Make a Wish (Revisando) escrita por allurye


Capítulo 27
Chapter – XXVII My exception


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Outro capítulo longo, desculpe a canseira.
Dedicando esse capítulo a dona Carolzita pela linda recomendação, obrigada Nega ^_^



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Quando eu era jovem eu vi meu pai chorar e amaldiçoar o vento. Ele partiu seu próprio coração e eu assisti. Enquanto ele tentava consertá-lo. E a minha mãe jurou que ela nunca mais se deixaria esquecer. E foi nesse dia que eu prometi. Que eu nunca cantaria sobre amor se ele não existisse. Mas, querido, você é a única exceção. Bem, você é a única exceção” The Only Exception – Paramore

 

LEXI

 

Uma nuvem de perfume e vapor emanava no quarto de Stefan, ele estava em frente ao espelho do banheiro arrumando o topete por quase vinte minutos. Era estranho para mim vê-lo assim tão nervoso por causa de um encontro. Stefan havia tido alguns romances com algumas garotas, mas nada sério. Ele tinha um tratado tácito de nunca se envolver demais com humanas. Acho que isso era um pouco culpa minha. Foi ele que teve que aguentar a barra quando Steven morreu e me impediu de cometer alguma besteira. Depois disso ficou claro que ele pretendia passar a eternidade sozinho, evitando sofrer o mesmo que eu.

Mas sempre existem as exceções a regra. E Caroline Forbes parecia ser a exceção de Stefan.

Ele saiu do banheiro vestindo apenas uma calça jeans escura, abriu o guarda roupa e escolheu uma camisa verde musgo. Inevitavelmente acabei com um sorriso no rosto. Era tão bom ver ele assim, se abrindo para o mundo e deixando toda a obsessão com Katherine no passado.

Meu melhor amigo estava finalmente seguindo em frente. E parte minha o invejou profundamente.

— Você ainda não está pronta? – ele inquiriu dobrando a manga da blusa.

— Stefan, eu nasci pronta – revirei os olhos quando ele me olhou de cima abaixo. O que me fez fazer o mesmo por reflexo. Não estava assim tão ruim, afinal o encontro nem era meu. E nem conseguia entender como tinha acabado no meio daquele rolo. Quem é que leva a melhor amiga para um encontro?

— Algum problema com a minha roupa?

— Não, nenhuma – ele riu.

— Ótimo, porque eu vou desse jeito mesmo.

— Okay!

— Se dizer que eu preciso trocar de roupa, eu fico!

— Bela tentativa, Alexia. Mas você prometeu que iria comigo...

— Prometi? Sabe que eu não me lembro disso – menti fitando minha bota gasta na lateral. Eu precisava mesmo de outra, mas ela era tão confortável que era difícil desapegar.

— Sim, a senhorita prometeu. E vai ter que ir....

— Porque si não,  a Caroline foge.

— Ela não iria.... não vai fugir. Ela não pediu que te convidasse por isso.

— Ah não? – inquiri cruzando os braços e arqueando a sobrancelha em descrença – Porque parece justamente isso.

— Não, pelo menos, foi o que ela me disse. Ela gostou de você, queria te conhecer melhor.

Revirei os olhos, mas não consegui evitar de me desarmar um pouco com isso. Caroline parecia ser divertida, talvez eu encontrasse uma parceira de balada no fim das contas.

— Tem algo estranho com você, sabia?

— Qual é eu não sou a única pessoa dessa cidade a usar meia calça rasgada....

— Ah, eu aposto que sim – ele zombou se sentando na cama e calçando o sapato – Mas não me refiro a isso é você sabe.

— Sei? – inquiri realmente confusa.

— É, sabe sim.

— Não, eu não faço ideia do que eu esteja fazendo de estranho, ou mais estranho que normal.

— Mas você está! – acusou ele

— Está evitando sair.

— Claro! Quem é que gosta de bancar a vela? Acho que naquele dia já foi o suficiente ouvir todos aqueles gemidos e mais....

— Lexi!

