cômodo.

— Bom dia, Simon! – disse Clary, lhe dando um abraço, para em seguida sentar ao lado dele.

— Ora mas que surpresa agradável – disse Simon imitando uma voz que só pessoas do século XVIII usavam. Com isso, Clary bateu no ombro dele, com um sorriso e se pôs a cortar uma maçã. Jace sentou na frente dos dois, colocando pão e café em uma xícara, mas parou quando olhou o conteúdo da outra jarra.

— Isso por acaso seria suco de manga? – perguntou ele, mas ninguém teve tempo de responder pois bem na hora Izzy entrou na cozinha, vestida com um vestido de estampa floral, com seu típico perfume de rosas, e o cabelo preso em um coque. Deu um beijo na bochecha da mãe, que saiu logo em seguida para resover alguma questão da Clave. Izzy se apressou para sentar ao lado de Simon.

— Bom dia, pombinhos – disse ela alegremente para Clary e Jace e sorriram para ela e acenaram, apesar de Simon perceber algo, porém ele não sabia dizer o que era...  

— Bem, eu poderia dizer o mesmo sobre vocês, não é mesmo? Devem estar ansiosos com a festa de um mês de casados hoje, mesmo que seja bem íntima. – Clary disse.

— A FESTA! – Simon e Izzy exclamaram ao mesmo tempo.

— É, bem, hmm, sim, estamos não é Iz? – perguntou Simon, olhando exasperado para a esposa.

— Sim, claro... estamos... muito. – Izzy respondeu o olhar no mesmo nível de surpresa a Simon

— Eu não acredito que esqueceram! – disse Clary, soando incrécula e decepcionada ao mesmo tempo. Havia sido dela a ideia de fazer uma festa de um mês de casados – De Simon eu já esperava mas Izzy?

— Ei! Mas que desrespeito ao Lorde Montgomery e a sua memória é esse? – disse Simon, com falsa mágoa na voz.

Por um instante todos ficaram em um silêncio profundo, para depois caírem na gargalhada.

           ---                                                

Naquele dia, Izzy tinha passado horas e horas com Clary atrás de uma roupa para a festa, apesar dela já ter montes e mais montes de roupas novinhas. No final, compraram um vestido vermelho com uma saia com anágua que batia na metade das coxas para Izzy e um vestido tomara que caia verde claro para Clary.  Quando retornaram ao Instituto já estava escurecendo. Foram direto para a sala de treinamento onde Jace e Simon estavam treinando desde a hora que as meninas saíram. Jace correu para beijar Clary e sussurrou alguma coisa no ouvido dela. Izzy tinha certeza que era algo inapropriado para o horário. Então os dois saíram, com a desculpa que iriam se arrumar, sendo que a festa so começava dali a duas horas.

                        – Hmm venha cá dar um beijo na sua mulher – disse Izzy com uma voz manhosa para Simon. Na metade do caminho para abraçá lo, Simon esquivou para o lado, deixando Izzy desorientada.

                        – Não sei não. É que eu estou um tanto quanto muito suado – disse Simon, mas ele não parecia estar se desculpando e sim, entretido. Um meio sorriso se formou em seus lábios, o que fez Izzy suspirar e seu coração dar uma cambalhota.

— Bem – falou ela, coma voz mais manhosa ainda, passando a unha no peito de Simon –, como vc está suado e eu acabei de voltar da rua acho que nós dois precisamos de um banho.

            ---  

Depois de se limparem em um banho um pouco mais longo, Izzy e Simon deitaram na cama e cochilaram até a hora da festa. Clary chegou no quarto dos dois e mandou Simon ir se aprontar em outro cômodo, para poder ajudar Izzy a se arrumar.

— Izzy – disse Clary –, posso perguntar uma coisa?

— Claro, pode ir dizendo – disse ela equanto passava sombra nos olhos, se olhando no espelho.

— Eu sei que é um pouco cedo para esse tipo de coisa, mas você e Simon já falaram sobre filhos?

Isabelle deixou cair o pincel que estava segurando na penteadeira e olhou pelo espelho para a amiga.

— Ahn... não. Não sei se já é a hora. Veja, Alec e Magnus demoraram um pouco para adotar Raphael.

— Sim, mas justamente pela questão de adotar. Você e Simon não tem nada que os impeçam... Ah esqueça, tudo bem so perguntei por perguntar. Acho que não vejo a hora de ter um sobrinho – disse Clary se levantando.

— Ou será que é você que ja quer encomendar minis Jaces e minis Clarys ham? Falta só três meses para o casamento ja podem ir adiantando  – disse Izzy com um tom brincalhão.

— Cale a boca, Isabelle   – disse Clary, mas Izzy viu um sorriso ali. – Certo, agora vamos – ela pegou o volume vermelho que estava esticado sobre a cama – vou te ajudar a abotoar o vestido. Simon já deve estar louco de vontade de te ver.

           ---  

— Eu nunca vou entender porque mulheres demoram tanto para se arrumar – disse Jace, impaciente.

Simon e ele estavam sentados em uma mesa bem no meio da sala onde ficava o piano. A decoração era singela: três mesas redondas, cada uma com um vaso de rosas no centro, pilares pequenos com jarros com mais rosas. Um espaço fora deixado livre para dançarem.

— Nem me fale.

— Fale o que, senhor Simon? – disse Clary, com um olhar que a deixava tão parecida com Jocelyn que assustava. Ela chegou por trás de Jace e pôs os braços em volta dele.

— De como patos são desnecessários para a humanidade, não é? – disse Jace, salvando Simon, e lhe deu uma piscadela. –Agora vamos, mulher – disse ele, se levantando e rodando Clary pela mão. –, vou mostrar meus dotes musicais. – E foram para onde o piano ficava, o vestido verde dela balançando.

