Já era de manhã quando levaram Sophia para o quarto, igualmente consegui ficar a noite inteira com ela na UTI. Ela ainda não havia acordado, os sedativos tinham sido intensos durante a noite por que a cirurgia a deixaria muito dolorida, porém após examinarem ela para manhã já lhe mandaram para o quarto e começaram aos poucos diminuírem os sedativos.

— Se por acaso ela acordar com muita dor, ou tiver alguma alteração aumentaremos os sedativos por mais algum tempo. – Hank me informou. – Mas a principio a cirurgia foi um sucesso. – Ele me disse com um sorriso amplo nos lábios.

O vi se aproximar de nossa filha, tão pequena em volta de tantos aparelhos de monitoramento e levar seus lábios até as bochechas dela dando um beijo suave. Ouvi quando ele murmurou para ela:

— Te amo filha.

Quando ele me fitou, meus olhos estavam fixos nos dele. Ele então fez a volta na cama hospitalar, puxando uma cadeira e sentando-se a minha frente, eu estava na poltrona reclinável a poucos centímetros de Sophia.

— Sabe Sar, eu fui um idiota e eu sei que me culpa por tudo isso. – Ele suspirou olhando Sophia por alguns segundos e depois voltando a olhar para mim. – Porém agora Sophia tem uma nova chance, e nós também. – Senti algo embrulhar no estomago. Nós? O que ele queria dizer com nós?

— Nós?  - Fitei-o incrédula.

— Desculpe, me expressei mal. – Ele sorriu constrangido. – Eu digo “nós” em relação a ela, eu sei que não mereço, mas quero ser o pai dela mesmo. Quero visita-la, ajuda-la durante a recuperação não apenas como médico, mas também como pai.

— Durante esse período que Sophia esteve aqui, você pouco a pouco foi se redimindo Hank. Você é o pai dela, e nem mesmo que eu quisesse isso iria mudar. Apenas quero te afirmar uma coisa, a guarda dela será minha. – Disse séria. – Como sempre foi.

— Nem havia pensado ao contrário. Eu só queria visita-la, que ela dormisse em minha casa às vezes, e que fosse eu quem ela chamasse de pai e não outro homem com quem você se envolva.

Sorri para ele, e ele sorriu de volta para mim, era como se houvéssemos selado aquele acordo em silêncio. Hank fora o primeiro a se levantar e eu me levantei logo em seguida, aproximamo-nos até que abrimos os braços e nos abraçamos afetuosamente. Apoiei minha cabeça em seu ombro, e ele acariciou levemente minhas costas.

— Obrigado por tudo Sar, obrigado pela Sophia.

— Obrigado por salvá-la. – Respondi em seguida com a voz embargada, mal estava acreditando que teria minha filha de volta finalmente.

Ouvi a porta do quarto de Sophia se abrir, afastando-me de Hank e pouco a pouco me desvencilhando de seu abraço, virei-me para ver quem estava lá. Encontrei um Gil estático, fitando-me sério como se não houvesse acredito no que acabar de ver.

Logo Hank e eu percebemos o ciúme que ardia em seus olhos, Hank saíra do quarto em seguida trocando um olhar feroz com Gil, na realidade somente Gil tinha um olhar feroz. Fechei os olhos por alguns segundos, sabia o que viria a seguir. Foda-se, pensei em seguida, não daria explicação alguma.