Mudanças (Naruhina) escrita por princesahyuuga1


Capítulo 2
Adeus, Naruto


Notas iniciais do capítulo

HINATA POV



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Tomando coragem, fiz as malas.

Dia seguinte fui falar com Tsunade-sama para que me autorizasse sair da vila. Ela ouviu meus motivos, mas só me liberou quando eu contei a verdade. Ela se compadeceu da minha dor. Solidariedade feminina. E eu fui muito grata a ela.

Agora eu poderia viajar em paz, tranquila e livre. Livre de tudo o que me prendia a Konoha, de todas as memórias amargas da vida de merda que tive. Do meu pai abusivo, do meu clã estranho e restrito, da amarga morte de Neji-nii-san... deveria ter sido eu no lugar dele. Suspirei. Enfim, eu deixaria tudo aquilo para trás. Assim como deixaria Naruto.

Mas ele ficaria bem sem mim. Sempre esteve. E agora ele tinha Sakura para cuidar dele. Eu não faria falta alguma na vila, nem na vida de ninguém.

Desci as escadas com as malas prontas. Hanabi e meu pai tomavam café da manhã.

— Bom dia – disse simplesmente.

— Bom dia, Hina! – Hanabi me cumprimentou toda alegre.

Meu pai não se deu ao trabalho de responder.

— Estou partindo.

— Mas outra missão, irmã? – Hanabi soltou um muxoxo.

— Não. Na verdade, estou viajando para conhecer o mundo.

Os olhos de Hanabi brilharam em excitação.

— Me leva com você, mana!

— De jeito nenhum – ouvi meu pai falar, sua voz como trovão.

— Você não vai a lugar algum. Está pensando que é uma perdida na vida para ficar viajando por aí sozinha?

Reunindo toda a coragem que tinha, o enfrentei pela primeira vez na vida.

— Você não vai mais me prender nesse mundo de infelicidade que construiu para você. Você quer viver enclausurado e me culpando por tudo de ruim que aconteceu na sua vida, ótimo. Mas faça isso sozinho. Pois a partir de hoje, eu sou uma mulher livre. Sou maior de idade, lutei na grande quarta guerra ninja assim como você, de igual para igual e se mesmo assim você é incapaz de reconhecer o meu valor, sou eu que devo ter vergonha por ter um pai como você. Estou indo. Estou partindo e se Kami assim desejar, um dia volto. Adeus. – E me virei para Hanabi – tenho certeza de que o clã estará em boas mãos com você, irmã. Acho que essa foi a única decisão sábia do nosso pai. Te escolher como líder sucessora. Adeus.

Deixei os dois em casa, chocados e parti para me despedir de Kiba-kun e Shino-Kun, além de Hanabi eles eram os únicos que verdadeiramente se importavam comigo.

Mal tinha virado a rua, quando minha irmã me alcançou chorando.

— Fica, Hinata! Ou me leva com você.

— Eu não posso irmãzinha. Consegui autorização de Tsunade-sama somente para mim, além do que essa é uma viagem de autoconhecimento. Eu preciso disso. Preciso ter o meu momento. E você precisa cuidar do nosso clã.

— Mas eu não vou conseguir sem você, irmã.

— Claro que vai, Hanabi. Você sempre conseguiu tudo o que quis. Será uma excelente líder.

— Mas era você que me ponderava quando eu tinha umas ideias absurdas, além do que, é você quem cuida de mim desde que mamãe morreu. Eu vou sentir muito sua falta, Hina.

— Eu também, irmãzinha – disse sinceramente. Dei um beijo no topo de sua cabeça e enxuguei uma lágrima minha que escorria.

— Mas o que está acontecendo aqui – era Kiba-kun.

— Hina-chan está indo embora, Kiba-kun. Faz ela ficar! – implorou, Hanabi.

— Hinata! – Kiba-kun me chamou atenção – É verdade isso? Para onde vai?

— Viajar, Kiba-Kun. Preciso de um tempo pra mim. Para pensar, para me encontrar.

