Make a Wish (Revisando) escrita por allurye


Capítulo 29
Chapter - XXIX Evil does not need an invitation


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas!
Voltei! Finalmente depois de quase dois meses finalmente consegui terminar esse capítulo. Desde já peço desculpas pela demora. Mas como expliquei no capítulo anterior, fiquei muito abalada pelo suicídio do Chester e de repente toda a inspiração se foi (ao menos Make) mas graças aos puxões de orelha de Carolzita e Kylie, voltei
Aviso:
Vai ser longo. Sorry, but no sorry :/



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Nós estamos correndo contra o tempo. Perseguindo nossas mentiras Todos os dias um pequeno pedaço de você morre. Sempre alguém. Na qual você está disposto a lutar, para estar certo. Suas mentiras são balas, sua boca é uma arma. E nenhuma guerra sobre a raiva já foi vencida” Kill Em With Kindnees – Selena Gomez

 

MATT

 

Um pontada irritante na cabeça me forçou a fechar os olhos por um segundo. Já podia sentir uma crise de enxaqueca vindo e normalmente ela era causada por tomar café em excesso, mas o estresse de dar uma carona a Elena era tudo que eu precisava para ter outra crise.

Era incrível como ela conseguia destruir qualquer momento de alegria por mais fugaz que fosse, mesmo que fosse apenas um momento inocente entre duas pessoas em balanços para crianças.

Apertei as mãos entorno do volante e mudei de estação, querendo distanciar meu pensamentos de Elena e suas insinuações.

Como ela podia achar que eu a traia, quando ela já fazia isso há tanto tempo.

Aquilo me encheu de tanta amargura que senti o estômago doer. Quando finalmente cheguei no Grill para devolver o carro de Trey, fiquei aliviado por estar quase vazio.

Comecei a por as cadeiras em cima das mesas, quando escutei um riso família. Numa mesa distante encontrei Bonnie rindo, franzi a testa procurando por Caroline. Bonnie não costumava ficar no bar até fechar, ela era sempre a primeira a ir embora e agora estava se debruçado na mesa rindo.

— Ei Bon... – chamei e ela se virou e quando fez isso reconheci outra figura, uma sorridente logo a frente de Bonnie.

Congelei no mesmo instante, quando ela olhou para mim. O sorriso que enfeitava seu rosto, não se desmanchou como eu esperei. Pensei que ela não quisesse me ver ou ficaria feliz depois de Elena ataca-la tão gratuitamente, mas o sorriso estava lá.

Um sorriso de 200 watts que fazia seus olhos puxados se encolherem um pouco mais.

— Ei você voltou. Senta aqui – disse ela dando um tapinha na cadeira ao lado. Engoli seco e fiquei parado no mesmo lugar segurando uma cadeira.

— O que foi Matt, está se sentindo bem?

— Hum, sim!

— Então vem, senta com a gente?

Dando passos pequenos cheguei até a mesa e por segurança escolhi a cadeira ao lado de Bonnie.

— Então sua namorada ficou mais calma? – Lexi perguntou sorrindo com rosto apoiado no punho.

— Ela não é mais minha namorada – expliquei irritado comigo mesmo por ter que repetir aquilo tantas vezes

— Não  foi o que pareceu – alfinetou bebendo outro gole de refrigerante – Ela agiu como se você estivesse traindo ela.

— Mas eu não estava. Eu e ela terminamos...

— Elena esteve aqui? – Bonnie inquiriu confusa

— Sim, esteve. Ela apareceu no parque e só não me chamou de santa.

— Oh – Bonnie abriu a boca e me encarou chocada

— Ela fez isso mesmo?

— Sim, infelizmente. Teve um ataque de... Eu nem sei o que dizer o que aquilo foi.

— Tsk, eu deveria saber que era isso que Tyler estava dizendo.

— Tyler, o que ele tem haver com isso?

— Ele viu a Elena indo atrás de você, pelo menos, eu acho que foi isso.

— E ele nem pra me avisar.

— É do Tyler que estamos falando. O que você esperava dele? Ele gosta de ver o circo pegando fogo e assistir tudo comendo pipoca.

— Também não é assim. E que ele nunca gostou muito da Elena. Sempre torceu contra.

— Claro que torcia. Tyler torci contra tudo que fazem as outras pessoas felizes. Ele é um dementador.

— Uau – Lexi murmurou sorrindo de lado

— O que foi? – Bonnie indagou franzindo a testa

— Ele por acaso é seu ex ou coisa assim?

— Quem? O Tyler – Lexi acenou com cabeça e os olhos de Bonnie se alargaram

— Não, não, não! De jeito nenhum, nem em um milhão de anos.

— Ahãm.

— O que, é verdade. O Tyler é a última pessoa da fase da terra por quem eu me interessaria.

— Eu sei, Bon – remediei, mas não pude esconder o riso com expressão enojada dela.

Coincidência ou não, Tyler sempre tinha a mesma reação quando assunto era Bonnie. Ele achava milhões de motivos para tirar Bonnie de qualquer lista de possibilidades.

— Tem um ditado muito bom, não sei já ouviu falar dele...

— Qual? – Bonnie inquiriu aborrecida

— Nunca diga nunca.

— Argh! Nem vem, Tyler e eu nunca vai rolar. Ele é um idiota, mimado, filhinho da mamãe...

Lexi riu e piscou para mim e tive dificuldades de corresponder esse gesto inocente de cumplicidade porque fui tragado para os olhos dela e de repente comecei a me tornar muito auto consciente de que seus olhos eram de tom de mel, quase laranja sobe uma luz forte, parecia fogo.

Os lábios eram carnudos e pintados de um tom de vinho escuro que deixou uma marca no copo de vidro. Engoli seco e desviei meus olhos dos dela, focando na mesa ao lado calculando quantas cadeiras faltavam para empilhar em cima da mesa.

Precisava urgente pensar em outra coisa e ignorar como Grill de repente parecia abafado e como a voz de Elena ressoava mais alta

Aposto que ela gosta desse tipo de música”

Balancei a cabeça tentando espantar aquela insinuações dela. Elena não sabia de nada, não sabia como eu me sentia. Lexi era apenas.... Uma nova amiga? Louca, divertida e completamente fascinante. Isso não me tornava automaticamente atraído por ela.

— Bem, eu vou... Arrumar as mesas – anunciei interrompendo a discurso sobre Bonnie ter uma leve atração por Tyler Lockwood.

As duas pararam se falar e franziram a testa.

— Que horas são? – Bonnie inquiriu confusa

— Uma da manhã.

— Nossa, tudo isso – espantou-se e se levantou afobada e com isso empurrou uma garrafa de cerveja e Lexi a pegou segundos antes de se espatifar no chão.

— Uau, você tem bons reflexos – Lexi sorriu, mas pareceu um sorriso nervoso. Diferente dos que ela costuma dar. Não que eu estive catalogando eles, de forma alguma.

— Eu preciso ir pra casa. Minha avó vai me matar.

— Quer outra carona?

— Não precisa se incomodar. Eu vou ligar pra minha avó e ela me busca... Aliás – ela atendeu o celular e se afastou e ao julgar pela careta, ela tinha acertado.

— Ela já está aqui na frente. E melhor eu ir logo. Mas foi ótimo à noite, nós...

— Deveríamos fazer isso de novo – completou Lexi – Isso com certeza.

Bonnie se inclinou e a beijou no rosto e soprou um beijo para mim antes de correr porta fora.

Comecei a empilhar as cadeiras tentando ignorar Lexi e o olhar dela fixos em mim, podia sentir um calor na nuca.

— Quer ajuda? – ela perguntou atrás de mim e quase saltei de susto sem perceber sua aproximação. Engoli seco apertando a borda da cadeira.

— Não, não precisa.
Ela bufou e começou a recolher as cadeiras.

— Lexi é sério não precisa. Eu dou conta.

— Você nem deveria estar aqui hoje. Deveria estar em repouso garoto.

— Eu sou um cara crescido e sei me cuidar.

— Não, não sabe. Ninguém com a sua idade sabe. Você só finge que sabe.

— Você fala como se me conhece há séculos – ri – Mas na verdade nós dois somos dois desconhecidos. Eu não sei nada sobre você.

— Você sabe mais do que a maioria das pessoas e sinceramente, você não ia querer saber tanto.

— Por que não? - inquiriu me virando cruzando os braços e me apoiando na mesa, observando-a colocar o restante das cadeiras na mesa. – Por acaso você esconde algum segredo?

— E quem é que não é esconde? – ela deu ombros e imitou minha posição – Você por exemplo tem um segredo.

— Ah tenho? Posso saber qual é?

Ela riu e olhou para chão antes de dar quatro passos em minha direção e me encarar.

— Você finge ser adulto e maduro. Fingi que tem tudo sobre o controle porque tem que manter as rédeas de tudo. Eu estou errada?

Abaixei a cabeça não sabendo como responder ou respirar uniformemente com seu perfume e respiração fazendo cócegas no meu rosto.

— Você diz amar a sua ex. Mas na verdade só se acostumou a ela. Ela foi a primeira, sua paixãozinha de colégio e difícil aceitar que eles não duram para sempre. Você só está sofrendo por perder uma ideia, algo confortável que você podia focar e esquecer de todos os problemas ao seu redor.

Ela se aproximou mais, colando o rosto no meu.

— Se apaixonar é muito mais que isso. Paixão te rouba o fôlego, te deixa zonzo e completamente nas alturas. Ela te deixava assim?