O ambiente se encheu de música. Logo em seguida Alec e Magnus chegaram, acompanhados de Raphael, o pequeno feiticeiro. O casal se sentou na mesa com Simon e ficaram conversando. Luke e Jocelyn chegaram, Maryse e Robert também; os quatro se sentaram em outra mesa. Mas onde estava Isabelle?

— Procurando por mim? – disse uma voz suave no ouvido dele. Simon se levatou e virou e viu como Isabelle estava linda. Linda era pouco. Ela estava deslumbrante, com um vestido vermelho que realçava sua cintura, saltos pretos, e o colar, que parecia um coração que no momento não batia. Izzy havia inclinado a cabeça e estava com um sorriso bobo, então ele percebeu que ainda estava de boca aberta. Balançou a cabeça para se livrar do torpor e se inclinou para frente. Segurou Izzy pela cintura e a beijou. Recuaram, parecendo perceber ao mesmo tempo que todos ja estavam olhando para os dois. Rindo, o casal se sentou na mesa principal.

Depois de um tempo, Izzy e Simon se levantaram e foram para a frente do salão.

— An-anh. Um minutinho por favor? – começou Simon.

— Ah, por favor – disse Izzy suspirando. Então ela pegou uma taça e bateu delicadamente com um garfo na borda. Dessa vez todos olharam.

— Obrigado. Bom, então, não sei muito o que dizer já que não sei o que dizem em festas de comemoração de um mês de casamento – disse Simon lançando um olhar significativo para Clary, que apenas deu de ombros. –Mas queria dizer que casar com Isabelle foi certamente uma das melhores escolhas da minha vida, sou grato, e sempre serei, por poder acordar todo dia ao lado desta mulher incrível que tem tanto para me ensinar. Daqui para frente espero enfrentar essa vida junto com você. – disse a última frase olhando diretamente para Izzy, que a esta altura estava com os olhos brilhando.

— Em um mês – disse ela, olhando para os familiares, mas segurando a mão de Simon – pude viver como mulher deste homem, e acho que nunca fui tão feliz como tenho sido durante o último mês. Mas... – ela fez uma pausa e agora ollhava para Simon que estava com uma expressão de espanto no rosto – um mês é tão pouco comparado ao tempo que ainda tenho junto a você e sei, que durante toda minha vida, serei a mulher mais feliz do mundo só por passá-la junto a você.

Com isso Simon não aguentou e a beijou apaixonadamente, e todos os presentes começaram a aplaudir. Jace começou a tocar piano novamente, dessa vez uma música calma. Todos os casais foram para o espaço livre do salão, Simon e Isabelle no centro. Magnus pareceu perceber Clary sentada numa cadeira ao lado de Jace, olhando para o chão, entediada. Lançou uma faísca azul e agora as teclas do piano se moviam sozinhas. Jace soltou uma exclamação, mais pelo sentimento de ser substituído do que pela surpresa. Então foi dançar com Clary, que já parecia mais animada, e mandou um obrigada sem som para Magnus, que respondeu com uma piscadadela.

Simon e Izzy balançavam ao som da música, ela com a cabeça encostada na dobra do pescoço dele.

— Izzy. – Ele chamou. Ela levantou a cabeça mas ainda a manteve próxima da dele, olhando em seus olhos – Isabelle Lightwood, eu te amo.

Ela perdeu o folêgo apenas por um instante antes de levantar a cabeça e o beijá-lo por um longo tempo.

— Eu te amo, Simon Lewis. Sempre vou amar.

Depois disso voltaram a dançar até a hora em que Izzy se retirou do salão, dizendo estar passando mal. Ela voltou vinte minutos depois para se despedir dos convidados. Simon a levou para o quarto e deitou na cama, esperando Izzy tirar toda a maquiagem e colocar a camisola. No processo, cochilou por aproximadamente trinta minutos. Por que ela estava demorando tanto?

— Izzy? –ele chamou batendo na porta banheiro e sentiu um déjà vu, como se o tempo tivesse retrocedido para a manhã daquele dia.

Isabelle abriu a porta e saiu do banheiro, puxando Simon consigo para a cama. Os dois deitaram, um olhando para o outro. Ela exibia um sorriso, mas por baixo deste havia preocupação e até mesmo nervosismo, ele percebeu.

— Izzy, está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

— Sim, tudo bem. Agora vamos dormir. – Ela deu um beijo rápido na sua bochecha e fechou os olhos.

Mas, se teve uma coisa que Izzy não fez naquela noite, foi dormir. Ela se levantou diversas vezes durante a madrugada para ir ao banheiro e passava períodos de quinze a trinta minutos lá. Simon percebeu todas as vezes que ela se levantara, tinha contado no mínimo quatro. Na quinta vez ele se sentou na cama e esperou que Izzy voltasse. Quando ela o fez, parou, surpresa, na entrada do banheiro. Se encaminhou lentamente para a cama e se sentou ao lado de Simon. Ela não disse nada apenas encostou a cabeça em seu peito, enquanto ele a abraçava e alisava suas costas, até perceber que ela estava chorando.

— Ei, Izzy, me conte, o que aconteceu? Está doente? Há algo que Magnus possa fazer?

— Não. Não há nada que Magnus possa fazer.

Simon a afastou o bastante para olhar nos seus olhos.

— Isabelle, o que...

— Eu acho que estou grávida. Nós vamos ter um filho, Simon.

Ele levantou da cama virado de costas para ela, com as mãos nos cabelos. Depois foi para o lado da cama que Izzy estava, com uma expressão de espanto, e se ajoelhou na frente dela segurando suas mãos.

— Iz, e-eu. Ai meu Deus...

— Veja, Simon, se não ficou feliz com...

— FELIZ? Izzy, a vontade que eu estou agora é de sair gritando pelos corredores deste Instituto de tanta alegria que eu estou sentindo – disse ele com o sorriso de orelha a orelha. Ao ver que ela havia voltado a chorar, a pegou nos braços e  a girou no ar, beijando-a. – Eu vou ser pai. – susurrou, os olhos arregalados, a nova frase parecendo ter causado suspresa enquanto ele a dizia – EU VOU SER PAI.