— O quê? Estavam bem altos, mesmo que não tivesse superaudição ainda conseguiria ouvir bem claramente...
Stefan me calou jogando a jaqueta na minha cara

— Ai, que brutalidade!

— Você mereceu. E não desconverse! Você adora sair e de repente quer ficar presa aqui.

— Eu gosto de sair, realmente. Mas numa cidade que tenha algo além de um bar com restaurante.

— Não, não é isso!

— Então o que é Sherlock?

— Acho que está fugindo de alguma coisa, ou melhor, de alguém.

— Que? – ri negando com a cabeça – Que absurdo, do que eu fugiria? Além das festas chatas que virão, e descendentes de famílias fundadoras com tochas na mão.

— Não exagera, não estamos em Salém.

— É verdade, estamos num lugar bem pior. Uma cidade mística que atrai criaturas sobrenaturais e os prende em tumbas. Aliás, eu tenho pensando muito. E acho que esse é o verdadeiro motivo.

— Motivo?

— Damon – explique exasperada – Ele quer abrir a tumba e resgatar a Katherine.

— Mas porquê ele faria isso agora? Por que nunca tentou antes?

— Eu acho que ele tentou uma vez – murmurei lembrando do garoto do exercício que Damon matou há alguns anos atrás.

Ele falhou em abrir a tumba, mas conseguiu a informação que queria antes de drenar todo o sangue de garoto que pertencia a Mystic Falls.

— O que você sabe que eu não sei.... 

— Nada demais, mas tenho minhas teorias. E acho que alguém nessa cidade finalmente tem o que Damon precisa para abrir a tumba.

— E quem seria?

— Alguém que por acaso divida o mesmo sangue que a bruxa que fez feitiço

— Bonnie.

— Exatamente! Ela é uma descendente da Emily, talvez ela já tenha a chave e não saiba.

A expressão tranquila de Stefan se transformou em uma carranca e as sobrancelhas subiram para cima. Mordi o lábio, me sentindo culpada por estragar a animação dele falando de Damon. Mas o que eu deveria fazer, ignorar que ele estava planejando algo grande que colocaria todos em perigo como Stefan estava fazendo.

— Eu estou sendo tão irresponsável – lamentou ele – Zach tem toda razão. Eu estou me comportando como um adolescente. Eu deveria estar seguindo ele agora...

— Ei, cara – apertei seu ombro e retirei a mão que cobria seu rosto – Nós vamos fazer isso, okay?! Pegar o Damon antes que ele consiga fazer qualquer coisa. E não se cobre tanto, você merece uma folga.

— Será que mereço mesmo? – inquiriu ele olhando para o edredom, provavelmente relembrando a noite com Caroline e se perguntando se ele a merecia. Stefan as vezes era tão transparente que não era nada difícil ler seus medos estampados em seu rosto.

E aquele medo eu podia entender como ninguém. Sabia que o que era acordar pensando em alguém e no futuro com ele e saber que tudo está fadado ao fracasso, mas não importa quanta força fazemos, não conseguimos desistir do único ponto de luz, a única coisa que nos separa de sermos monstros, a humanidade.

— Sim, você merece isso. Não faça como eu fiz. Não se negue a sentir o que sente por ela.

— Mas do que adianta insistir? Além de colocá-la em perigo, ela não vai deixar de ser.... humana.

— É isso e problema tão grande assim?

— Claro que é! Você mais do que ninguém sabe disso. Foi a pessoa que mais me alertou sobre os perigos de se envolver com um mortal.

— É, eu sei. E me arrependo disso si quer saber – ele franziu a testa chocado – Eu tive azar Stefan, não quer dizer que você vai passar pelo mesmo que eu. Meu erro foi querer proteger você dessa dor...

— E isso por acaso foi errado, você só queria me proteger.

— Sim, mas acabei fazendo o inverso. Te fiz acreditar que não existe esperança para nós.

— E não há

— Há sim!

— Não Lexi. Na verdade você e Zach sempre estiveram certos....

— Ai cala a boca, tá legal! Estou tentando dizer algo importante aqui, então colabore!

