Vortex Club. O clube mais elitista que alguém poderia imaginar. Pelo menos era isso que a maioria das pessoas dizia. Metade de Blackwell os odiava, e a outra era constituída de membros ou pessoas que desejavam ser. Emma estava no meio termo. Ela não particularmente gostava das pessoas que faziam parte do grupo, mas também não tinha vontade alguma para entrar no meio dessa confusão.

Porém aquele era um dia diferente. Após perder uma aposta para seu amigo, Evan, ela teria de ir a uma festa deles para “curtir”. A garota não podia negar que estava animada, sua vida estava ficando estressante recentemente. Provas, trabalhos, um ex-namorado babaca, muitas coisas acontecendo em um curto espaço de tempo. Uma festa lhe faria bem. Pelo menos era isso que esperava.

Ao chegar à área da piscina ela ficou surpresa de ver que conhecia a maior parte das pessoas que estavam por lá, mas certamente não lhe serviriam para fazer companhia, todos estavam absurdamente bêbados ou drogados. Quanto mais andava pelo lugar mais se arrependia de ter aparecido por lá. Boa parte da festa estava encoberta por fumaça, o que a fez tossir por um longo tempo antes da ideia de ir embora passar pela sua cabeça.

— Você veio! – Emma ouviu uma voz conhecida exclamar atrás dela. Evan. Finalmente.

— Eu não quero ter que pagar a aposta correndo de roupa de banho por toda Blackwell, obrigada. – a garota sorriu sarcasticamente, o que fez Evan rir – O que está fazendo de interessante por aqui? Pensando em se juntar a algum grupo da alegria no meio dessa fumaça?

— Na verdade eu só queria ver se você viria. – ele deu de ombros – Além do mais, festas sempre são boas para se socializar. Socialização leva a indicações no ramo de trabalho, devia tentar a qualquer hora.

— Ah certo, tenho certeza que minha carreira estará garantida se me enturmar com Hayden. Valeu Evan.

— Não ele. Esse é um bom jeito de saber com quem conversar, pequeno pássaro. – ele deu leves tapinhas na cabeça da garota loira – Só os sóbrios. – e então começou a andar para longe – Vou te deixar voar sozinha. Nos vemos por aí.

— Preconceituoso. – Emma fez questão de falar em alto e bom som para que ele ouvisse, fazendo-o rir e lhe responder algo que não pode ouvir pelo volume da música que parecia mais alto a cada segundo que se passava.

Pessoas pulando, dançando, se esfregando era o que ela podia ver por todos os lados. Como Evan havia conseguido achar alguma pessoa sóbria para “socializar”?

A garota soltou um suspiro, indo em direção a parede mais próxima para se escorar. Nunca mais apostaria nada com ninguém.

— Veja quem está aqui. – uma voz masculina a chamou atenção por sua proximidade de seu corpo – Emmeline McCarthy veio a nossa festa.

Nathan Prescott. O “líder” do Vortex Club. Ela já tinha o visto ao redor do campus, já chegaram a trocar alguns olhares, mas Emma sempre tentou manter certa distância do garoto, não desejava atiçar o lado ruim dele. E pela falta de contato que tinham, ela ficou surpresa ao descobrir que ele sabia seu nome.

— É, sempre fui do tipo “party gurl”.— ela deu de ombros, fazendo o garoto sorrir maliciosamente.

— Desculpe então, mestre das festas. – ele se escorou ao seu lado – Espero que a nossa esteja te agradando.

Emma começou então a analisar o local: Evan estava conversando com um grupo de pessoas em uma parte mais calma do lugar; alguns adolescentes que ela não conhecia estavam jogando pessoas aleatórias dentro da piscina; e a garota jurava que tinha visto alguém sem a parte de baixo de seu biquíni. Eca. Que deselegante.

— Um pouco exagerado. – sua voz aumentou quando a música começou a ficar mais alta do que antes. Ela com certeza sairia surda daquele lugar.

— Não seja tão sem graça. – ele reprovou – Só estamos relaxando depois dessa semana de merda que tivemos. Deveria tentar fazer isso também.

— É, tá bem. – a loira deu de ombros.

— Estou falando sério. – Nathan se desencostou da parede e puxou a garota cuidadosamente pelo braço – Venha se divertir.

Emmeline sabia que provavelmente não adiantaria negar. Ela estava ali pra isso afinal, esquecer a semana de merda que estava tendo. Só não esperava que Nathan Prescott que lhe ajudaria a esquecer de tudo.

A garota deixou ser levada até perceber que ele estava a guiando para fora da festa. O que estava planejando? Ela se soltou do aperto do garoto, fazendo-o revirar os olhos e segurar seu braço novamente, agora com um pouco mais de força. Emma suspirou e olhou para trás antes de sair pela porta do lugar. Pôde ver Evan a encarando, ele não pareceu gostar do que via, mas a deixou ir de qualquer jeito.

