Espelho da Alma escrita por Florie Winchester


Capítulo 1
Capítulo Único — Alma Soturna.


Notas iniciais do capítulo

Olá, hunters sofredores! Eu estou muito ansiosa e não sei direito o que dizer, mas vamos lá. Como eu disse nas notas do autor, essa one NÃO é um romance! Estou muito insegura de postar essa história, já que o maior público sempre está voltado para o romance e etc. Eu curto muito romance, mas eu acho que sempre é preciso dar uma renovada, concordam? Enfim...
Chega de enrolar. Tenham uma boa leitura! ♥



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Beaumont, Texas.

Fitava atentamente os anúncios de jornais em sua mão. As notícias estavam longe de serem boas. Aquele caso estava prestes a tornar-se o mais demorado para ser desvendado. Talvez fosse pela razão de sua cabeça estar em outro lugar, preocupado com outros assuntos e pessoas. Mas, naquele momento, ele deveria respirar fundo e continuar procurando o máximo que conseguisse sobre as mortes misteriosas envolvendo texanos de Beaumont. Há quatro dias o caso estava quase solucionado, mas tudo começou a desandar e entrar em um rumo diferente.

Em uma comemoração ao solstício de verão, um homem foi encontrado morto. Seu corpo estava completamente dilacerado, mas nenhum órgão foi retirado de seu corpo. Lobisomens tendem a alimentar-se do coração de suas vítimas, mas também poderiam matar apenas por sede, pensou o Winchester. Isso seria um tiro no escuro. Mais mortos começaram a aparecer, da mesma maneira que o primeiro; corpo mutilado, mas com órgãos no lugar.

— Talvez seja um cão do inferno — disse Bobby, pelo telefone. — Algum demônio da encruzilhada pode ter feito uma visita aos texanos. Imagino que todas as vítimas ganharam na loteria ou tiveram uma jogada de sucesso em suas carreiras. É uma grande possibilidade.

— Tem razão, Bobby — responde Dean, observando os documentos. — Todos tinham uma vida relativamente boa sem nenhum aviso prévio. Eles devem ter alguma relação, talvez um lugar que visitaram ou algum amigo em comum — lentamente, passou os olhos pelo documento, observando cada linha com altíssima atenção. — Beaux Jangles. Bobby, você é o cara! Obrigado por essa, te devo uma — desliga o telefone sem deixar que o homem se despedisse.

Todas as vítimas visitaram Beaux Jangles no solstício de verão de dez anos atrás. O site do bar possuía fotos daquele dia. Todos que foram mortos estavam juntos, exceto por uma pessoa; Margo Davis, de vinte e seis anos. Tudo indicava que ela seria a próxima vítima. Pelo menos seria, caso o Winchester não estivesse a um passo de salvar a vida de Margo.

{...}

 Os raios de sol refletiam na água cristalina da piscina. Havia pessoas para todo o lado, crianças brincando entre si e a grande mansão abrangia a visão de qualquer um que entrasse ali. Sem dúvidas ela vendeu a alma por dinheiro, o pensamento irônico soou na mente de Dean. Seu corpo clamava para que tirasse rapidamente aquele terno barato naquele dia tão ensolarado. Sem rodeios, o loiro caminhou até a mulher de olhos azuis, revelando a ela seu distintivo — falso — do FBI. A mulher o olhou, deixando uma enorme interrogação em sua expressão.

— Preciso conversar com Margo Davis — pediu, piscando para a morena e disfarçando logo em seguida —, a respeito das mortes que ocorreram nos últimos dias. Creio que ela possa me ajudar respondendo algumas perguntas básicas — guarda seu distintivo em seu terno.

— A ajuda dela deve ser realmente necessária para que o FBI venha até aqui ao sábado — a mulher diz, não dando atenção para os flertes de Dean. — Eu presumo que seja.

— Não se preocupe Marie, está tudo bem — a mulher surgiu, caminhando em direção aos dois. Seus cabelos eram loiros e sedosos, possuía um corpo invejável e seus olhos possuíam um contraste jamais visto pelo o Winchester. — Margo Davis — estende sua mão, cumprimentando-o.

— Agente Preston — aperta sua mão. — Sinto muito por está importunado ao sábado e também por ter interrompido a comemoração, mas é necessário que você dê um depoimento para a concluirmos a investigação dos assassinatos que ocorreram nesses quatros dias.

— Sem problemas, agente. Acompanhe-me — ela diz, com um belo sorriso no rosto, guiando Dean para a sala de estar luxuosa. — Eu poderia lhe oferecer um café, mas não serei tão rude dado às circunstâncias, portanto, aceita uma cerveja? — a tremenda simpatia da mulher, deixou Dean intrigado, mas obviamente ele não pode recusar sua proposta.

— Aceito, com toda certeza — ele responde-a, sorrindo. Margo entrega a ele uma cerveja extremamente gelada. Naquele calor, o Winchester não poderia ser capaz de recusar a bebida. Seria um absurdo, em sua concepção. — Não pretendo tomar muito de seu tempo, portanto, serei direto — ele diz logo após dar uma longa golada no líquido. — Você conheceu as vítimas?

