Criados - A Família escrita por Guilherme Almeida
Notas iniciais do capítulo
Essa parte é só para mostrar o clima do livro algumas paginas a frente. continue lendo e você vai entender toda a teia que construí. [ comente ]
Prólogo: O meu pedaço de futuro infernal
— Ian, por favor vamos - suplica a menina.
Continuávamos a correr pela floresta. Os galhos secos quebravam debaixo de nossos pés, denunciando a nossa posição, a terra molhada nos fazia escorregar, nos retardando ainda mais. Minha pulsação batia como tambores na minha cabeça, me impedindo de escutar qualquer coisa. Uma árvore caída para pular, e outras cobertas de musgo para desviar.
Eu estava atordoado. Sentia uma forte dor na parte de trás da minha cabeça, e ao colocar a mão numa tentativa de avaliar os danos, sinto o liquido quente e viscoso que cobre minha nuca. Prefiro nem olhar.
Com o crepúsculo já acabando, duas coisas me botavam medo. A primeira, parecia que estávamos passando pelo mesmo lugar repetidas vezes. A segunda, o que não podia sair a luz do sol, agora sai. Eu já estava mais do que aterrorizado.
A garota que segurava minha mão não parava de me invadir a memoria. Toda vez que ela me olhava com aqueles olhos castanhos brilhantes, pequenas lembranças se mostravam na minha mente. Lembranças que mesmo sem eu entender, eram felizes e boas, muito diferente de qualquer aspecto do que nos estávamos vivendo ali. Ela estava muito machucada. A mão queimada, um corte gigante no tornozelo, um arranhão na testa. Tudo isso me veio em mente e me deu uma sensação de pavor. O problema é que eu nem sabia quem era ela, ou por que eu estava com medo e correndo por ela. Para onde estávamos indo? Aonde estávamos? Só sei que ela estava sofrendo, e isso me consumia.
A necessidade de salva-la, e deixa-la segura regia meu corpo e me fazia correr mais rápido. Agora não era ela quem me puxava e sim ao contrario. As arvores começam a passar muito rápido. Eu nunca tinha corrido assim antes, e nem sabia se era possível. Mas se essa era a solução, correr mais rápido - e eu sabia que era - então era isso que eu ia fazer. Chegou um momento que eu não sabia se estava correndo ou voando, o vendo me arranhava e o chão era um borrão em baixo de mim. A sensação era boa, até eu ouvir um impacto seguido de um grito que corta o ar. Eu não estava mais de mãos dadas com a menina.
— Não, não, não! - eu falo me aproximando dela, caída ao lado de um tronco. Eu corri rápido demais e não observei se ela me acompanharia. As lagrimas turvam minha visão - NÃO! Me desculpe por favor!
— Ian, vá na frente - ela mau consegue por as palavras para fora - eu lhe alcanço!
— Já estamos perto, você consegue - estamos perto de onde? - Vamos por favor - as lagrimas jorram quando vejo minhas mãos banhadas em sangue proveniente de um novo corte na coxa direita dela - O que ... oque eu faço com isso? - falo já preparando minhas mãos.
— Nada! Ian não gaste suas força agora! Estamos perto, eu sei que estamos ...
Ela tenta completar mais não consegue. Seu rosto, mesmo contorcido de dor, manchado de terra e sangue, consegue me passar uma mensagem: conseguimos.
O rosto dela começa a ser iluminado por uma luz azul forte, que também ilumina toda uma região da floresta. Quando eu olho para trás, la esta ele. A uns dois metros de mim, o globo de plasma azul que flutuava parecia estar envolto por uma nevoa. Era lindo. Era a suposta solução dos nossos problemas.
— Vamos, esta ali, você só precisa toca-lo - falo eu cada vez mais angustiado. Ela não ia suportar muito tempo.
— Não, você vai toca-la. Vá antes que ela suma.
— Não vou sair e deixar você AQUI! - Desespero. Começo a ver pontos pretos na minha visão, estou tonto.
Escuto passos na floresta.
— Ian toque no globo, e depois me dê a mão, vai dar certo. Vá - Ela coloca a mão no meu rosto - faça isso.
Eu a olho bem. Os olhos castanhos brilhando fracamente, sem força. O rosto pálido e contorcido, mas mesmo assim capaz de contar uma mentira quase perfeita: vai da certo.
— Você sabe que não vai ser como esperávamos, eles vão me matar. Este lugar é a minha melhor chance.
— Não ...
— Ian, toque na bola - as lagrimas dela escapam, mas eu já estou nos soluços - e depois toque em mim.
Pensando em como absorver o máximo daquele momento, olho para ela. Tiro uma folha seca que ficou presa em uma de suas mechas agora curta. Como eu sinto falta daquelas cascatas de caxos castanho-avermelhado.
Mesmo com a noite já estabelecida, não se ouvia nada alem do som que nos mesmo provocávamos.
— Eles pararam de nos seguir - ela fala - eu vou ficar bem. Se salve para depois vir aqui e me salvar. toque no globo e depois toque em mim.
— Eu te amo.
— toque no globo, Ian.
— Sobreviva, por favor, sobreviva - falo tentando controlar meu choro.
Com o globo agora a menos de um metro de mim, seguro o choro e me forço a olhar para ela, tentando transmitir tudo oque não consigo dizer. Eu toco no globo, e pego a mão dela. A ordem errada.
— Eu te amo - ela diz.
Sinto um puxão na minha mão e o cenário muda. De floresta a noite para um estadio romano ao por do sol. A multidão faz silêncio. E então eu olho para a minha mão, que deveria estar segurando uma outra. Eu não sei exatamente o por quê, só consegui gritar, berrar e chorar pela minha perda enquanto todos me escutavam silenciosamente.
Sinto que depois de perder a voz, eu desmaio nos braços de alguém. E é sempre ai que eu acordo de uma noite de sono muito mal dormida.
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eai, o que achou? legal? Cansativo? escreve tua opinião nos comentários ou se achar melhor me envia uma mensagem.
Vou tentar postar o próximo capitulo semana que vem na quarta também, pode ser? VLW FLW
P.S.: Desculpa por qualquer erro de ortografia, eu sou péssimo nesse quesito.