How To Be The Princess of England escrita por Emily Rhondes


Capítulo 31
How NOT to drown in an electric eel tank




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Ele me segurou firme, e lançou um olhar de ódio que fez a atiradora recuar um pouquinho.
— Não era pacificamente?! - Ele rugiu, e tirou com cuidado a cápsula com uma agulha, que agora estava vazia.
— Ela é uma tomada humana, nós sabemos. Não podíamos correr o risco. Ela não vai conseguir andar, você pode leva-la pro barco? - Todas elas apontaram uma arma pra Jason. - Por favor? -
a morena sorriu.
Jason olhou pra mim. Era uma sensação desesperadora. Eu só conseguia mexer os olhos, e meu pescoço doía.
Ele cedeu, e me pegou no colo, seguindo Larah.
Entramos em um dos barcos, e ele me colocou sentada num dos bancos, e sentou no ao lado. Caí com a cabeça em seu ombro.
— Não baba em mim. - ele pediu, e eu queria rir, mas não consegui sentir minha boca. É, eu queria muito rir.
Lanah se aproximou de mim. Se eu conseguisse, daria um chute bem forte em sua canela.
Ela estendeu algo que parecia duas pulseiras grossas de ferro. Elas tinham duas pedras verdes que brilhavam no topo. Ela ia segurar meu braço, mas Jason impediu.
— Não toca nela.
— Então coloca você. - ela fez uma cara amarrada.
— O que é isso?
— Suga os poderes dela.
— Não vou colocar isso nela.
— Prefere que ela fique paralizada? - ele me olhou. - Ou um, ou outro.
Ele suspirou, e pegou as pulseiras da mão dela. Assim que encontraram minha pele, elas diminuíram de tamanho, para ficar da grossura do meu pulso. Ela tirou do coldre uma injeção com um líquido amarelo.
— Epa epa, o que é isso?
— Deixa de ser chato garoto! - ela pediu, irritada. - Pra apagar ela até o efeito disso passar, dura só uns minutos!
— Ta bem, não se irrite, Lanah. - ele sorriu, e fez sinal para aplicar em mim.
Então era assim? Ele iria deixar ela me enfiar essa agulha nojenta?
Que traição, eu nunc... Ai!
Ela tirou a agulha do meu pescoço e a guardou.
— Boa noite, querid...
Apaguei quase no mesmo insistente.
(...)
— NÃO ENFIA ESSA DROGA EM MIM! - Abri os olhos, e comecei a me debater, e Jason me colocou no chão.
— Emily, para! - Ele segurou meus braços. O som de armas sendo apontadas me fez ficar em alerta.
Pisquei os olhos, dispersando do transe.
— O que? Onde estamos?
— Entrando na cela. - ele suspirou.
— O que?!
— Entra aí, maluquinha. - Lanah me empurrou pra dentro da cela, e eu caí no chão duro. Ela mirou uma arma pra Jason, e ele entrou pacificamente na cela, e estendeu a mão pra me ajudar a levantar.
— Ei! Quem vocês acham que são?! - Bati nas grades com força, machucando meus punhos.
— Emily, para! - Jason pediu, segurando minhas mãos.
Me acalmei apenas ouvindo sua voz. Suspirei, e cobri o rosto com as mãos.
Ele passou os braços pela minha cintura, e eu apoiei a cabeça em seu peito.
— Vai ficar tudo bem.
— Emily? - Saltei dos braços de Jason assim que ouvi a voz que eu sonhei em ouvir durante todas essas semanas.
— Wanda?
Ela saiu das sombras, se arrastando, e sorriu. Ela usava o mesmo vestido do dia da paz.
— Você me acordou.
Era mesmo ela.
Sorri, cobrindo a boca, já com lágrimas no rosto.
— Wanda. - trêmula, eu caí de joelhos na sua frente, a olhando para ter certeza que era real.
Era real.
Praticamente pulei em cima dela, e a abracei com toda minha força. - Wanda, ai meu Deus, achei que tinham te matado...
— Eu estou vivinha, Mily. - ela sorriu, me abraçando de novo.
— Elas fizeram algo com você?
