How To Be The Princess of England escrita por Emily Rhondes


Capítulo 25
How NOT to have a snack


Notas iniciais do capítulo

como NÃO ter um piripaque



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— Ela queimou 87 lâmpadas do castelo. - Jason sussurrou pra ela, sorrindo.
— Da última vez ela deixou a cidade inteira sem luz. Parecia uma...
— Tomada humana.
— Isso aí! Foi o que eu disse! Gostei de você garoto! - ela deu um tapão em suas costas, que o fez voar pra longe. - E você querido? - ela se dirigiu a Andrew.
— Eu? Nada. Só estou aqui pra evitar que esses dois explodam o país.
— Ah, claro. Essa menina é terrível.
— Certo, pode parar de falar como se eu não estivesse aqui? - Pedi, irritada.
— Claro. Agora, o que os trás aqui? - Ia responder, mas ela não deixou. - Vocês tiveram sorte. Há 5 meses, eu ia embora, sou cigana, não gosto do mesmo lugar por muito tempo. Mas eu senti algo... Eu senti que a professia ia se realizar.
— Profecia? - Andrew franziu o cenho, e Hanala abriu um sorriso enorme.
— Ah. Sentem. - Pediu, se esticando numa das cadeiras. Me sentei de frente pra ela, e os dois ao seu lado. - Querida, você se lembra de quando ganhou esse colar?
O segurei.
— Lembro.
— Então esqueça. - ela bateu forte na mesa, nos assustando. - Eu modifiquei metade das suas memórias, sua vida foi uma mentira total.
Ergui as sobrancelhas.
Ela tinha uma sensibilidade incrível.
— O que? Por que? - perguntei, sentindo algo estranho dentro de mim.
— Por que? Seu pai, querida. Ele fez isso pra te proteger. De um mal terrível.
— O que?
— Não o que, quem. Aparondes.
Olhei pros dois.
Então era real.
É tudo real.
Suspirei pela boca, absorvendo tudo.
— Ele achava... - Ela se calou, e olhou pra Jason.
— O que? - ele perguntou, lançando um olhar pra nós dois que dizia "Meu Deus que moça louca".
— Você está certo. - ele fez uma cara confusa, assim como nós.
— Espera,você leu minha mente sua...?
— Li sim. Foi sem querer.
— O que ele pensou? - perguntei. Saber o que Jason pensava? Isso seria ótimo.
— Bem, algumas besteiras... - ela lançou um olhar reprovador pra ele. - Mas, ele pensou uma coisa certa. Seu pai está ligado as Destructives.
Arregalei os olhos, sentindo a sala rodar.
— Eu vou vomitar.
— É, foi muita coisa de uma vez. Acho melhor contarmos aos poucos... Vocês estão com fome? Fiz almoço.
— SIM, ESTAMOS. - Jason se prontificou.
— Não estamos, não. Eu preciso saber de tudo. - disse.
— Certo. O almoço espera. - ela se sentou novamente, e Jason bufou. - A primeira coisa que tem que saber: as Destructives são consideradas deusas na mitologia. A história é real, aconteceu mesmo, mas isso vocês sabem. Então depois que o Homem morreu, e a mulher e a criança viveram no castelo, junto com o rei. O menino, cresceu escondido no castelo, longe das câmeras e fama. Depois, ele se tornou militar, e lutou na guerra. Ao voltar, ele conheceu uma garota, e casou-se com ela.
— O que aconteceu com a mãe da criança? - perguntei.
— Harah, era seu nome. - arregalei os olhos.
"Eu sou Harah, líder das Destructives, como já devem saber"
"A vó Harah faleceu..."
— Ela morreu. - Ela cruzou os braços, e olhou pros dois, antes de olhar pra mim novamente. - Acho que preciso falar de uma vez. Bem, a garota que o homem se casou ela era... Ela era...
— Minha mãe... - disse, sem voz. - E o meu pai... Meus avós...
Abracei meu corpo, e meus olhos se encheram de água.
— Meu pai... Sabia? - olhei pra ela, respirando fundo.
— Sabia, querida. Mas fez tudo para... - fechei os olhos e neguei com a cabeça.
— E a Harah que está viva comandando aquele grupo que está atrás de mim? - disse, irritada, e aumentei um pouco o tom da voz.
— É sua tia avó, Taya Harah. Irmã da Ala Harah, sua avó. Harah é sobrenome.
— Ela não devia ser velha? - Jason perguntou, e ela sorriu.
— As habitantes da ilha não envelhecem. A Deusa fez um pacto com outro Deus, e concedeu a suas dicipulas o envelhecimento retardado... Mas isso é outra história.
— Cadê a Deusa? - Jason resmungou.
— Afundada, junto com a ilha.
— Na lenda elas afundavam todas juntas. - Cruzei os braços.
— Quando ela enfiou o tridente na areia, uma das 3 esmeraldas de seu tridente caiu, ficando pra fora, fazendo uma parte de seu povo ficar de fora da proteção da ilha.