— Uou, okay! Desculpa....

— Stefan, o que quero dizer.... E que eu não mudaria nada. Si pudesse ter a chance de voltar no tempo eu faria tudo exatamente igual.

— Faria mesmo sabendo que ele morreria?

— Sim, porque a vida não é feita de momentos perfeitos e sim sobre aqueles que nos roubam o fôlego. Mesmo aqueles tristes que nos despedaçam. Porque sentir dor, tristeza e a perda e o que nos faz humanos.

— Então o que quer dizer é...

— Que ela vale a pena, amar vale. Você merece sentir o que é isso com toda a intensidade. Cair fundo mesmo, sem controle ou freio para parar. Se apaixonar é isso.

Stefan sorriu e agarrou minhas mãos.

— Qual é a graça?

— Nada, e só que você realmente cresceu.

— Stefan eu sou bem mais velha que você...

— Não me refiro a idade. E também acho que entendi o que mudou em você.

— Ah é? Posso saber o que é?

Ele se levantou e pegou a chave do carro em cima da escrivaninha

— Acho que você finalmente deixou ele ir, assim como eu estou aprendendo a fazer com a Katherine.

Fiquei parada sem saber o que dizer. Aquela revelação era esmagadora. Será que tinha feito isso. Será que eu estava esquecendo o Steven?

Engoli seco e por um momento podia ouvi-lo dizer com voz rouca e cansada aquela frase que eu tanto odiava e preferia nunca acreditar.

Existem vários tipos amores na vida Lexi. Épicos, curtos e intensos. O nosso foi como o outono. Um dia ia passar e não tem problema nenhum esperar pela primavera”

— Ei, você não vem? – inquiriu Stefan enfiando a cabeça pela fresta da porta.

— Humm? O que disse?

— Grill.

— Ah é! Claro.

Peguei minha jaqueta e vesti e segui Stefan para fora do quarto, me sentindo estranha. Como se acabasse de perceber que perdi alguma parte minha, e agora me sentia leve. Era incomodo, eu desejava com todas minhas forças sentir o outono de novo.

 

CAROLINE

 

— Então vai ser tipo o encontro oficial? — inquiriu Bonnie vasculhando minha penteadeira e borrifado perfume no pulso.

— Não, não é um encontro. É apenas um encontro entre amigos e...

— Você ainda classifica ele assim?

— Claro! Porque é o que somos.

— Amigos, sei!?

— Mas é verdade — expliquei pegando o modelador de cachos e separando uma mecha de cabelo.

— Amigos coloridos, com mais cores do que um arco-íris você quer dizer.

— Não, não vai haver outras cores – murmurei sobriamente.

Sentindo o estômago doer só de pensar na conversa que viria a seguir. Qual era melhor forma de afastar ele, deixar claro que não podíamos ser mais do que éramos agora.

— Ei, desse jeito vai queimar o cabelo – alertou Bonnie apertando meu ombro, franzi o nariz com cheiro do meus fios chamuscados.

— Merda!

— Calma, não queimou muito – remediou ela com sorriso simpático e suspirou quando me olhou através do espelho – Deixa que eu termino pra você.

— Okay – entreguei a babyliss a ela que começou a enrolar mecha por mecha - Você ainda não contou como foi com ela.

Bonnie franziu os lábios e fixou os olhos no meu cabelo. Sabia que a briga tinha sido feia e me senti culpada porque Bonnie e Elena quase nunca brigavam.

— Ela ainda está com muita raiva?

— Pode se dizer que sim – ela murmurou

— Ela deve me odiar agora — lamentei — Eu nunca deveria ter me metido.

— Você não se meteu em nada. Nada disso é sua culpa.

— Mas ela acha que é!

— Elena só quer alguém para culpar. E mais fácil colocar a culpa nos ombros dos outros do que admitir os próprios erros.

Arregalei os olhos com a boca escancarada em surpresa. Acho que nunca ouvi Bonnie dizer qualquer coisa similar a isso, pelo menos, quando se referia a Elena.

— Por que essa cara?

