TOUCH SPACE escrita por Arabella
Eu me lembra-vá perfeitamente da palavra do meu pai, "nunca conte isso a ninguém", e eu cumpria, só que era cada vez mais difícil esconder que eu saía do meu corpo e viajava para lugares desconhecidos ou para coisas que já aconteceram ou vão acontecer.
—Zoe!- Chamou Gaia.- Ta pronta? Você tem aula daqui a pouco.
Eu não estava pronta, eu me sentia fraca toda vez que uma dessas viagens aconteciam, era como se eu precisasse recarregar, e essa de longe foi a viagem mais elaborada e longa que já fiz.
—Eu não estou me sentindo bem hoje Gaia.-disse deitando novamente. Eu sentia todo o meu corpo doer, sentia arrepios, era esquisito.
Gaia veio até mim e colocou sua mãe sobre minha testa.
—Deuses Zoe, você está queimando em febre.- Ela correu para o armário e pegou as chaves.- Você consegue andar?
Fiz que sim com a cabeça, ela me ajudou a levantar e me levou ate o carro. Me colocou lá e me levou até o laboratório onde fui examinada.
—Com quanta frequência você tem esse tipo de febre?- Perguntou um dos médicos.
—É a primeira vez?- respondi com um ar irônico, já que era a primeira vez que praticamente quase entrará em combustão humana.
Quando notei, eu estava com algo diferente na minha mão. Era a marca de um triangulo, mas ela estava em prata, como se estivessem encrustado algum metal nela. Assim que fui liberada, eu fui para o nosso pequeno quarto no campus, e fiquei lá deitada por toda a tarde.
Eu sentia falta de morar em uma casa, onde eu pudesse estar com uma família novamente, mas todos tiveram que se espalhar. Até onde eu sabia a mulher do meu pai fora para Portugal e minha avó para a Suíça.
—Eino que estava pensando?- perguntou Gaia sentando ao meu lado comendo um enorme bolo de chocolate.
—Eu sinto falta de casa,-disse eu pegando um pedaço do bolo do prato dela.- falta de ter uma família.
—Você te trocentas primas e euzinha, isso não basta?- Disse ela olhando pra minha cara rindo.
—Basta,-disse eu rindo.- só que sinto falta do meu pai.
—Todos sentimos querida.-disse ela me abraçando.
No dia seguinte lá vou eu para as aulas, e durante uma das aulas eu entrei em transe, dessa vez involuntariamente.
Eu estava no lugar onde minha mãe estava, na época que estava presa.
—Tire-me daqui!-gritava ela.-Tire-me daqui.
Era como se apenas ela me visse, era como se eu estivesse lá.
—Criança burra!-Gritava ela.- Tire-me daqui!
Então a bolsa dela estourou, o desespero em seu semblante era nítido. Ela não queria entregar essa criança, ela só queria fugir dali com ela, mas não podia deixa-los.
Ela se concentrou o máximo que pode para ficar em silêncio. Ela fez seu próprio parto em silêncio, ela me teve em silêncio.
Com todas as suas forças, ela me enviou para o laboratório, e quando o lugar foi a ruínas ela morreu, morreu nesse corpo e renasceu nas estrelas novamente.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!