— Esmeralda? - Jason perguntou. - Disso você não falou.
— Ah, no tridente da Deusa, tinham 3 esmeraldas encantadas. A população era dividida igualmente dentro das 3 pedras. A parte da população que ficou na esmeralda de fora, formaram as Destructives.
"Agora, elas juraram vingança contra a família real, - ela olhou pra Jason - já que seu avô foi o responsável pelo afundamento da ilha. - Jason esfregou os olhos. Não precisava ler sua mente pra saber que ele culpava o avô. - E vingança contra a mulher que de envolveu com o homem, e o filho dos dois, por que eles também tem culpa. E... Sabem que você está com o colar. - Hanala se inclinou pro lado. - E, quando você soltou raios na floresta, na frente das terroristas que levaram sua amiga, elas sabem quem sua família é. Sabem que você é a escolhida.
— Escolhida. Escolhida de que? - Retruquei, já cansada dessa conversa.
— A profecia. Ela diz: "O filho retornará, dando a liberdade para seu povo, trazendo consigo a fúria dos raios dos céus". Você, Emily, é o filho, e uma delas. Misturado com o sangue mortal do seu pai. Você é uma semideusa.
Uma lágrima caiu dos meus olhos, e um nó dolorido se formou na minha garganta.
— Eu não acredito em você. - Abracei meu corpo, e respirei fundo. Isso era loucura.
— Eu sei, querida. - ela fez uma cara solidária. - Dói. Mas eu posso provar. Eu também sou uma delas, mas me recusei a ser uma terrorista idiota. Vocês foram espertos de seguir a pista do povo Escarlate. Morei com eles há uns... Ah, não sei quanto tempo a trás. Mas vivi com eles, e aprendi tudo que sei hoje. Eu bloqueei seu cérebro de suas lembranças, a pedido do seu pai, e só eu posso desbloquear. Você vai lembrar de tudo. Mas isso sai caro, Emily.
— Por que? - Jason segurou minha mão, e lançou um olhar que dizia "estou aqui".
— Você vai saber coisas que você vai querer esquecer. - Hanala suspirou, mexendo nas cartas na mesa.
— Eu faço. Quero lembrar de tudo. - Olhei para os dois, buscando alguma coisa que podia me ajudar em seus rostos. Mas não tinha nada. Eles aqui Judá penas estavam com pena.
— E dói bastante também. - Ela completou. - Ah, e você vai ter enjôo.
— Eu faço.- Neguei com a cabeça, enquanto mexia os dedos nervosamente.
— Emily, pensa direito... - Jason começou, num tom baixo.
— Não tem o que pensar. Eu quero saber. Eu tenho o direito de saber! Meu pai escondeu tudo de mim, e agora as pessoas estão pagando. Wanda, Aly, Janessa, os guardas... Elas querem bombardear um país, esqueceram?! - Levantei. A eletricidade começou a faíscar da minha pele, e os dois se afastaram. Ela tinha um leve tom vermelho. Eu estava a ponto de explodir. As pequenas luzes piscaram, o chão tremeu um pouco, e algumas lágrimas escorriam dos meus olhos.
— Emily! Se controle! - Andrew gritou. Neguei com a cabeça, soluçando. Coloquei a mão nos olhos. Nada disso era verdade. Nada disso aconteceu.
— Rattuye Romaiin! - A Bruxa louca lançou um feitiço azul que me fez cair da cadeira. Tudo parou de piscar, voltando ao normal. Eu não conseguia me mexer, e meus olhos pesavam.
— O que você fez? - Andrew se abaixou do meu lado.
— Apaguei o fogo na bunda dela! Me agradeça depois. Querido, ela tem poder pra mandar o mundo de volta pra idade da pedra. Não me julgue por gostar das minhas lâmpadas!
(...)
Pisquei devagar.
Minha cabeça doía bastante, e eu estava sozinha num quarto escuro. Tinham me capturado, eu estava presa numa cela, tenho que achar Wanda, bolar uma fuga e...
Jason abre a porta do alçapão.
— Desculpe, eu devia ter acendido alguma luz. - ele desceu as escadas, acendeu uma luz, e veio até mim.
O quarto era de pedra, tinha um armário, a cama em que eu me encontrava, um criado, e uma porta.
— O que...?
— O Harry Potter ali em cima jogou um Avada Kedavra sinistro em você.
— NÃO ME CHAMA DE HARRY POTTER.
— Hm. Ela é Bruxa mesmo. - Concordei.
— POSSO OUVIR OS DOIS.
— Piradona. Você quase explodiu as lâmpadas dela, você lembra?
— Lembro. - Suspirei. Não queria falar disso. - Estou com fome.
— Ah, aquela hora você não me deixou comer. - ele cruzou os braços, e sorriu. - Vem, ela fez comida.
Ele me ajudou a levantar, e fomos pra cima.
— Se acalmou, meu bem? - ela perguntou.
— Vou eletrocutar tua cara hein. Fica esperta. - Me sentei ao lado de Andrew.