Ele e Izzy riram até ela se sentir novamente enjoada. Dessa vez os dois dormiram pelo resto da noite, ou seria melhor dizer os três?   

             ---                                                       

— An-an – Izzy limpou a garganta e todos olharam para ela e Simon, ao seu lado – Nós temos um anúncio para fazer – Ela e Simon tinham organizado o jantar, sem dizer a ninguém o propósito do convite aleatório. Já havia passado três semanas desde que Izzy e Simon descobriram que seriam pais. Todos estavam lá, Clary e Jace, Alec e Magnus, também Maryse e Robert, sentados ao redor da mesa.

— Bom... Simon?

— Er...

— Ah pelo Anjo, falem logo! – exclamou Jace.

— Nós os convidamos porque queremos anunciar que... – Izzy olhou dramaticamente para todos na mesa – Eu estou grávida! Em breve teremos um mini Caçador de Sombras na família.

Todos ficaram calados pro um instante até que, surpreendendo a todos, Robert  falou:

— Eu vou ser avô? – ele estava com a expressão de pura felicidade assim como Maryse. Os dois levantaram e abraçaram tanto Izzy como Simon. Os outros fizeram o mesmo, parabenizando o casal.

— Ok ok, mas vocês ja escolheram os nomes? – perguntou Clary, ansiosa.

— Epa calma lá, achamos que é só um, nada de os nomes – disse Simon, rindo.

— Mas – disse Izzy olhando para o marido –, já pensamos, sim, em nomes. Se for menina pensamos em Cecily, mas se for menino estávamos pensando em... ela fez uma pausa, respirando fundo – Max.

Muitos senitmentos passaram pelos rostos dos familiares, pena, dor, saudade, amor.

— É um nome lindo, Iz – disse Alec, apertando sua mão. Izzy percebeu que sua mãe estava com os olhos marejados.

— Ah, mamãe, eu não pretendia...

— Não, querida. É uma homenagem muito bonita. Acho que o irmão de vocês gostaria.

— Sim. Ele gostaria – disse Izzy.

—--

Simon e Isabelle estavam descansando no chão do quarto do bebê, ele com a cabeça no colo dela. Os dois admiraram o trabalho que tinham feito. Passaram o dia pintando as paredes do quarto, colocando os móveis no lugar, varrendo e limpando.

— Iz – disse Simon –, você acha que o bebê vai ser um menino ou uma menina? Ouvi dizer que mães têm esses pressentimentos.

— Não sei – respondeu. – Você quer que seja o quê? – perguntou, passando a mão pelos cabelos dele.

— Por mim o que vier está bom. Contanto que se pareça com você.

Izzy deu um largo sorriso.

— Tenho certeza que não ia querer um bebê manuseando um chicote por aí.

Ele gargalhou e se levantou.

— Certamente não. Bom, com ou sem chicote ele, ou ela, vai precisar de um  berço. – ele disse, lançando um olhar significativo de Izzy para a caixa no chão, as peças de madeira montáveis dentro dela.

— Ah não. Nem venha. Você é o pai, pode ir montando sozinho, eu só assisto.

— Mas... – ele começou, o olhar pidão no rosto.

— Shiii. Privilégios de grávida – disse Izzy passando a mão na barriga de três meses.

Com isso Simon se calou e começou a montar o berço, lendo o manual de instruções como se fosse um dicionário de uma língua demoníaca que ele não entendia. Enquanto isso, Izzy comia sorvete e ria da situação.

— Chega. Desisto. Isto é mais difícil do que parece. Vou pedir ajuda – disse Simon depois de uma hora tentando montar o berço, sem sucesso. Ele se levantou do chão, pegando o celular e discando rapidamente o número. Izzy o observava com uma sobrancelha erguida. – Sim, é uma emergência, venham rápido. – e desligou.

— Não acredito que ligou para um marceneiro para fazer um trabalho tão simples quanto esse – Izzy falou, emburrada.

— Não acho que marceneiro seja a palavra...

Simon foi interrompido pelo som único de um Portal

— Nossa, não achei que viessem tão rápido assim – disse ele, abrindo a porta.

Clary e Jace atropelaram Simon que caiu estatelado no chão. Os dois empunhavam lâminas serafins, brilhando, ambos já em posição de ataque.

— Cadê, onde estão os demônios? – disse Jace, olhando freneticamente de um lado para o outro.

— O que? Demônios? O que você disse a eles, Simon? –perguntou Izzy, levantando do chão, o coque soltando e deixando o cabelo cair em cascatas ao redor do rosto.

— Meu Deus! Se acalmem, não tem nenhum demônio. A não ser que considerem um berço de bebê algo demoníaco, o que no caso eu estou pensando em considerar.

— Simon, que diabos está acontecendo aqui? – perguntou Clary.

— Eu só os chamei para me ajudar a montar um berço e vocês chegam de repente, prontos para uma batalha.

— Bem, não foi de repente. Estávamos do outro lado da cidade em uma reunião com Lily e Maia. Viemos pelo Portal, pois você disse que era uma emergência. – respondeu Clary, furiosa. – E eu não vou ajudar. – completou, sentando-se no chão, os braços cruzados.

— Muito menos eu – emendou Izzy, agora sentada do lado de Clary, as duas com posturas tão iguais que paracia que haviam combinado.

— Então acho que só restou a mim a tarefa de salvar o dia – disse Jace, e se ajoelhou ao lado de Simon.

Os dois não pareciam muito bem sucedidos no trabalho, ao passo que Clary e Izzy já haviam pintado as unhas dos pés e das mãos.

— Isso está ficando intediante. Se pelo menos eles estivessem fazendo isso sem camisa seria um pouco mais sexy... – disse Izzy.

