N Padmé

—Aqui está- Lady of Stone praticamente jogou um dos vestidos em cima de mim com claro desprezo- Se apronte.

—Por que?

—Se você prefere usar a mesma roupa pelo resto dos seus dias, eu não poderia me importar menos...Porém Vader quer você pelo menos apresentável para um jantar civilizado com o Imperador.

—O que? Como assim jantar com Palpatine?

—Exatamente o que eu acabei de dizer amidala- ela disse revirando os olhos- Agora eu vou te deixar pronta para esse jantar e pode ser com a sua cooperação ou não, e eu vou adorar a segunda opção.

Ela pegou um pente e começou a tentar resolver a bagunça de fios que havia se tornado o meu cabelo, havia algo de estranhamente familiar no que ela estava tentando fazer e por um segundo eu senti como se a conhecesse anteriormente, bem até ela começar a tentar arrancar o meu cabelo.

—Ai! Por que você me trata com tanto desprezo? - Eu perguntei tentando fazê-la parar- Eu não entendo.

—Sinceramente? Porque você é patética- ela praticamente cuspiu as palavras- Padmé Amidala deveria ser uma mulher forte e fiel a seus ideias e causa, mas não, você se entregou ao Lorde Vader na primeira oportunidade sem resistir como uma mulher fraca, dormiu com ele quando deveria aproveitar o momento de vulnerabilidade e acabar com ele de uma vez por todas...A Culpa é sua senadora de quinta categoria- ela disse com a voz pingando veneno- Por que você não pegou seus filhos, sua sobrinha e vazou enquanto ainda tinha a chance?

—Pare! - As palavras dela foram como um balde de água fria- Por que está me dizendo isso? Vader não gostaria de saber que está tentando me virar contra ele.

—Não gostaria mesmo- ela respondeu rindo- Eu não me importo, é louco, mas eu sinto que sou leal a você e não a ele.

—Por que você usa essa máscara e esse modificador de voz? – Pergunto estranhando a presença familiar que me rondava- Eu sinto que te conheço.

—Bem você está errada Amidala! - Ela disse se levantando e indo até a porta- Já dei um jeito no seu cabelo, acho que consegue se vestir sozinha.

***

N Jyn

Estava penteando meu cabelo com certa apreensão, ainda não conseguia entender porque eu dispensei Lando na noite anterior, isso nunca havia acontecido antes.

—O que está pensando Jyn? - Leia me questionou preocupada- Você não falou uma palavra desde que chegamos nesse quarto.

—Não é nada- dou de ombros me virando para encara-la- Aonde estão os outros?

—Han e Chewie estão tentando convencer meu irmão teimoso a não sair daqui e ir para Dagobah sozinho.

—Por que diabos Luke quer ir para Dagobah?

—Em Dagobah vive um antigo mestre Jedi chamado Mestre Yoda, ele quer pedir uma orientação melhor na Força, para ser capaz de enfrentar Vader e salvar nossa mãe.

—Realmente não é uma má ideia, mas ele realmente pensa que vamos deixa-lo ir para Dagobah sozinho? Nem pensar.

—Você me define completamente Jyn. Vamos com ele?

—Vou avisar Lando primeiro, ele ficará meio decepcionado de partimos tão cedo.

—De você partir tão cedo, quer dizer- Leia disse com um sorriso malicioso- Achou mesmo que eu não notaria que tem algo entre vocês?

—Tinha- corrigi revirando os olhos.

—Tanto faz, por que acha que Luke ficou tão irritado? Todos perceberam Jyn!

—Você não está falando coisa com coisa Leia!

—E o que ele estava cochichando no seu ouvido no corredor?

—Pelo amor de Deus Leia! Nem meu pai me faz essas perguntas- falo irritada e ela apenas suspira.

—Desculpe, eu estou preocupada! Não tenho um bom pressentimento sobre ele e eu não sou a única.

—Eu garanto que você está se preocupando à toa, Lando é meu amigão a um tempão e é de confiança.

***

N Padmé

As palavras de Lady of Stone me acordaram para realidade, me aprontei para o famigerado jantar determinada a dar a Vader o tratamento mais distante possível, enterrar meus sentimentos antigos bem fundo e não cair nas garras dele mais uma vez.

Havia tido um baita momento de fraqueza, havia me levado levar e as coisas haviam saído do meu controle, precisava aguentar firme e não deixar que aquilo acontecesse de novo. Afinal eu ainda sou Padmé Amidala e está na hora de recuperar a minha força e me impor.

—Estou aqui- murmurei desanimada enquanto me sentava para jantar.

— O que significa isto Lord Vader? - Palpatine me encarou confuso e irritado- Agora convida as prisioneiras para jantar?