Outro passo e prendi a respiração inconscientemente 

— Ela fazia seu coração disparar tanto que você temia que ele fosse parar por esforço, ou te fazia queimar com toque?

Ela estendeu a mão fria, mas macia e acariciou meu rosto e senti meu coração disparar e meu rosto aquecer
Ela se inclinou e por reflexo eu fiz o mesmo e seus lábios roçaram nos meus e suspirei. Minhas mãos incertas se moveram até sua cintura fina, entrando por dentro se sua jaqueta.

Ela lambeu o lábio inferior e abri a boca impotente querendo saber qual era o gosto dela. Mas ela se afastou ainda segurando meu rosto. Sem dizer mais nada ela sorriu e se afastou

— Ei, onde você vai?

— Já passa da das duas, minha carruagem vai virar abóbora. Eu preciso correr.

— É sério mesmo, vai embora agora?

— Boa noite, Garoto.

Ela disse e partiu. E me deixou paralisado me sentindo zonzo e com corpo inteiro formigando. Aquela garota ainda ia ferrar com a minha vida.

 

 

ELENA

 

Uma coisa boa sobre ter Jenna em casa era poder relaxar por completo. Noites inteiras comendo porcarias e ouvindo suas aventuras dignas de Carrie Bradshaw. Diferente da minha mãe ela sempre foi a ovelha negra da família, a filha que dava trabalho. Ela sonhava em ir para Nova York fundar uma revista quando era mais jovem.

Bonnie e eu escutávamos tudo nos divertindo e nos imaginando no lugar dela.
Longe daquela cidade pequena conhecendo o mundo, conhecendo caras incríveis e roubando o corações deles sem qualquer esforço.

Jenna costumava apertar meu queixo e me dar um de seus batons sem que minha mãe soubesse. Ela me encarava através do espelho e dizia que eu seria como ela.
Arrebataria corações com piscar de cílios.

Cílios que não puxei dela nem da minha mãe. Na verdade eu não parecia com ninguém da minha família. Talvez seja por isso que ao crescer tentei ser o mais parecida que pude com a minha mãe.

Quando jovem ela usava o cabelo longo e partido ao lado. Procurava participar dos eventos da cidade porque ela os amava e sempre fez parte dele. Entrar na torcida foi outra tentativa de seguir seus passos.

Até agora eu tinha feito tudo certo para ser uma boa filha, exatamente como ela era.

Cuidando de Jeremy, sendo responsável quando eles não estavam, aconselhando meus amigos e namorando Matt Donovan que já tinha nosso futuro bem planejado desde que pois os olhos em mim.

Casar e ter filhos e viver em Mystic Falls para sempre.

Quando ele dizia isso, meus pais sorriam e diziam que eles eram exatamente assim na nossa idade e que ficar juntos foi a melhor escolha que fizeram na vida.

Então eu apertava a mão de Matt e concordava quando ele demostrava o mínimo de interesse em sair daqui e viver uma aventura.

Me encarei na espelho e o cabelo sempre liso e arrumado estava ondulado após o banho. Virei o rosto, tentando decidir como me sentia com um novo penteado.

Era normal querer mudar a aparência após um término. Jenna contou que uma vez pintou cabelo de vermelho sangue e pois argolas no nariz quando Manson Lockwood terminou com ela no colégio.

Baguncei ainda mais o cabelo, amassando as pontas para que cachos se formassem. Mas os fios eram grossos e obstinados em serem escorridos e sem graça.

Fiz uma careta, desistindo deles e fui até o guarda roupa e vasculhei minhas roupas e aquela inquietação aumentou.

De repente me lembrei de Caroline dizer ser mais parecida com Samantha Jones e enquanto crescíamos ela realmente era a mais bem resolvida sobre o que queria e quem queria. E nunca a invejei, eu estava feliz sendo apenas Elena Gilbert.

A garota de ouro, filha perfeita, namorada dos sonhos.

Meu castelo de areia foi construído em cima de uma rocha. Uma família perfeita que me amava e me respeitava.

Mas agora podia sentir uma ventania forte ameaçando o castelo intocável que construí e cheguei a conclusão assustadora que talvez ela fosse apenas uma ilusão.

Algo que queria muito acreditar. Afinal todos me invejavam pela família perfeita. Bonnie era criada pela avó porque a mãe a abandonou e Caroline era uma total bagunça desde criança. Pai gay e mãe viciada no trabalho.

Eu era a sortuda do trio e deveria ser grata por isso. Deveria estar feliz com a minha sorte. Mas as vezes enquanto folheava os álbuns de família e escutava história sobre meus parentes algo em mim, se retorcia.

Uma voz distante que fazia milhares de perguntas, que tentava entender porque eu sentia aquela atração tão forte por emoção.

Me apaixonar loucamente e fazer loucuras como Jenna, vontade de sair sem rumo com uma mochila nas costas e conhecer o mundo eram desejos que eu sempre tive o maior cuidado de manter guardado.

Porque sabia que causaria decepção e assombro se por acaso descobrissem que desejava muito mais do que podia ter.

Emoção.

Era isso que eu ansiava. A vida era um tédio completo, até a chegada deles.

Dois irmãos completamente diferentes que me atraiam de formas distintas.

Damon Salvatore me causava repulsa e fascinação ao mesmo tempo. Ele conseguia enxergar esses desejos e pensamentos que pensava que ninguém jamais teria acesso. E isso me assustava, mais ao mesmo tempo...

Levei ao mão aos lábios inconscientemente, sentindo o fantasma daqueles lábios sobre os meus. A lembrança daqueles olhos azuis me olhando com tal desejo que mesmo me odiando por dentro, inflamei.

Um era a escuridão e outro a luz envolta de sombras.

Stefan me atraia sem esforço, bastou um olhar para fazer meu corpo dormente descobrir várias terminações nervosas. Um olhar apenas e eu era tragada para outra dimensão.

Uma luz verde ofuscante que parecia escapar das minhas mãos por mais que corresse para alcançá-lo.

Era injusto.

Quando finalmente aparece alguém que faz meu coração despertar, que parece me compreender sem julgamentos e tem os mesmos gostos e ideais que eu, ele se apaixona por outra.

E não qualquer outra. Essa outra era Carolina Forbes, minhas melhores amiga.

A garota que encantava a todos com um sorriso, mas nunca era a melhor amiga, a namorada, nunca a primeira escolha. Justo ela tinha sido escolhida.

— Elena – Jenna acenou em frente ao meu rosto e bufou – Está me escutando?

— Sim, tia. Cada palavra.

É realmente estava e era isso que estava causando aquele comichão no estômago, aquela impaciência e inquietação ao chegar a conclusão que nunca poderia ser como Carrie ou Samantha

— Ainda pesando no tal garoto?

Afundei o rosto na almofada ela riu

— Elena...

— É tia, eu sei o que vai dizer. Existem milhares de outros peixes no mar e este é só um garoto e virão outros. Mas ele não é só um garoto. Ele é diferente... Ele me faz sentir diferente.

— O qual diferente? – questionou apoiando o cotovelo na cama e me encarando.

— Diferente da Elena Gilbert que todos conhecem. Ele me faz virar outra completamente diferente. Ele me faz me sentir viva, exultante...

— Opa, isso é realmente sério, não é? Você está apaixonada.

— É! Eu estou.

— Isso é incrível Lena. Finalmente você vai entender todas aa coisas que eu digo...

— Não, eu não vou. Porque ele gosta de outra, na verdade ele é apaixonado por ela.

— Como pode ter tanta certeza?

— E o jeito que ele olha para ela. Como si ela fosse todo seu mundo e só existisse ela.

— Mas você disse uma vez que ele também te olhava diferente

— Sim, olha. Mas não como olha pra ela.

— Como pode saber se nem ao menos tentou.

— Como assim? – franzi a testa confusa e ela riu – Tentei o que?

— Você já disse como se sente pra ele?

— Eu não posso fazer isso. Ele está com a Caroline.

— E daí?

— Tia, isso quebra o código de garotas. Se ele a escolheu, não há nada que eu possa fazer para mudar isso. A não ser aceitar.

— Onde está este livro com tal código de garotas. Existe mesmo uma regra que te impeça de correr atrás do que deseja?

— Mas tia...

— Ah qual é? Eu gosto muito da Caroline, mas nós duas sabemos que ela não é pareô pra você.

— Tia Jenna, a Care e linda e...

— Sim, ela tudo isso. Mas você é muito mais. Então não deveria desistir antes de lutar.

— Você está querendo dizer que devo dar em cima do Stefan, mesmo que ele esteja namorado a Caroline?

— Lena, no amor e na guerra vale tudo. Si você realmente não consegue tirar esse cara da cabeça deveria ao menos si dar uma chance. E eu tenho uma ótima oportunidade pra você.

— Oportunidade?

— Sim. Vou  dar uma festinha

— Tia, minha mãe vai surtar.

— Miranda não vai estar aqui, vai? Além do mais é só uma festinha entre amigos e você deve convidar ele.

— Você acha mesmo?

— Claro! Ninguém nunca perdeu por tentar. E perguntar não ofende.

Ela piscou e me deu sorriso maroto.

— Tudo que precisamos e comprar o silêncio do Jeremy

— É só chamar a minha ex cunhada. Ele tem uma queda por ela.

— Ótimo. Convide a Vicky e o resto eu resolvo.