— Concordo – Clary suspirou. – Então que tal fazermos algumas compras? Esse bebê não vai ficar andando por aí só de fraldas, considerando seu gosto para moda. Além disso, tenho que ver se está tudo acertado para o casamento até próxima semana.

— Eu aceito. Vamos – disse Izzy, levantando.

— Nos vemos daqui a duas horas – disse Clary e deu um beijo em Jace, em seguida saiu pela porta.

— E que esse berço esteja pronto até nós voltarmos, senão vão enfrentar duas mulheres muito, muito zangadas – disse Izzy, com um sorriso gentil.

— Porque não simplesmente chamamos Magnus? Ele terminaria isso num piscar de olhos... – começou Jace.

— NEM PENSEM NISSO – exclamou Izzy.

Simon e Jace murmuraram alguma coisa inaudível e se puseram a trabalhar enquanto Izzy fechava a porta.

          ---

Duas horas depois, Clary e Isabelle adentraram o quarto com algumas sacolas penduradas nos braços.

— Hmm. Estou vendo que terminaram o trabalho – disse Izzy ao fechar a porta atrás de si. Jace e Simon estavam em pé, apreciando seu trabalho e dividindo o que parecia ser uma manga. O berço estava montado no meio do quarto, como se tivesse sido posto ali, no meio do tapete, propositalmente pelos dois para mostrar o trabalho feito.

— Bem, e eu vejo que fizeram compras – disse Simon. – O que tem aí? – perguntou.

— Ah só algumas coisas básicas, roupas para o bebê, lençóis para o berço, fraldas...

— E eu trouxe café para nós dois – disse Clary, entregando um copo de isopor cheio de café para Simon.

— Então está tudo certo para o casamento próxima semana? – perguntou Jace, puxando Clary pela cintura. Ela se apoiou em Jace, que estava com os braços em volta dela.

— Sim, mamãe vai antes de mim para a fazenda a fim de conferir tudo no dia.

— Olhem só, já que o casamento está tão próximo já podem ir encomendando filhos, não?

— Isabelle! – disse Clary, surpresa mas com tom brincalhão.

— Bem, não depende só de mim – disse Jace, rindo.

— Certo, o berço está aí prontinho. Agora acho que já está na hora de irmos, vamos passar na casa de Luke e mamãe para acertar tudo da cerimônia – disse Clary e Jace se levantou.

— Tchau, e tenham uma ótima noite se é que me entendem – disse Izzy, uma sobrancelha erguida.

— Ah, claro. Clary, você sabia que tem uma po... – começou Jace.

— SHIIIII! Jace, tenha modos – disse Clary enquanto eles saiam pela porta. A última coisa que Izzy e Simon viram foi Clary batendo no ombro de Jace e em seguida na ponta dos pés para beijá-lo.

—--

Isabelle estava deitada em uma das camas da enfermaria do Instituto, observando entediada a decoração de anjos do teto. Simon havia adormecido em uma cadeira ao lado da cama, segurando a mão de Izzy. Ela levantou a mão livre para passá-la nos cachos do marido. Algumas horas hviam se passado desde o casamento de Clary e Jace. Durante a cerimônia na fazenda de Luke demônios Raum invadiram o local. Os Caçadores derrrotaram-nos mas alguns dos convidados haviam sido feridos, porém nada grave; mas um demônio cortara Izzy na barriga. Ela só se lembrava do alvoroço que foi ao a trazerem para o Instituto. Chamaram um Irmão do Silêncio e Magnus também ajudara. Seu estado estava estável, apesar de agora a gravidez ter mais riscos.

Simon levantou a cabeça, grogue.

— Pelo Anjo, eu caí no sono. Me desculpe, Iz. Você poderia precisar de mim... – disse ele, com as mãos nervosas passando pelo contorno do rosto de Izzy.

— Simon, está tudo bem. Eu estou bem. – Ela sorriu e Simon se inclinou para beijá-la.

O Irmão do Silêncio entrou na enfermaria, os passos mais silênciosos que os de Church.

Vejo que está acordada, Isabelle Lightwood. A voz falou tanto na cabeça de Izzy quanto de Simon, que agora olhava atentamente para o Irmão. Nenhum mal aconteceu ao bebê, reforçou, mas mesmo assim a gravidez pode apresentar riscos, como já foi dito. Aconselho que repouse bastante, e não se esforçe muito.

— Eu cuidarei dela, pode deixar – disse Simon.

E, a propósito, é um menino, o bebê, revelou o Irmão.

Izzy e Simon se olharam, os dois com os olhos brilhando, ela quase em lágrimas. Eles se encaixaram em um abraço apertado. Quando se soltaram o Irmão do Silêncio já havia deixado a enfermaria, deixando-os a sós.

— Chame o pessoal para darmos a notícia! – Izzy pediu, com um sorriso enorme.

— Tem certeza, Iz? Não prefere descansar mais um pouco?

— Ora, Simon, eu vou ter mais seis meses inteirinhos para descansar, agora chame nossos familiares, e isso é uma ordem. – Ela o encarava com o olhar que dizia Vai ousar me contrariar?.

— Certo, certo. – Ele se levantou, as mãos em posição de rendição.

Um minuto depois ele entrou de novo no aposento, acompanhado de Clary, Jace, Jocelyn e Luke,  Alec, Magnus e o pequeno Raphael,  que correu para a cama de Izzy e a abraçou com seus bracinhos miúdos.

— Pessoal – Izzy chamou –, temos uma notícia muito feliz para dar!

— O bebê é um menino! – adiantou Simon.

Todos exclamaram em felicidade, Raphael começou a correr pela sala; os familiares abraçaram Simon e Izzy. Depois disso, Jace e Clary resolveram que se casariam ali mesmo, já que todos estavam ali, juntos. Magnus preparou tudo num estalar de dedos. No final, tudo acabou bem, afinal, Max estava chegando.