— Sim. Há muito tempo atrás — respondeu, sem mentiras. — Fomos ao Beaux juntos, comemorando os cinco dias de festa. Não éramos amigos, estávamos longe de sermos, mas não tínhamos muitas opções. Quero dizer, nós éramos adolescentes, não nos importávamos com amizade, apenas queríamos aproveitar a vida. Ou, em outras palavras, encher a cara.

— E você não sente medo de ser a próxima vítima? Todos morreram e você pode ser a próxima — pergunta, bebendo mais um gole da cerveja, deixando sua expressão ser consumida pela leveza que a bebida o trazia. — Se eu fosse você, me protegeria, de alguma maneira.

— Eu poderia me proteger — diz Margo, cruzando as pernas ao sentar-se na poltrona —, se eu ao menos tivesse medo. Não temo a morte, mas você deveria. Um caçador está sempre em risco, não é mesmo? — ela vira a bebida em sua boca, terminando-a em segundos. As palavras que ela dissera fizeram Dean arregalar os olhos em surpresa. Como ela sabia sobre caçadores?

— Desculpe, do que está falando?

— Eu conheço um distintivo falso quando vejo um — seus olhos encaram fixamente os de Dean, a mulher continuava com a expressão despreocupada e totalmente suave. — Acredite, não estou aqui para atrapalhar sua caçada. Sim, a próxima a morrer sou eu. Ninguém mais além de mim. Então, sugiro que se empenhe em outro caso, aqui não há nada para você.

— Como assim? Você quer morrer? Desculpe-me se entendi errado, mas você tem uma vida ótima, talvez tenha precisado vender sua alma para isso, porém, não precisa desistir de tudo. Não é tão difícil deter um cão do inferno. E...

— Não vendi minha alma por dinheiro — ela o interrompe. — Eu não seria tão baixa assim.

— O que pode ser tão importante para que você venda a sua alma ao inferno?

— Isso não lhe diz respeito. Apenas vá embora. É o melhor a se fazer — disse Margo, levantando-se para pegar mais uma cerveja. — Nem todos querem retardar a morte, alguns simplesmente a aceitam. Eu tive uma boa vida e estou feliz em partir agora.

— Você tem ideia de como é o inferno? Tudo que aconteceu de bom em sua vida será totalmente esquecido. Restará apenas dor e solidão. Pode ser difícil de entender, mas eu apenas quero ajudar. Não desejo o inferno a ninguém que não mereça — levantou-se, olhando diretamente para Margo.

— Eu vendi a minha alma, acho que isso me faz merecedora do inferno. Você deveria se preocupar um pouco mais com você mesmo. Eu deixarei esse mundo quando o relógio anunciar meia-noite, mas os dez anos que eu tive recompensarão tudo que acontecerá comigo lá. Mas e quanto a você? Valerá a pena morrer salvando os outros? Eu tive liberdade de uma maneira que talvez você nunca entenda. Busque mudar sua vida, mas não tente mudar o rumo da minha. Não posso ser salva — ela sorriu morbidamente, sentando-se novamente na poltrona.

— Não terá liberdade quando estiver no inferno — contestou o Winchester, irritado.

— Você sequer entende o verdadeiro conceito de liberdade, agente Preston? — pergunta, já deduzindo qual seria a resposta. — Irei te fazer uma proposta. Eu te mostro o que é liberdade e você pode tentar me convencer a continuar vivendo — propõe. Dean revira os olhos, não entendendo metade das palavras da loira, mas ele sabia que não poderia ser pior. Por um momento, pode sentir que deixaria seus problemas de lado pelo menos por algumas horas.

— Tudo bem.

{...}

A brisa causticante e momentânea já caíra sobre Beaumont, juntamente às estrelas e a majestosa lua. Era uma noite incrivelmente bonita, poderíamos dizer. O céu estava limpo e as estrelas colaboravam com o cenário. Dean estava sentado em seu Impala esperando entediado por Margo. Ele já estava acostumado com a demora das mulheres, mas para quem morreria à meia-noite, sem dúvidas ela estava extremamente atrasada. A vontade do Winchester era agir totalmente diferente do que havia concordo; ele entraria lá e retardaria o cão do inferno o máximo que pudesse. Mas não. Alguma coisa o prendia ali, talvez fosse a curiosidade em saber o que era liberdade no conceito de Margo, ou conhecer mais sobre a mesma.

— É melhor irmos andando — a voz doce adentrou seus ouvidos, fazendo o abrir a porta e sair do veículo rapidamente. — Não vamos alcançar a liberdade se formos de carro — ironiza, sorrindo para ele. Margo estava magnífica. Seus cabelos estavam presos, mas algumas mechas ainda caiam sobre seu rosto delicado e claro, seus olhos azuis brilhavam como as estrelas.

— Se formos andando podemos não alcançar a próxima esquina antes do cão do inferno chegar — ironiza mais ainda, fazendo a mesma o olhar com repreensão por conta de seu pessimismo altamente visível. — O que foi? Estou sendo realista.