— Não, elas só me mantiam aqui, sem ver ninguém... Eu, estava assustada. - uma lágrima escorreu de seu rosto, e meu coração apertou.
— Eu não consegui chegar até você a tempo, eu sinto muito. - abaixei os olhos.
— Não, não é culpa sua, de jeito nenhum. - ela sorriu, esquecendo as lágrimas. - Como estão os outros? Eles estão bem? - Abaixei o olhar.
— Aly... Aly não sobreviveu... Num ataque... - ela tapou a boca com a mão, e olhou pra Jason, que nos observava mais distante. Ele abaixou o olhar. - Mas todos estão bem, fora isso. - Suspirei. - Todos tiveram tanto medo delas machucarem você... E agora, você está aqui, eu não acredito. - Eu ri, segurando sua mão com força.
— Eu estou bem, não chore. - ela passou o dedo de baixo dos meus olhos, limpando as lágrimas.
— Eu não vou te deixar de novo, eu prometo. - segurei sua mão, e sorri.
— Vocês não deviam ter vindo.
— O que? Você é a coisa mais importante pra mim, Wan. - ela deu um sorriso triste.
— Eu estou me sentindo pessoalmente ofendido. - Jason se ajoelhou do meu lado.
— Não fique. Ela é toda sua. - Jason sorriu, e ela estendeu os braços para abraça-lo.
— Então, já sabe como podemos sair daqui? - Jason perguntou a ela.
— O que? - ela fez uma careta. - Sair daqui? Não tem como, gente. A maioria delas usa espadas ao invés de armas, e com esses braceletes aí você não pode... Sabe, soltar raios...
— Como sabe que virei uma tomada humana? - o apelido saiu sem querer.
— Eu vi, Emily. Você fez um campo de força na floresta. E eu as ouvi conversando sobre a tal profecia e sobre sua família...
— Como ouviu elas falando se você ficou aqui sem ver ninguém? - Jason perguntou, fechando a cara.
Lancei um olhar confuso pra ele, pronta pra perguntar o que ele estava fazendo, quando duas delas apareceram do outro lado da cela. Eu e Jason nos levantamos, e uma delas tirou o capacete. Harah.
— É tão bom conhecer você, minha sobrinha netinha...
— Não posso dizer o mesmo. Eu não sou sua parente. - cerrei os punhos, e me aproximei da cela. - Não me chame assim.
— Já viu sua certidão de nascimento, Rhondes? - franzi o cenho. Ela tinha razão, nunca a tinha visto. - É por que ela não existe. Seu pai apagou qualquer rastro da existência do seu sobrenome. Emily Rhondes Harah.
Pisquei os olhos, despistando as lágrimas.
— Esse não é meu nome. Eu não sou sua parente. - Fechei os olhos.
— Acredite no que quiser, Emily. - ela fez menção de sair andando, mas se virou bruscamente, e agarrou meu pescoço. Arregalei os olhos, e o ar parou de passar pelo meu pescoço dolorido. Sei que Jason tentou impedir, mas a outra mirou uma arma na minha cabeça, o fazendo parar instantaneamente. - Mas acredite quando digo que eu não me importo nem um pouco de matar você e seu namoradinho, assim que não forem mais úteis. Eu não me importo com você. Nós não precisamos de você. Você é minha agora.
Ela me largou, e eu caí de joelhos no chão, ofegante.
— Emily. - ele colocou uma das mãos nas minhas costas.
— Eu estou bem.
Lancei um olhar mortal para as duas sumindo nas sombras.
— Deixa eu ver. - ele pediu, tirando minha mão do pescoço. Jason fez uma careta. - Tá roxo.
— Eu estou bem, Jason. - abaixei o olhar, e suspirei. - Harah. Esse nome é horrível. - ele deu um pequeno sorriso. - Mas era o sobrenome da minha avó, e do meu pai. Rhondes era da minha mãe.
— Não precisa usa-lo se não quiser. - Wanda deu de ombros. - Pode continuar sendo nossa Emily Rhondes.
Sorri.
— Então, Jason, como conseguiu essa cicatriz maneira? - Wanda sorriu.
Nos sentamos ao redor dela, e contamos dos macacos, sobre Andrew, Hanala, e Jean.
