Lost Wings escrita por Liapza


Capítulo 2
Uma proposta tentadora


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam curtindo ♥

Boa leitura!



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   Alicia sempre tentava subir na árvore ao lado da casinha de madeira para ver a floresta; era meio difícil conviver sem suas asas, afinal ela era bem pequena. Quando viu que não tinha chance, desistiu.

   — Vovó! — um garoto saindo da casa falou indo em direção a Sra. Olívia.

   — Fabi, querido!

   Velhinha que estava cuidando de uma flor se levantou e foi abraçar o neto.

   — Quem trouxe você?

   — A mamãe, eu estou de férias e ela achou que eu devia passar um tempo com você.

   O garoto comentou mostrando indiferença.

   — Vamos entrar. Hoje eu fiz um bolo.

   Alicia acompanhou os dois com o olhar até eles entrarem na casa e achou que como era fim de tarde e a velhinha tinha visita não iria voltar, então desceu do corrimão da varanda e correu para o canteiro das rosas. Pode até parecer que levaria um dia inteiro para chegar lá, afinal a casinha ficava no fim do jardim, mas esses seres pequeninos eram um tanto rápidos quando queriam, por conta de sua leveza. 

   Ela sempre ficava na mesma rosa, a maior rosa do canteiro, por isso era mais confortável. Alicia podia escolher qualquer outra flor. Um Girassol poderia ser confortável, em um Copo de Leite ela se encaixaria bem, em um Cravo com todas aquelas pétalas fofas ou quem sabe em uma linda Tulipa, mas Alicia gostava do cheiro das rosas. O cheiro a fazia esquecer os galhos se entrelaçando no alto, as folhas caindo ou até os lagartos nas árvores que podiam confundi-la com um inseto. Apesar de todas as coisas que ela não gostava do antigo lar, ela sentia saudades, e o cheiro das rosas era algo bom que fazia com que ela sentisse um pouco de felicidade mesmo após a perda das asas.

   Alicia subiu pelo caule da flor e se agarrou a uma sépala, depois a uma pétala. Estava prestes a entrar na rosa quando uma sombra cobriu tudo que estava por sua volta, ela se virou e lá estava o garoto de cabelos negros e olhos castanhos olhando fixamente para ela, surpreso e segurando uma pá. Alicia em vez de correr ficou mais assustada do que ele ao olhar a pá, por um momento pensou que o garoto ia confundi-la com um inseto assim como os lagartos e que ia ser esmagada a qualquer momento se não fugisse.

   Saiu do transe e tentou correr, mas a mão do garoto foi mais rápida. Alicia se viu em uma mão com cheiro de bolo de laranja, uma mão desconhecida; ela nunca esteve em uma mão humana antes, sempre teve medo de se mostrar para humanos, mesmo que as fadas do seu antigo lar ajudassem os mesmos.

   Não conseguia ver nada, estava quase por completo na mão do garoto. Ele largou a pá no chão e andou até perto da porta dos fundos da casa da Sra. Heather e olhou se a avó estava por perto. Foi até a casinha de madeira e a colocou no corrimão da pequena varanda com cuidado, abrindo a mão lentamente. Alicia se afastou rapidamente sem olhar para onde ia e quase caiu do corrimão, mas o garoto a pegou antes.

   — Calma! Não vou te machucar...

   O garoto olhou pensativo, pensando em um nome que não saiu.

    — Seja lá o que você for.

   — Eu sou uma fada .

   Alicia disse ainda desconfiada.

   — Você não é uma fada, fadas são aquelas coisinhas pequenas que tem asas e brilham que nem vagalume, e elas soltam umas faíscas ou sei lá o que, minha avó costumava falar sobre essas coisas.

   — Eu sou uma fada! Eu apenas perdi minhas asas...  E fadas não soltam faíscas. 

   Alicia falou irritada.

   — Se você é uma fada então faça uma mágica.

   Falou o garoto em um tom desafiador.

   — Fadas também não fazem mágica. 

   Alicia revirou os olhos.

   — Nossa, que chatice! 

   O garoto disse decepcionado. 

   — Qual é o seu nome? Você tem nome, não é?

   — Claro que eu tenho nome! Me chamo Alicia.

   Ela falou sem ser muito simpática.

   — Eu me chamo Fabrício, mas me chamam de Fabi.