— Você está bem? - Andrew. Suspirei.
— Estou. - segurei o garfo, e fiquei balançando meu arroz pra um lado, e depois para o outro. Eu estava com fome, mas não conseguia comer.
Quantas memórias tinham para serem desvendadas? Meu pai apagou mesmo a maior parte da minha vida? Ele não pensou em como isso me afetaria?
Suspirei. Eu só conseguia pensar em como ele fez errado de esconder isso de mim.
— Como eu não sabia que tinha...
— Virado uma tomada humana? - Jason abrou um sorriso enorme, e eu soquei seu braço com força.
— Eu coloquei um feitiço em você. Bloqueava seus raios. Mas ele durava pouco tempo, eu disse a ele. E agora você está aqui, 3 meses depois, lançando raios como um Thor.
— Por que essas coisas acontecem comigo? - resmunguei.
— Não sei, minha filha. Você é uma azarada!
Ajudou muito.
— Quero fazer. - disse.
— Tem certeza?
Assenti. Eu podia fazer isso.
— Eu já disse que dói bastante...
— Eu vou fazer. - Revirei os olhos. - Já me decidi. - ela não me deixaria irritada de novo. 
Jason e Andrew se olharam, conversando em silêncio.
— É, eu também acho que vai dar ruim esse negocio. - ela disse, depois de ler a mente dos dois.
— Nunca aceite o convite de uma bruxa pra almoçar. - Andrew resmungou.
(...)
Ela misturava umas poções num caldeirão preto de ferro, que borbulhava no fogo.
— Emmy, acho que ela não está brincando quando diz que dói. - ele franziu as sobrancelhas.
— Eu sei. - Respirei fundo. Não tinha medo da dor. 
— Ah, Emily. Você ainda vai matar todos nós. - Jason abriu um sorriso pra mim. Fiz o mesmo.
— Olha, isso vai ficar com um gosto de... Am... Unha do pé de sapo com pelo do sovaco de bode.
— Bode tem sovaco? - Andrew fez una careta, que me fez sorrir. - E sapo tem unha?
— Melhor que pele de velhinha dissolvida... - dei uma cotovelada em Jason.
— Supera isso! - ele pediu, sem deixar de sorrir abertamente.
— Bem, - ela pegou um copo de vidro, e colocou o líquido verde escamoso que fez meu estômago revirar. - Vamos lá pra baixo.
Descemos pro mesmo lugar que eu acordei a alguns minutos.
— Emily, depois que você beber só vai parar quando você desbloquear todo o seu cérebro. Vai doer, você vai gritar e chorar, e eu vou te algemar agora.
— O que? - antes que possa assimilar, ela estala os dedos e algemas me prendem na cama que se transformou numa maca de ferro. Meus pés estávam na mesma situação.
— Respira fundo, e tente se lembrar que é um feitiço. - ela estalou os dedos mais uma vez, e tudo na sala sumiu, e as paredes viraram pedaços pretos de borracha. Hanala deu luvas de borracha pros dois. - Acho que ela vai soltar umas... Faíscas.
Ela colocou o copo na minha boca, e virou de uma vez só, quase me fazendo afogar.
Tossi. Realmente tinha gosto de unha do pé de sapo com pelo do sovaco de bode.
Esperamos alguns segundos. Bufei.
— Que palhaçada é essa dona? Não tá acontecendo mer...
Aconteceu. FOI COMO SE UM COFRE DE BANCO ME ESMAGASSE, e eu acordei deitada no chão do meu quarto, sem algemas, sem ninguém ali comigo. Mas a "eu" da memória estava ali, deitada na cama, lendo.
Uma dor forte me atinge repentinamente e me faz gritar de dor.
— Posso falar com você querida? - meu pai entra no quarto, sem bater, como de costume.
— Claro. - Eu fecho meu livro, e me sento na cama.
— Trouxe seu presente. - Ele me dá uma caixinha vermelha. Eu a abro, rapidamente, e ali está, meu colar.
Eu me lembrava disso.
Novamente a dor. Tento reprimir o grito, mas ele sai ele forma de lágrimas sobrenaturais. Caí no chão, sem forças. Aquilo era loucura.
Agora vinha uma parte da memória que eu não lembrava:
Ele abre o colar, e coloca em mim.
— Ficou lindo em voc...
O colar brilha com uma luz branca intensa, e meu pai fica pálido.
Mas mais branco ainda ele fica, quando raios brancos começam a sair de minhas mãos e a luz estoura.
"Eu" grito, e me jogo para trás com o impacto dos raios. A essa altura, meu pai já tinha sido jogado contra a parede.
Eu agarro o lençol, e fecho os olhos com força, me encolhendo.
Até que toda a eletricidade para.
— Filha? - meu pai se levanta devagar, e olha pra mim. - Filha, tudo bem agora.
Abri os olhos, e relaxei instantaneamente.
— O que eu sou pai? - digo, com a e voz trêmula.
— Você é a esperança.

