Terra Fantástica, O Nascer De Um Novo Mundo escrita por Flávio Trevezani


Capítulo 5
Memorável Dia, rumo ao outro lado.


Notas iniciais do capítulo

Após o surpreendente acontecimento com Lipe, o velho João e o Lagarto gigante, eles tentavam se recompor de mais um fato fantástico em um dia cheio de acontecimentos estranhos e extraordinários, e seguir com o plano de chegar ao antigo convento no alto do velho morro do outro lado do canal. Para isso precisariam fazer uma balsa para atravessar o largo trecho de mar ou teriam de o atravessar a nado. E não se sabe que criaturas monstruosas habitam as profundezas do oceano agora após as ondas mágicas de luz, então melhor não arriscarem.



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Lara se juntou a Lipe e Aymee e eles lhe contaram sobre o ocorrido com o bastão e a pedra. Ela ficou perplexa:
— A cada minuto isso parece mais um seriado insano de TV. Porque eu perdi isso? Caramba. - Disse ela levemente decepcionada.
Lipe resolveu deixar as garotas cuidando da balsa e ir até a velha ruína do shopping, contra a vontade das garotas, para ver se encontrava alguma coisa ainda inteira e útil para eles. Com relutância elas aceitaram o fato com a condição de Aymee ir junto, pois o medo de alguma coisa estranha e inesperável acontecer espreitava cada brecha de floresta. Lara ficou cortando galhos, finos troncos, bambus e cipós para montar a balsa enquanto eles foram até a parte resistente do velho shopping dentro da água. Caminharam com dificuldade sobre pedras disformes e grandes com água na altura dos joelhos e às vezes na cintura. Alguns pontos pareciam mais profundos, mas eles contornaram e conseguiram chegar até parte do que restou da edificação. Lipe gritou para verificar se havia alguém lá dentro ainda, preso, vivo ou alguma criatura estranha. Nada, apenas o silêncio e o barulho da natureza, que era aterrador, por todos os lados.
Eles procuraram uma fresta de parede ruída e testaram a estrutura coberta por plantas e musgos, como uma imensa Rocha ilha natural, para ver se resistiria ou ruiria assim que entrassem e essa pareceu resistir. A ruína era apenas uma parte do que um dia foi o shopping, como um pedaço de algo qualquer quebrado ao meio e mergulhado em água.
Lá dentro estava escuro, com exceção de algumas frestas de luz que brotavam de fissuras e brechas nas paredes e no teto. Eles ouviram som de alguma coisa, parecia o som de pequenas patinhas a correrem sobre o piso ou sobre algumas paredes que estavam inclinadas e quase na posição horizontal do chão. Mas era algo pequeno, o que era tranquilizador comparado ao fato de que tudo até agora era muito maior que o normal. Eles não esperaram pra descobrir do que se tratava e continuaram a procurar alguma coisa que não tenha se desmanchado com o grande evento que mudou o mundo. Viram uma loja de produtos esportivos, uma das poucas que parecia ter resistido bem a toda catástrofe. Entraram, como nos prédios que viram anteriormente, os vidros pareciam ter derretido ou esfarelado, dando origem a algo similar a cristais brutos. Eles finalmente encontraram um amontoado de coisas como mochilas, sapatos, roupas e casacos. Alguns esfarelando, outros gastos e envelhecidos, desmanchando ao toque, mas outros pareciam usáveis ainda. Estavam em meio a muitas plantas, similares a samambaias ou trepadeiras que ao serem tocadas se retraíram como plantas que Lipe conheceu ainda criança chamadas de dormideiras, que se encolhiam ou fechavam ao toque. E dessas saíram luzes, as mesmas que viram sair da planta no prédio que ruiu quando encontraram o casal que sobreviveu em sua rua e conseguiram as roupas que estão usando. Pegaram o que podiam, procuraram facas, canivetes, cordas... Mas nada muito além de roupas, sapatos, garrafas e mochilas, talvez porque só vendesse isso na loja ou realmente porque alguns materiais não resistiram muito a todo o ocorrido. Saíram de lá com mochilas cheias até do que não cabiam neles ou precisavam, na altura do momento em que viviam, tudo que fosse encontrado útil e inteiro era valioso. Levavam roupas para eles, Lara e Senhor João. Procuraram por outras coisas nas lojas que sobraram, mas não haviam muitas inteiras. Quase todo ferro se desintegrou, enferrujou ou se desmanchou no processo, mas conseguiram achar perto da praça de alimentação alguns metais, pedaços velhos e gastos de metal de algo que não se conseguia mais identificar o que era. Serviria se moldassem e amolassem como facas e fizessem cabos de madeira, seria de extrema útilidade. Retornaram após algum tempo, achar tudo aquilo foi uma grande sorte afinal.
