"Olá... Eu escrevi essa carta, para explicar tudo que aconteceu... E mostrar meu amor por você, Castiel.

Em uma segunda-feira eu te conheci, uma adolescente suicida que achou uma razão para continuar e a minha razão era você... Minha vida toda foi uma droga, inúmeras vezes eu quis desistir... E agora, eu finalmente tive coragem para desistir, mais antes, eu precisava dizer o porque de tudo isso, para você saber que você já me salvou, não uma, não duas mais milhares de vezes.

Tudo começou quando eu tinha nove anos, meus pais se separaram e minha mãe começou a se embebedar... Ela ficava estressada e em um dia qualquer ela decidiu não ficar mais nesse mundo, eu encontrei minha mãe morta na banheira de casa, com uma faca fincada na cabeça e muito, muito sangue... Eu era só uma menininha, uma menininha sozinha, uma menininha negada pelo pai, abandonada pela mãe e então sozinha no mundo, mais tinha decidido que eu não iria fraquejar como minha mãe... Meus vizinhos falavam da minha família, de como minha mãe não aguentou a separação, de como meu pai me abandonou, a forma como ela desistiu, e como a culpa era dele. Meus pais eram um casal feliz até eu nascer, a culpa foi minha, a culpa era minha até eu também desistir e quebrar minha promessa... Logo eu fui mandada para a casa dos meus avós e foi onde eu achei que as coisas iam melhorar, mais eu não podia estar mais errada.

Quando eu tinha onze anos, eu era obrigada a limpar toda a casa sozinha, lavar todas as roupas sozinha, fazer a comida para mim,para meus avós e para mais cinco primos que moravam naquela enorme casa, se ficasse poeira em um minimo cantinho, se alguma louça ficasse com um pouquinho de sabão, se a comida não ficasse gostosa ou pronta no horário certo, até mesmo se eu me sujasse eu era castigada, o tanto que eu apanhei naquela casa... O tanto que eu sofri naquela casa, meus primos me zoavam, me xingavam, mais tinha um deles que sempre me tratou bem, que me dava presentes e ja apanhou por mim, Adam sempre me amou e cuidou de mim, mas... Mais quando eu tinha treze anos ele morreu em um acidente brincando na rua... Um carro o atropelou o lançando para dentro do lago que tinha perto e só depois de dois meses acharam o corpo dele... Minhas lágrimas eram tantas, minha vida era uma droga e a unica parte boa dela morreu... Essa foi a primeira vez que eu tentei desistir da mesma forma que minha mãe, com um facão de cozinha.

Aos meus catorze anos meu avô ficou sem dinheiro e então me obrigou a me prostituir para ganhar dinheiro para a família, e mesmo eu ganhando o dinheiro dessa forma horrível, eu sempre ficava sem jantar porque algum primo meu queria repetir... Se eu trouxesse menos de cem reais para casa era espancada sem dó nem piedade.

Quinze anos foi quando eu cansei daquela droga de sobrevivência... Pois aquilo não podia ser chamado de vida, eu tentei mais uma vez me matar, mais faltou coragem, então me lembro de ir correndo a dispensa (local aonde eu dormia) pegar minha mochila da escola, tirar todo o material, colocar a pouca roupa que eu tinha, meu velho celular e meus fones que foram presente de um cliente, guardar o facão na mochila e então, na sombria noite eu fugi, deixando todo meu passado para trás, passei dias morando na rua, tentando sobreviver, o mundo me ensinou como roubar, como chantagear e como fugir e isso foi o que eu fiz até meus dezesseis anos.

Logo descobri sobre um estranho colégio interno que não precisava de muitos documentos, então fora só preciso uma falsa carta de algum responsável inexistente, uma pequena foto, vinte e cinco reais e alguns colares roubados para ser aceita pela diretora... Eu era feroz, grossa e malvada, assim como a vida me ensinou a ser... Eu não fiz nenhum amigo, a loira folgada me irritava e ninguém falava comigo, e então... Eu te conheci, um estranho rapaz com um estranho mau humor que era igual ao meu, por algum motivo, em um segunda-feira chuvosa você veio falar comigo e se dispôs a ser meu amigo. E foi assim que você me salvou das trevas que era minha existência.

Vivi dias maravilhosos ao seu lado Castiel, mais... Desde que ela apareceu, eu fui abandonada, excluída, humilhada, maltratada, tanto por você, quanto por Debrah sua suposta namorada... Que era uma desgraçada, uma falsa e uma traidora, mais parece que só eu via isso, pois ninguém nem você meu amor e meu melhor amigo ficou ao meu lado... E agora eu ja não podia mais conviver com você me ignorando, me maltratando... Eu não aguento mais Castiel....

Agora chegou a hora de encarar a verdade... Somos adolescentes suicidas dizendo para adolescentes suicidas que o suicídio não é a solução... Mais nós mesmo sabemos que a unica solução é o suicídio... As pessoas dizem "Vai doer agora, mas vai passar" e realmente passou, o tempo, não a dor... Eu cheguei a um nível de me ferir por fora para mostrar que estou ferida por dentro, e eu atingi o fundo do poço. Cai de cabeça, quebrei as esperanças, perdi muito mais do que esperava. Agora eu provavelmente não estarei sentindo mais nada, pois me vi partindo em pedaços, sendo despedaçada não apenas uma vez. Me vi sangras todas as noites. Mas, agora não vai doer mais, não vai sufocar mais, nem arder como costumava, agora eu vou ser um nada, apenas nas lembranças das pessoas e dentro de mim não vai sobrar nada além de um grande vazio. E foi inútil me cercar de pessoas como você disse para mim fazer, se por dentro eu ainda me sentia só! E... Eu tenho gritado aqui por dentro mais ninguém me escuta. E então nessa maldita noite fria, eu vou encerrar todo esse sofrimento.

Só saiba por favor, que eu te amo, eu te amei... eu te amei mais que tudo, pois você me fez me sentir viva novamente, e agora eu cai por terra novamente e dessa vez eu não posso me levantar, mais eu te amo... E isso é um adeus, eu queria que você tivesse podido corresponder meu amor, mais agora já é tarde de mais Castiel... Mais eu te amo, e isso é só um adeus.

Assinado: Alicia."

E a essa hora Alicia já estava morta, Castiel estava lendo a carta e chorando desesperadamente pela melhor amiga e unica pessoa que o compreendia...