Tudo começa a escurecer, e a porta vira um grande redemoinho preto, me sugando pra fora daquela memória desbloqueada.

Quando eu tinha 10 anos, nós moramos numa fazenda em Londres.
Nunca entendi porquê mudamos dela, mas agora acho que entendo.
Eu tinha caído com força no chão, no meio de um tiroteio lá fora. O barulho ensurdecedor dos tiros me confunde por alguns segundos, até que acho forças para levantar e correr até a casa. Passo pela porta como um fantasma, e encontro a Emily com 10 anos.
— PAPAI! - Eu deço correndo as escadas, e pulo nos braços de meus pais.
— Querida, por aqui.
Eu chorava alto, mas seguia meus pais com pressa.
— RHONDES. ENTREGUE O COLAR. - Eu ainda estava no chão da cozinha, e vi Harah avançar pra onde nós fomos. Tratei de me levantar e acompanha-la, mas a dor me atingiu, me fazendo cair.
Gritei um palavrão, e abracei minha barriga. MEU DEUS, aquilo doía.
Forcei meu corpo a levantar, e achei Harah atirando em todas as paredes, chão, teto, enquanto gritava com raiva. Os tiros passavam por mim sem efeito.
Por que meu pai não dava o colar pra ela?
Sou forçada a gritar de novo.
— STEVE! APAREÇA!
Outro buraco negro me sugou pra fora daquela lembrança.