—Padmé não é minha prisioneira, ela ainda é minha esposa e futura Imperatriz dessa galáxia.

—Como? - Palpatine praticamente rosnou furioso.

—Você ouviu bem Vossa Majestade- Lady of Stone disse se aproximando sorrateiramente por trás e apontando o sabre de luz vermelho para Palpatine- Mestre, quer que eu acabe com ele agora?

—Não- Vader levantou uma mão a impedindo- Eu quero ter esse prazer.

—E você chama de prazer matar alguém? - Perguntei com a voz pingando de desprezo, o que vi que levou um sorriso ao rosto de Lady of Stone.

Eu apenas assistia aquela cena se desenrolar, Darth Vader sacou o seu próprio sabre de luz e eu quase fiquei com dó de Palpatine por estar cercado, mas me lembrei rapidamente do fato de que era ele, o maldito responsável por afundar a galáxia em uma ditadura, levar meu marido para o lado sombrio e destruir minha família.

Mesmo assim não consegui não ficar chocada quando vi a lâmina vermelha empunhada por Vader descer em direção ao pescoço de Palpatine, o decapitando instantaneamente.

—Não tinha outro jeito de resolver isso, sem derramar mais sangue? - Pergunto enojada com a cena que acabei de presenciar, violência pura e descomunal.

—Não- me respondeu simplesmente, sem um fio de arrependimento na voz.

—Eu preciso me retirar- falo com a voz rouca ainda com o estômago revirando em nós, assustada, mas não consegui me mexer, ainda em estado de choque.

—Padmé- ele tentou se aproximar de mim e tentar me acalmar, mas meu olhar carregado de raiva, desprezo e nojo o fez parar em suas trilhas.

—Não chegue perto de mim- ordenei com a voz rouca- Não quero mais olhar para você, não é mais o meu marido, porque Anakin jamais faria tantas coisas hediondas que vão contra todos os meus ideais, jamais me faria presenciar uma cena tão brutal.

Silêncio

—Lady of Stone, pode me tirar daqui? - Pedi tentando manter uma firmeza na voz que eu não sentia por dentro.

—Claro Amidala!

Percebi que ela sequer pedira permissão a Darth Vader, apenas desligou o sabre de luz vermelho e me acompanhou de volta até o meu quarto.

—Você foi bem forte lá- comentou e parecia genuinamente impressionada- Aquela realmente não foi uma cena bonita.

—Você não parece muito afetada.

—Eu fui treinada para ser uma assassina, já me acostumei- deu de ombros

—Por que fica obedecendo as ordens dele? - Perguntei confusa- Eu vi que você é bem impetuosa, por que ainda não se rebelou contra ele? É o mesmo motivo que eu tenho?

—Não- ela começou a rir descontroladamente, e era uma risada tão familiar que me trouxe uma certa nostalgia- Eu não estou apaixonada por ele igual você, mas que ideia.

—Então?

—Eu só não tenho nada além disso, não tenho nenhuma lembrança de quem eu era antes de ser Lady of Stone.

—Então não sabe o seu verdadeiro nome? - Perguntei incrédula e ela apenas assentiu com a cabeça.

—Nenhuma ideia? Então eu posso escolher um nome para você até que você lembre o seu nome de verdade, o que acha?

—Você é boa escolhendo nomes- ela me disse com um sorriso- Vader já me contou que vocês têm dois filhos chamados Luke e Leia.

—Sim- digo com sorriso melancólico- Eu sinto tanta falta deles, só espero que estejam bem e seguros.

—Eles estão-me respondeu tentando me tranquilizar.

—Espero que esteja certa Elisabeth.

—Elisabeth? - Repetiu com uma sobrancelha arqueada.

—Não gostou?

—Não! Eu adorei! - Disse com um sorriso, mas que se desfez muito rápido- Droga! Desculpe te deixar assim, mas eu tenho uma missão em Bespin agora. Vader não gostaria que eu me atrasasse.

—Eu entendo- respondi cabisbaixa, mas quando ela estava prestes a sair, algo me ocorreu- Espere! Tenho uma pergunta.

—O que foi? - Se virou na mina direção novamente.

 -Agora que o Imperador está morto- comecei cautelosa- Duvido que o Império acabe agora, então como ficará a situação da galáxia?

—Bem- ela respondeu pensativa- Darth Vader planejava te colocar como Imperatriz, tinha a certeza cega que você aceitaria, mas...

—Não vou aceitar de jeito nenhum- a interrompi ríspida.

—Eu sei que não, então acho que a única solução na cabeça dele seria se tornar o próprio Imperador.

—Isso seria um desastre.

***

N Jyn

—Lando, o que significa isso? - Perguntei irritadíssima quando senti os stormtroopers agarrando meu braço.