— Então, nós falaremos com Andrew e ele vai mandar reforços. - Dei de ombros.
— Incrível. - Ela se levantou num salto, para nossa surpresa. Parecia fraca de mais para levantar antes, mas acho que nos enganamos. - Só tem duas falhas no plano de vocês.
Franzi o cenho. Do que ela estava falando? Eu estava confusa.
— Eu sabia. - Jason negou com a cabeça, e me puxou pra levantar, como se fosse me proteger de algo. Eu continuava sem entender.
Wanda assoviou, e cinco delas apareceram, e abriram a cela. Agarrei o braço de Jason, e ele se colocou na minha frente, para me proteger de sei lá o que.
— Falha número um: Eu. - ela sorriu, e saiu da cela.
Eu ainda não entendi muita coisa.
— Do que você está falando?
— Você sabe. Só não quer aceitar.
Uma lágrima caiu dos meus olhos como um raio.
— Wanda... Eu... - Olhei pra Jason, que tinha um olhar dolorido fixo em mim.
— Como acha que a Destructive entrou no labirinto? Como acha que elas sabiam onde era a fazenda? Quem você acha que te impurrou na piscina? Dakota? Pelo amor de Deus, aquela garota é uma amadora. Foi muito fácil manipular ela para falar aquelas coisas. - ela sorriu, se apoiando na barra, que agora estava fechada. - Ela foi inteligente, achou meu dispositivo de comunicação com essa ilha, e sacou tudo. Mas foi só ameaçar contar um segredinho dela... Contar que ela na verdade era um homem quando nasceu...
Arregalei os olhos. Não por Dakota ser homem, isso não importava... Era por tudo que ela fez. Uma lágrima caiu de meus olhos.
Ela foi a responsável por Aly, por Janessa, por George, por Hanala, por todos os guardas...
Por mim.
Eu acreditei nela. Confiei nela. Me apoiei nela. Ajudei ela.
Engoli as lágrimas.
— Não tem como você ter feito tudo isso sozinha. Tinha mais alguém que te ajudava. - Jason cruzou os braços, parecendo inabaládo pela traição de Wanda. Eu não conseguia nem falar.
— Claro que tinha. Temos pessoas no mundo todo. No castelo foi fácil.
Apenas uma coisa veio a minha cabeça, ali, naquele instante. Era a única coisa que tinha forças pra falar.
— Natasha... Era mentira...? - minha voz falhou.
Ela fechou o rosto.
— Não.
Ela parecia irritada, por ter me deixado ver essa fraqueza dela.
— Então você tem coração.
— Claro que tenho, como acha que estou viva? - ela cruzou os braços. É, não era nesse sentido que eu falei, e ela sabia. - Não é nada pessoal Mily, não fique triste. Você é legalzinha, e foi bom o tempo que passamos juntas, eu não estou mentindo. Mas é que... Eu não gosto de você.... E... Seu pai matou minhas irmãs. - ela sorriu.
Soltei todo o ar que segurava.
Esse tiro tinha doido mais que os outros.
— E-Ele o-o que...?
— Você parece que vai desmaiar. - Wanda cruzou os braços. - Para de drama, não é pra tanto... Mas aqui outra bomba: sou sua prima. - Mais uma lágrima caiu, seguida por outra. - Então, seu pai matou suas primas, minhas irmãs.
Eu só queria cair no chão com força, e ficar ali, sem ouvir nem ver nada. Tinha cansado de lutar.
— O segundo motivo pro plano de vocês dar errado, é que Andrew é sua amiga estão aqui.
Senti os músculos de Jason ficarem tensos.
— É mentira. - ele alegou, com raiva. Ela sorriu, e estalou os dedos. Uma delas deu um tablet pra Wanda, que apertou algumas vezes na tela, e mostrou a nós.
Andrew e Jean deitados em duas camas, inconscientes numa cela semi escura.
Levei a mão a boca, e Wanda se virou de costas, para ir em bora.
— Não os machuque! - gritei, querendo ir até  lá, mas Jason me segurou. Wanda parou. - Eu juro, se você tocar um dedo neles, eu queimo sua cara! - Gritei, indo até as barras da cela, mas Jason ainda me segurava com dificuldade.