Caí num corredor escuro.
Uma televisão apareceu.
Nossa viajem pra Espanha.
Estávamos no zoológico, fazendo carinhos nos animais, alegremente, quando tiros ecoam pra todos os lados.

Outra televisão apareceu ao meu lado. Me viro direito para encara-la.
Eu tinha apenas 2 anos.
Uma lágrima caiu de meus olhos. Minha mãe me segurava, sentada numa poltrona, enquanto meu pai contava a história pra mim.
Mais lágrimas vieram. A dor física não importava mais, meu coração estava destruindo a cada televisão que acendia.

Minha mãe trançava meus cabelos, numa linda trança.
— É seu aniversário de 18. Quando eu fiz 18, eu ganhei um fusquinha bem feio. Vamos tentar de dar outra coisa, uma coisa mais legal.
Rio.
— Não precisa. Eu realmente, nem quero festa esse ano.
Ela prende o elástico amarelo fino nos meus cabelos, e eu me viro para olha-la.
— Você está linda. - ela sorri.
Minha mãe era aquele tipo de pessoa linda por dentro, e por fora. Ela era gentil, doce, e eu a amava muito.
Abaixei a cabeça, e as lágrimas caem nas minhas mãos.
Um barulho alto me faz olhar pra tela novamente. Uma bala quebra a janela e perfura a perna da minha mãe.
Fui forçada a tapar a mão com a boca.
Minha mãe tinha levado um tiro.
Em câmera lenta, ela caiu no chão, e eu gritei com força, caindo sobre ela.
Meu pai abre a porta, carregando um vidrinho em forma de círculo vermelho.
Eu gritava, chorava, enquanto meu pai me arrastava pra fora do quarto.
Ele pingou uma gota vermelha em sua boca, e todo o sangue começou a escorrer de volta para sua perna.
Me calei, olhando espantada pro meu pai.

Outra televisão.
O lago.
O lago em que minha mãe morreu.
Eu não quero ver isso de novo. Não quero ver ela morrer.
Comecei a gritar, e me debater, tentando parar o processo, mas não dava. Minhas lágrimas mal me permitiam enchergar, então eu apenas me joguei no chão. Aquilo acabaria logo.
Eu lembro daquele dia horrível detalhe por detalhe.
Minhas risadas da piada sem graça da minha mãe.
Depois os gritos da criança se afogando.
Minha mãe pula para salva-la.
Aí os tiros... Tiros? Isso era novo.
Mais uma coisa que ele escondeu de mim: a morte da minha própria mãe.
Como ele pode...?
Perdi o ar, esfregando meus olhos.


Parem. Faça isso parar.


Não funcionou, a imagem da mulher de armadura atirando nela ainda está ali.
Ela atirou na água, as cegas, matando a criança também.
Elas eram horríveis.
Se meu pai preferiu arriscar a vida da família ao invés de entregar essa droga colar pra elas, tem um motivo. Tem que ter.
Eu o conheço.
Conheço meu pai.
Ele era bom.

Faça isso parar.
Agora.
Eu não quero mais ver.