Na volta pela água, com ela variando no nível de seus joelhos e coxas, eles avistaram algo na água. Parecia uma cobra ou algo similar, comprida e robusta. Não era possível ver direito pois a água ali era um pouco turva. Aymee parou assustada, Lipe tentou enxergar melhor e percebeu ser um peixe. Grande e comprido, diferente do que estava acostumado ver.
— É um peixe apenas - disse ele tranquilizando a amiga.
— vai que ele é a evolução estranha de uma piranha? Nossa! De qualquer forma é le cairia bem frito, melhor, assado numa fogueira - Disse ela faminta - olha o que estou falando caramba! Eu sou vegetariana! Arg! - Grunhiu ela irritada com toda aquela situação. Como ela sempre fazia, tentava se tornar vegetariana todo ano, mas sempre acabava quebrando sua determinação por algum motivo torpe e isso a irritava profundamente. Mas de certa forma, essa fase já durava muitos meses, mas fome, cansaço mental, medo, dúvidas, incertezas, tudo ao mesmo tempo fizeram dela esquecer por um instante de sua escolha.
Lipe começou a observar mais atentamente o peixe e uma sensação estranha o acometeu. Sentia o pulsar do coração do animal dentre de sua mente, e esse, começou a nadar mais vagarosamente e logo mudou a direção em que nadava e veio a seu encontro. Ele parecia dopado com aquela sensação. Quando o grito raivoso de Aymee o acordara do pequeno e estranho transe, assustando o peixe pra longe.
— Vamos que estou faminta e preciso achar algo pra comer. Se for pra comer carne, cuidado, porque vou comer aquele velho.
— Que monstruosidade de se dizer Ay - disse Lipe rindo, recuperando-se da estranha conexão com o peixe - porque está tão irritada com o velho?
— Nada contra o velho, confesso que até gosto dele, mas ou era ele ou era você! Pensando bem, a carne dele deve ser dura se ele tem mesmo esses anos todos que ele disse ter. Então como você, sem problemas.
E riram os dois aproximando-se de onde Lara e o velho senhor estavam. Eles chegaram e mostraram a Lara os achados, que animou-se enquanto montava a estrutura da balsa com os pedaços de madeira e bambu, sem as amarrar ainda.
— Que sorte tivemos - disse ela empolgada - tomara que tenha meu número, porque já estava me conformando em andar descalça o resto da vida.
Eles colocaram as coisas próximas e voltaram ao projeto da balsa uma vez que o dia parecia correr naquele momento. Estavam famintos, afinal a manhã já havia se passado e à tarde já começava intensa. A temperatura era muito mais agradável que normalmente seria naquela época do ano, principalmente ao sol de meio dia. Provavelmente o mundo estava mais frio que antes das mudanças acontecerem e eles perceberam um recuo do mar significativo. Em meio ao silêncio de fome e pressa em chegar logo ao antigo convento, teorias não paravam de surgir enquanto eles amarravam a balsa para atravessar o canal.
— Vocês perceberam que o mar parece ter recuado alguns metros ? - perguntou Lipe juntando as madeiras e bambus que encontraram próximo dali e tentando ocupa-los com qualquer conversa que fosse.
— Você também percebeu? - disse Lara ajudando a amarrar as peças de madeira e bambu com um cipó que haviam encontrado nas redondezas - achei que era apenas impressão por eu ter perdido a maioria dos pontos de referência. Afinal, algumas partes alagaram-se, não é mesmo? - falava da região onde estavam, que era exatamente onde ficava anteriormente a avenida e o estacionamento do Shopping.
— Acho que isso significa que essa mudança não ocorreu apenas aqui, mas talvez no mundo inteiro ou em grande parte. Talvez as calotas polares se recuperaram também não é? Tudo é possível acho, ainda mais depois de ver gente virando luz. Deve ser por isso que o mar recuou dessa forma - argumentou Lipe.
— Não vejo diferença no mar, nem lembro de cidade alguma aqui, só lembro que fomos ao shopping e vimos uma puta praça de alimentação destruida! Eu To faminta, não sei como conseguem pensar em teorias do apocalipse verde com estômago vazio. Observei e não vi uma fruta sequer nessas bilhões de árvores. Ao menos nenhuma conhecida.