Ela saiu do quarto perguntando se ainda tinha massa de cookies na geladeira e joguei na cama olhando para teto.

Achando loucura tudo que ela acabou de propor.

Seria traição!

Mas não consegui desmanchar o sorriso ao imaginar Stefan abrindo a porta da mansão me recebendo com aqueles grandes olhos verdes e sorriso de roubar o fôlego dizendo:

Sim, Elena. Porque não?”

Levantei apressada correndo para banheiro querendo tomar um banho e dormir e saltar para festa no dia seguinte.

Uma dose de loucura, não faria mau algum. Afinal era só um convite inocente, ele poderia dizer não quando quisesse.

 

BONNIE 

 

 

Elena não atendeu meus telefonemas e ignorou minhas mensagens. Minha avó pediu que fosse paciente com Elena, mas a minha paciência estava se esgotando. Eu tinha muito mais com que me preocupar agora.

Como, por exemplo, achar um livro de latim. Aprender aquela maldita língua era a chave para decifrar algumas palavras escritas no rodapé naquele livro estranho e comido por traças que Caroline dizia ser um grimorio.

Estranhamente não tive tanta dificuldade em ler os textos. Poções, receitas estranhas que envolvia coisas bem macabras como gotas de sangue de cobra. Quando li isso fechei o livro e o enfiei embaixo da cama.

Aquilo era loucura!

Era uma piada ruim. Alguém deve ter escrito aquelas coisas só de sacanagem, ou talvez fosse algum satanista que curiosamente esqueceu de queimar esse livro na inquisição.

Aquilo com certeza daria uma boa condenação a fogueira. Ri, do ridículo que tudo aquilo era e escondi o maldito livro na caixa estava prestes a lacre com fita e subi até o solton. Coloquei em cima de outra caixa o que fez com que as outras duas ao lado caíssem atrás de mim. Franzi a testa, incerta. Sentindo aquela sensação estranha que sempre sentia quando estava no porão.

Abaixei para recolher a caixa e de repente um vento forte levantou poeira e espalhou papéis de dentro de uma caixa. Resmungando, recolhi os papéis e enfiei dentro da caixa e estava prestes a fechá-la quando algo dentro da caixa brilhou.

Vasculhei a caixa e encontrei um colar de ferro com cristal de âmbar no meio.

Passei o dedo sobre a pedra e podia ser loucura da minha cabeça mais senti ele se aquecer sobre meus dedos.

Fechei a caixa e desci quase correndo quando escutei minha vó me chamando. Enfiei o colar no bolso e fiz uma anotação mental de perguntar a ela de quem era o colar. Mas quando desci e me sentei para almoçar com minha vó e toquei a pedra do colar com pontas do dedo. Uma imagem nebulosa surgiu diante dos meus olhos.

Fragmentos dos pesadelos que começaram a depois da festa da fogueira.

A moça que surgia com candelabro aceso vestida com roupas do século passado. Algo sempre reluzia nela, sempre pensei que fosse o reflexo da vela, mas não era.

Era aquele mesmo colar.

— Bonnie, você está bem?

— Claro. Porque a pergunta?

 – Mau tocou na comida.

— Eu estou  sem fome.

— Está se sentindo bem? – indagou cobrindo minha mão com a dela e de repente quis gritar que não.

Quis perguntar de quem era os livros e porque aquele colar estava escondido no solton. Franzi os lábios e suspirei me preparando para mentir. Não diria nada a ela, era melhor assim. Caroline estava certa. E se ela podia esconder coisas de mim, eu também tinha o mesmo direito

— Estou só preocupada com Elena. Ela está me ignorando.

— Você se preocupa demais – ela riu – Isso é só uma fase ruim da Elena. Tenha paciência...

— Estou de saco cheio de ser a amiga paciente e compreensiva vó.

— Bonnie!

— É verdade! Estou farta de tanto drama, caramba.

— Eu sei Bonnie. Mas você sabe que a Elena é assim.

— Sabe que a Caroline tem razão. Todos tem sempre uma desculpa para as ações da Elena, inclusive eu! E sinceramente, cansei!

— Bonnie, tem alguma coisa que não está me dizendo?

— Hum, não. Porquê? – indaguei enchendo a boca de couve-flor para não ter que dizer muito. Minha vó arqueou a sobrancelha e bebeu um gole de seu vinho e para minha sorte se pois a me aconselhar de como proceder com Elena Gilbert.

“Paciência, tenha mais paciência. Uma Bennett nunca desiste daqueles que ama”

Revirando os olhos mas cedendo depois daquele lema idiota e prega. Quem foi inventou ele afinal?

É ao julgar pela quantidade de Bennetts em Mystic Falls, acho que nem todos seguiam esse lema ao pé da letra, começando pela minha mãe que deu no pé na primeira oportunidade.

Entrei no carro e dirigi até a casa do Gilbert. Fazendo o meu melhor para ser paciente e entende-la agora, mesmo que ela não fizesse o menor e esforço para me entender.

Bati na porta e ela logo foi aberta por Andrew McLaughlin o melhor amigo de Jeremy. Ele sorriu largamente ostentando as covinhas proeminentes na bochecha que agora eram bem mais perceptíveis agora que ele perdeu aquela gordura de bebe e espichou como Jeremy ficando um palmo mais alto que eu. O que francamente não era lá grande coisa, já que tinha o tamanho de um hobbit.

— Bonbon – cantarolou e assobiou me verificando de cima a abaixo – Você...

— A Elena está em casa? – cortei e o sorriso se desmanchou

— Ah... Você veio atrás dela né.

— É por qual outro motivo eu viria aqui?

— Sei lá – ele deu ombros e encostou e ombro no batente da porta – Para me ver é claro.

— Cara, você nem mora aqui – Jeremy gritou rindo – Deixa ela entrar de uma vez.

Cabisbaixo Andrew me deu passagem para entrar e na sala jogando vídeo game estava Jeremy.

— Ei Bonnie. A Elena está lá em cima.

— Oi Jeremy. .

Estava prestes a subir a escada quando Andrew me chamou.

— Bonnie.

— O que é Andrew? – inquiri impaciente

— Nada, só queria te alertar.

— Que? Alertar sobre...

— Minha irmã. Ela está definitivamente possuída. Eu recomendaria que subisse com uma cruz e água benta, caso ela gire a cabeça e cuspa catarro verde na sua cara

Ri, mesmo sabendo que não deveria.

— Está tão ruim assim?

— Está bem pior. E agora que ela tem apoio.

— Apoio?

—Tia Jenna voltou. Vai ficar uma semana e adivinhe....

— Quer dar uma festa – completei – Mas é seus pais? Duvido que eles deixem

— O que os olhos não veem o coração não sente - Andrew cantarolou – Eles foram viajar.

— É deixaram a Jenna como responsável? – inquiriu incrédula

— Na verdade, deixaram Elena no posto. Mas ela resolveu bancar a rebelde sem causa e aceitou a festinha.

— Merda!
Jeremy riu

— Esse foi o pensamento que tive também. Mas pode ser divertido. Afinal é só uma festinha da Jenna. Quantas pessoas ela conhece?

...

A resposta para aquela pergunta podia se reduzir em uma dúzia de mulheres de seus vinte e poucos que estudaram com Jenna e mais uns oito caras que também eram bem chegados de Jenna. Eles foram os primeiros a chegar e ficaram numa roda fumando e bebendo vinho escutando Morissey. Franzi o nariz com cheiro do cigarro e com aquela sensação de ter entrando em um episódio de Friends. Onde Jenna era claramente Rachel fugindo do casamento e trazendo caos a todos.

Elena permanecia no sofá amuada ignorando minha presença e me mandando ir atrás de Caroline. Ela subiu as escadas correndo e segui, desviando de alguns colegas de classe que já começavam a preencher a sala e obstruir a escada.

Elena tirou a camisa branca larga e enfiou a cabeça dentro do guarda roupa e tirou uma camiseta vermelha.
Ela a vestiu e se encarou no espelho.

— Está muito ruim?

— Não... Mas porque está usando essa? Você sempre reclama que ela decotada demais.

— É essa intenção – ela explicou com dentes cerrados e se inclinou ate espelho espalhando gloss nos lábios com pontas dos dedos.

— Elena – agarrei seu braço e ela desviou de mim.

— Bonnie, dá pra relaxar por quinze minutos e esquecer que está bancando a babá?

— Desculpa Lena, mas alguém tem que empenhar o papel. Já que você resolve enlouquecer.

— Que seja – deu ombros

— Eu já volto.

— Aonde você vai?

— No mercado. Comprar mais... Salgados.

— Quer que eu vá...

— Não! – gritou meio desesperada – Não, precisa. É melhor você ficar por aqui. Sabe, controlar a tia Jenna e se arrumar.

— É porque eu iria me arrumar? São só os amigos fumantes da sua tia mesmo.
Elena franziu os lábio e enfiou uma mecha atrás da orelha. Mau sinal! Ela sempre fazia isso quando mentia.

— Não é? Elena, vão ser só eles né?

— Bem, não! Eu convidei algumas pessoas do colégio.

— O que? Não, você não fez!

— Na verdade eu fiz sim. E não tem nada demais. Foram só umas... Dez pessoas.

— Dez que se multiplicaram pela metade do colégio se souberem do vinho e o barril de Chopp que sua tia trouxe.

— Eles não vão saber. Agora, relaxa! Se arrume logo. Eu não demoro.