Ao final, após alguns minutos andando, descobriu que Nathan a estava levando para o dormitório masculino. Os pés dela travaram, e até mesmo quando Prescott tentou puxa-la novamente eles continuaram no mesmo lugar.

— Não vou entrar aí! – ela exclamou como se ele fosse maluco por cogitar essa ideia.

— Sem frescura. – Nathan murmurou, tentando puxa-la novamente.

— Não! – a loira se soltou novamente – Eu posso ser expulsa se for pega aí, Nathan!

Fora a vez do jovem de encara-la como se fosse louca.

Então lhe caiu a ficha.

Nathan tinha a escola e o diretor na palma de sua mão. Ela não se encrencaria enquanto estivesse ao lado dele.

Emma suspirou, começando a andar por conta própria em direção ao dormitório. Isso pareceu, de alguma forma, agradar Nathan, que riu, indo logo atrás dela.

A garota parou ao chegar no corredor, observando os quartos e tentando adivinhar de quem seriam. Ou ao menos tentando achar o de Evan, o que não foi difícil, já que ficava logo na entrada do lugar. “O Vortex Club é uma porcaria – com amor, Evan”. Original. Ela apagou, escrevendo em seu lugar um simples “A amizade é mágica” com um pequeno pônei ao seu lado.

— Feito. – murmurou, soltando uma leve risada.

— Eu não vou questionar. – Nathan disse virando o corredor – Vem.

A loira entrou no quarto do garoto. Bizarro foi a primeira palavra que passou em sua mente. Em meio ao chão, Nathan colocou um narguilé. Os olhos da garota se arregalaram. Era essa diversão de que ele falara?

O Prescott se sentou no chão em volta do objeto, e após alguns segundos sem reação nenhuma de Emma, ele indicou que sentasse em sua frente. O que ela fez cautelosamente.

— Eu não sei como isso funciona. – disse encostando-se ao pé da cama do garoto, enquanto ele acendia o fogo embaixo do objeto.

— Sugue. – respondeu sem ao menos lhe lançar o olhar – Depois solte.

Emma lentamente se dirigiu a uma das mangueiras, fazendo o que Nathan mandara. Sugou a essência expelida, se engasgando com a fumaça, o que fez o garoto rir. A mesma coisa se repetiu das vezes que se seguiram, até que ela pegou o jeito de como fazer corretamente.

Após algum tempo conversando com Nathan e vendo-o juntar bebida com a droga, ela tinha certeza que estava se divertindo. Ele parecia estar um pouco fora de si devido a mistura que havia feito. E em algum momento daquilo, ele começou a encara-la e a sorrir.

— Você até que é bonitinha. – murmurou.

— E você está chapado. – ela riu e Nathan se arrastou até chegar ao seu lado, encostando-se a sua cama.

— Nah, sempre achei isso. – ele deu de ombros enquanto a encarava intensamente – Eu te quero já faz um bom tempo, mas você sempre se afasta antes que eu tenha alguma chance contigo.

E no momento seguinte tudo que Emma sabia era que os lábios duros de Nathan estavam grudados nos dela. Ela não sabia como reagir inicialmente, mas logos os seus olhos se fecharam e suas mãos foram em direção ao cabelo do jovem, que dirigiu suas próprias mãos para a cintura da loira. E ficaram desse jeito até que precisassem recuperar o ar; as testas dos dois encostadas e a respiração de ambos descompassada.

— O que diabos foi isso? – ela sussurrou.

— Nós – Nathan voltou a encostar-se à cama – “Nós” se tornando real.

Emmeline sentiu uma felicidade incomum preencher seu corpo. Não sabia se era por Nathan ou pelo narguilé que usaram. Talvez uma mistura dos dois.

A loira deitou sua cabeça no ombro do garoto, que voltara a colocar a antiga mangueira de Emma em sua boca. A garota se permitiu soltar um sorriso e fechar seus olhos. Ela tinha se divertido. Ela nem se lembrava mais do que a preocupava.

O garoto Prescott a observou adormecer em seu ombro e sorriu. Ele colocou um de seus braços em volta da cintura da garota, puxando seu corpo para mais próximo dele, fechando os olhos e relaxando logo em seguida. Nathan deve ter adormecido nesse momento, pois quando seus olhos voltaram a abrir, embora parecesse não ter passado nenhum minuto sequer, a luz brilhava para dentro do quarto e Emma não estava mais em seus braços. Ela não estava em nenhum lugar de seu quarto.

Aquilo o incomodou pelo resto da manhã que ele passou em seu quarto, até que ele decidiu finalmente sair do lugar, encontrando Hayden, que o lançou um olhar malicioso.

— Noite boa, hein? – o amigo lhe disse antes de entrar em seu próprio quarto.

Nathan ficou confuso e parado no corredor por mais alguns segundos antes de se virar para a placa ao lado de sua porta, notando que o clássico “Os Prescott’s governam essa cidade” tinha sido substituído por “Uma semana de merda não me parece mais tão ruim assim".