Não adiantava, televisões começaram a surgir todas de uma vez do escuro. Até eu estar dentro de uma caixa de lembranças que viraram pesadelos.

EU QUERO SAIR!

Abri os olhos como se estivesse saindo de transe, e ofegava como se tivesse saído de dentro da água.
As lágrimas inundavam meu rosto, e meu peito subia e descia de forma descompassada. Eu não sentia nada, apenas encarei o teto, com as lembranças passando diante dos meus olhos.
— Emily? - Andrew segurou minha mão tremendo.
— Ela tá em choque coitadinha. - Hanala estalou os dedos, e as algemas sumiram.
Instantaneamente eu me levantei e abracei Andrew. Era tudo que eu precisava.
— Não estou em choque. - respondi, limpando as lágrimas. Jesus, eu não conseguia respirar. - Preciso de um tempo. - Olhei pra Jason. Algo em seu olhar me dava dor. Me levantei, e quase caí no chão, mas ele me segurou. Subi as escadas tremendo.
— Eu ocultei muita coisa dolorosa dela. É normal que... Ela esteja assim.
Ouvi dali de cima o suspiro dos dois.
— Pedra papel tesoura? - Jason perguntou. Ouvi Andrew bufar.
— Tudo bem.
"É normal que ela esteja assim" O que ela sabe sobre mim? Tudo... Ótimo.
Mas eu estou bem. Por que não conseguia respirar? Me sentei numa das cadeiras, brincando com as cartas de tarot, quando vi Jason subir as escadas. Ele deve ter perdido no jogo pra decidir quem iria vir falar comigo.
— Essa mulher é incrível. Ela transformou a aquela coisa em uma sauna enorme! - O olhei, sem vontade de rir. 
— Perdeu no pedra papel tesoura?
— Na verdade ganhei. Queria vir falar com você. - ele se sentou do meu lado, e pegou uma carta de taro. - Não vou perguntar como você está por que sei a resposta.
— Eu estou bem, Jason.
— Ah, claro que está. Fingindo estar bem.
— Igual você fingindo estar lidando bem com a Aly? - mordi a língua assim que escapou. Ficou um silêncio estranho, enquanto ele encarava a carta em suas mãos. - Desculpe. - abaixei os olhos.
— Você tem razão, eu estou fingindo que isso não está me afetando 24 horas por dia. Mas me afeta. Eu não vou chorar pra você, se é o que quer. - ele bufou.
— Me desculpa. - Pedi de novo.
— O assunto não sou eu. - ele se recompôs, com uma cara irritada. Nunca deixe Jason Londres irritado. - É você. O que descobriu?
— Hã. - sorri, esfregando os olhos. - Ela estava certa, dói bastante.
— Dói mais ouvir seus gritos. - ele deu de ombros, e me olhou. - Eu só conseguia pensar em... arrumar um jeito de tirar a dor de você e passar pra mim. Você se contorcia, gritava e chorava... Droga, eu não vou conseguir dormir. - ele riu, nervoso. 
Um sorrisinho involuntário brotou do meu rosto, me fazendo abaixar a cabeça.
— Eu estou bem agora. - ia segurar sua mão, mas me detive antes que eu o fizesse. Ele percebeu e limpou a garganta.
— Ah, então... O que descobriu...?
— Eu... Bem, eu preciso pensar. Esquecer as memórias falsas para... Assimilar. Eu ainda não entendi muita coisa, minha cabeça está confusa. 
— Vai dar tudo certo, não se preocupe. - Ele suspirou, e mergulhamos num silêncio estranho.
— Jason... Elas fizeram coisas horríveis com a minha família, tudo para recuperarem esse colar. Se meu pai não entregou isso pra elas, tem um motivo. - ele me encarou, aparentemente pensando.
— Claro que tem, Emily. Elas são terroristas. Matam pessoas. Se tiverem a ilha de volta...