— Mas assim de repente? – Kiba perguntou.

Shino esteve quieto, no entanto, tão logo um inseto pousou em seu ombro ele soube do motivo.

— Eu entendo, Hinata. Pegue o tempo que precisar, mas volte para nós algum dia. Combinado?

Hinata sorriu para Shino, sempre delicado e sutil.

— Obrigada, Shino.

— Oeee! Alguém me explica o que está acontecendo! – Kiba exigiu.

Todos riram. Explicaram para Kiba no meio do caminho enquanto nos dirigíamos aos portões de konoha.

— Aquele, baka! Vou matar ele! – Kiba salivava de revolta.

— O cara é um dos ninjas mais fortes de todos os tempos, Kiba. Fica quito – Shino repreendeu Kiba por querer bancar o machão na frente de Hinata. Sabia que o amigo sempre tivera uma quedinha por Hinata, mas não era nada sério.

— Aquele baka não sabe o que tá fazendo... ele não sabe o que tá perdendo – Kiba retrucou.

— Nisso eu concordo – Shino disse.

Hinata ficou vermelha como um pimentão.

— Chega vocês dois! – pediu encabulada – Bom, eu vou ficando por aqui, gente. Obrigada por me acompanharem – olhou para cada um, tentando memorizar seus rostos. Não sabia quanto tempo ficaria fora e honestamente, não sabia se um dia voltaria.

Hanabi ainda me abraçava pela cintura. Não queria me desgrudar. Eu a abracei forte para ver se o abraço durava mais. Ela sorriu para mim.

— Hinata... – aquela voz... era Naruto.

Kiba, Shino e Hanabi ficaram em silêncio de imediato.

— Naruto – eu disse simplesmente.

— Você está indo mesmo?

— Sim.

— Para onde?

— Para onde a estrada de me levar.

Ele mordeu o interior da bochecha, visivelmente desconfortável. Olhou para o lado e viu Hanabi com cara de choro, Kiba com cara de quem iria matá-lo e Shino sempre impassível.

— Você vai com quem?

— Sozinha.

Naruto engoliu a seco e protestou:

— Mas Hinata é perigoso e se alguma coisa acontecer?

— Eu não sou tão imprestável assim, Naruto. Sei me defender. No mais, se eu morrer não vai ser como se o mundo fosse parar de girar.

Naruto me encarou essa hora. Uma espécie de fúria com alguma outra coisa no olhar.

— Irmã! – Hanabi disse.

— Hinata! – Shino e Kiba falaram juntos.

— Eu não vou deixar que saia da vila para se matar, Hinata – a voz dele era só um sussurro.

— E quem você pensa que é para me impedir de alguma coisa?

Naruto a encarou, o olhar azul congelado em decisão. Ele sorriu em desafio.

— Você pode me odiar o quanto quiser. Eu não me importo. Vou aguentar todo seu ódio se isso for te manter viva.

Fiquei de boca aberta. Mas que porra ele estava falando? Não era como se eu estivesse indo para uma missão suicida ou coisa do tipo. Eu estava indo viajar!

— Naruto, você realmente não tem poder para me impedir. E me refiro a legitimidade para isso. Força, todos nós sabemos que você tem, mas não é isso que vai me parar. Já tomei minha decisão e não vou voltar atrás. Esse é meu jeito ninja de ser. Você sabe... – soou quase como uma desculpa minha explicação, mas foi o melhor que eu pude.

Naruto pareceu relaxar um pouco, mas ainda não estava convencido.

— Você não pode me pedir pra deixar você ir embora... sem... sem ajuda. Você é mui...

— Não diga que sou fraca, pois se falar isso, nunca mais dirijo a palavra para você. Eu acho que mereço um pouco de confiança. Não acha Naruto?

— Eu não ia dizer que é fraca e sim delicada como um flor – Naruto corou um pouco ao dizer aquilo e eu também fiquei corada. Ouvi Hanabi dar um risinho abafado. Olhei feio para ela que parou na hora.