                ---                                             

O vento fazia o cabelo de Isabelle balançar. Simon a observava enquanto desciam a rua pouco movimentada às 11 da noite. O Instituto recebeu um alerta de atividade demoníaca em uma estação de metrô do outro lado da cidade. Simon e Isabelle estavam ajudando Clary e Jace, que agora comandavam o Instituto a acomodar alguns estrangeiros que faziam intercâmbio em Nova York quando foram alertados sobre alguns demônios Moloch fazendo bagunça em uma estação de metrô. Alec logo os encontraria lá.

Simon relutara em deixar Izzy ir com ele. Havia passado algumas semanas desde o acidente no casamento de Clary e Jace e Simon achava que Izzy não estava em sua melhor forma para lutar. Mas ela era muito teimosa para aceitar ordens, mesmo vindas de Simon.

No momento em que Simon e Isabelle puseram os pés no chão de cimento da estação, ele sentiu o cheiro rançoso e pútrido dos demônios. Izzy ergueu uma pedra de luz enfeitiçada a fim de que os dois pudessem ver o recinto. Num piscar de olhos, um demônio Moloch estava avançando neles. Simon pegou uma lâmina serafim e sussurrou Ramiel para logo em seguida fazer um amplo arco com a arma e partir várias das garras da criatura. Izzy cortou o demônio em dois, despachando-o para sua dimensão.

     Alec chegou um segundo depois, uma flecha já preparada no arco. Simon e Izzy viraram quando um barulho grotesco cortou o ar. No mínimo sete demônios avançavam em direção aos três, dezenas de garras prontas para mutila-los. Sem hesitar, os Caçadores de Sombras se lançaram para a luta. Izzy chicoteava o máximo de demônios que conseguia; Simon cortava-os e desviava dos golpes; Alec atirava suas flechas com rapidez. Àquela altura, quatro Moloch haviam sido despachados os outros três, surpreendentemente mais fortes, se espalharam e cercaram os Caçadores de Sombras, que ficaram com as costas coladas para ficar de frente para os demônios. Simon sentiu um súbito medo. Não por ele. Não por causa dos demônios. Mas por Isabelle. E se algo acontecesse com ela e com o bebê?, pensou. Mas Simon não teve tempo de tomar nenhuma decisão. As criaturas partiram para cima deles, um demônio para cada um. Simon acabou rápido com que o atacou; Alec golpeava o Moloch com uma lâmina serafim agora; Izzy estava prestes a dar o golpe final no demônio quando uma das garras foi ejetada para fora do corpo pegajoso e acertou de raspão o braço de Izzy.

— Isabelle! – Simon exclamou.

Ela gritou assim que o demônio partiu. Alec segurou a irmã antes que ela pudesse cair no chão.

— Ligue para Clary. Diga para ela vir para cá pelo Portal e nos levar para o Instituto. Demoraria muito tempo para chegarmos andando – disse Alec. – O ferimento pode não ser grave para Izzy, quanto para o bebê eu não sei.

Simon pegou o telefone e discou para a amiga, os dedos trêmulos.

             ---

Izzy acordou na enfermaria do Instituto. Olhou em volta ainda sonolenta. Levantou os braços e as pernas para verificar se estava tudo bem; passou a mão pela barriga, já um pouco volumosa. Não havia ninguém junto a ela, nem mesmo Simon. Ela levantou da cama, vestiu uma roupa que estava dobrada ao seu lado e saiu pelo corredor banhado por finos traços de luz, as sombras alongadas. Devia ser quase noite, ela percebeu. Encaminhou-se para o quarto seu e de Simon.       

Abriu a porta devagar e o viu escorado no encosto da cama, meio deitado, meio sentado. Os óculos escorregaram para a ponta do nariz devido ao ângulo inclinado do seu pescoço. Parecia tão jovem assim, dormindo. Izzy tirou os óculos de Simon e o colocou na cômoda. Sentou-se ao seu lado e encostou a cabeça em seu ombro.

Depois de alguns minutos, Simon acordou e ficou surpreso ao ver Isabelle ali.

— Iz! – Ele beijou o topo de sua cabeça. – Me desculpe por não estar com você quando acordou, eu vim pegar alguma coisa no quarto e acabei tirando um...

— Shiii – ela disse, rindo. – Não tem problema. Eu estou ótima, veja! E Max também.

— Graças ao Anjo. – Ele suspirou aliviado. – Quando liguei para Clary, ela fora o mais rápido que pôde pelo Portal e nos trouxe para cá. Magnus disse que não foi nada sério que devêssemos nos preocupar. Mas acho que você deveria ficar um pouco longe das batalhas. Só por garantia. – Ele fez uma pausa. – Ou não. Foi só uma dica. Hipoteticamente falando – acrescentou rápido quando viu o olhar e a sobrancelha erguida de Izzy.

— Prometo que tomarei mais cuidado. – Ela o beijou. – Certo, agora nosso pequeno Caçador de Sombras aqui está faminto e com desejo de abacaxi então é bom que Lord Montgomery providencie abacaxis logo.

­­            – Pelo Anjo, mulher!

            ---


           Era uma noite quente de verão em Nova York. Izzy, Simon, Clary, Jace, Alec e Magnus estavam sentados em volta da mesa redonda da cobertura do Instituto, rindo e observando o sol se pôr ao longe. Os Caçadores aproveitaram a oportunidade de uma noite tranquila sem Caça às sombras para relaxar.

Izzy e Clary passaram o dia comprando roupas e artigos de necessidade para o bebê, que nasceria dali a dois meses. Agora tomavam chá gelado e comiam a terceira pizza.

— Certo, o tio Magnus aqui quer um momento de sua atenção – disse o feiticeiro, limpando a garganta. Ele afastou a cadeira e puxou uma sacola escondida debaixo da mesa e a entregou para Izzy.

— Por Raziel! – Simon exclamou. Izzy mostrava uma roupinha de bebê feita inteiramente de lantejoulas azuis e roxas, com glitter nas mangas e na gola. Todos na mesa riram.