— Você não está em posições para fazer exigências, muito menos ameaças. - Wanda se virou e fez uma cara amarrada. - Se eu quiser, eu os mato com minhas próprias mãos, e faço você assistir. Se eu quiser, posso arrancar os dedos dele - apontou pra Jason - um por um. Se eu quiser, mando atirar na cabeça de Hlenah, Kiro, Eron, Georgia, de quem eu quiser! Por que eu mando aqui, e você perdeu, Emily! POSSO FAZER O QUE EU QUISER,— estremeci, e Jason me fez recuar. - então não tente mandar em mim!
Ela estilhaçou o tablet no chão, e saiu batendo o salto.
Permaneci atônita por alguns segundos, até minhas pernas falharem, e eu cair de joelhos com lágrimas rolando sem controle, e meus soluços quase me impedindo de respirar.
Jason me agarrou, e comprimiu minha cabeça contra seu peito, me envolvendo num abraço apertado que estalou meus ossos. Não importava, eu apenas agarrei suas costas também.
— Vai ficar tudo bem.
— Você tem certeza? Nós vamos todos morrer. - fechei os olhos com força.
— Não importa. Vamos estar juntos. - levantei meu olhar pra ele. - Todos nós. - o apertei com mais força.
— Não vão não, eu mudei de idéia.
Quase saltei do lugar quando ouvi a voz de Wanda de novo. Jason passou um braço por trás das minhas costas, e eu agarrei seu braço. Agora ela usava uma daquelas armaduras.
— Eu shippo muuito vocês dois, mas... Ah, eu tenho que faze-los sofrer, desculpa... - ela fez um biquinho, mas logo o substituiu pela risada que eu amava, e agora odeio com cada célula do meu corpo. - Peguem ela. - Segurei o ar, e apertei o braço dele com mais força.
— Vão ter que passar por mim. - Jason me fez levantar, e ficar atrás dele.
— Qual é Jason... Você já lutou com uma de nós uma vez, vai pagar esse mico de novo?
— Eu andei treinando. - ele estalou os dedos, e uma delas entrou na cela. Ela usava uma armadura, sem capacete.
Num movimento rápido, Jason a socou com tanta força que ela rolou no chão, fazendo outras duas entrarem na cela. Eu grudei na parede, impressionada. Quando ele tinha aprendido a fazer isso?
Ele chutou uma delas com o pé, e bateu a cabeça da outra na parede, fazendo-a cair na primeira que derrubou. Wanda gritou algo em outro idioma, se afastando da cela. Devia ser algo parecido com "Não usem armas letais, quero ele vivo!". De onde eu tirei isso, eu não sei.
As outras duas entraram, e a que foi chutada, levantou, se juntando as outras duas.
Elas foram juntas pra cima dele. As duas loiras seguraram seus braços, e ele usou as pernas para chutar a morena, e com o peso do corpo, derrubou as duas loiras no chão, quase uma cambalhota.
Outras duas delas - mais musculosas - entraram, e o renderam na parede, e acabaram me atingindo na cabeça usando o cotovelo.
Caí pro lado, desorientada, mas o vi se livrar das duas valentonas as jogando com violência contra a cela. Pisquei os olhos, e vi uma delas entrar, apontando a arma pra ele. Antes que eu possa gritar, ele é atingido.
Mas ao invés de sangrar, ele caiu no chão, se contorcendo como uma minhoca.
Tiro elétrico não letal.
Suspirei quase aliviada, e corri até ele.
— Jas, olhe pra mim... - Olhei pra trás, e ouvi passos na escuridão. Toquei seu rosto coberto por pequenos raios de eletricidade, e elas não surtiram nenhum efeito em mim, mas não pude tiar a eletricidade dele, por causa das pulseiras.
— E-Emily... Eu... Eu te...
Pisquei algumas vezes, pronta pra ouvir com um sorriso, quando duas delas me agarraram com força.
— JASON! - Gritei, com desespero despontando dos olhos. Elas me arrastaram pra longe dele, mas eu continuava a me debater e a gritar com toda minha força.
— Cala a boca. - Wanda pediu, enfiando uma agulha no meu pescoço. Fiz uma careta, e todo o meus músculos desligaram instantaneamente.