— Eu sei. - Bufei, esfregando os olhos. - A única pessoa que sabia sobre onde a ilha ficava, era seu avô.
— Pois é. E temos 4 dias para acha-la. - Dei de ombros.
— 4 DIAS? - A voz de Hanala ecoou no andar de baixo. Lancei um olhar pra Jason, e ele sorriu com minha irritação. A negra apareceu subindo o alçapão, acompanhada de Andrew, que a olhava confuso. - Vocês têm 4 dias pra encontra-las?!
— Uhum. - Jason cruzou os braços.
— Você estava ouvindo? - perguntei, claramente irritada.
— Isso não vem ao caso. Vocês têm 4 dias. 4 dias. Meu Deus, estamos condenados. Ela vai matar Wanda se não chegarem a tempo.
— Nós... Sabemos. - abaixei o olhar. Só de pensar em perde-la porque não fomos rápidos o suficiente... Murchava minha alma...
— Será que você não sabe onde elas estão? - Andrew perguntou, andando de um lado ao outro.
— Não. Você tem algo dela? Talvez eu possa sentir.
— Hm... - pensei. Ah, o lenço. O lenço era de Wanda. Fui até minha bolsa, e tirei de lá o lenço florido que Wanda esqueceu largado no quarto. - Isso é dela.
Hanala fechou os olhos, e tocou com vontade o pano fino. Ela soltou alguns gemidos, e assentiu com a cabeça algumas vezes.
— Não sinto muita coisa. Apenas tenho certeza de uma coisa: Mar. Elas estão no mar.
— Já ajuda. Acho melhor irmos. - Jason se levanta.
— Sim, talvez. Emily, posso falar com você rápido? - ela pede. Assenti, e a acompanhei pro fundo da tenda. - O processo não foi finalizado. Você acordou do transe por conta própria, então pode ter lembranças de algo. Algo que faltou.
— Eu fiz de propósito. Fui fraca, e não aguentei mais. - lamentei, abaixando a cabeça. Tinha mais coisa pra lembrar. É, eu não aguentaria. Não sou forte assim.
— Não, querida. Você é muito forte e poderosa. A maior guerreira que conheci. - ela garantiu, e eu fiz uma careta com a possibilidade de ser uma guerreira. 
Ela não tinha conhecido muitas guerreiras, com certeza.
— E eu estava vasculhando suas memórias... - ela da um sorriso culpado.
— Você é uma cara de pau. - Cruzei os braços, sem deixar de sorrir.
— Hm, um pouco. Enfim, sei que você está confusa... Em relação a eles...
Lancei um olhar culpado pros dois.
— Você beijou os dois... E eles não sabem...
— Eles me beijaram... - abaixei o olhar. - Mas... Eu não sei o que eu que eu quero...
— Sabe. Eu sei que sim.
Suspirei, e olhei novamente para os dois garotos arrumando suas coisas.
Eu sei o que eu quero. Sei quem eu quero. 
— Eu sei.
— Confie na vidente aqui quando eu digo que ele também sente. - ela piscou pra mim. - Agora, vai resolver isso. - ela me virou de costas, e me empurrou de volta pra lá.
— Tudo certo? - Jason perguntou.
Não, não estava tudo certo, eu vou me magoar.
— Sim. - Concordei.
Quando uma mulher abriu a tenda, e entrou.
— Com licença? Ainda estão abertos?
— Sim... - Hanala semicerrou os olhos pra ela. Estava lendo a mente dela. Voltei minha atenção pra mochila, quando escuto seu grito. - CORRAM!
Tudo acontece muito rápido.
Só tenho tempo de me virar em sua direção, e ver uma arma em suas mãos, disparando contra Andrew.


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Notas finais do capítulo

FICOU CONFUSO. NÃO FICOU? MAS DEU PRA ENTENDER?

Hanala - Lavon fisher wilson (big mama, teen beach movie)



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