   – Ora, meu sobrinho tem que ser estiloso! Ou estou errado? – Magnus ergueu uma sobrancelha.

— Creio que os Irmãos do Silêncio achariam um pouco chamativo demais se Max saísse do Basilias usando isso – disse Jace. – Porém aprovo essa ideia.
Todos gargalharam e voltaram a comer a pizza.

— Então, nós vamos para o nascimento – disse Clary, e Jace concordou com a cabeça. – Vocês vão voltar de Idris logo que Max nascer ou vão ficar por lá? – Perguntou Clary.

— Vamos esperar um pouco antes de voltarmos. Max ainda será muito frágil para passar pelo Portal – respondeu Izzy.

— Nós também iremos – disse Alec. – Aproveitamos para mostrar Idris para Raphael. – Magnus bateu as mãos em aprovação.

— Então vamos todos! – Exclamou Simon. – Partimos em uma semana.

E assim foi feito. Dali a uma semana todos passaram pelo Portal, rumo à Cidade de Vidro.

              ---                                                

            Isabelle estava dormindo na cama de um dos quartos do Basilias. Sua respiração em um ritmo constantante. Havia um pequeno embrulho de cobertas aninhado em cima de seu peito e ela estava com as mãos de forma protetoras ao redor dele. Ela nunca estivera tão linda, pensou Simon. Ele estava sentado em uma poltrona ao lado da cama, acariciando o cabelo de Izzy e observando o pequeno volume de cobertas se mexer. Ele levantou e tirou cuidadosamente as mãos de Izzy do caminho. Pegou o embrulho em seus braços e se sentou novamente.

    Seu filho. Max.

   Ele havia nascido naquela manhã e Simon achou que seu peito pudesse explodir de tanta felicidade e ansiedade ao mesmo tempo. Izzy ficara exausta e logo adormeceu com o filho em cima de si e desde então Simon os observava dormir. Quando olhava para fora pela janela, podia ver as Torres Demoníacas brilhando em cor de fogo. Chamas para o nascimento de um Nephilim. Agora olhava para o filho enrolado em cobertores, bocejando e se aninhando mais perto de Simon. Ele se segurou para não chorar. Achava que nunca poderia amar alguém mais do que amava Isabelle, agora tinha outro serzinho para oferecer todo seu amor. Amava Izzy mais ainda agora por ter lhe dado um filho.

    – Eu prometo que serei o melhor pai do mundo – sussurrou e beijou o topo da cabeça, coberta por um gorrinho, do filho. Quando levantou a cabeça viu que Izzy o encarava, com os olhos brilhando.

    – Boa tarde, querida – disse Simon. – Como está se sentindo?

  – Eu estou bem, não precisa se preocupar – respondeu Izzy, olhando para Max e sorrindo. – Ele não se parece em nada comigo.

   – Iz, ele não se parece com ninguém ainda. – Simon riu.

   – Você acha que ele terá os olhos azuis dos Lightwood?

   – Ele não precisa de olhos azuis para ser um Lightwood. Se os olhos dele forem iguais aos seus serão mais lindos do que qualquer tom de azul.

    Izzy sorriu e  se inclinou para beijá-lo. Max emitiu um ruído quase como uma risada e Simon e Izzy começaram a rir.

   Depois de alguns minutos, Clary, Jace, Alec, Magnus e o pequeno Raphael entraram no quarto.

     – Izzy, Simon, meus parabéns! – disse Clary, e abraçou Simon apertado.

        Jace observava, encantado, Max no colo de Izzy, assim como Raphael, que balançava as mãozinhas azuis.

     – Não tem problema ficar tanta gente perto dele? – perguntou Alec

    – Alec, apesar do tamanho ele é um Caçador de Sombras, não fica doente facilmente; relaxe – tranquilizou Izzy.

  – Clary, venha aqui – chamou Jace, que ainda continuava olhando Max, quase boquiaberto.

    – Sim? – disse Clary, chegando mais perto.

    – Eu quero um – disse Jace, apontando para Max.

  – Realmente, Clary. Já está na hora de ter um pequeno Caçador de Sombras não acha? – perguntou Izzy.

      – Pelo Anjo! Assim vocês me envergonham – ela protestou. Seu rosto ficou rapidamente vermelho e ela o escondeu virando a cabeça na camisa de Jace.

      Depois de ficarem conversando por um tempo, as visitas foram embora e deixaram Simon e Izzy a sós. Já era noite quando Isabelle disse:

     – Certo. Simon, arrume minhas coisas – disse Izzy.

      – O quê?! – Simon se espantou. – Você já quer ir para casa? Iz, não faz nem um dia desde o parto.

    – Simon, querido, eu estou em perfeitas condições, claro que já podemos ir para casa.

     – Certo, mas talvez Max precise de...

    – Max está tão bem quanto eu. Na verdade ele só dorme então não deve dar tanto trabalho assim.

    – Mas, Iz, se acontecer...

    – Simon Lewis, eu estou tão bem que poderia sair daqui agora mesmo e lutar contra uma dúzia de demônios Oni sozinha, em cima de saltos, enquanto você segura Max. Agora vamos.

   Sem mais uma palavra, Simon pegou a bolsa que Izzy trouxera com algumas roupas e abriu a porta para ela passar, com Max no colo. Desceram as escadas do Basilias e saíram para as ruas de Alicante. Em alguns minutos, já estavam na casa dos Lightwood.

  Agora Simon arrumava os travesseiros na cama para Izzy colocar Max de modo que ele não caísse.

   – Lembre-me por qual razão nós não trouxemos o berço? – perguntou Izzy.

   – Porque Lorde Montgomery não ia montar aquele objeto demoníaco novamente. E de qualquer forma nós não vamos ficar tanto tempo assim aqui.

   – Hm. Certo, fique com Max enquanto eu cozinho...

  – NÃO – gritou Simon. – Err, hm, eu vou. Eu faço o jantar enquanto você, hm, descansa?