Ela soprou um beijo e saiu quase correndo. Podia ser meus dons aflorando ou apenas intuição. Mas sabia que Elena estava mentindo. Ninguém se arruma daquele jeito apenas pra comprar salgados. Ela está tramando algo.

Me afundei na cadeira e girei dando impulso com pés e fechei os olhos rodando naquela cadeira como uma criança. Abri os olhos e vi o quarto se transformar em tiras coloridas sobre meus olhos.

Relaxar!

Era isso, relaxar era tudo o que eu precisava. Quem sabe essa festa não fosse um completo desastre afinal.

 

LEXI

 

Stefan não conseguia calar a boca. Estava exultante com a canção. Ele alegou nunca ter ouvindo falar em Paramore antes e colocou a música pra tocar e reclamou dizendo que na voz de sua amada era muito melhor.

— Cara, ela te tem sobre dedo mindinho mesmo. Ouvindo bandas emo agora? Qual é o próximo passo. Ouvir My Chemical Romance é pitar os olhos com delineador?

Stefan se ateu apenas a revirar os olhos. E mudou de musica e de repente desejei que ele não o tivesse feito.

Quando Joy Division começou a cantar sobre como o amor dilacera em um quarto apertado.

Mordi os lábios por reflexo, e estremeci. O gosto dele ainda estava lá. Podia ter tido mais, provado muito mais. Matt Donovan não iria opor nenhum obstáculo. As mãos dele sobe a minha cintura e coração disparado só me confirmaram que a tão ex não estava tão errada assim.

O garoto me desejava. E eu estava sendo imprudente, insensível e irresponsável encorajando algo sem futuro.
Brincando com coração de alguém que não me merecia ser ainda mais ferido. Lembrei de sua confissão no balanço, da expressão perdida e triste depois de perder a namorada.

Esfreguei o rosto e quando tirei a mão do rosto, Stefan me fitavam com sobrancelha erguida.

— Algum problema?

— Que? Não, nenhum! 

— Tem certeza? Porque você está gruindo e fazendo aquela coisa.

— Coisa, que coisa ? Eu não estou fazendo nada.

— Esfregando a cara e falando sozinha. Você aprontou alguma coisa hoje à noite!

— Não fiz nada. Só cacei um coelho e me arrependi. Ele tinha uma família sabe, esperando por ele. Eu jantei ele.

— Okay, Alexia. Pode ir contando.

— É sério, foi só isso. Me senti como uma vegetariana comendo hambúrguer – dei ombros e estendi a mão trocando a música.  

E agora Depeche Mode tocava agora e isso ajudou a direcionar meus pensamentos que estavam uma bagunça completa

— Mas então, como foi com a Xerife? Tinha espelho na entrada e alho na maçaneta?

— Não, não tinha. E ela me aceitou muito bem, apesar das circunstâncias.

— Ah, está se referindo a quase fazer sexo com filha dela no carro.

— É Lexi, exatamente. Você pode esquecer que te contei isso?

— Que? É qual seria a graça nisso?

— Não constranger seu melhor amigo?

— Não, ele sabe se virar. Mas agora me conta, ela te convidou para um jantar.

— Sim!

— Uiuiu, isso parece estar ficando sério. Vai fazer uma das suas massas pra impressionar a coroa e namorada?

— Ela já sabe.

— Como já sabe? Já cozinhou para ela antes?

— Não!

Franzi a testa crispando os lábios. Praticamente mordendo a língua para me impedir de dizer o quanto aquilo era suspeito.

— Okay – ele suspirou – Pode falar.

— Falar o que?

— O quanto isso é estranho.

— Eu não diria estranho e sim suspeito. Porque convenhamos que ela saber tanto sobre você e no mínimo...

— Assustador – ele completou e fitou a lareira – Quando disse pra você que as vezes eu sentia como si ela me conhecesse mais do que a mim mesmo...

— Você não estava sendo piegas. É, agora eu entendi. Stefan, você precisa descobrir o quanto ela sabe.

— É como eu vou fazer isso se toda vez que toco no assunto ela se fecha feito uma ostra e me repele. Eu sei que imprudente é estúpido – ele esfregou o rosto e sorri em simpatia com agonia dele

— Mas você não quer afasta-la justo quando ela abriu a guarda. Eu sei Stefan.

Ele franziu a testa e sorriu de novo e me encolhi abraçando o joelhos. Stefan farejava mentira era irritante.

— Dá pra parar!

— Eu não estou fazendo nada.

— Está sim! E está errado, eu não fiz nada de errado.

— Okay – ele ergueu as mãos em rendição – Eu não estou fazendo nada.

Ele riu e se levantou.

— Okay! Eu fiz uma coisa hoje.

Ele parou no degrau do virou a cabeça para me encarar

— É quer começar conversar sobre isso?

Mordi o lábio e neguei com a cabeça e ele sorriu.

— Quando estiver pronta pra falar sobre o Matt, eu estarei lá em cima – avisou subindo as escadas e me deixando boquiaberta atrás dele.

 

ELENA

 


Era uma tarefa simples. Apenas erguer a mão e bater na porta, apertar a campanha e esperar que ele atendesse.

Enquanto dirigia até a casa dele milhões de coisas passavam de uma só vez. Stefan sorrindo e me olhando daquela maneira que me fazia fraca do joelhos e transformava minhas entranhas em geleia. Bastava isso, um sorriso e ele dizer uma única palavra.

Sim.

Aumentei o som, tentando relaxar e seguir os conselhos da Tia Jenna. Seria apenas um convite inocente.

Eu não estava traindo ninguém nem ultrapassado limites. Afinal ele é Caroline não eram oficiais ainda e quem sabe depois de hoje nem chegassem a ser.

Mordi o lábio com força quase rompendo a pele. A dor me deu a força necessária para empurrar a culpa rastejando feito cobra no estômago.

Desci do carro e ergui a cabeça, ajeitei a camisa e segui em passos firmes, revisando tudo que iria dizer.

Uma batida.

Uma eternidade para abrir a porta, não podia evitar a ansiedade e por isso bati outra vez e mais outra e toquei a campainha.

A porta se abre e meu coração parece parar por um segundo antes de disparar. O sorriso em meus lábios contornados com gloss se desmanchou numa careta quando ela atendeu a porta.

A loira franziu a testa me olhou de cima abaixo e sorriu

— Você?

— Eu mesma.

— O que está fazendo aqui? – inquiri irritada sentindo náuseas ao lembrar da risada de Matt misturada a dela.

— Eu moro aqui. É você?

— Você o que?

— Moro aqui – repetiu devagar como se eu fosse alguma débil metal – Em que posso ajudá-la, Elena?

Mordi as bochecha e fechei a mão cravando as unhas na palma até arderem. Ela desviou os olhos para minha mão e a encostou no batente da porta cruzando os braços.

— Então, em que posso lhe ser útil? Veio aqui por algum motivos, não foi?

— Eu não sabia que você... Stefan está?

— Depende.

— Depende?

— De quem procura por ele e por qual motivo. Qual seria o seu Elena?

— O que eu quero com ele é apenas com ele.

— Hum – ela voltou a me encarar quase sem piscar sem deixar de sorrir – Ele está no banho. Si quiser esperar...

Ela acenou para lado e me deu passagem para entrar

— Ele vai demorar? – inquiri sem entrar.

— Não sei. Isso depende. Si ele ligou para Caroline... Então sim, pode demorar um tempo. É melhor entrar e esperar já que o assunto é tão importante. Entre.

— Não precisa! – virei de costas e estava prestes a ir quando ela me chamou.

— Não quer deixar um recado?

Ri e balancei a cabeça.

— Quem diabos é você, afinal?

— Lexi Branson, melhor amiga de Stefan – ela estendeu a mão e me recusei a apertar – É você nem precisa se apresentar. Sei tudo sobre você.

— Stefan falou sobre mim?

— Brevemente. Mas Matt, Bonnie e Caroline falam muito de você.

— Ah claro – ri engolindo a onda de decepção e raiva – Matt com certeza falou muito sobre mim para você. O que não deixa de ser estranho. Falar tanto da ex para namorada...

— Estranho seria se ele não dissesse nada. Começaria com pé errado não acha? É mesmo sabendo só a metade você apareceu e contou todo resto.

— Argh – esfreguei a testa – Que merda eu vim fazer aqui?

— Elena...

Atrás de Lexi ele apareceu com testa franzida ele alternou o olhar entre nós duas e se demorou nela. Pareciam estar tendo uma longa conversa em código.

— O que está fazendo aqui?

— Ela veio ver você.

— Bem... É! – fuzilei aquela loira punk com olhos o que só a fez sorrir mais ainda

— Eu vim convidar você para... Uma festa. Minha tia Jenna está dando hoje à noite. Então eu pensei que como você é novo na cidade...

— Ah que delicadeza a sua lembrar dele e querer incluí-lo na vida social de Mystic Falls.

— Lexi! – Stefan cortou – Elena, obrigada pelo convite...

— Ah qual é Stefan? Aceita o convite da garota. É só uma festa.

— Sim, é só uma festa – concordei e me vi franzino a testa para aquela garota. Porque agora estava me ajudando.

— Eu não sei se é...

— Você precisa se divertir de vez em quando e Elena está querendo ser... Simpática.

Franzi a testa não entendo aquela garota. Stefan franziu os lábios e não disse nada e Lexi bufou.

— Ele vai dar uma passada lá com certeza.

