Depois da discussão que tivemos em sua casa, saí de lá de dentro decidida, e comecei a andar pelo local que antes me impunha medo com passos firmes. Não que o local ainda não me intimidasse, mas não ficaria usando de escudo uma pessoa que poderia pensar mal de mim por uma boa ação que tinha feito.

Ele veio logo atrás e me segurou pelo braço. Por alguns segundos me perdi naquele toque, porém depois puxei com força meu braço desprendendo dele.

— Não deveria passar por aqui sozinha. Já lhe disse é perigoso.

— Não necessito de sua proteção senhor Grissom. Ande logo, ou não quer ver seu filho?

Continuei na frente, por sorte não tive de voltar atrás na minha palavra, pois apesar do local ser completamente perigoso nada ameaçador havia ocorrido até chegarmos ao carro que por sorte estava intocado. Entrei ao lado do motorista e ele do passageiro.

A viagem fora completamente silenciosa até o hospital. Ao chegarem, logo na sala de espera Sara perguntou sobre Arthur, e logo poderiam visita-lo.

Sentados, Grissom estava impaciente. Eu também. Porém logo Hank se aproximou e ambos nos levantamos para falar com ele.

— E então? Como ele está? – Grissom perguntou preocupado.

— Os exames só sairão amanhã, ainda está em observação, porém vocês podem entrar para vê-lo. – Hank não deu muitas explicações e nem esperava isso.

— Senhor Grissom, pode entrar para vê-lo, eu tenho outra coisa a fazer.

Pude ver Grissom entrando na UTI infantil, e eu peguei o elevador. Quando o elevador parou no terceiro andar, já sabia o caminho de olhos vendados. Meus passos que até então eram firmes e decididos agora já não se coordenavam tão bem, minhas pernas eram trêmulas e meus olhos mesmo contra minha vontade começaram a ficar mareados.

Não tive coragem de entrar no quarto hospitalar, apenas fiquei olhando de longe, através do vidro e minha realidade voltava a tona. Não sei quanto tempo fiquei imóvel olhando para aquela cama de hospital que carregava parte do meu coração, porém senti algum tempo depois uma mão em meu ombro.

— Fazia tempo que não vinha aqui. – Era meu pai, em seguida ele levou as mãos ao meu rosto e começou a secar minhas lágrimas.

— Umas semanas apenas.  Ando muito fraca... – Respirei pesadamente, sentia-me um lixo por estar vindo ali cada vez menos.

— Você precisa de um tempo, desprender-se é bom. Você sabe melhor que eu que é um milagre o coração ainda estar batendo. – Ele levou a mão ao topo de minha cabeça e acariciou-me os cabelos.

— Eu preciso ir.

Tive de sair rápido dali. Desde a última visita havia prometido que não voltaria mais àquele quarto, e não conseguia. Depois de um ano sem inteiro sem sair dali um dia se quer, emagreci dez quilos e minha saúde estava debilitada. Depois de uma infecção grave por não me cuidar direito, mudei minha vida e comecei a aparecer no hospital cada vez menos. Menti para meu pai, fazia muito mais que semanas, fazia pelo menos dois meses que não ia ali.

Sequei meus olhos e tentei manter minha aparência. Quando cheguei ao saguão, Grissom já estava ali. Devia ter ficado lá mais tempo que imaginara já que a visita na CTI dura em torno de meia hora.