 – Tudo bem. – Izzy levantou uma sobrancelha enquanto Simon descia para a cozinha.

   Meia hora depois, Izzy beijou a cabeça de Max e o deixou dormindo no quarto e foi verificar o andamento do jantar. Simon estava de costas para ela, mexendo nas panelas em cima do fogão. Virou quando ouviu Izzy puxando uma cadeira para se sentar.

  – Ah, oi! – ele sorriu. – Já estou terminando. Pode pegar os pratos e os talheres, por favor?

  – Claro. – Izzy levantou e pegou dois pratos, garfos e facas e os deixou na bancada ao lado do fogão. Colocou os braços ao redor de Simon enquanto ele terminava de temperar o que quer que fossem comer. Ele despejou o que tinha na panela nos dois pratos e Izzy viu que era macarronada com molho de tomate.

Eles levaram os pratos para o quarto e se sentaram no tapete para não acordar Max, que dormia um sono tranquilo. Izzy e Simon ficaram conversando sobre como eles achavam que Max seria quando ele crescesse, qual seria sua arma favorita, onde ele faria intercâmbio, se ele teria um parabatai. Os dois terminaram o jantar e foram dormir.

Os três dormiram na mesma cama, Max entre os pais. O sossego durou só até o bebê chorar no meio da noite, com fome. Simon ficou acordado com Izzy enquanto ela amamentava Max. Depois, voltaram a dormir, tranquilamente.

—--

— Isso! Isso! Venha – incentivou Izzy.

— Isso, Max! – disse Simon.

O casal e o bebê estavam no corredor do Instituto aproveitando a saída de Jace Clary para resolver problemas com os vampiros para passar um momento só os três. Agora, Max engatinhava lentamente sobre o chão frio em direção à Izzy e Simon, que estavam ajoelhados. Já estava com seis meses e balbuciava algumas coisas, mas com dificuldade.

— Mama! – Max chamava enquanto engatinhava. Quando chegou aonde os pais estavam, Simon o pegou no braço e o jogou para cima e pegou de volta aintes de cair. Fez isso até Izzy reclamar, dizendo que poderia fazer mal, mas com um sorriso mal disfraçado no rosto. Max gargalhava e levantada os bracinhos rechonchudos pedindo mais.

— Certo, vamos jantar. Alguma coisa tem que manter esses pais aqui de pé. – Simon segurou Max no colo e seguiu Izzy até a cozinha.

Eles pediram comida do Taki’s e estavam esperando chegar. Enquanto isso, Izzy cortou e amassou pedaços de maçã para Max, que estava sentado em uma cadeirinha com bandeja para ficar na altura da mesa

Simon pôs a mesa enquanto Izzy dava a papa de maçã para Max, que ficava mexendo os lábios e Izzy o limpava pacietemente, apesar do babador, para depois lhe dar outra colherada com a papa.

A campanhia tocou e Izzy foi atender, deixando Simon alimentar Max.

— Brrrh. Quem quer a maçã? Brrrrh. ­– Simon balançava a colher como se fosse um avião na frente de Max, que soltava gritinhos e balançava as mãozinhas sujas freneticamente. Abocanhava a papa e sorria, deixando escorrer a baba pelo queixo. Continuaram assim até que Izzy retornou com a comida.

— Ora, ora, não posso ir até a entrada do Instituto que você suja seu pai todo, garoto? – disse Izzy com um sorriso estampado no rosto enquanto tirava um pouco de papa do cabelo de Simon. Como resposta, Max deu mais uma gargalhada.

Simon e Izzy terminaram de comer e foram para o quarto colocar Max para dormir. Ele ainda dormia no quarto com os pais no berço ao lado da cama, pois era muito pequeno para ficar só no quarto ao lado.

— Ele tem olhos castanhos – disse Simon.

— O quê? – perguntou Izzy, que estava meio dormindo, meio acordada deitada na cama, enquanto Simon estava de pijama, em pé, ao lado do berço com uma mão apoiando o queixo. Ele olhava para Izzy.

— Max. Ele não tem os olhos azuis dos Lightwoods ­– respondeu Simon e foi se deitar ao lado de Izzy.

— Ele tem os seus olhos. Cor de café. – Com isso, ele sorriu e a beijou. – Acabo de pensar que não haverá um Lightwood com os olhos azuis dos meus pais – disse Izzy.

— Ah, Iz. Alec e Magnus tem uma criança toda azul. Você acha mesmo que vão se importar com a cor dos olhos dos descendentes Lightwoods quando há um completamente azul? – Os dois tiveram que segurar o riso para não acordar Max. – Ei, mas espere. Quem disse que nós paramos só com Max?

— Epa, calma lá. Lorde Montgomery precisa deixar essa ideia de lado por enquanto.

— Por enquanto. – Deu-lhe um beijo e apagou o abajur. Virou para Izzy, mas ela já estava dormindo.

—--

— Iz? – Simon bateu à porta do quarto quando segurava a mãozinha de Max, que começou a bater na porta junto com o pai. – Já está pronta, querida?

   – Sim, sim. Só mais um minutinho e eu já saio – respondeu. Max e Simon estavam esperando Izzy terminar de se arrumar para poderem comemorar o primeiro aniversário de Max com os familiares no salão do piano. Max agora já andava sozinho, mas Simon e Izzy ainda seguravam suas mãos por garantia. Ele vestia uma calça social, uma camisa de botões e um suspensório, tudo em tamanho mini. Claro, tudo ideia de Magnus também.

   Izzy saiu do quarto usando um vestido rodado roxo, que combinava perfeitamente com seu cabelo preto liso que batia na altura do ombro agora. Simon ficou tão estonteado com a beleza da esposa que só depois percebeu que ela lhe oferecia o braço. Quando Simon foi estender o seu também, Max se meteu no meio dos pais e levantou as mão e os dois já sabiam que ele queria andar de mãos dadas com os dois. E assim se encaminharam para o salão.