— Que jeito bonito de chamar alguém de fraca – retruquei – eu sou uma kunoichi e passei por muita coisa. Algumas delas você sabe, outras você nem imagina...

Essa hora Naruto me olhou. Me olhou de verdade, como se vasculhasse minha alma em busca de respostas. Ele se aproximou de mim, colocou a mão no meu rosto e eu fechei os olhos para absorver o máximo que podia daquela sensação gostosa da mão dele em contato com minha pele. Era uma sensação única.

— Não fecha os olhos, por favor – ele pediu num sussurro e eu obedeci porque a verdade é que eu queria vê-lo bem de perto.

— Você já sofreu muito na vida. Eu sinto muito por ser parte disso, Hinata. Eu... E... Fica?

Ele estava me pedindo para ficar? Era isso mesmo? Mas por que?

— Por que?

Naruto me encarava com aquela imensidão azul e eu me perderia por horas só admirando os lindos tons de azul que compunham sua íris.

— Por mim.

Aquilo me pegou de total surpresa. Fiquei vermelha, roxa... acho que estava morta. Só podia ser. Estava morta!

— Hinata – ele me chamou de volta à realidade.

— Na-naruto-kun – eu disse e ele sorriu para mim. Aquele sorriso que eu amava ver desde sempre. Alegre e despreocupado. Mas o melhor de tudo foi que aquele sorriso era para mim.

— Hinata – ele disse mais uma vez, chegando muito perto.

— Narutoooooooo! – Alguém o chamava.

Despertei do transe. Eu estava quase beijando Naruto-kun na frente de todo mundo??? Por Kami, alguém me segura que eu vou desmaiar...

Mas como alegria de gente boba dura pouco, quem o chamava era Sakura. Daí eu lembrei que ele estava namorando com aquela rosada e estava ponto de me beijar, me pedindo para ficar. Aquilo tudo veio como um tsunami e foi como jogar um grande balde de água fria em mim. Que azar de merda esse meu...

— Oh! Naruto, aí está você! Eu acabei de falar com Tsuna... – ela parou de falar de repente, notando que Naruto estava com as mãos no meu rosto e eu imediatamente me afastei.

Eu não era mulher de pegar homem dos outros e também, não gostava de barraco. Se ela fosse brigar com alguém que fosse com seu na... namorado. Só de pensar Naruto sendo namorado de Sakura, me subiu a bile.

— Eu já vou indo, gente – me despedi.

— Hinata, espera! – Sakura gritou.

Eu não estava com paciência para ela. Não queria ouvir o que ela tinha para dizer.

— Hinata, não! – Naruto disse e me segurou pelo braço.

Olhei para mão dele e depois para ele. Ele entendeu o recado e me soltou.

— Eu vou com você – Naruto disse.

— Não vai não – eu respondi.

— Por favor... – ele estava praticamente implorando e eu não entendia porque e como ele tinha coragem de fazer isso na frente da namorada dele.

— Naruto, sua namorada está aqui. Vá ficar com ela. Estou bem sozinha.

— Não, Hinata. Você não entende. Eu...

— Por favor, não, Naruto. Não fala nada. Eu não quero desculpas. Eu que-quero... que seja feliz. É só o que eu quero. E eu juro que vou tentar fazer o mesmo.

Havia pesar profundo em seus olhos.

— Mas Sakura não é minha namorada, Tebayo! – ele gritou, voltando a ser o Naruto impulsivo pelo qual me apaixonei.

— Eu vi, Naruto. Ninguém me contou. Vocês se beijaram no Ichikaru.

Kiba, Shino e Hanabi olharam para Sakura que ficou vermelha da cabeça aos pés.

— Ela quem me beijou – ele disse tentando se defender.

— E você prontamente retribuiu – respondi.

— Hinata, você não...

— Você não me deve explicações, Naruto. Todo mundo sempre soube que você era apaixonado pela Sakura. Só eu que não... não queria enxergar isso – tentei sorrir, mas soou fraco.