— Jas... on... Jason... - Pisquei algumas vezes, sentindo minha visão ficar preta.
(...)
— JASON! - Abri os olhos num pulo, e me sentei na maca dura de ferro. Eu estava algemada, numa sala completamente branca. - Ei! ME TIREM DAQUI! - Gritei, me debatendo, mas só consegui feriri os pulsos.
A porta abriu, e uma mulher parecida com Wanda entrou. Ela parecia um pouco mais velha, usava a armadura e seus cabelos negros e grandes estavam presos num rabo perfeito.
— Oi. Sobrinha. Sou Nyna, sua tia. - Revirei os olhos, e me joguei na maca novamente. Era a mãe de Wanda. - É bom finalmente conhec...
— O que fizeram com Jason? - ela sorriu.
— O príncipe? Ele está junto com o outro príncipe e a garota chorona. Numa cova.
Arregalei os olhos, e antes que pudesse sentir suas palavras na pele, ela começou a gargalhar.
— Minha filha tinha razão, te enganar é hilário!
Soltei o ar, aliviada. Não ficaria com raiva dela por isso, iria economizar pra Wanda. Eu a mataría. 
— Eles estão... Am, vivos. - ela pegou o tablet que segurava, e deu pra mim.
Os três estavam presos em três grandes gaiolas de ferro.
Jean estava encolhida no chão, tremendo, e Andrew tentava desesperadamente consola-la. Ela estava mal.
Jason andava pelo pequeno espaço, esfregando os cabelos. Ele fazia isso quando estava nervoso.
A câmera não tinha som, e era em preto e branco, mas só de ve-los, me acalmou.
— Pode ficar vendo eles aí, daqui a pouquinho eles vão ve-la no... - ela fez uma pausa, e abriu um sorriso malicioso - no afogador de peixes.
Um arrepio percorreu meu corpo só com o nome.
Nossa, elas vão me afogar. Que legal. Se elas não tocassem em nenhum deles, tudo bem.
— Você não parece ter ligado pra palavra afogar.
— Não importa o que vão fazer comigo. Se não tocarem em nenhum deles, se não tocar em Jason, tudo bem.
— Que nobre. E burrice. - dei de ombros, e voltei a olha-los.
Jason olhou pra câmera durante uns segundos. Era como se soubesse que eu assistia.
Até que ele piscou pra câmera.
Pisquei algumas vezes, sem acreditar. Ele não faria isso pra elas, nem de brincadeira. Isso era coisa nossa, ele mesmo disse.
Foi eu, relaxa. Eu contei que você estava assistindo.
Olhei ao redor, assustada. Resisti ao ímpeto de largar o tablet. A voz.
Quem é você?
Quem mais? Hanala diva.
Impossível. Ela...
Eu sou uma bruxa querida. Posso fazer qualquer coisa. Vou ajudar vocês sempre que conseguir me comunicar com vocês.
Onde você está?
No paraíso querida. Aqui é lindo, mas não importa. Escute bem: quando elas fizerem a transmissão ao vivo com o castelo, você tem que...

 

 


Franzi o cenho.
Eu tenho que o que?
— Hanala? - quase mordi a língua quando percebi que falei alto.
— O que? Hanala? - ela se levantou. - O que tem ela?
— Nada. Eu só estava pensando nela. - abaixei o olhar, rezando pra ela cair nessa. Ela riu.
— Não entendo. Semideuses como você são confusos.
— Eu não sou semideusa. Parem de falar isso.
— Como acha que sobreviveu aos raios? Se fosse humana, o colar tinha te transformado em pedra. - ela cruzou os braços. - O sangue de Deusa da sua avó corre em você.
Pisquei os olhos. Ai que loucura.
— Eu vou envelhecer, certo?
— Vai, assim como seu pai, eu e Wanda. Nós não fizemos parte do pacto da nossa Deusa Aparondes, porque não existiamos, é claro. Isso foi há milênios atrás.
— Elas só gostam de brincar de Deuses. Não suportam o fato de serem como todos os homens. Podem até não envelhecer, mas não são deusas.