— Isso é ótimo! - sorri não conseguindo conter a alegria. É de repente percebi que devia isso a ela, justo ela. – Você também pode vir.

— Eu? Tem certeza....

— É claro – respirei fundo e soltei o ar – Nós duas começamos com o pé errado. E você é amiga do Stefan... E do Matt. Teremos...

— Que aprender a conviver – ela completou – Isso é mesmo muito nobre da sua parte Elena.

Acenei com cabeça tentando decidir se ela estava sendo sarcástica ou não.

 

CAROLINE

 

— Festa, na casa da Elena?

Ahãm, vem!

— Não, de jeito nenhum. Elena não vai me querer aí.. Si quisesse teria me convidado.

Ah para! Vem, só tem gente velha nessa festa ou a parte chata do colégio. Salve-me!

— Bonnie, você sabe que não é uma boa ideia.

Mas é claro que é. Vocês aproveitam e resolvem essa briga idiota.

— Eu não briguei com ela.

Eu sei, Care. Mas eu preciso mesmo de você aqui. Eu vou surtar. Andrew não para de me cantar. Ei, não ri não!

— Desculpa, não deu pra resistir. Mas vem cá ele até que está ficando bonito. Não tanto quanto Jeremy, mas... 

Eca, para! Jeremy é o irmãozinho da Elena.

— Nem tão zinho agora.

Caroline Forbes, pare!

— O que é? Só estou dizendo que ele vai ser um rapaz bem atraente daqui uns anos. É tipo, ficar com ele não seria nenhum crime. Afinal você ainda tem dezessete.

— Okay,  agora meus ouvidos estão sangrando. Você tem uma queda pelo Jeremy ou quê? Será que Stefan sabe disso?

— Ele não precisa saber de tudo. É se soubesse... O que tem demais apreciar a beleza alheia? Ele bem que aprecia muito a da Elena.

Ah não! Drama hoje não. Nada de triângulo amorosos que só existem na sua cabeça. Hoje, eu quero festa. Beber e esquecer.

— Okay, quem é você e o que faz com a minha amiga?

Ela tirou um dia folga. E você também deveria. Faz quanto tempo que não vamos em festinha, hein?

— Faz muito, muito tempo.

Pois é! Nos somos adolescentes. Temos que sair e curtir de vez em quando.

— Está bem, agora estou realmente preocupada. Você está assim por causa do lance de...

Descobrir que sou uma bruxa? Bem é! Estou enlouquecendo. Isso só explodiu na minha cara. Eu não fui preparada pra isso, não recebi uma cartinha de Hogwarts nem nada. Só velas e visões macabras. Eu não pedi nada disso.

— Eu sei Bon. Sinto muito que tenha que passar por isso.

Eu sei. É agradeço. Mas vou ficar ainda mais grata se você levantar traseiro daí e vir até aqui me fazer companhia.

— Okay, você venceu. Estou indo.

Yup! Minha heroína

— Tá, agora dá uma maneirada na bebida até eu chegar aí.

Sim senhora!

 

STEFAN

 

— Que diabos foi isso. Porque você disse que iríamos?

Lexi deu ombros em resposta

— Nossa, porque tanto nervosismo. E só uma festinha.

— É só  uma festa? Lexi, você atendeu o que acabou de acontecer...

— Sim! A doce Elena veio furar olho da melhor amiga na maior cara pau! Cara, ela realmente é cópia exata da Katherine.

— Lexi!

— O que? Vai dizer que estou mentindo agora? Até cabelo estava parecido. O jeito... Argh! Eu tive que me segurar para não voar no pescoço dela.

— Será que você não queria voar no pescoço dela por outro motivo? – inquiri com sorriso torto enquanto enchia um copo com vodca.

— É que motivo seria esse?

— Ah não sei. Um loiro de olhos claros e cara amarrada...

— A cara dele não é amarrada.

— Ah rá! Eu sabia.

— Tá, eu admito. Eu tenho uma leve ligação com o garoto.

— Ligação, Lexi? Quem é que fala assim? – ri e ela revirou os olhos – Você tem um queda por ele, uma bem grande por sinal.

— Também não exagera. Ele nem faz o meu tipo.

— Caroline também não era e olha só como eu acabei.

— Completamente chicoteado – zombou – Quem diria que uma loira iria quebrar a maldição Pierce. Si bem que ela não acabou.

— O que você murmurou aí?

— Você ouviu perfeitamente! A cópia meche com você.

— Olha, não é muito legal chamá-la assim...

— Está vendo!

— Não é nada disso – expliquei, mas Lexi apenas arqueou a sobrancelha e sorriu.

Quase atirei outra almofada nela. Primeiro por me meter em mais confusão. Como se minha vida já não tivesse drama o suficiente. Ela ainda acrescenta Elena Gilbert.

— O que é? Vai mesmo dizer que não se sente nem um pouquinho atraído por ela?

— Eu... Não. Não dá maneira que pensat

Tentei outra vez explica a ela que não correspondia e nem tinha pretensão de corresponder seja lá o que fosse que Elena sentisse por mim. Eu não queria repetir a mesma história e viver a vida dando círculos porque era obcecado por um rosto. Isso era Damon, não eu.

— É por isso que está em pânico em ir para festa. Não quer ficar muito perto dela. E si tem tanto medo disso é porque ela meche com você. É exatamente por isso que vamos a maldita festa.

— O que? Isso não faz o menor sentido. É você está errada. Ela não me atrai mais, antes sim. Eu era basicamente obcecado por ela. Mas agora... Não. Ela só me deixa desconfortável.

— É você precisa entender o motivo disso Stefan.

— Eu sei qual é o motivo. Ela ter a mesma aparência que a Katherine Pierce.

— É, por isso mesmo. Temos que descobrir o que é a Elena. Saber porque ela exatamente como Katherine e porque ela é obcecada por você.

— Ela não é!

— Ah, por favor. A garota veio toda arrumada convidar você. Usou uma das desculpas mais esfarrapadas e ainda por cima me convidou. Tá desesperada!

Me sentei na poltrona e esfreguei o rosto. Lembrando do sorriso de Elena quando Lexi disse que iríamos a maldita festa. Ela tinha razão, Elena tem sentimentos por mim. Encantamento, atração. Seja o que fosse era estranho e precisa acabar.

— Vai contar a ela?

— Contar o que, pra quem?

— Contar a sua namorada que vai a festa de Elena.

— Argh! Eu não vou essa festa!

— Ah você vai. Se você não for, outro Salvatore vai. É ela vai estar desprotegida.

Damon iria e provavelmente faria uma carnificina apenas para me provocar. Aquela coisa de gato e rato estava realmente começando a ficar irritante..

Por causa da sua vinganca estúpida eu teria que ir a festa de Elena e como eu explicaria isso a Caroline?  Eu deveria ligar e avisar, ou não contar seria uma mentira piedosa. Uma entre mil que eu escondia dela.

Qual certo nosso relacionamento daria se continuassem os assim, guardando tanto segredos um do outro. Liguei para ela, mas caiu direito na caixa postal. Decidi aceitar aquilo como sinal divino, evitar uma briga com Caroline.

 

CAROLINE

 

A casa de Elena estava abarrotada de gente, tive que desviar e dar uma cotovelada em que me empurrava. Procurei Bonnie pela casa e encontrei com copo vermelho de plástico sendo preenchido por cara muito mais velho que ela.

Antes que ela pudesse beber, retirei o copo da mão dela

— Ei! – reclamou, mas logo sorriu quando me viu. Se jogou nos meus braços e me abraçou – Você veio!

— É eu vim. E acho que a gente poderia voltar pra casa. Você já bebeu suficiente.

— Deixa garota beber.

— Ah sim, eu vou. E daqui pouco quando a polícia bater aqui eu vou adorar dizer que você está embebedando uma menor.

O cara ergueu as mãos em sinal de rendição e se afastou.

— Uau, você é igualzinha a sua mãe – Bonnie zombou rindo – É para sua informação, era refrigerante. Não bebi uma gota de álcool.

— O que?

— Sério, só a boa e velha coca cola. Eu trocava de copo quando me ofereciam. Eu odeio ficar bêbada. Por acaso esqueceu que eu sou a amiga sóbria do grupo... Ou pelo menos era.

— Mas você parece tão... Bêbada.

— Não é só você que sabe atuar bem. Isso aqui é como zumbis, tem que fingir que um deles para não ter meu cérebro devorado.

Abracei Bonnie e ela riu passando braço envolta da minha cintura.

— Era para eu estar me divertindo – ela resmungou

— E porque não está?

— Porque agora.... Tudo parece...

— Tão banal e sem significado – completei

— Depois eu que sou a bruxa – zombou e ri arrastando-se para uma poltrona. Com canto do olho avistei Jenna dançando com cara que parecia muito com Manson.

— Manson voltou?

— Pelo visto todo mundo resolveu voltar – Bonnie concordou entediado.

Elena resolveu aparecer naquele instante e arregalou os olhos quando me viu. Seu rosto que até então estava sorridente se desfez e enrubesceu. Ela não disse, nada, nem fez menção de aproximar de mim. Apenas pegou um copo que toda certeza continha cerveja e entornou.

— Eu te disse que era má ideia.

Elena limpou a boca com costa da mão e cruzou salão saindo correndo pela escada.

— Ímpar ou par?

— O que?

