Após tirar as coisas da mesa, e discutir com Lilly sobre quem iria lavar as coisas, fui até o escritório, entrei e fechei a porta atrás de mim, Damon estava sentado em frente ao notebook e digitava algo.

— Você está bem? – perguntei ao me aproximar.

— Estou, desculpa pelo meu chilique, você não tem nada ver com isso – fiquei parada ao lado dele, ele me puxou me fazendo sentar em seu colo, e passou uma mecha do meu cabelo para trás da orelha.

 - Por que você ficou tão irritado?

— Não gosto quando minha mãe faz coisas assim, já não é a primeira vez, mas agora eu não moro sozinho, tenho você, e ela não entende.

— Tem certeza que é só por isso? – ele suspirou, não era só por isso.

 - Na verdade não – ele passou as mãos nas minhas coxas – mas você não vai gostar do outro motivo.

— Pode me dizer.

— Você sabe que eu até um pouco antes de te conhecer era muito galinha né? – concordei com a cabeça, e não estava gostando do rumo dessa conversa – Quando eu estava morando sozinho, na nossa antiga casa, essa minha prima, Kate, eu a encontrei em uma boate que eu frequentava, e nós não nos víamos a muito tempo, passamos a noite toda conversando, e bebendo,  e bem – ele coçou a garganta – nós fomos para a minha casa, e acabamos ficando – ele deu uma pausa, me analisando, permaneci do jeito que estava – e bom, minha mãe nunca soube disso, foi apenas uma ou duas vezes, e nós concordamos que ninguém precisava saber.

— Você ficou com a sua prima? – minha expressão ainda era a mesma, de nada, ele assentiu, eu respirei fundo, mordi o lábio superior – então a sua prima, a prima que você ficou, vai no nosso casamento? E vai passar alguns dias aqui, na nossa casa?

— Sim, mas você sabe que isso não é minha culpa, foi a minha mãe, eu por mim nunca mais a veria.

— Tudo bem – assenti – mas eu só te falo uma coisa, Damon Salvatore – aproximei meu rosto do dele – não quero essa garota de graça com você, e muito menos você com ela.

— Você ciumenta me excita sabia? – ele riu e me beijou.

                                                                                                              *

 Eu estava acabando de colocar as coisas na mala, as minhas e as de Damon, já estava quase tudo pronto, Damon já estava colocando as coisas no carro, nós dois havíamos decidido organizar tudo, e apenas no domingo deixar o buffet fazer tudo.

 Já estava tudo pronto, e nós já estávamos entrando no carro, quando Lilly apareceu com um sorriso envergonhado.

— Damon, eu esqueci uma coisa – a encarei – tem como buscar a Kate no aeroporto? – ela franziu os olhos, como ontem.

— Ainda vou ter que busca-la no aeroporto? – ele quase gritou – tudo bem, vou pedir para o Enzo levar o Lord.

 Damon levou Lord de volta até em casa, e ligou para Enzo, alguns minutos depois ele entrou no carro, e bateu a porta com força.

— Enzo vai passar aqui antes de ir, e levar o Lord, falei com Klaus e Caroline, eles irão a noite para lá.

— A única pessoa que já esta indo é minha mãe, e com meu pai.

— Ok, então passamos no aeroporto, e vamos direto para lá.

 Damon dirigiu até o aeroporto, e quando parou no estacionamento disse que esperaria ali, Lilly bufou mas foi até lá esperar a garota.

— Minha mãe as vezes me tira do sério – ele revirou os olhos.

— Calma, ela não tem culpa se você ficou com a sua prima. – o encarei.

— É, você tem razão.

— Eu sempre tenho – beijei seu rosto.

 Ficamos esperando cerca de vinte minutos, e então Lilly bateu na minha janela, e pediu para Damon ajudar com as malas.

 Honestamente não sei como ele conseguiu colocar tudo no porta-malas, tudo bem que deixou várias coisas em casa para Enzo trazer, mas ainda assim.

 A garota era loira, alta e bonita, seus olhos eram esverdeados, ela parecia animada, deu um beijo no rosto de Damon, e todos entraram no carro, Damon parecia tenso.

— Kate essa é a Elena, noiva do Damon – disse Lilly sorridente.

— É um prazer conhece-la Elena, minha tia falou muito sobre você.

— Apenas coisas boas filha – ela disse tocando meu ombro, e eu sorri.

  Até a casa do lago, seria aproximadamente duas horas e meia, eu estava falando por mensagem com algumas pessoas, passando endereço, e explicando como chegar e etc. Damon estava rígido ao meu lado, levei minha mão em seu ombro, e ele me encarou.

— Você precisa relaxar, nós vamos nos casar. – sorri.

 Ele sorriu de volta, e seu corpo pareceu ficar mais leve, ele relaxou no banco, e pegou a minha mão, ficou a segurando por longos segundos.