   Fabrício disse tentando ser simpático.

   — Quem inventou as besteiras que você disse? 

   Alicia perguntou ainda não muito simpática.

   — A minha avó lia Peter Pan pra mim quando eu era menor.

   — O que é isso? 

   Ela indagou curiosa.

   — Uma história boba sobre um garoto que é criança pra sempre, nada de mais.

   — Então, o que você estava fazendo nas flores da minha avó? 

   Falou apontando com o dedão para trás.

   — Eu durmo em uma das flores.

   Alicia respondeu mais simpática.

   — Espera, tem mais de você pelo jardim? 

    Fabrício perguntou empolgado.

   — Não, eu fugi da... De onde eu vim. 

   Alicia não queria correr o risco de entregar o lugar onde ela viveu por anos. 

   — Você não vai contar que me viu, vai? Você não pode contar, eu não quero ser vista, eu não posso! 

   — ‘Tá bom, se você não quer eu não conto.

   Fabrício disse como se estivesse pedindo para ela ter calma. 

   — Você ainda vai continuar no jardim?

   — Vou. Você pode me colocar de volta na rosa? 

   Pediu, agora desviando o olhar.

   — Claro.

   Fabrício a pegou, mas dessa vez com cuidado, e a levou até a maior rosa, na qual ela dormia.

   — Você vai ficar bem aí?

   — Eu sempre fiquei. 

   Alicia disse fechando a rosa. Depois ficou quieta até ouvir os passos do garoto em direção a casa da avó. Ela ponderou sobre o que tinha acontecido, pois um humano a tinha descoberto. E agora? Será que ele vai me dedurar? Será que vão querer me colocar em um potinho? Ela pensava.

   Tudo isso tinha sido observado por um camaleão em cima da árvore da casinha. Ele não se mexeu até o garoto fechar a porta da casa. Logo depois ele saiu correndo para a floresta, e subiu em uma árvore seca. Então entrou em um buraco que havia na árvore, de dentro do buraco vinha uma luz alaranjada como se tivesse uma mini fogueira lá dentro.

 

   De repente uma luz alaranjada surgiu e Alicia assustada abriu a flor. Era uma fada, uma salamandra, e Alicia tinha certeza porque ainda não havia esquecido tudo sobre seu lar. Ela fechou a rosa novamente depressa torcendo para que não tivesse sido vista pelas asas flamejantes.

   — Olá, não tenha medo!

   — Saia! Vá embora! 

   Alicia gritou com medo.

   — Eu não vou te machucar, só quero conversar, eu te vi de longe e queria saber o que você é.

   A fada disse parecendo ser amigável.

   — Você é uma salamandra!

   — Sim, é por isso que tem medo de mim? Ora, não tenha, nosso reino acabou e agora há poucas de nós por aí. E a maioria, como eu, está em paz com todos!

   A fada disse abrindo a rosa. 

   — Você é uma fada não é?

   — Sim. 

   Alicia respondeu assustada.

   — O que houve com suas asas? 

   A salamandra perguntou, curiosa.

   — Eu as perdi. 

   Alicia falou perdendo o medo, mas não por completo, ainda desconfiava da fada que afinal era uma salamandra.

   — Perdeu? 

   A fada perguntou como se quisesse saber mais.

   — Na verdade foram tiradas de mim, por que o interesse? 

   Alicia perguntou com mais desconfiança.

   — Bom, como fada você deve saber que nós salamandras não chegamos nem perto dos humanos, não gostamos deles. Assim como vocês ajudam os humanos, eu ajudo animais, gnomos, fadas...

   Disse ela dando ênfase a ultima palavra.

   — Aonde você quer chegar? 

   Alicia perguntou curiosa e desconfiada ao mesmo tempo.

   — Eu sei como você pode recuperar suas asas. 

   A fada falou e Alicia ficou surpresa, mas tentou não demonstrar.

   — Bem, claro que não é fácil, afinal são asas. Você teria que conseguir algo antes.

   Alicia perguntou se aquilo era mesmo verdade, mas quis saber mais, afinal o que é que aquela salamandra poderia ganhar em cima disso? Bom, Alicia não sabia, ela estava cega pelo desejo de obter suas asas de volta.

   — O que é preciso fazer?


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Notas finais do capítulo

Gostam dessa história? Eu tenho mais.