— Quem vai subir e falar com princesinha? – franzi a testa rindo com comportamento de Bonnie duvidando muito que ela realmente não tivesse bebido.

— Não precisa, eu vou! Já está mais que na hora da gente conversar.

— Boa sorte, você vai precisar.

...

Subi as escadas e entrei no corredor com algumas pessoas encostadas na parede conversando ou se beijando. Julie Stiller estava devorando Millie com a boca. Desviei das duas e tentei entrar no quarto de Elena mais estava trancado.

— Elena, me deixa entrar.

Vá embora, Caroline— gritou

— Isso é ridículo! Eu nem sei porque está brava comigo pra começo de conversa.

Ah não sabe? — ela gritou de dentro.

Me encostei na porta e quando ela não respondeu mais nada  e deslizei na porta e me sentando no chão.

Me perguntando si era pra isso que eu tinha voltado?

Ser uma adolescente novamente com a consciência de alguém de mais de trinta era no mínimo incômodo. Me sentia em um daqueles filmes da Disney onde troco de corpo com outra pessoa. No caso era minha versão humana, frágil e cheias de defeitos e inseguranças que de repente começaram a me dominar exatamente como no passado.

Tinha que me lembrar constantemente que não tinha mais dezessete anos, brigas bobas por garotos eram entediantes e uma total falta de tempo.

Suspirei alto e abracei meu joelho escutando o som de uma das bandas que Jenna gostava tocar ao fundo. Parecia ter entrado em túnel do tempo e entrado nos anos noventa uma outra vez.

Tamborilei o pés cantarolando a música me lembrando da minha versão menor passeando por essa casa seguindo Bonnie e Elena. Correndo ansiosas para saber sobre e as aventuras de Jenna.

— Eu sinto muito pelo Matt – disse o mais alto que pude encostando a cabeça na porta – Eu não tinha nenhuma intenção de prejudicar seu namoro. Na verdade eu não fazia ideia do porquê ele tinha escolhido a mim e não a Bonnie para desabafar. Eu não dei forças para ele terminar a nem nada. Mas ele estava arrasado Elena, e eu não podia ignorar e mandá-lo embora.

Claro que não podia. Você gosta tanto de ajudar os outros, pensa tanto no próximo— Elena retrucou com sarcasmo puro – Você gostava dele, desejava ele desde do sexto ano.

— O que?

Não se faça de desentendida. Eu me lembro de como você ficou estranha quando ele me convidou para baile

— Sério? Estamos mesmo discutindo sobre o baile do sexto ano? – inquiri incrédula e esfreguei o rosto rindo de nervoso.

O que tinha acontecido com a Elena compreensiva, madura e altruísta que encantavam a todos e tinha sempre a última palavra mais sábia?

Talvez essa Elena não chegou a se transformar ainda. Nessa realidade ela não tinha perdido seus pais e ainda continuava sendo uma princesa que tinha tudo o que queria sem esforço algum.

Vai negar?

— Não, Elena. Eu não vou. Eu gostava do Matt desde quarto ano e esperava como uma tola que ele me notasse e me convidasse para baile. Mas ele convidou você, ele sempre gostou de você e não pude fazer outra coisa si não aceitar isso. Você parecia gostar dele também, então eu o esqueci – dei ombros mesmo que ela não pudesse ver.

Sabia que estava escutando cada palavra. Estava encostada na porta exatamente como eu.

Ela ficou em silêncio por longo tempo e por fim perguntou com a voz estranha. Parecia quase chorosa

Você desistiu dele por mim?

— Mas é claro! Amizade acima de garotos, se esqueceu? Eu nunca iria tentar roubar seu namorado. Não valeria a pena, afinal ele é só um cara. Existem milhões como ele. Mas você é Bonnie são minhas amigas, minhas melhores amigas e não as trocaria por nada.

Demorou alguns minutos mais a porta se abriu revelando uma Elena descabelada com rosto úmido e olhos inchados.

Me levantei devagar encarei. Por alguns segundos longos e constrangedores não fizemos nada. Si quer movemos um músculo.

Olhei para ela, seu rosto jovem e belo. Os cabelos sedosos e negros que adornavam seu rosto como uma cortina negra e olhei para os olhos cor de café que hipnotizam as pessoas com tanta facilidade.

Olhei para a nêmeses da minha adolescência e tudo que consegui senti era uma vontade imensa de pular para futuro e ter a Elena do futuro.
A Elena que apesar de ainda ser totalmente obcecada por Damon Salvatore mais do que qualquer coisa, ainda sim era uma boa amiga. Era alguém que tinha se perdido e perdido quase todos que amava muito cedo e por isso tentava ser uma pessoa melhor.

Alguém que não me tolerava apenas porque ambas compartilhávamos o coração de Bonnie Bennet. Uma Elena que não me achava rasa e fútil e me considerava alguém da família.

Elena fugou e de repente saiu correndo para dentro do quarto. Preocupada a segui e ela foi direto para banheiro e se debruçou sobre o vaso. Segurei seu cabelo enquanto ela expelida um líquido viscoso e azedo que só poderia ser álcool. Quando ela finalmente terminou, posou a mão na barriga e se arrastou para parede fechando os olhos

— Está se sentindo melhor?

— Não, nem um pouco – confessou

— Eu vou buscar água e aspirina pra você – comuniquei e ela ergueu o rosto e por algum motivo desviou os olhos para chão parecendo não conseguir me encarar por mais de cinco segundos

— Não precisa eu vou ficar bem – ela disse mantendo a cabeça baixa e os cabelos ocultaram o rosto como uma cortina.

— Confie em mim, precisa sim. Você vai ter uma ressaca das boas. Você pelo menos comeu alguma coisa hoje?

— Eu não... Me lembro.

— É por isso que álcool subiu tão rápido. Você precisa sempre alternar entre beber água e comer algo salgado.
Elena riu.

— Qual é a graça?

— Desde quando você sabe tanto sobre ressacas?

— Desde sempre, eu acho – dei ombros – Si esqueceu que sou uma líder de torcida? Festas eram meu nome meio

— Eram? As vezes você fala coisas estranhas. Age como houvesse duas Caroline. Uma adolescente e a outra... Adulta.

— Elena, eu realmente acho que você bebeu demais. Está me elogiando por acaso? Pensei que me odisseia agora.
Ela balançou a cabeça e riu

— Eu queria. Seria mais fácil odiar você

— Porquê?
Ela fez uma pausa fitando as mãos em cima do colo e sorriu olhando para lado.

— Porque assim eu não teria que encarar que a culpa do Matt ter me deixado foi apenas minha. Eu agi feito uma... Vadia.

— Não! Você não é nada como isso Elena. É normal que a paixão acabe, por mais que se ame aquela pessoa. Matt foi seu primeiro amor e é difícil abrir mão e admitir que eles não serão eternos. Nem todo amor é.

Elena agora olhava para mim com uma expressão estranha. Os olhos castanhos se inundaram de lágrimas e ela soluçou. Confusa me inclinei até ela apertando seu ombro e puxei para um abraço. Me coloquei em seu lugar e lembrei da confusão que era ter dezessete anos. Era merda ter que voltar justamente para aquela idade.

— Eu sou uma pessoa horrível – ela murmurou

— Não, não é!

— Sim, eu sou. Eu não mereço você nem a Bonnie.

Ela soluçou e chorou por minutos, mas que se arrastaram como horas. De repente me afastei dela e levantei estendo a mão.

— Chega de lamentações. Vamos descer comer porcarias e beber

— O que? Mas eu pensei que tivesse dito que já bebi o suficiente.

— É bebeu, mas bebeu errado. Vem, eu vou te ensinar como beber sem ficar bêbada. Si bem que ficar bêbada hoje não seria uma má ideia.

Elena estendeu a mão receosa e agarrou a minha e a ajudei se levantar. Depois dela se recompor em frente ao espelho. Descemos a escadas de braços dados e ela gruiu

— A gente precisa controlar o som urgentemente – avisou – Se ouvir outra música punk depressiva dos anos noventa eu arremesso os CDs da Jenna pela janela.

Ri enquanto descia o corredor escutando Pixies e vendo Jenna girar pela sala e quase cair no chão mais ser amparada por Manson Lockwood.

O portador da pedra da lua. Okay, aquela festa podia realmente não ser uma perda total de tempo. 

 

DAMOM

 

Pensei que ter acesso a casa dos Gilberts seria uma missão quase impossível depois do que houve entre eu e Elena. Mas parecia que a sorte estava a meu favor.

Uma festa na casa dela, era uma bela oportunidade de entrar lá e alcançar a pequena figura perdida na varanda soando terrivelmente entediada com copo vermelho de plástico na mão. Bennet recusou qualquer tentativa de avanço de garotos que se aproximam dela com total indiferença. Ela fitava o céu, olhava a lua cheia no céu o parecendo perdida m outro mundo.

O colar desaparecido, finalmente apareceu. Não estava a onde eu deixei e só havia uma explicação, Sheila Bennett.

Mas sua tentativa de esconder o colar de mim falhou miseravelmente. Sua neta tinha achado o colar e agora ostentava a solução dos meus problemas ali, pendurado em seu pescoço esguio.

Só precisava me aproximar e pegá-lo, mas seria muito mais fácil se fosse Elena ou Caroline vestindo ele. Tinha quase certeza que ela começou a perceber que não era uma adolescente comum. Ela era descendente direta de bruxas de Salém e não fazia ideia do poder que corria sob suas veias.