— Hum, nada não – menti fechando a boca e ela riu.

— Eu sei que pensa que eu passo a mão na cabeça dela...

— Não, eu não acho.

— Acha sim, você e o Matt também. E foi por esse motivo que ele preferiu   desabafar com você.

Ela separou as mechas com os dedos e sorriu satisfeita com resultado. Depois ela foi até minha cama e vasculhou sua sacola. Pegou um cinto marrom e o afivelou o vestido verde.

— Eu não quis dizer que...

— Eu sei – ela sorriu enquanto calçava a bota media de couro marrom — Mas vocês estavam certos sobre isso.

— Eu não queria que vocês duas brigassem.

— Mas nós não brigamos, ela brigou. Jorrou um monte de acusações e eu a deixei falar e falar.

— Simples assim?

— É! Não tinha muito o que dizer, ela não estava disposta a escutar nada. Ela descobriu sobre o acidente do Matt e foi atrás dele e Vicky escorraçou ela de lá.

— Mentira?! — inquiri boquiaberta. 

— Antes fosse. Ela surtou. E só piorou quando soube que nós duas sabíamos e não contamos a ela.

— Acha que ela vai perdoar a gente depois desse vacilo?

— Vai. Uma hora ela vai perceber que está com raiva e de outra coisa. Mas vamos deixar a Elena pra lá. Já e quase seis e meia.

Levantei apressada indo até o armário e procurando algo azul. Mordi as bochechas quando encontrei a camisa azul que usei no dia do cometa. Passei o dedo sobre tecido de seda, olhando para ela como se fosse alguma relíquia preciosa. Uma lembrança viva do começo, da rejeição.

— Ei, o que foi. Por que ficou com essa cara?

Suspirei e olhei para cima tentando conter as lágrimas.

— Nada – menti

— Caroline, eu pensei que tivesse voltando a confiar em mim.

— Eu nunca deixei. Não é falta de confiança e que tem algumas coisas que ainda não consigo falar, entende?

— Entendo – ela sorri e apertou meu ombro gentilmente - Quando estiver pronta...

— Eu sei.

— Agora — ela pegou a bendita blusa azul e me estendeu ela — Veste essa.

— Essa? — inquiri com uma careta

— Sim, essa! Realça seus olhos.

— É a cor favorita dele.

— Viu, ele vai gostar ainda mais.

Mordi o lábio e me encarei no espelho, talvez usar aquilo me ajudasse a lembrar das coisas ruins e fechar um ciclo.

— Okay, me dá cinco minutos.

 

STEFAN

 

Lexi pediu uma porção enorme de batatas e encheu-as de ketchup e começou a comer freneticamente. Ela estava esquisita desde que saiu de casa e agora por exemplo estava afundada na cadeira olhando para Jukebox e outra hora para bar.

— Procurando alguém?

— Hein?

— Eu perguntei quem você está procurando.

— Ninguém ué! Ou melhor, estou sim. Cadê a Caroline, já não era para estar aqui?

— Era... Ela só deve estar um pouco atrasada

— Ou....

— Ela desistiu – completei olhando para relógio. Eu deveria saber que ela faria isso, não deveria ter apressado as coisas. Lexi tossiu uma batata que saltou para o chão de tanto rir.

— Está rindo do que? – inquiri confuso e irritado. Ela deu um tapinha no peito e riu mais ainda.

— Você precisava ver a sua cara — ela tossiu outra vez — Murchou feito balão de hélio.

— Não tem graça, Lexi – rebati tentando ficar sério, mas acabei correspondendo o sorriso.

— Você não deveria se preocupar tanto.

— Ah não? Ela ainda não veio e pode nem vir... Eu acho que ferrei com tudo.

— Tsk, ela vem!

— Como tem tanta certeza?

— Porque ela esta apaixonada por você. Está estampado na cara dela.

— Como você...

— Simples, sou boa em ler as pessoas e na verdade eu posso ver os olhos dela brilhando agora.

— O que? – inquiri confuso e ela sorriu apontando para entrada. Caroline estava parada em frente a porta olhando para mim.