— Hinata, eu e Naruto não – Sakura começou, mas eu também a interrompi.

— Só promete que vai cuidar dele, Sakura.

— Hinata...

— Promete.

— Eu prometo – a rosada disse, os olhos verdes lacrimosos.

Naruto me encarava estupefato.

— Eu preciso ir, Naruto. Vai ser bom para mim. Acho que você consegue entender isso. Não?

— Não – ele respondeu de pronto. – E já disse que se você for, eu vou com você.

— Se você sair de Konoha assim, será considerado um ninja fugitivo. Eu obtive a autorização da Hokage Tsunade-sama. Você deve permanecer em Konoha que é o seu lugar. Quanto a mim, devo partir e procurar o meu lugar.

Naruto trincou o queixo, triste demais para falar e aquilo me matou. Não importava se ele estivesse com Sakura ou outra menina, eu só queria vê-lo feliz. Porém, eu não gostaria de assistir de camarote o amor da minha vida nos braços de outra. Eu tinha meus limites também.

— Acho que isso é um adeus definitivo, Naruto.

— Não vai – ele pediu de novo.

E eu queria muito acreditar que ele me queria perto dele. Mas embora ele e a Sakura negassem que fossem namorados. Não podia deixar de pensar que existia algo ali, que Naruto sempre amou a colega de equipe e que eles se beijaram... E provavelmente se beijariam de novo. Deveriam estar se conhecendo... e eu não quero ficar no meio disso, participar de um triangulo amoroso. Até por que eu sei bem quem sairia perdendo. O lado mais fraco sempre perdia e eu era o lado mais fraco.

Engoli o choro e fui incisiva.

— Adeus, Naruto.

Ele não se fez de rogado e deixou as lágrimas rolarem pelo seu rosto lindo e bronzeado. Não resisti e sequei-as com a ponta dos dedos. Tive vontade mesmo era de lamber suas lágrimas, como que para sarar suas feridas emocionais, mas ele não era meu para eu fazer isso. Então apenas o abracei civilizadamente. 

E por Kami... o calor dele invadiu meu corpo sem licença ou pudor. Senti-me iluminar por dentro e por um momento senti que valeria a pena ficar e lutar. Então reabri os olhos e encontrei Sakura nos olhando desconfortável. Embora essa garota amasse o Sasuke, ela estava interessada no Naruto e eu sei que eu perderia se isso fosse uma disputa. Eu não me colocaria nessa situação.

Tentei me soltar, mas Naruto não deixou. Me puxou mais contra ele, me apertando em seus braços e confesso, que gostei muito daquilo. Em outra ocasião, eu estaria soltando fogos de artifício, no entanto, aquilo era um abraço de despedida. Eu não sabia se o veria de novo. Por isso, - eu acho – tive de coragem de fazer o que fiz.

Roubei um beijo dele.

Naruto arregalou os olhos completamente surpreso, mas receptivo. Ele me beijou de volta. Separei-me dele com custo pois tudo o que eu mais queria era continuar aquele beijo.

Ele me olhava diferente agora. Com surpresa e curiosidade, mas definitivamente, nenhum traço de amor. Eu tinha tomado a decisão certa em partir.

Desvencilhei-me dele com facilidade pois ele ainda estava estático, em choque, eu diria.

— Adeus, Naruto-kun – eu sussurrei, mas o que que queria dizer mesmo era “Eu amo você”.

Dei tchau para o pessoal e notei que todos estavam chocados. Acho que nunca imaginaram eu dando um fora em Naruto. Para falar a verdade, nem eu em meus sonhos mais profundos imaginei isso. Olhei uma última vez para trás e vi Sakura com lágrimas nos olhos e um Naruto atordoado olhando de mim para Sakura. Sacudi a cabeça em negação. Reafirmei minha decisão de partir e deixar aquilo tudo para trás. 


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Notas finais do capítulo

Ai, gente!!! Total heartbreaking esse capítulo, né?
O que vocês acham que vai acontecer?



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