— Talvez as frutas também mudaram sua aparência - disse Lara de forma curiosa e bem crédula daquilo, principalmente após lagartos, cães e caranguejos gigantes.
— Ei senhor João - gritou Aymee - não podemos parar para comer alguma coisa? Usa seus poderes mágicos e ache comida para a gente.
Mas senhor joão estava dormindo ainda ou aparentemente dormindo, de olhos fechados e mãos entrelaçadas sobre o peito, abraçando seu bastão de madeira.
— Deixe ele descansar Aymee, ele parecia morto de cansado após... - retesou Lipe procurando palavras adequadas para descrever o ocorrido - após aquilo que aconteceu.
— O que sentiu Lipe? - perguntou Lara curiosa.
— Não sei explicar. Como uma corrente de energia vinda daquela Madeira que ele carrega, mas não doía, acho que não doía - disse Lipe - e de repente eu sabia o que tinha de fazer. Foi no impulso, instinto, sei lá!
— Ainda não acredito em tudo isso, estou esperando acordar a qualquer instante na cama com Aymee me chutando.
— Amor - disse Aymee - você não vai acordar. Nem estávamos em algum avião para estarmos em lost - eu ela sarcasticamente - Tudo isso, por mais louco que pareça, é real. No fundo eu sempre soube que isso aconteceria um dia. Ou algo assim aconteceria ou o mundo reagiria de alguma forma. Ou as pessoas boas do mundo fariam algo em prol ou ele iria definhar até morrer. Mas parece que o próprio mundo reagiu sozinho. Creio que Célio, se ele sobreviveu é claro, deve ter surtado de alegria. - Riu a jovem. Célio era o líder de um grupo ambientalista ao qual Aymee e Felipe pertenciam, ele era professor dos dois na universidade, onde o conheceram e entraram para a causa de proteção ambiental dele, que ia em defesa a animais silvestres ameaçados e proteção de áreas permanentes ameaçadas.
— O que importa que estamos vivos e tivemos a sorte de encontrar o Senhor João. Sem ele provavelmente já teríamos morrido como várias pessoas já devem ter morrido, se tornando café da manhã de alguma criatura mutada com essa luz mágica. - disse Lipe tentando terminar o mais rápido possível aquela balsa.
— Estranho falar Magia - disse Lara meio que rindo - ainda acharia menos estranho atentado terrorista, ataque alienígena, teste nuclear americano, sei lá, mas magia é muito surreal.
— Apenas sobrevivemos. Isso que importa agora - repetiu Lipe mais uma vez, tentando nao pensar muito sobre tudo e acabar surtando como Claudia, a mulher ruiva que eles salvaram junto ao marido do prédio que desabou.
— Porque nós? Já se perguntaram isso? - disse Ayme sem olhar para eles, olhando para além do canal, para o morro que era o destino deles. De onde eles estavam não era possível avistar se o convento havia resistido as ondas mágicas de luz, se não tivesse resistido, seria perda de tempo atravessar o canal, subir toda aquela elevação e descobrir que não restou nada. Então ela continuou a indagar o fato de terem sobrevivido - estávamos dormindo. Não fizemos nada além de nós esconder daquela luz estranha. Lutamos como tenho certeza que milhares de pessoas fizeram, mas nós sobrevivemos. Nós duas e você! Tipo, quantas pessoas moravam em nosso prédio? E em nossa rua naqueles vários prédios? Imagine no bairro, na cidade, na grande Viroria? Então porque nós Lipe? Coincidentemente três pessoas em milhões, que se conhecem e moram juntas e nem estavam juntas de fato naquele momento?
— Não sei - disse Lipe pensativo - eu vi pessoas mortas com a chegada das primeiras ondas, com acidente, gente atropelada. Vi pessoas morrerem com a chegada da terceira onda, na minha frente, viraram fagulha de luz. Jamais imaginaria algo assim acontecer e eu sobrevivi. Porque? Eu não sei dizer e isso me faz questionar quem mais sobreviveu.
— Quer saber se sua irmã e seu sobrinho sobreviveram no caso - disse Lara - eu também penso se meus pais e irmãos sobreviveram. Mas em minas, sem tecnologia ou meio de transporte algum, seria difícil acessarmos eles. Ao menos que eu fosse até lá, mas a pé? Com essas criaturas que nem sabemos quais são e como são por aí? Cães e lagartos viraram isso, imagina onças, jacarés, cobras? Acho que nunca mais verei eles e nunca saberei se estão vivos.