Ela levantou, e me deu um tapa forte. Fechei os olhos, e coloquei a mão no lugar do tapa, e ri.
— Viu? - Cruzei os braços, sorrindo.
— Muito bem. Quer ouvir a história de como eu traí sua mãe? - a olhei.
— Não.
— Vai ouvir. - ela se acomodou na cadeira que estava ali. - Minha mãe foi banida da ilha por um tempo, bem antes de morrer, e se apaixonou, e me teve. Depois, sua mãe nasceu, e estragou minha vida. Minha mãe morreu, nos deixando pequenas no mundo. Ela era boa, melhor do que eu nunca fui. Eu a traí, e entrei nas Destructives. Tive Wanda e minhas outras filhas, criadas aqui, e finalmente, tive a oportunidade de mata-la.
Perdi completamente o ar, e lágrimas começaram a inundar meus olhos.
— Não chore. Seu pai se vingou matando minhas duas outras filhas, se isso te faz sentir melhor. Mas agora, Wanda vai te matar.
Ela se levantou, e saiu andando do quarto.
Minha tia matou minha mãe, meu pai matou minhas primas, minha tia avó matou meu pai, e eu vou matar todas elas.
(...)
— Onde ela está? - Wanda surgiu. Quando me viu, abriu um sorriso aberto. - Hum, aqui. Que bom. - ela fechou a porta atrás de si, e se sentou onde sua mãe estava antes.
Continuei fitando o teto.
— Queria te fazer uma pergunta, prima.
A olhei.
— Faça.
— Você preferiria que eu te machucasse, ou machucasse Jason? - arregalei os olhos, e a olhei novamente.
— Não toque nele. - ela sorriu, e cruzou os braços.
— Engraçado. Ele falou a mesma coisa: "Não toque nela"... Vocês são tãooo dramáticos... Se eu conseguisse gostar de homens, eu teria brincado com ele também, seria divertido.
Mordi a língua, e fechei o punho com força, tentando controlar minha raiva.
— Acho que vou ter que escolher quem eu vou torturar primeiro... - Wanda levantou, e começou a passear na sala. - O príncipe caído que ama a garota... Ou a garota. - O sorriso malicioso estampou seu resto. - A tomada humana que entrega a vida ao príncipe... Ou o príncipe. - ela sorriu. - Como eu te odeio, vou machucar você, não ele. Por em quanto. - Wanda abriu um sorriso malicioso, e abriu a porta para três mulheres entrarem.
Elas me desalgemaram, e me forçaram a levantar. Antes que eu possa pensar em fazer algo, Wanda lê minha mente.
— Se tentar algo, juro que repenso a decisão de quem vou torturar.
Obriguei meus músculos relaxarem, e me entreguei completamente a elas.
Não machuquem Jason, era a única coisa que eu conseguia pensar.
Elas continuaram me levando pelo corredor branco, e sempre que cruzavamos com uma terrorista, ela me encarava com um sorriso de "bem feito" no rosto.
— Onde estão me levando? - Perguntei, receosa.
— Pro afogador de peixes. - ela sorriu, e eu voltei meu olhar assustado pra frente. - Quero uma informaçãozinha do seu namorado, e acho que assim vou conseguir.
Okay, ele ficaria bem. Por em quanto.
Mas se eu fosse mais corajosa como Jason, ficaria bem melhor. Minha barriga revirava, e eu podia sentir o desespero correndo nas minhas veias.
Entramos num quarto escuro, e Wanda acendeu a luz. A única coisa que tinha na sala, era um manequim com um vestido branco e rodado até o chão. Ele tinha rosas vermelhas cobrindo sua saia rodada, e dois saltos agulha o acompanhavam.
— Vista. Você tem 5 minutos. - Ela ordenou, fechando a porta.
Que escolha eu tinha?
Suspirei, e vesti o vestido com dificuldade. Mas ele era tomara que caia, o que facilitava um pouco. Coloquei os sapatos, e a porta foi aberta bruscamente por Wanda e as outras mulheres.
— Maravilhosa. Já que não vai sobreviver para o seu casamento, pode vestir um vestido de noiva na vida, pelo menos.
Então era isso que esse vestido era. Um vestido de noiva completamente projetado pra fazer Jason sofrer.