Si ela tivesse puxado sua tataravó, estaria perdido. Emily podia ter feito o acordo comigo, mas foi uma questão de sobrevivência. Estava prestes a ser queimada numa fogueira e queria assegurar a sobrevivência de sua linhagem na terra. Qualquer um selaria um acordo com próprio demônio se necessário.

Mas não era tolo para acreditar que ela cumpriria a sua parte do acordo. Mesmo que surpreendentemente eu segui a minha. Protegendo Rose e todas as outras bruxas até que falhei com Abby que desapareceu pouco depois do nascimento da filha.

Olhei para filha notando algumas semelhanças entre as duas. Mas a baixinha provavelmente tinha muito mais do pai. A altura, lábios carnudos e impressionantes olhos verdes.

Bonnie tamborilou os dedos na bancada da varanda e enquanto sacudia a cabeça cantarolando a música. Uma que ela nem tinha idade para saber tão bem.

De repente como se sentisse minha presença, ela vira a cabeça em minha direção e me encara. Ando até ela com as mãos no bolsa da jaqueta, ela parece quase em transe enquanto me observa chegar perto dela.

Sorri quando estava no último degrau e ela entornou o copo entrou dento da casa quase correndo e isso me frustrou tanto que quase acelerei e agarrei seu braço e puxei o bendito colar sem remorso algum. Mas a barreira me impediu, fiquei parado em frente a porta me sentindo absurdamente estúpido até que uma voz risonha perguntou. 

— Ei, o que está fazendo aí? Está bloqueado a entrada. Entra logo! – ordenou uma mulher loira de grande olhos verdes que tinha os braços de Mason Lockwood envolta dela.

Arrisquei com a mão e não senti mais nenhuma barreira me impedindo de entrar. Qual era as chances da Dona da casa ter acabado de convidar um vampiro a entrar em sua casa?

Quase zero, mas eu era realmente uma pessoa sortuda. Talvez o destino estivesse me dando um empurrãozinho.

Entrei na casa e olhei envolta a procura dela e vislumbrei o cabelo castanho avermelhado entrar por uma porta.

Bonnie Bennet era estranha. O que não era incomum já que ela era uma bruxa. Mas ela não era nada como sua mãe. Não era previsível como os adolescentes da idade dela eram.

Ela se recusou a ficar no meio da sala dançando e flertando com garotos. Ela passou a metade da festa do lado do fora contemplando a lua e agora estava na biblioteca da casa se inclinando nas pontas do pés tentando alcançar um livro.

Me aproximei devagar, tentado não provocar ruído algum. Mas ela era mesmo muito intuitiva, seu corpo enrijeceu quando meu corpo colou ao dela e peguei o livro. Ela virou devagar, com cara seria.

— Gradus Primos – li o título e folheie o livro – Lição de casa interessante.

— Devolve! – ordenei estendo a mão e sorri com altivez em sua voz combinando com raiva faiscando em seu olhos verdes.

— Como queira, baixinha – entreguei o livro e seus dedos roçaram nos meus e dessa vez nenhuma expressão de puro terror ou entrou em clássico transe de bruxa. Ela apenas puxou o livro e se sentou na poltrona vermelha de madeira antiga e se pois a ler o livro ignorando minha existência.

Comecei a andar pela extensa biblioteca passando os dedos entre os livros.

Vos mos discite quid simile unquam poterit

— O que disse?

— Eu disse que nunca vai aprender nada nesses livros – traduzi – Eles são ultrapassados.

— É o que me sugere então? – inquiriu sem me olhar. Mantinha atenção e folhear o livro enquanto apoiava o rosto no punho.

— Que arrume um tutor.

— Um tutor – ela repetiu rindo – Por acaso acha que alguém em Mystic High sabe latim?

— Provavelmente não – me sentei na mesa e expiei o livro – Mas nunca disse que deveria procurar no colégio. Aposto que levantaria perguntas. Porque alguém iria querer apreender latim em pleno século XXI? Ou está fazendo uma tarefa escolar, o que duvido muito. Ou planeja ser uma freira e morar no Vaticano. O que seria uma pena.

— Porque seria uma pena?

— Uma garota tão linda e jovem se casando tão cedo, ainda mais com Cristo. Hump, seria um total desperdício.

Ela revirou os olhos e fechou o livro e se levanto e seu perfume de lavada invadiu meus sentidos juntamente com cheiro doce de seu sangue. Olhei para pescoço dela, visando o colar. Mas a veia pulsante me distraiu.

Minha boca salivou imaginando o gosto que uma Bennett teria.

Já tinha provado uma bruxa um vez, em Louisiana. Mas ela não era uma Bennett. Não tinha o sangue direito de Emily Bennett, a desgraçada que ajudou a aprisionar Katherine na tumba. O sangue dela seria como ambrósia em minha boca. Nada era mais delicioso que gosto da vingança.

Agarrei seu braço e ela virou o rosto e passou aqueles olhos verdes lentamente sobre mim. Estudando meu rosto, ao contrário de Elena, ela não parecia intimidada ou constrangida.

Ergueu o queixo e seus olhos de esmeralda pareciam vasculhar o meu, procurando uma abertura para minha alma.

Sorri impotente com a coragem dela e desviei o olhar. Temendo que ela visse mais do que deveria ver.

— Acho que está esquecendo uma coisa?

— É o que seria? – indagou em mantendo a voz firme e os olhos postos no meus. Sobrancelha desenhada arqueou se e boca entreabriu-se e notei os lábios contornados.

— Seu livro – estendi com a outra mão – Não vai querer?

— Não.

— Hum, então percebeu que ele seria perda de tempo?

— Não, na verdade eu percebi que você é uma total perda de tempo. Eu nem mesmo sei porque estou aqui conversando com...

— Um desconhecido completo. Muito sábio da sua parte baixinha. Não é bom conversar com estranhos sua avó nunca te contou o conto da chapeuzinho vermelho?

— Sim, claro. Eu reconheço lobos à quilômetros de distância, mesmo aqueles em pele de cordeiro. Mas não se engane, eu sei exatamente quem você é.

— Sabe? – inquiriu realmente surpreso ela afirmou com a cabeça e sorriu.

— Você é Damon Salvatore. O irmão mais velho do Stefan.

— Hum, eu não sabia que meu irmão falava sobre mim

— Ele não fala. Tem alguns parentes que preferimos esquecer que existem.

— Si ele não disse nada sobre mim, como sabe meu nome?

Ela deu ombros em resposta e se afastou. Seu cabelo quase bateu em meu rosto e fechei os olhos sendo envolvido pelo cheiro de erva doce.

— Eu tenho visto você espreitar meus amigos e seu irmão feito um abutre. 

— Aí, abutre? Essa doeu. Eu sempre achei que meu espírito animal seria um corvo. E só para deixar claro. Eu não estava espreitando

— Ah não? Pois para mim ficar escondido em cantos observando os outros e exatamente isso. É convenientemente você sempre aparece quando a vítima está sozinha e indefesa – ela zombou

— Você se sente assim – indaguei me aproximando dela, colando em sua costas e sussurrando em seu ouvido

— Indefesa, está com medo agora, chapeuzinho?

— De você? – ela riu e virou o rosto e sorriso se desmanchou – Nunca. Eu não tenho medo de valentões que perseguem garotas em parques ou gosta de perseguir o irmão por puro tédio. 

Cerrei os dentes num sorriso forçado e irritado. Ela sabia demais, será que Sheila contou sobre o trato.

Ela se afastou e chegou até a porta, segurando a maçaneta. Ela hesitou por segundo antes de virar e estender a mão. Sorrindo entreguei o livro e alternou o olhar entre o livro e a porta e suspirou.

— Você realmente sabe...

— Não muito, mas sei muito mais do que você.

— É você me ensinaria?

— Claro. Qualquer coisa para uma amiga do meu irmão.

Ela balançou a cabeça e riu.

— Esquece, eu devo estar enlouquecendo mesmo pra si quer cogitar aceitar ajuda de um desconhecido.

Ela se virou e precisei pensar rápido.

— É tem razão e provável que você esteja enlouquecendo. Já começou a ter pesadelos e alucinações? Dei outro passo em direção a ela que permaneceu de costas, parecendo petrificada.

— Isso sem contar entrar em transe sem o explicação e escutar vozes. 

— Como sabe...

— Conheci pessoas assim. A maioria  no hospício.

— Idiota! – ela se virou e agarrei seu braço e podia jurar que quando se virou e m encarou uma leve dor de cabeça me atingiu. Uma pontada fraca na cabeça, mas que foi suficiente para me fazer soltá-la.

— Não me toque – avisou com dentes cerrados

— Okay, já soltei – ergui as mãos em rendição e ela fez menção de se virar então continuei.

— Não eram só em hospícios que encontrei pessoas com esse pequeno "problema". Na verdade muitas delas foram parar lá porque ninguém acreditou que elas não sofriam de doença alguma.

Bonnie franziu a testa e depois olhou para baixo

— Si não era nenhuma doença mental, então o que era?

— Você não acreditaria se eu contasse – provoquei e ela ergueu o rosto e para minha surpresa sorriu.

— Experimente – desafiou e correspondi o sorriso reconhecendo um pouco de Abby nela. A curiosidade sempre levava o melhor sobre ela e com Bonnie não parecia ser diferente.