Lipe e Aymee permaneceram calados. Lipe pensava muito, desde que tudo isso começou. Pensava em sua irmã e seu sobrinho, a única família que lhe tinha restado na vida. Aymee por outro lado, só tinha sua avó. Nem tios, nem primos, nem pais ou irmãos. E será que uma velha senhora teria sobrevivido aquilo? No fundo ela sentia que não.
A frase "talvez nunca mais vejamos eles" fez ambos pensarem "só restou eu", mesmo os três tendo a sorte de estarem juntos e com o velho senhor João, que parecia saber muito sobre tudo aquilo que aconteceu e iria acontecer de agora em diante.
Após algumas horas da ida às ruínas do shopping, juntando troncos finos, cipos e bambus para montar a balsa, eles a terminaram. Uma balsa improvisada, frágil e mal feita consideravelmente grande, caberiam os quatros e mais as bolsas, mas deveria servir para que atravessassem o canal.
O velho senhor João despertou, lentamente nessa hora e perguntou num tom de voz risonho novamente e meio rouco.
— Acho que terminaram a balsa, certo?
— Muito curioso o senhor acordar exatamente na hora em que acabamos seu velho sacana - disse Aymee brincando mas com um ar de sarcasmo.
— Vocês são jovens e eu precisava descansar - disse ele rindo - não acho que você realmente se importe com o fato de um velho louco, como você mesmo disse várias vezes, não ter conseguido ajudar com o trabalho manual, o mais difícil eu ainda irei fazer.
— Nem quero saber o que pode ser essa coisa mais difícil - disse Lara suspirando.
— E só pra constar, também estou faminto. Mas tenho quase certeza que no alto daquele morro do convento existem árvores frutíferas comestíveis. Quanto mais rápido chegarmos, mais rápidos retornaremos.
— Ótimo então senhor João. Acho que a balsa está pronta, vamos apenas testar ela e ver se boia. - disse Lipe pegando na base da balsa e levando-a até o mar na esperança de que essa venha a boiar.
— Espero que bóie ou terão que através a nado - riu o velho homem.
— E o senhor iria voando? - perguntou mal humorada Aymee, fortemente afetada pela fome que sentia.
— Não minha querida - disse o velho senhor joão que sorria e logo ficou sério - atravessaria andando.
O velho homem levantou-se, caminhou até o mar que estava tranquilo e com poucas ondas e começou a pisar na água, logo no terceiro passo, seu pé fixou sobre a superfície da mesma e em seguida, o outro pé fez o mesmo. E saltando as pequenas ondas ele caminhou alguns metros sobre a água e retornou.
Todos estavam estáticos e perplexos com a cena. O velho homem havia andado sobre as águas, sem esforço, sem usar o bastão ou balbuciado palavras como antes fizera com o feito da pedra.
— Como... - as palavras engasgaram na garganta de Aymee.
— Não importa como agora - disse ele sorrindo - apenas que cheguemos do outro lado.
Lipe se recuperou da cena surpreendente sem falar nada, pôs com ajuda de Lara e Aymee que ainda estava boquiaberta com o velho homem andar sobre as águas e colocaram a balsa improvisada no canal. Essa então pareceu boiar, mesmo que uma parte afundara na água e eles provavelmente se molhariam, mas importante que havia flutuado. Lipe subiu sobre ela como forma de testar, sacudindo-a pra ver se as amarrações resistiriam e essa pareceu suportar.
— Venham, vamos ver se suporta nos quatro?
— Nos três - disse Aymee ainda de olhos arregalados - Jesus ali pode atravessar caminhando.
— Você está morrendo de inveja né? - disse Lara subindo sobre a balsa, que suportou.
— Ah! Mas ele vai me ensinar esses truques - disse a garota ainda o olhando fixamente e subindo a balsa.
— Espero que ensine a todos nós - disse Lipe - sempre quis ser um ninja que caminha sobre as águas - e riu o rapaz que aos poucos começava a se acostumar com todas aquelas coisas extraordinárias e surreais.
As garotas desceram e buscaram as bolsas que Lipe e Aymee haviam achado e subiram na balsa. Lipe a empurrou com força, vencendo as pequenas ondas, tentando evitar que essas danificassem a balsa improvisada. Finalmente venceram as ondas e ele subiu sobre ela com cuidado para não a desmanchar. O velho senhor João, magicamente caminhou até eles, subiu a balsa que pareceu afundar um pouco, mas suportou tranquilamente o peso dos quatro e então tocou o velho bastão enfeitado com penas, sementes e cordões na água e falou em uma língua estranha e desconhecida para os três. Eles sentiram um leve arranque na balsa e perceberam que uma pequena onda empurrava a mesma para longe da praia e para mais próximo dos pés do antigo morro do velho convento.