  Não havia muitos convidados; os parentes mais íntimos Clary e Jace, Alec e Magnus, Robert e Maryse, Maia e Morcego e mais alguns Caçadores de Sombras mais próximos da família estavam presentes. Izzy e Simon cumprimentaram a todos, assim como Max, que expressava ao máximo sua felicidade em ver tantas pessoas com gritinhos e balbucios.

  Depois de um tempo, todos se reuniram em volta da mesa na qual estava o bolo, que fora feito por Alec. Cantaram parabéns e comeram o bolo, que, surpreendento a todos, estava delicioso. Algum dos Lightwood sabia cozinhar, afinal.

 Boa parte dos convidados ja tinha ido embora, e agora só restavam os amigos e familiares de Izzy e Simon.

  – Até que está sendo uma noite calma – disse Clary.

  – Sim... Muito estranho.... A essa altura já era para algo ter dado errado – disse Jace.

  – Jace! Seja mais positi... – Clary não teve tempo de terminar o que ia dizer por que bem na hora. Lily, líder do clão de vampiros de Nova York imrrompeu pela entrada do salão.

      – Sinto muito por atrapalhar a festa mas temos um probleminha no Central Park envolvendo vampiros, lobisomens e... fadas. – Lily completou, esperando a reação dos presentes.

   – O quê?! – Izzy levantou-se da cadeira. – Mas as fadas não podem mais reclamar seus antigos territórios.

   – Sim, mas parece que uma delas foi assassinada e as Crianças da Noite estão sendo culpadas, e como sempre, os da minha espécie insistiram em afirmar que os culpados eram os licantropes. E agora mesmo aquele parque está um pandemônio, então a única solução viável é vocês colocarem ordem naquilo.

    – Jace e Alec, vão pegar as armas. Magnus, Maia e Morcego, vão se encaminhando para lá. – Clary deu as ordens e os outros as seguiram. – Isabelle e Simon...

   Izzy e Simon trocaram um olhar e depois o dirigiram a Max.

    – Nós temos que ir – disse  Izzy.

   – Alguém tem que ficar com Max, ele ainda é tão pequeno... – lamentou-se Simon.

  – Já sei! – Magnus etalou os dedos. – Eu posso chamar Catarina para ficar com Max, ela ador crianças.

    – Pronto! Ótimo, resolvido então – disse Izzy.

  Magnus estalou os dedos mais uma vez e la estava uma mulher completamente azul, seus cabelos brancos como neve. Catarina vestia apenas um roupão rosa com estampa de patinhos e uma touca.

  – Estamos prontos. O que vocês... – Jace entrou na sala mas parou quando viu os trajes da feiticeira. – Isso são patos? No meu Instituto?

  – Ops. – Faíscas azuis saltaram de suas mãos e em um instante Catarina estava vestida apropriadamente. – Certo, agora podem ir que eu cuido dessa fofura – disse, pegando na mão de Max, que ficou encantado com a pele da feiticeira. Os dois saíram do salão e se encaminharam para a biblioteca.

  – Hora de pegar em voltar à ativa de novo – disse Izzy decidida, e saiu, porta afora, arrastando Simon consigo.

  Duas horas mais tarde, os Caçadores de Sombras retornaram ao Instituto reclamando.

  – Nem para aparecer alguns demônios – lamentou Jace. – Queria icor demoníaco, destruição, caos.

 – Trabalhos diplomáticos podem ser bem entediantes – disse Clary sentando no sofá da saleta da entrada para tirar as botas.

  – Até Max consegue resolver seus problemas melhor do que vampiros e lobisomens quando resolvem brigar– Izzy disse e saiu correndo para ver como Max estava.

  Ela o encontrou dormindo encolhido no sofá da biblioteca com um cobertor até os ombros, Catarina lia um livro em voz baixa, mais para si do que para Max. Levantou o olhar quando percebeu Isabelle se aproximando.

    – Ele foi um anjo. Tão comportado – ela suspirou. – Prestou atenção na história até que o sono venceu e ele dormiu não há muito tempo.

   Izzy ficou olhando por um tempo para o rosto sossegado do filho, nem percebeu quando Simon chegou e parou ao seu lado, nem reparou quando Catarina foi embora. Simon pegou Max no colo andou com Izzy para o quarto deles. Enquanto Iz dava a mamadeira para um Max meio apagado meio acordado, Simon trocava as roupas por um pijama e deixou a camisola de Izzy dobrada na cama. Depois de tomar o leite, Max acordou completamente e só se acalmou quando os pais o colocaram na cama entre eles, e logo adormeceu de novo.

   – Acho que depois de hoje já podemos voltar definitivamente à Caça. Juntos, eu digo. – Simon soava esperançoso.

   – Sim. Até Magus poderia ficar com ele quando pudesse – emendou Izzy, mas não parecia tão convicta daquilo.

   – Ei, Iz. O que foi?

  – Nada. É só que... será já deveríamos mesmo voltar à ativa? Não é muito cedo? E se Max se machucar? Eu seria a culp...

   – Iz, pare. Se chegou a passar pela sua cabeça que nós não seríamos pais decentes, pode ir esquecendo – disse Simon. – Nós vamos ser pais ótimos. Descomunais. Espetaculares. Super hiper mega pais. – Com isso, Izzy caiu na gargalhada assim como Simon. Max dormia tão profundamente que nem se incomodou.

    Simon se poiou no cotovelo e beijou Izzy por cima de Max. Apagou o abajur e se cobriu com a coberta.

    – Nós vamos ser bons pai – disse Simon.

  – Sim, nós vamos – concordou Izzy. Enquanto estivesse com Simon e Max tudo estaria bem. Seus dois grandes amores.                             

    Fechou os olhos, sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Nat vc eh uma pessoa tão tão maravilhosa que só essa fic é pouco pra te oferecer. Obrigada por ter entrado na minha vida e me mostrado coisas novas. Te amo muitão ♥



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