 A viagem foi tranquila, Lilly e Kate conversavam animadas, e vez ou outra Lilly me fazia entrar na conversa, Damon foi praticamente em silêncio, falando apenas comigo.

 Finalmente chegamos, desci do carro respirei fundo, encarando a enorme casa de madeira, que fez parte da minha infância, da minha adolescência, tantas coisas aconteceram aqui. O carro de minha mãe já estava lá, a porta estava aberta e as janelas também.

— Vamos até lá primeiro, depois pegamos as coisas no carro – Damon assentiu, caminhou até mim e pegou minha mão.

 Fomos andando até a casa, subindo as escadas da varanda, entramos e lá estava minha mãe, com a Sra. Vera e uma outra mulher que eu não conhecia.

— Vocês chegaram – minha mãe me abraçou com força, parecia não me ver a anos – já está tudo pronto.

— Obrigada mãe – retribui seu abraço.

— Oi querido – minha mãe abraçou Damon, e deu um beijo em seu rosto – animado?

— Você nem imagina o quanto – ele riu e me puxou para perto dele de novo.

— Lilly – minha mãe a abraçou brevemente, e sorriu.

— Miranda, essa é minha sobrinha Kate.

— É um prazer Kate – minha mãe deu um abraço rápido, nunca vi uma pessoa que gosta tanto de abraços como minha mãe.

— Onde está o papai? – perguntei.

— Ele foi dar uma volta com o Jeremy.

— Como ele está? – eu sabia que ele não estava bem, o câncer estava piorando cada dia mais.

— Na medida do possível está bem filha – ela sorriu. – Acho melhor começarmos as acomodações né? venham.

 Minha mãe nos levou pelo corredor dos quartos, eram oito quartos, eu ficaria com o Damon no meu quarto, levamos Lilly e Kate até um outro quarto, as coisas de Jeremy já estavam no quarto dele.

  Nós voltamos até o carro e pegamos todas as coisas do porta-malas, Damon e eu levamos nossas coisas até o quarto, me sentei na cama, e fiquei olhando o lago pela janela.

— Esta feliz por estar aqui? – Damon se sentou ao meu lado e segurou minha mão.

— Muito, as melhores lembranças que eu tenho são aqui, tantas coisas aconteceram nessa casa.

— Tipo o que?

— Férias, festas de aniversario, até o meu primeiro beijo foi aqui – eu ri, e me lembrei da cena.

 Eu tinha quatorze anos, era meu aniversario, e eu havia chamado alguns amigos, e também o garoto que eu gosta, Larry, e quando a festa estava acabando, nós fomos até a borda do lago sem que ninguém visse.

— Primeiro beijo é? – ele riu.

— Sim, e acho que pode até ser significativo não é? O primeiro garoto que eu beijei foi aqui, e agora o ultimo homem que eu vou beijar também, aqui. – ele riu e me deitou na cama, subindo em cima de mim e me beijando.

— O ultimo com certeza.

 Ficamos nos beijando por um tempo, eu não queria sair dali, mas precisava. Voltamos ao andar de baixo, meu pai agora estava ali, sentado na cadeira de rodas, Jeremy estava sentado no sofá e todos conversavam animados.

— Filha, a decoração, você vai fazer algo?

— Na verdade mãe, a decoração será apenas no domingo, contratamos uma equipe maravilhosa, eles irão trazer tudo para a festa, eles irão trazer uma tenda, e será tudo lá.

— Ótimo filha – ela sorriu – seus amigão vão vir hoje?

— Alguns – sorri – os amigos da faculdade vem só no domingo.

— Ah sim – ela sorriu.

 Nós ficamos conversando boa parte da tarde, quando o sol começou a ser por Damon me levou até lá fora, caminhamos pelo píer que ficava acima do lago, nos sentamos na porta com as penas balançando.

— As vezes eu não acredito que tudo isso aconteceu – ele disse, deitei minha cabeça em seu ombro.

— Eu já consegui passar dessa fase, da fase do arrependimento, da raiva, de querer voltar no passado, tudo aconteceu por uma razão, é o que eu prefiro pensar.

— E está certa, todas as nossas decisões, e os contratempos da vida, nos trouxeram até aqui, hoje, juntos e admirando esse por do sol maravilhoso.

— Esse casamento vai ser ainda melhor do que o primeiro.

— Por que acha isso?

— Porque vai ser a nossa cara, sem exageros, sem coisas fúteis, sem pessoas que mal conhecemos, apenas nós e as pessoas que mais gostamos.

— Por mim só teria nós dois – ele riu.

— Por mim também – entrelaçamos nossas mãos em meu colo, Damon virou meu rosto para o seu com o dedo indicador e me beijou.