Finalmente eles chegariam ao destino que o velho homem tanto insistia.
Quase metade do caminho já havia sido percorrido. Eles iam em direção a pequena praia antes conhecida como "prainha". De lá, teriam acesso à antiga subida para o convento, que mesmo estando completamente destruída, ainda assim, era um dos lados mais fáceis de se subir o morro. Dali, em meio ao canal, era possível ver a ilha de vitória mais claramente. Não sobrou quase nada de vestígio de civilização. Se alguma forma de vida vinda de outro lugar chegasse naquele momento a terra, teriam dificuldade de descobrir que ali um dia, habitou uma raça que se considerou civilizada e ocupou o topo da cadeia de seres vivos do planeta. Que dominou e quase destruiu o mundo.
Olhando para o outro lado puderam ver o antigo quartel do exército, tomado por uma floresta densa e alta, mas não se via nada além de árvores e plantas. Nem se saberia que ali um dia foi o quartel do exército. Foi possível ver o convento ainda de pé. Árvores imensas e surreais cresceram no alto do morro, quase o cobrindo por completo, por isso não puderam ver de onde estavam, mas um trecho de rocha lisa à frente do alto do morro permanecia sem vegetação alta e dali, de onde estavam agora na água, era possível ver o convento aparentemente intacto. Coberto de raizes e plantas, mas parecia ter resistido a todo processo de mudança do mundo. Eles mal podiam esperar pela chegada. Apesar de famintos, não estavam exaustos como deveriam estar após tudo que fizeram sem parar até então. O que seria muito estranho, se eles tivessem percebido isso, mas como o corpo ainda não reclamara de cansaço ou fraqueza, eles não haviam notado o quão mais fortes e resistentes eles estavam.
Ainda não estavam próximos à praia almejada, era possível ver as ruínas da ponte dali e o velho Porto ao longe. Quando um som assustador veio da floresta próxima da onde eles zarparam. Eram grunhidos e rosnados, possivelmente de cães, mas anormalmente mais graves e enfurecidos. Logo após o grito de uma garotinhas ecoou em meio a floresta. Eles ficaram tensos, era possível ouvir o barulho em meio a floresta de algo se movimentando, mas era um barulho um tanto quanto alto para uma pequena garotinha fazer, de galhos quebrando e folhas a farfalhar. Alguma ou várias coisas consideravelmente grandes possivelmente corriam atrás da dona daquela voz e de repente, do meio da densa floresta, rompeu correndo um jovem homem e uma garotinha de aparentemente onze anos. Esses corriam sem parar ou olhar para trás e entraram na água desesperadamente sem pensar duas vezes, quando algum tempo depois, criaturas imensas, do tamanho de novilhos saíram da floresta, visivelmente furiosas e perseguindo os dois.
Todos na balsa ficaram nervosos. Então Felipe disse:
— Faça alguma coisa senhor João!
— Estamos longe, não sei se consigo chegar a tempo. Ainda não tenho forças para fazer algo a essa distância.
— Caramba! - disse Aymee - eles vão pegar os dois.
— Aí meu Deus! - disse Lara tensa com a situação.
Os dois na praia tentavam se distanciar mar a dentro o máximo que podiam, na tentativa de fugir do ataque das criaturas que pareciam imensos cães, tão grandes quanto bezerros, mas um deles se destacava. Era imenso e negro, do tamanho de um imenso touro aproximadamente. Os animais pararam próximos à praia rosnando e latindo, um latido que mais parecia um grunhido grave e enfurecido. Porém o imenso cão negro, que possuía um densa camada de pelo ouriçados, entrou no mar atrás do dois. O jovem homem, que parecia nadar muito bem não ganhava distância tentando levar consigo a garota, que nadava desesperada e assustada sem soltar-se dele. Daquele jeito eles não conseguiriam escapar.
O cão monstruoso se aproximava dos dois e Lipe não pensou duas vezes e saltou da balsa no mar e começou a nadar o mais rápido que pode em direção a eles, pois se ninguém ajudasse, possivelmente algo de ruim aconteceria à aqueles dois e ele não suportaria mais ver gente morrendo a sua volta sem fazer nada para ajudar.


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Notas finais do capítulo

*Modificado e Corrigido em 03/06/2016, às 10:20 a.m.



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