— Está sendo incrivelmente chato. E aliás eu ainda não sei seu nome. Já que vou passar os meus últimos momentos com você, gostaria de ao menos saber o seu nome — eles caminhavam pelo gramado e quanto mais se aproximava do local, mais as estrelas ficavam ao alcance das mãos. — Mas se seu nome for muito constrangedor, não precisa dizer — brinca, fazendo-o rir.

— Dean Winchester.

— Seu sobrenome é o nome de um rifle? — pergunta, fazendo uma careta divertida. — Você com certeza é um caçador — Margo sorri e quando finalmente chegam ao lugar, ela sorri ainda mais e apresenta o lugar: — Pois bem, Dean, seja bem-vindo à liberdade.

— Pra você liberdade é uma mesa no meio do seu quintal? — imediatamente ela lança um olhar negativo, deixando claro que ele deveria permanecer em silêncio. — Tudo bem — eles se sentam nas cadeiras e por mais que fosse simples, aquele lugar era maravilhoso. Havia pequenas velas iluminando o ambiente e um pouco mais longe da mesa havia um pequeno lago aonde se refletia a lua e algumas estrelas. — Deve ter sido difícil pra você ter digerido todas essas informações quando mais nova. Demônios, pactos, caçadores...

— Eu era incrédula até aquele momento. Tudo foi tirado de mim, e para mim não havia mais chances. Até eles me falarem sobre os pactos que fizeram. Eu fui a que mais resiste a proposta, mas no final, aceitei. E cá estou, dez anos depois. Já posso sentir minha visão falhar.

— O que?

— Minha visão — ela diz a verdade e seus lacrimejam em pudor. — Eu era cega antes de fazer o pacto. Quando tive minha visão de volta, todos chamaram isso de “um milagre de Deus”. Se eles soubessem o quanto Deus se lixou para isso e quem realmente me ajudou, aposto que ficariam surpresos. Eu nunca pude ver. Nunca vi nenhuma cor, não sabia nem como eram as pessoas ou como eu era. Era horrível. Mas quando eu tive a oportunidade de ver novamente, eu me senti... Livre. De uma maneira que nunca me sentirei novamente. Valeu a pena.

— Sinto muito — lamenta-se o Winchester. — Mas, os demônios não te ajudaram, não fizeram isso para alguém além deles. Eles são demônios, Margo. Não fazem o bem.

— Fizeram para mim. Eu vou para o inferno por vender minha alma, mas eu poderia ter ido por outros motivos — indaga, sorrindo para o loiro. — Nossos olhos são espelhos da alma Dean, se eu resolvesse olhar profundamente em seus olhos, o que eu veria? Você é livre? Feliz? Eu consigo ver a sua alma, e eu sei o quão ela é soturna. Mas essa é a questão: valerá a pena queimar no inferno por ser livre durante dez anos? Você pode não entender, mas valeu. Liberdade não é sair por aí, fazendo todas as bobagens que você deseja. Liberdade é impor a si mesmo o caminhar já que sentes que é livre para voar. Você apenas precisa sonhar mais alto, Dean. Não pense em salvar apenas os outros, salve a si mesmo. Não deixe que seus olhos reflitam a podridão de sua alma, conquiste e exale liberdade.

As palavras de Margo atingiram-no com uma intensidade que ele nunca imaginara. Mas, não poderia esperar-se menos. Margo Davis era a pessoa mais altruísta e livre que qualquer um pudesse conhecer. Ela não estava ali para conquistar o coração de Dean ou de qualquer outro, ela queria fazer a diferença na vida de alguém. Não de forma romântica ou sensual, mas sim de uma forma complementar. Margo não trocou sua alma apenas pela sua visão, mas também para ter o mundo em suas mãos. Se ela quisesse, poderia voar. Poderia fazer qualquer coisa que quisesse, pois ela estava longe de ser uma pessoa rasa. Ela era completa e completaria a vida de qualquer um que tivesse a oportunidade de conversar com ela.

Margo não foi fraca, ela foi forte a ponto de aceitar seu destino quando teve a oportunidade de mudar o rumo de sua vida. Mas, quando destinos são traçados, nada pode revertê-los. Se o Winchester não conhecesse bem tal raça, ele poderia dizer que Margo Davis era um anjo e, apesar das circunstâncias, morreu com o máximo de honra que um ser humano poderia ter dentro de si. No momento em que ouviu suas palavras, Dean foi livre.

“Nunca se pode concordar em rastejar, quando se sente ímpeto de voar.”

— Keller, Hellen.

 


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Notas finais do capítulo

Estou contando muito que vocês tenham tirado algo para vida de vocês com essa one, sério. Eu amei escrevê-la e pretendo postar muitas outras shortfics, oneshots e fanfictions na categoria de Supernatural por aqui. Eu estou insegura, mas deixarei tudo na mão de vocês!
Fiquem com Chuck e espero ler as vossas opiniões sobre Espelho da Alma. Um forte abraço da Florie, e também, mil beijos! ♥