Sheila provavelmente decidiu esconder a verdade da neta e agora ela estava tentando descobrir por si mesma. Bonnie Bennett era como um pedra bruta de diamante que só precisa ser dilapidada corretamente. Além do colar de Emily, ter uma bruxinha Bennett ao meu lado seria como ganhar na loteria.

Passei o braço envolta de seu ombro e sussurrei bem próximo ao seu ouvido

— Por acaso já ouviu falar nas bruxas de Salém

Ela revirou os olhos e retirou meu braço, mas não se afastou. 

— Okay, pelo menos o filme você já deve ter visto, não é?

...

Era estranho, aquela sensação de euforia que costumava sentir em festas desapareceu por completo. Mesmo bebendo não consegui me soltar e dançar como Elena estava fazendo naquele exato momento. Ela balança a cabeça e cabelo liso esvoaçava livremente.

Ela riu enquanto girava e invejei seu divertimento. A inocência que ainda permanecia intacta nela. O véu que ocultava os olhos da maioria das pessoas eram uma benção. Saber sobre a existência de outras realidades e saber  que as criaturas descritas nos livros dos irmãos Grimm realmente existiam era perturbador.

Sua vida não voltaria ao normal depois de saber sobre eles e parece que quando se descobre o monstro embaixo da cama automaticamente ele descobre você. Não tem volta.

Elena franziu a testa pra mim quando me neguei a levantar e ela foi em minha direção com braços estendidos e me puxou para meio da sala e me forçou a dançar.

— Anda Caroline, dance comigo – pediu

— Eu não estou muito no clima. 

— Qual é, o que aconteceu com a minha Samantha Jones?

Ela me rodou e ri sentindo a cabeça girar. Talvez tivesse bebido mais do que pensei. Ela pegou minhas mãos e assim como nós velhos tempos dançamos juntas. Tentei esquecer a Caroline Forbes adulta trancafiada em corpo jovem e humano e tentei resgatar a adolescente inconsequente que adorava cantar e dançar até que pés doessem.

Mason e Jenna já haviam sumido de vista mesmo. A maldita pedra da lua podia esperar por mais uma noite.

Fechei os olhos e comecei a balançar a cabeça e quadris e de repente senti mãos em meus ombros e sorri quando Bonnie surgiu atrás de mim sorrindo. Ela envolveu Elena e eu em um abraço apertado e se uniu na dança desconjuntada onde pulávamos e cantávamos feito louca quando Wanda e tocou.

De repente parecia que tínhamos voltando aos treze anos imitando as Space Girls enquanto fazíamos desfile na casa de Elena.

Depois de outras três músicas nos jogamos no sofá exaustas arfando. A sala parecia girar e ríamos disso como três idiotas. Quando riso cessou nos encaramos e Bonnie sorriu e pegou minha mão e de Elena e disse:

— Eu senti saudades.

Nós também— Elena e eu dissemos em uníssono.

...

Andrew desceu com Jeremy e se juntou a festa ignorando os protestos de Elena. O amigo de Jeremy ficou sentado ao lado de Bonnie admirando-a com a boca aberta. Bonnie corou e bateu no meu ombro quando ri da situação.

Elena voltou para salão com outro copo, ela logo desmaiaria. Teria sua primeira ressaca de verdade no dia seguinte, mas depois de tudo ela merecia chutar o balde.

Todas nós merecíamos. Tyler se sentou no entre Bonnie e eu passou o braço envolta do meu ombro

— Forbes, finalmente voltou.

— Voltei? E pra onde fui?—  inquiri confusa rindo

— Não sei – ele deu ombros – Mas você fez falta. As festas não são as mesmas sem você

— Ah é?

— Sim. Senti saudade de ver Caroline Forbes em toda sua glória arrasar na pista.

— É eu costumava mesmo a fazer isso – concordei olhando para Elena e lembrando de como eu ficava bêbada até cair depois de alguns vira, viras. Comandados sempre por Tyler em suas festas semanais.

— Então o que está esperando pra acabar com Judy, ela vai ganhar de você – avisou apontando para Judy bebendo com um coro de vira atrás dela.

— Deixa ela ganhar. Eu já bebi o suficiente por hoje.

— É você esquisita? 

— Falou comigo? – Bonnie inquiriu com uma careta e Tyler assentiu

— Sim, estou falando com você. Porque não entra no jogo. Você precisa muito se embebedar. 

— Preciso porquê?

— Porque quem sabe fique menos chata e maluca com pouquinho de álcool – ele se levantou se esquivando há tempo de um tapa dela – Si bem que no seu caso era melhor o barril inteiro.

— Eu quero tentar! – Elena se ofereceu e Tyler franziu a testa para Bonnie que deu ombros. 

— Elena Gilbert querendo participar? Okay, estou realmente surpreso.

— Não sei porquê o espanto.  Eu sei me divertir. 

— Sabe? Nossa, isso é um choque! – ele zombou – Você sempre foi tão....

— Responsável?

— Não, eu ia dizer entediante.

— Eu vou mostrar quem é entediante.

O que aconteceu a seguir foi Elena virando uma garrafa no gargalo e sendo ovacionada por outros idiotas como Tyler. Me afundei no sofá sentindo sono, Bonnie encostou a cabeça no meu ombro. 

— Nós deveríamos para-la

— É deveríamos – concordei, mas não me movi

— Ela vai estar acabada amanhã. 

— É o que tem isso demais? Vai ser só a ressaca da vida dela. E ela não está fazendo nada louco.

Concordei com a cabeça e olhei para porta vendo um cara de jaqueta preta de couro e cabelos negro passar entre as pessoas e sair.

Era ele, Damon.

Levantei aturdida e quase cai com tontura. A sala rodou e gosto de bile subiu na boca. Andei em direção a porta empurrando as pessoas querendo alcançá-lo e esbarrei em alguém na saída
A pessoa segurou meus braços mantendo em pé.

Frustrada, ergui o rosto e encarei a pessoa e me surpreendi quando me deparei com Stefan. 

— Caroline – ele me olhou de cima baixo e franziu o nariz. Sabia que estava cheirando o álcool no meu sangue

— Stefan, o que está fazendo aqui?

Ele abriu a boca e fechou olhando por cima meu ombro. Virei para olhar e outra onda tontura me fez fechar os olhos e cambaleando para trás. Ele passou os braços entorno da minha cintura e podia ouvir o riso em sua voz. 

— Você está bêbada – acusou

— Não, eu não estou! – temei – Eu sou imune ao álcool.

— Ahãm. Dá pra perceber – ele beijou o topo da minha cabeça

Me afundei em seus braços deixando que ele segurasse de boa vontade. Fechei os olhos e encostei a cabeça em seu peito. 

— Por que está aqui? – inquiri mesmo sabendo a resposta e esperei uma mentira elaborada, mas ele apenas suspirou e me surpreendeu dizendo a verdade.

— Sua amiga foi até a minha casa me convidar pessoalmente e neguei o convite. Mas Lexi me forçou a vir – ele apontou para loira sentada ao lado de Bonnie – Eu tentei te ligar e avisar.

— Hum.

— Hum? É só isso? Não vai me perguntar porque não disse não...

— Não. Eu sei como é difícil dizer não a Lexi. É quase tão impossível quanto dizer não para mim.

Ele riu e beijou minha testa quando me virei e enrolei meus braços envolta de seu pescoço.

— Tem razão! Eu sou um fraco quando si trata de negar coisas a loiras.

— É, eu sei – concordei e agarrei a gola de sua jaqueta e o beijei desleixadamente.

Gemendo quando sua língua se chocou com a minha, puxei alguns fios de seu cabelo e pressionei meu corpo contra o dele e o escutei soltar rosnando gutural que me fez sorrir contra sua boca.

Ele encostou a testa na minha e sorriu ainda com olhos fechados. 

— Você está me matando Caroline

— Hum – mordi o lábio dele – Como eu sou má. É melhor eu parar então. 

Me desprendi dele que riu agarrando meu braço e me puxando para ele e beijando-me com urgência.

— Não, você pode continuar me matando. Eu não me importo nenhum um pouco.

Estava prestes a beijá-lo de novo quando o som de assobios e risos explodiram atrás de mim. Viramos ao mesmo tempo e o que eu vi me deixou boquiaberta.

Elena estava beijando Tyler. Engolindo,  seria a maneira correta de descrever. 

Bonnie se aproximou com a mesma cara de espanto com Lexi logo atrás.

— Caroline, você está vendo o mesmo que eu.... Ou já comecei a ter vislumbres do inferno?

— Sim, Bon. Eu estou. Não é uma alucinação. Elena está pegando o Tyler Lockwood.

Nós duas alternamos o olhar entre Elena e Tyler e quando nos encaramos outra vez rimos até que a barriga doesse

— Okay, eu oficialmente estou perdida aqui. Do que elas estão rindo?

— Eu não faço a menor ideia – Stefan disse a Lexi sorrindo,  passando os braços envolta da minha cintura. E a cara confusa de Lexi só nos fez rir ainda mais.

 


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Notas finais do capítulo

Ufá! Pensaram que não ia mais acabar? Imagina eu que tive que revisar :p
Então Caroline e Elena finalmente se resolveram as tretas entre elas? Será que Elena vai manter a promessa de amizade acima de garotos? E Damon sendo o provavel tutor de Bonnie, vai dar ruim, claro ou com certeza. É Fist Kiss Lett e Tyler? Kkk
Espero que perdoem a tia pelo sumiço e capítulo enorme.
Até a próxima
XOXO



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