—Eu sinto muito Lauryn! Eu não tive escolha! - Murmurou Lando pesaroso- Temos um novo imperador agora e Darth Vader é bem mais...

—O QUE? - Gritei incrédula, minha mente dando voltas para aceitar o que ele acabara de dizer- Darth Vader? Imperador? Não, isso seria um total desastre.

—Exatamente- Lando disse e suspirou- Mas eu consegui fazer um acordo, não vão machucar nenhum de vocês.

—Que grande consolo- murmuro sarcástico- Seu traidor! Eu defendi você, todas as vezes em que minha família desconfiou de você.

—Quanto drama! - Ouvi uma voz desconhecida dizer com sarcasmo, a dona da voz apareceu, uma mulher cuja máscara escondia o rosto, trajando um vestido negro resplandecedor, cujos cabelos castanhos estavam soltos em cachos pelo vestido.

—Lady of Stone- cumprimentou Lando.

—Querida Jyn Kenobi- disse com a voz sem emoção me analisando de cima a baixo- É o mínimo que você merece por confiar em contrabandistas! Acha mesmo que eles se importam com amizades? Tudo para o que ligam é acordos vantajosos para si mesmos e dinheiro.

—Quanta amargura- falo com um sorriso desdenhoso- Não tem a mínima ideia do que está falando.

—Bem Darth Vader realmente não gosta de você.

—Jura? Essa eu não sabia, o que eu fiz para que aquele abutre asmático não goste de mim- cuspo cada palavra carregada de ironia e sarcasmo.

—Já gostei de você- disse com um sorriso- É uma pena que eu cumpro ordens, e Vader ordenou a sua morte.

—Você disse que ninguém se machucaria- protestou Lando sensibilizado- Fizemos um acordo!

—Sim, mas eu altero os termos desse acordo quando bem quiser- respondeu direta.

—Lando seu idiota! - Murmuro revirando os olhos- Os Sith não tem palavra!

—Deveria ter ouvido sua amiguinha aqui, agora ela não vai mais poder te dar nenhum conselho- Ela acendeu o sabre vermelho e o aproximou da minha garganta devagar e eu fechei os olhos em antecipação.

—NÂO! - Ouvi o grito de Luke de algum lugar, era o único que ainda estava aqui comigo...Leia, Chewie, Obi Wan, e Han haviam sido escoltados até a câmara de carbonita.

Eu apenas esperei de olhos fechados, aceitando a morte, mas os segundos estavam se estendendo cada vez mais e se tornando cada vez mais tortuosos. Abri os olhos novamente e vi que Lady of Stone não estava esperando para me torturar, soube disso quando vi uma mistura de emoções e sentimentos diferentes e intensos passando pelos olhos castanhos dela.

—Deixe-a ir- disse simplesmente para os stormtroopers e desligou o sabre de luz.

Não tinha ideia do que havia acontecido, apenas uma pontada de familiaridade e nostalgia me atingiu com força total.... Perdi o foco por uns segundos, até que quando o recuperei, eu corri até Luke tentando livra-los dos stormtroopers mesmo desprovida de uma arma.

—Não ousem machuca-la- ouvi de novo a voz de Lady of Stone para os stormtroopers que desistiram de tentar me impedir e me deixaram libertar Luke e puxa-lo comigo para longe daquela confusão.

Tentamos correr para alcançar a nave em que estavam levando os outros mas não chegamos a tempo e também não tínhamos nenhuma ideia de para onde os estavam levando. Além de não podermos ficar na cidade das nuvens muito tempo, vai que Lady of Stone mudava de ideia sobre ir atrás de nós e Vader ainda me queria morta no final das contas.

—O que vamos fazer Jyn? - Luke me questionou preocupado e desolado.

—Vader agora é o Imperador então nenhum lugar da Orla Interior é seguro- digo com melancolia- Não temos condição de enfrenta-lo agora e salvar nossos amigos e família.

—Então? Jyn, eu aposto que você sabe o que fazer- ele diz segurando na minha mão me olhando com desespero- Você sempre tem um plano.

—Na verdade atualmente meu plano é o seu plano, precisamos nos preparar melhor – respondi tentando passar algum tipo de confiança nas minhas palavras, coisa que eu estava longe de sentir.

Eu estava seriamente preocupado como nunca havia estado na vida e com medo, muito medo de machucarem as pessoas que eu havia conhecido a pouco tempo, mas que eu já havia aprendido a amar.

—Então vamos a Dagobah? - Perguntou Luke quando pulamos na primeira nave que encontramos no hangar de Bespin, ajustando os controles.

—Vamos a Dagobah! Treinar pesado com Mestre Yoda e resgataremos eles quando estivermos preparados para o confronto com Vader.