Wanda se aproximou, e eu recuei.
— Ei, vou ajeitar seu cabelo.
— Ele está bom assim. - mordi o lábio, e ela fechou o rosto, arqueando uma sobrancelha.
— Acho que Jason não vai gostar assim.
Suspirei, e deixei ela passar a mão pelo meu cabelo, o arrumando.
— Perfeita.
Elas continuaram me empurrando pelos corredores, até entrarmos numa espécie de teatro escuro.
Acho que elas tinham um tipo de visão noturna, por que eu não enxergava nada.
Senti escadas de baixo do meus pés, e um chão de madeira fazia meus saltos se destacaram.
Era o único som na sala.
Não senti mais braços me segurando, o que me fez parar.
Rodei ao redor, tentando enxergar ou tocar em algo, mas não achei nada.
— Olá?
— Emily? - a voz de Jason ecoou no lugar.
Ai meu Deus.
— Emmy, é você? - Não precisei reconhecer a voz pra saber que era Andrew.
— Emily! - Jean.
— S-Sou eu...! Eu não estou enxergando... - dei alguns passos pra frente.
— Eu não faria isso se fosse você! - Wanda. - Vai bater de cara com piscina elétrica.
Parei instantaneamente.
— Piscina o que?
As luzes acenderam, me segando por um instante. Olhei pra frente, e um tanque com criaturas cumpridas dentro estava bem na minha cara. Uma delas bateu contra o vidro, me fazendo cair no chão de susto.
— Levanta aí, sua fresca. - Wanda me puxou pelo braço, me forçando a ficar de pé. Ela virou meu braço, e o colocou atrás das costas, me fazendo gemer. Fui empurrada bruscamente contra o tanque, e meu rosto ficou colado no vidro frio. - São só algumas enguia elétricas...
Wanda agarrou meus cabelos, e me fez virar paro outro lado.
Minha visão se acostumou com o holofote, e eu consegui ver no mar de cadeiras vazias, Andrew, Jean e Jason, com as caras mais assustadas que já vi, algemados as cadeiras.
— E esses, são o público que vai assistir você sofrer. - ela sorriu. Uau... Ótimo... - Jason, eu estava dizendo a ela que antes de morrer, ela vai ter tido a chance de usar um vestido de noiva. - Wanda sorriu de novo, e esvoaçou meu vestido com as mãos. - Ela não está linda?
Jason abaixou a cabeça, incapaz de me olhar.
— NÃO ESTÁ? - Ela gritou, e Jason assentiu, ainda sem olhar pra mim. - Ótimo. Quer dizer algo a ele? - Wanda me estendeu um microfone que sei lá se onde veio. O segurei. Eu sabia o que falar pra ele.
— A-Alguém me disse uma vez... Uma pessoa muito inteligente me disse... - Vi seus ouvidos se levantarem pra me ouvir. -
...que se as pessoas boas se culparem pelo que as más fazem... O mundo não anda. - sorri, e ele me olhou, com lágrimas despontando dos olhos. - Eu amo vocês...
Ela puxou o microfone de mim.
— Sim, quem será essa pessoa inteligente? Não importa. Mas quem está no lado bom... E quem está no lado mal? - ela sorriu. - Mas eu espero que eu, por que eu gosto de ser má. Agora vamos!
Wanda ergueu a mão, e fez sinal para as cortinas onde devia ficar o "camarim".
Duas delas apareceram, empurrando um retângulo marrom escuro com um contorno branco de um corpo exatamente da minha altura.
— Posicione no contorno branco, por favor. - Ela disse ao microfone, e me empurrou na direção do retângulo.
Cambaleei até lá, e novamente meus saltos eram o único barulho no lugar.
Ela pegou pequenas facas do coldre, e se posicionou, pronta pra atirar, e eu fechei os olhos. Uma faca atingiu perto da minha cabeça, me assustando.
— Melhor você abrir os olhos. - Obedecei, e tive a péssima visão dela balançando várias facas na mão.
Wanda lançou mais uma, que passou de raspão no meu braço. Gritei, e coloquei a mão no corte.
