Priscila Smith olhava desgostosa pra cena a sua frente. O seu marido estava praticamente engolindo uma vadia qualquer chamada  Monica Valente, e ainda na frente de Âmbar, a filhinha deles de dois anos!

— O QUE ESTA ACONTECENDO AQUI? - A loira perguntou, puxando a morena do colo do marido e a fazendo cair dura no chão.

— Priscila, olha o que você fez! - Miguel gritou, indo acudir a amante. - Monica esta gravida, você pode ter machucado nossa filha.

— O QUE? E ISSO MESMO QUE EU OUVI? ESTA PIRANHA ESTA ESPERANDO UMA FILHA SUA? - Smith rugiu, não se importando com a pequena Âmbar que estava dormindo tranquilamente no bebe conforto. A mulher estava tão enfurecida que só faltava sair fogo dos seus olhos. Ela se aproximou dos dois e começou a recitar umas palavras estranhas que ninguém entendia. Quanto mais palavras recitava, mais alto era seu tom de voz.

— O que e isso Priscila? Você esta louca? - Perguntou o marido, ou devo dizer ex-marido dela, olhando com incredulidade para a outra.

— Não estou louca Miguel, estou muito sã, e a partir de agora sua filha tem uma maldição, ela tera poderes sobrenaturais, e todo menino que ela se apaixonar não ira ficar com ela pois seus poderes matarão o infeliz. Será assim pro resto da vidinha inútil que ela tera. - Anunciou a mãe de Âmbar com um tom frio na voz. - Sejam muito INFELIZES VOCÊS DOIS, OU DEVO DIZER TRÊS? TCHAU, ATE NUNCA MAIS! - Despediu-se ela, saindo pela porta afora.

— Será que ela disse a verdade? - Preocupou-se Monica, sentindo uma forte pontada na barriga.

— claro que não meu amor. - Miguel sorriu, tentando lhe passar confiança. - Vai ficar tudo bem, você vai ver!

2015

Luna Valente estava muito nervosa. Ela estava na lanchonete do bairro esperando Simón Álvarez chegar. Hoje iria ser o primeiro encontro deles! A garota sempre sonhava com o dia que ele a ia chamar pra sair, e depois de muito tempo de espera, esse dia finalmente chegou.

— Tudo vai ficar bem. - Repetiu isso para si mesma varias vezes, tentando se acalmar. Foi então que viu ele entrar no local. Ele estava lindo, com aquela calça jeans escura e aquela camisa xadrez colada ao corpo que mostrava seus músculos definidos. Assim que a avistou, ele sorriu e foi ate ela.

— Você esta muito linda Luna! - Sorriu ele, e beijou sua mão como um verdadeiro cavalheiro.

 Luna queria responder, mas infelizmente nada saia de sua boca, parecia que seu cérebro e sua boca não estavam conectados naquele dia, justo no dia mais importante da vida dela para o qual havia preparado um discurso enorme. Como não podia falar limitou-se apenas a sorrir timidamente.

— Esta nervosa e por isso não consegue falar não e? Não se preocupe, eu também estou muito nervoso, mas falam que um beijo vale mais que mil palavras não e? - Disse Simón, se aproximando dela e selando seus lábios.

O que era para ser um momento mágico típico de um conto de fadas tornou-se um pesadelo! Assim que seus lábios encontraram-se, o garoto ficou pálido e imóvel, sangue começou a escorrer dos seus olhos no lugar das lágrimas e a boca dele também ficou vermelha, coberta pelo liquido pegajoso. Assustada, Valente se afastou bruscamente dele e viu quando Simón caiu no chão e seu rosto começou a se desintegrar, os olhos saindo da cara e deixando um buraco estranho no seu lugar. Apavorada, Luna deu um grito agudo e saiu da loja.

Não era a primeira vez que uma coisa dessas acontecia, quando abraçou um amiguinho na escola primaria pela primeira vez, o garotinho também havia subitamente falecido. Sempre ouvira histórias contadas por Amanda, a empregada da casa, que diziam que Priscila Smith, a ex-mulher do seu pai havia lhe posto uma maldição quando soube que ele a traía. A garota nunca acreditara, pensava que tudo era apenas mera invenção da criada, mas agora estava começando a pensar que podia ser verdade.

Afinal, quatro pessoas próximas suas haviam morrido quando ela havia mostrado afeto por elas, primeiro o amiguinho do jardim de infância, depois seus pais, e agora Simón. Seriam as histórias da Amanda partes do passado da família Valente?

Voltou a realidade quando sentiu alguém pousar a mão em seu ombro