TOUCH SPACE escrita por Arabella


Capítulo 14
15




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Eu me lembra-vá perfeitamente da palavra do meu pai, "nunca conte isso a ninguém", e eu cumpria, só que era cada vez mais difícil esconder que eu saía do meu corpo e viajava para lugares desconhecidos ou para coisas que já aconteceram ou vão acontecer.

—Zoe!- Chamou Gaia.- Ta pronta? Você tem aula daqui a pouco. 

Eu não estava pronta, eu me sentia fraca toda vez que uma dessas viagens aconteciam, era como se eu precisasse recarregar, e essa de longe foi a viagem mais elaborada e longa que já fiz.

—Eu não estou me sentindo bem hoje Gaia.-disse deitando novamente. Eu sentia todo o meu corpo doer, sentia arrepios, era esquisito. 

Gaia veio até mim e colocou sua mãe sobre minha testa.

—Deuses Zoe, você está queimando em febre.- Ela correu para o armário e pegou as chaves.- Você consegue andar?

Fiz que sim com a cabeça, ela me ajudou a levantar e me levou ate o carro. Me colocou lá e me levou até o laboratório onde fui examinada. 

—Com quanta frequência você tem esse tipo de febre?- Perguntou um dos médicos.

—É a primeira vez?- respondi com um ar irônico, já que era a primeira vez que praticamente quase entrará em combustão humana. 

Quando notei, eu estava com algo diferente na minha mão. Era a marca de um triangulo, mas ela estava em prata, como se estivessem encrustado algum metal nela. Assim que fui liberada, eu fui para o nosso pequeno quarto no campus, e fiquei lá deitada por toda a tarde. 

Eu sentia falta de morar em uma casa, onde eu pudesse estar com uma família novamente, mas todos tiveram que se espalhar. Até onde eu sabia a mulher do meu pai fora para Portugal e minha avó para a Suíça.

—Eino que estava pensando?- perguntou Gaia sentando ao meu lado comendo um enorme bolo de chocolate. 

—Eu sinto falta de casa,-disse eu pegando um pedaço do bolo do prato dela.- falta de ter uma família. 

—Você te trocentas primas e euzinha, isso não basta?- Disse ela olhando pra minha cara rindo.

—Basta,-disse eu rindo.- só que sinto falta do meu pai.

—Todos sentimos querida.-disse ela me abraçando.

No dia seguinte lá vou eu para as aulas, e durante uma das aulas eu entrei em transe, dessa vez involuntariamente.

Eu estava no lugar onde minha mãe estava, na época que estava presa. 

—Tire-me daqui!-gritava ela.-Tire-me daqui. 

Era como se apenas ela me visse, era como se eu estivesse lá.

—Criança burra!-Gritava ela.- Tire-me daqui!

Então a bolsa dela estourou, o desespero em seu semblante era nítido. Ela não queria entregar essa criança, ela só queria fugir dali com ela, mas não podia deixa-los. 

Ela se concentrou o máximo que pode para ficar em silêncio. Ela fez seu próprio parto em silêncio, ela me teve em silêncio. 

Com todas as suas forças, ela me enviou para o laboratório, e quando o lugar foi a ruínas ela morreu, morreu nesse corpo e renasceu nas estrelas novamente. 

 

 


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