— A-HÃ, tira a mão... - ela sorriu, antes de lançar outra faca na minha direção. Abaixei num reflexo rápido, e vi a faca atingir onde estava minha cabeça antes. Meu coração batia tão rápido que quase não ouvi o choro de Jean.
— Uau! Eu jurava que você ia ser atingida nessa! Você é boa! - ela bateu palmas. - Bom, então vai sobreviver ao afogamento.
Ela largou as facas, e veio até mim, entrelaçando nossos braços.
Eu preferia morrer atingida por uma faca do que afogada. Agora era tarde.
Ela me mandou subir no pequeno palanque que dava acesso ao interior do tanque, e colocou algemas no meus pulsos.
— Vocês podem achar que por ter poderes elétricos, ela não leva choque. - disse a plateia. Wanda era doente.— Mas com essas pulseiras, toda a eletricidade em seu corpo desliga, o que a faz ficar fraca e passível a choques mais doloridos do que uma pessoa normal... - ela sorriu maliciosamente. - Então essas enguias elétricas vão fazer o serviço sujo. Mas... Jason, você pode salva-la disso.
Ele ergueu a cabeça num pulo, e nos encarou.
— Qualquer coisa.
— Bem... - ela colocou uma faca no meu pescoço, o que fez todos os meus pelos arrepiarem. - Se é assim... Qual o código de liberação de armas nucleares da base aqui no sul?
Arregalei os olhos.
Se ele contasse, tudo estaria perdido. Pisquei algumas vezes, enquanto ele a encarava atônita.
— NÃO CONTA! - Gritei, e Wanda forçou a faca no meu pescoço, abrindo um corte superficial que escorreu até o vestido.
— Quer morrer? - Ela sussurrou pra mim. - Quer fazer ele pagar?
Neguei com a cabeça, ficando quieta. Meus olhos se encheram de água, e eu lancei um olhas suplicador a ele. - "Não conte, por favor. Seu povo precisa de você." - Era isso que meu olhar significava. - "E você precisa de mim agora" - Era o que o dele significava. Suspirei. Eu não podia ser mais importante do que a vida de milhares de pessoas.
— Vai falar? - Ela sorriu novamente.
— Eu não sei, eu juro. - Jason engoliu em seco. Não sabia dizer se ele mentia, mas pra mim estava bom se ele não falasse nada.
— É mesmo? Então eu não sei se empurrar ela vai fazer você falar... - Ela me fez dar um passo a frente, ficando a um centímetro de cair. Meu sangue gelou, e os três pularam da cadeira.
— Eu não sei! Eu juro! - Ele abaixou a cabeça, fazendo uma cara de dor.
— Vou contar até cinco... Um...
— EU NÃO SEI, WANDA!
— Dois... - ela tocou meu pescoço, fazendo meus braços arrepiarem. - Três...
— Jason! - Andrew gritou, quase arrebentando as algemas e o estrangulando em seguida. - Faz alguma coisa!
— FALA PRA ELA! - Jean fechou os olhos.
— E-Eu não, sei, eu juro... Eu falaria se soubesse! - franzi o cenho irritada.
— NÃO FALA! - Berrei, esperando ter a garganta arrebentada por Wanda. Mas ela não fez nada, só fiou do mesmo jeito que estava antes.
— Quatro... - Fechei os olhos com força. - Cinc...
98 86 73 62 59 45 31 24 12 Alpha a a.— ele fechou os olhos, murchando o corpo.
— Jason... O-O que você fez? - O olhar dolorido ficou pior quando ele olhou diretamente pra mim.
— Obrigada. Era só isso mesmo. - ela tirou a mão do meu pescoço, mas a única coisa que eu conseguia pensar era em como ele tinha errado feio dessa vez. Mas um alívio bateu contra mim.
— Diga adeus. - Wanda disse.
A olhei confusa por meio segundo, quando minha confusão passou pra desespero.
Ela bateu as mãos contra minhas costas, e eu caí no tanque.
Ouvi o grito enfurecido de Jason, o grito aterrorizado de Jean, e o ódio de Andrew.
— Engraçado, é a segunda vez que a empurro numa piscina.


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Notas finais do capítulo

Sorry.
R.I.P Wanda.



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