Para Sempre - Parte II escrita por JVB


Capítulo 17
Sentimentos Estranhos




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STEVE

Eu não sabia como reagir. Era difícil, era doloroso, mas eu não sabia quem eram as duas mulheres que me olharam horrorizadas quando eu disse que não reconhecia. Eu não estava mentindo, não sabia quem eram elas.
Fiquei duas semanas no hospital, e pelo que eu tinha entendido, eu tinha apagado cinco anos que se passaram. Quer dizer, eu estava em vivendo em 2010. Pra mim, eu tinha acabado de sair de um relacionamento com Mary - e que eu me sentia cruelmente aliviado, - e a última coisa que eu lembro foi de ter ido dormir de ressaca. Não me lembrava do acidente e de mais nada.
As duas mulheres de antes, Samanta e Julie - Samanta mesmo se apresentou, a outra eu tive que descobrir, já que ela não entrava no quarto, só ficava me observando da janela. - Elas ficavam horas no hospital. A mais alta, Samanta, conversava comigo e tentava fazer com que eu me lembrasse de algumas coisas. O choque foi descobrir que eu estava noivo dela, e poxa vida, eu não conseguia sentir nada. Não a amava, nem sabia quem era ela, mas Samanta garantiu que iria me conquistar novamente. Perguntei da outra menina, e ela disse que era uma amiga.
Quando anoiteceu e eu fiquei sozinha porque minha mãe e meu pai precisavam voltar para casa, percebi que Julie ainda estava lá. Pedi para que enfermeira deixasse-a entrar por alguns minutos, eu precisava conversar com ela e saber de algumas coisas. Minha mãe falou sobre ela, mas foi muito breve, disse que o assunto era delicado.
Ela entrou, seu rosto estava um pouco abatido e ela estava roendo a unha do indicador. Ela sorriu quando se aproximou de mim mas não disse nada. Ela tocou minha mão e todos os meus pelos do braço se arrepiaram. Eu achei ela linda, fiquei com vontade de toca-la também. Senti algo estranho. Estranho porém bom.
— Você se chama Julie, certo? Julie o que?
— Scott.
Sua voz era suave e eu queria escutar de novo, então puxei algum outro assunto.
— Você é...hum, onde nos conhecemos?
— Na rua. - Sua voz estava meio embargada, como se ela não conseguisse falar. - Você me atropelou com uma bicicleta.
— Sério? Nossa, que horror. Eu machuquei você?
— Não, depois me levou até o ponto de táxi e pediu para eu anotar seu número - ela abriu um sorriso leve.
— Então somos amigos?
Ela não disse nada.
— Alguém disse que somos amigos?
— Samanta. Ela disse que nós somos noivos. Minha mãe confirmou, mas eu provavelmente vou desmarcar esse casamento. Não posso casar com alguém que não amo.
— Você precisa de um tempo, Steve.
— Eu...não sei, eu não lembro de você mas diferente de Samanta, você me traz um sentimento. A gente já se beijou?
Ela deu risada.
— O que você quer que eu responda?
— Não sei, não tenho expectativas quanto a isso, só preciso saber porque você fica aí o dia inteiro e seu rosto está tão abatido. Eramos amigos muito próximos, pelo que pude notar. Minha mãe disse que você era mais do que uma amiga, mas que não podia dizer mais nada porque não sabia de deveria falar sobre o assunto. Por que não?
— Acho que é o melhor pra você e o melhor pra mim.
— Então a gente se envolveu - conclui. - Foi muito ruim?
— Não. Foi só uma coisa de adolescente. - Ela disse.
***
Uma semana depois eu tive alta. Poderia ir pra casa e teria acompanhamentos médicos lá mesmo. Não vi Julie durante essa semana e isso me incomodou. Falar com ela me fez querer vê-la de novo e pra falar a verdade não parei de pensar nessa mulher. Era como se existisse uma ligação entre nós dois que ela quisesse esconder, mas por que?
Eu estava numa cadeira de rodas e fui levado até o carro. Meu pai me ajudou a entrar e depois fomos para casa. Meu pai me deu uma sacola quando o farol fechou.
— Acharam essas coisas no seu carro, pode te ajudar a lembrar.
Abri a sacola e lá estavam um molho de chaves, uma carteira, lenços, um cachecol e uma amostra de perfume. Cheirei o perfume e me trouxe uma lembrança familiar. Abri a carteira e vi meus documentos tinha uma foto de Julie lá dentro.
— Mãe, me fale tudo o que você sabe sobre a Julie Scott.
Meu pai e minha mãe trocaram olhares.
— O que quer saber sobre ela?
— Tudo. Nos falamos ontem no hospital e...não sei, ela me traz um sentimento bom. Tem uma foto dela na minha carteira.
Ela suspirou.
— Bom, ela é uma menina muito legal. Gosto dela mas...vocês fazem muito mal um para o outro.
— Então nós já nos envolvemos?
— Quando você tinha 22 anos...quer dizer, você acha que tem 22 ainda mas agora já sabe que não tem, vocês namoraram por alguns meses. Ela era apaixonada por você.
— Por que terminamos?
— Ah, Steve, são muitas histórias interligadas e você vai precisar de muito estômago para escutar tudo.
— Ela me amava?
— Sim, querido, e tenho certeza que ainda o ama. Ela largou tudo pra ficar aqui quando soube que você sofreu um acidente.
— E a faculdade?
— Você se formou. Comprou um apartamento e tudo mais, ficamos muito orgulhosos.
Fiquei inquieto, olhando para a foto. Ela estava com o cabelo ruivo, parecia estar dando risada de alguma coisa. A foto estava rasgada e eu reconheci que a pessoa ao seu lado era eu.
— Não parece que fazíamos mal um para o outro - eu mostrei a foto.
— Ela é neta da mulher do sócio do seu pai, vocês acabaram se envolvendo ainda mais quando descobriram. Steve, você gostava muito dela, você sofreu muito quando ela foi embora...
— Ela foi embora?
— Sim, para Paris. Você conheceu Samanta e seguiu sua vida.
— Quanto tempo ela ficou lá?
— Acho que foram cinco anos, ela tinha dezessete...
— Eu guardei essa foto por cinco anos?
— É o que tudo indica.
Essa mulher...eu sentia que precisava dela.
— Preciso ligar pra ela.
— Querido, você precisa descansar.
— Mãe, preciso tentar fazer minha memória voltar.


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