O Príncipe de Prata escrita por starhavenkryp


Capítulo 1
Os meninos que sobreviveram.




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 A noite úmida de ventania, duas crianças vestidas de abóboras atravessavam a praça bamboleando, e as vitrines das lojas cobertas de aranhas de papel, todos os adornos baratos e kitsch dos trouxas simbolizando um mundo em que eles não acreditavam... e ele seguia deslizando, aquele senso de propósito e poder e correção que sempre experimentava nessas ocasiões... não raiva... isso era para almas mais fracas que ele... mas triunfo, sim... esperava por isso, desejara isso.

— Bonita fantasia, moço! 

Ele viu o sorriso do menino vacilar quando se aproximou o suficiente para espiar sob o capuz da capa, viu o medo anuviar o rostinho pintado: então a criança deu meia-volta e fugiu correndo... por debaixo da veste, ele acariciou o punho da varinha... um simples movimento e a criança jamais chegaria à mãe... mas desnecessário. Muito desnecessário.

E, ao longo de uma rua escura, ele caminhou, e agora seu destino estava finalmente á vista, o feitiço fidelius desfeito, embora os moradores ainda não soubessem, e ele fez menos ruído do que as folhas mortas que esvoaçavam pela calçada quando se emparelhou com a sebe escura e espiou por cima.  

Eles não tinha fechado a cortina, viu-os claramente na pequena sala de visitas, o homem alto de cabelos negros e óculos, fazendo baforadas de fumaça colorida saírem de sua varinha para divertir as duas crianças dentro de um cercadinho. A criança de cabelos acaju, o mais novo, ria e tentava pegar a fumaça, segurá-la em sua mãozinha fechada. O mais velho parecia não ligar para as travessuras do pai, seus olhos percorreram cada canto da sala até parar em um ponto específico, olhava através da janela diretamente para onde ele se escondia.

E então sua atenção foi desviada quando uma porta abriu e a mãe entrou com um pequeno bebê em seus braços , dizendo palavras que ele não pôde ouvir, seus longos cabelos acaju caindo pelo rosto. O pai ergueu o rapaz mais novo e o embalou em seus braços, dando a mão para o outro rapaz que a tomou ansiosamente, seguindo o pai pelas escadas, não sem antes lançar um último olhar pela janela, diretamente onde o Senhor das Trevas estava.

Um sorriso de escárnio adornou os lábios esbranquiçados do homem na sebe quando os pais, que haviam posto as crianças para dormir, desceram as escadas e se prostaram de frente para a lareira. Quando as chamas morreram e os dois adultos deixaram a casa, o homem na sebe aproximou-se do portão e o empurrou, produzindo um leve rangido. Sua mão branca tirou a varinha sob a capa e apontou-a para a porta que se abriu com violência. Já havia atravessado a porta quando o choro de uma das crianças ecoou pelos corredores vazios da casa. Apontou a varinha para a lareira que os pais usaram para saírem da casa e riu antes de lançar o feitiço.

— BOMBARDA! - o clarão vermelho inundou o hall apertado, iluminou o carrinho do bebê encostado à parede, fez os balaústres da escada lampejarem como raios e a lareira se reduziu a pó, acabando com as chances dos pais de voltarem para casa utilizando o flú.

Ele ouviu o choro das crianças no segundo andar, encurralados... Ele subiu as escadas, seguindo o choro que aumentava mais conforme ele se aproximava de seu destino. Confiança. Essa era uma palavra que o Lord das Trevas desconhecia. Em todos os seus cinquenta anos de vida, o Lord das Trevas nunca encontrou alguém digno de sua confiança. Nem mesmo Bellatrix Lestrange, sua mais leal seguidora. Sua ordem era governada pelo medo, agressividade e manipulação. Lilian e James Potter eram cegos pela falsa confiança. Confiaram em Peter e em Dumbledore para protegerem seus dois filhos. E agora seus filhos pagariam o preço pela escolha errada que fizeram. Com um simples movimento da varinha, ele abriu a porta do quarto onde as crianças estavam. Dois berços estavam na extremidade oposta da janela do quarto, um pequeno vão separava os dois berços e, parada em frente a esse vão, estava Augusta Longbottom, toda confiante agarrando-se em sua varinha e tentando, inutilmente, esconder o rapaz de quatro anos atrás de si própria.

 

— Ora, ora, ora... É isso que Dumbledore deixou para proteger os garotos da profecia? - sua voz reverberou pelo quarto agora silencioso. As duas crianças no berço haviam parado de chorar e, como o rapaz atrás da saia de Ausgusta, observavam o duelo. Voldemort estava momentaneamente surpreso com a presença da matrona Longbottom, havia deduzido que as crianças estivessem sozinhas enquanto seus pais marcavam presença no baile do Ministério.

— Saia daqui, Voldemort. Você não tocará em nenhum fio de cabelo dessas crianças. - respondeu bravamente, apontando a varinha para o Lorde das Trevas. Estava tremendo levemente, o medo ameaçava tomar controle de cada pequena fibra de seu ser, mas no último momento ela exalou o ar profundamente e estufou o peito, fazendo uma promessa para si mesma de que protegeria aquelas três crianças que ela amava fortemente como se fossem suas próprias.

— AVADA KEDRAVA. - gritou o Lorde das Trevas, apontando a varinha diretamente para o peito da mulher. O clarão verde iluminou o pequeno quarto, iluminou os berços no canto da parede e as duas crianças que haviam começado a chorar novamente quando viram a única pessoa que os protegia da morte cair no chão como uma marionete cujo os cordões haviam sido cortados.

— Neville Longbottom e Charles Potter... nascidos no fim do sétimo mês... as crianças da profecia. ­- murmurou, aproximando-se dos berços onde estavam as crianças. Mas seu caminho foi interceptado pelo garoto mais velho que, outrora estava atrás de Augusta. Valentemente o rapaz portava a varinha da falecida Longbottom e se prostou no caminho entre os bebês e Voldemort.

— Deixe meu irmão e o Nevi em paz! - gritou com raiva, sentindo as lágrimas caírem por sua bochecha. O rapaz de cinco anos estava com medo do homem que havia invadido sua casa, estava com medo do homem que havia matado sua "avó", estava com medo do homem que ameaçava seu irmão e seu primo. Mas ele também estava com raiva. Quando viu sua avó ser abatida pelo homem algo estalou dentro de si. Ele não sabia o que era, não entendia. Mas era como se pudesse sentir cada grão de magia de Augusta sendo passada para seu corpo, podia ouvir a voz dela ecoando distante em sua mente dizendo inúmeras vezes "você é forte, Harry. Você vai conseguir protegê-los. Eu estou com você agora e sempre." - ABRACADABRA!

Para a surpresa do Lorde das Trevas, um feixe de luz verde saiu da varinha e voou em seu encontro. Habilmente, o Lorde das Trevas ergueu sua varinha e conjurou um escudo que agiu de forma bastante eficaz contra o feitiço do rapaz. Silenciosamente o Lorde das Trevas lançou um expelliarmus contra Harry e o desarmou.

— CRÚCIO! - os gritos de Harry reverberaram pelo quarto, se sobrepondo ao choro de Neville e Charles. Durante vários segundos o Lorde das Trevas segurou o feitiço contra o rapaz de cinco anos que estava quase beirando na inconsciência. Sua garganta ardia de tanto gritar e não tinha mais forças para segurar as lágrimas que caíam livremente e descontroladamente por suas bochechas.

— Quem é você, rapaz? - questionou, depois de cancelar o feitiço. Encarava o rapaz com um fascínio absoluto, o poder que rolava dele era algo que impressionara o Lord das Trevas.

— Harry Potter. - a voz de Harry não passava de um simples e doloroso sussurro. Colocou-se de pé mais uma vez, usando suas últimas reservas de força.
     

— Você verá agora, Harry Potter, como eu vou matar seu irmão e o menino Longbottom. E depois disso... Eu matarei você. - dando as costas para Harry, o Lorde das Trevas apontou sua varinha para Charles e gritou a maldição da morte.

— AVADA KEDAVRA! - e pela segunda vez naquela noite, um clarão verde inundou o pequeno quartou e o feixe de luz foi de encontro com sua próxima vítima. No último segundo, Harry se lançou na frente de Charles e absorveu a maldição da morte, seu corpo produzia um leve brilho dourado que era visível saindo do corpo de Augusta também. O que aconteceu em seguida era algo que ninguém poderia explicar. A maldição da morte que chocou-se contra Harry voltou-se para o Lorde das Trevas e o transformou em simples poeira. O único sinal da batalha naquele quarto era o corpo inerte de Augusta Longbottom, o manto do Lorde das Trevas, o corpo de Harry caído em baixo do berço com um corte no formato de raio no meio de seu peitoral onde a maldição havia o atingido. Neville e Charles ainda choravam, ambos carregavam uma cicatriz semelhante na testa, uma linha formada pelo pedaço do berço que havia sido solto e voado diretamente para os dois. Uma cicatriz que ficaria ali permanentemente e a mesma cicatriz que originaria o maior erro de Alvo Dumbledore.

 

HORAS DEPOIS. 

 

Os Potter e os Longbottom esperavam pelas notícias de Dumbledore que estava checando as crianças há mais de meia hora. Lágrimas escorriam pelo rosto das mães que desesperadas queriam saber o estado de seus filhos. A festa tinha acabado há pouco tempo e só quando chegaram em casa, através de aparatação, foram informados da batalha que havia tido ali. Os dois bebês estavam chorando altamente quando chegaram, o corpo de Harry ainda estava repousado sob o berço e Lilian temeu que tivesse perdido seu filho mais velho. O que se provou errado quando Dumbledore o acordou e questionou sobre o que havia acontecido ali.

— Não sei, senhor. Só lembro da avó apontando a varinha para mim e o resto se tornou escuro. Eu dormi. - ele respondeu simplesmente, sua voz estranhamente forçada.

— A profecia se cumpriu...- Dumbledore murmurou, coçando sua longa barba e fitando os Potter e os Longbottom por cima de seus óculos. - Eu vos apresento, Neville Longbottom e Charles Potter, os meninos da profecia, os garotos que derrotaram o Lorde das Trevas.

Os quatro adultos empalideceram e se entreolharam, tentando entender o que tudo aquilo significava para o futuro de seus filhos. E, no canto do quarto, Harry chorava silenciosamente pela morte de sua avó e pelo futuro que lhe aguardava. 

 


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