Levantei atordoado, eufórico por ela ter vindo. Ela sorriu timidamente antes de cruzar o salão e se aproximar de mim. Ela vestia uma camisa azul com decote discreto de seda e uma calça jeans escura colada que evidenciavam suas pernas longas.

— Ei — balbuciei e engoli seco quando ela cruzou a distância e fui envolvido pelo perfume de morango e pimenta. Somente isso já foi suficiente para ativar todas as memórias daquela noite.

O perfume dela se impregnou nos lençóis e no travesseiro. E todas as noites desde então eu adormecia sentindo seu cheiro e revivendo aquela noite.

Ela sorriu e desviou os olhos para o chão, um cacho dourado deslizou para o rosto e antes que ela pudesse arruma-lo eu o peguei colocando atrás de sua orelha e deslizei pelo fio até chegar ao pescoço. Ela abriu a boca surpresa e não contive o riso vendo seu rosto enrubescer

— Ei – ela murmurou sorrindo timidamente corando até a ponta do nariz.

— Ei, Caroline — disse seu nome devagar saboreando o som que fazia e percebendo que adorava isso. Adorava dizer seu nome, ser responsável por fazê-la corar e seu coração disparar.

— Ei – ela repetiu rindo e mordeu o lábios desviando os olhos para baixo

— Eu acho que você já disse isso?

— Ai deus, arrumem um quarto — gritou Lexi provocando risos em Bonnie que tentou disfarçar tossindo.

— Lexi!

— O que é? Vocês dois parecem estar em outro plano. Nem perceberam a gente aqui – disse ela fazendo beicinho

— Me desculpe,  Lexi – se apressou Caroline se afastando e indo até ela a abraçando. Lexi a abraçou e sorriu para mim por cima do ombro fazendo um joinha com dedo.

— Não tem problema. Eu só estava brincando. Podem se devorarem com os olhos, eu não me importo. Você se importa Bonnie?

— Não, de jeito nenhum! E como assisti uma novela

— Ah... — pigarrei — Por que não nos sentamos em uma mesa – sugeri tentando conter Lexi que parecia estar adorando me provocar.

— Opa, vamos. Quero mais uma porção de batata.

— Eu também quero uma — anunciou Caroline sentando ao lado dela.

As duas começaram a conversam sobre o amor que tinha em comum: batatas fritas. E eu Bonnie ficamos em silêncio apenas observando as duas rirem enquanto devoravam uma porção.

— Mas então, o que você me dizem sobres vocês – inquiriu Lexi com queixo apoiado no punho – O que querem fazer?

Sorri discretamente e notei que Caroline fazia o mesmo olhando para Bonnie, que contou sobre desejo de ser professora.

— Eu acho que é minha vocação lecionar.

— Isso é ótimo e muito inspirador Bonnie. Mas eu estava me referindo a sonhos. O que sonham em fazer. Que lugares desejam conhecer, que loucura querem cometer?

— Sonhos... – Bonnie repetiu parecendo nunca ter pensando no lado louco dos sonhos. Balancei a cabeça rindo.

Sabia que Lexi eventualmente faria aquela pergunta.

Qual é o seu sonho mais louco?

Ela era assim, vivia a vida por impulso. Como se o amanhã não existisse e hoje fosse tudo que resta.

— Bem, eu queria conhecer Nova Zelândia.

— É o que mais?

— Abrir uma floricultura.

— Sério?

— Ahãm, na verdade acho que um antiquário. Produzir perfumes, velas e loções. 

Caroline sorriu mais amplamente para Bonnie que dizia os detalhes mais entusiasmada agora. Ela desviou os olhos para mim e o sorriso se manteve.

Podia ler tantas coisas naquele olhar. Pela primeira vez parecia não haver qualquer intenção de fingir ou mascarar o que sentia. Os olhos estavam límpidos e podia enxergar a alegria trazendo um brilho diferente. Os ombros estavam relaxados enquanto ela ria de Lexi. Ela parecia outra. Uma versão completamente descontraída e feliz.

Esgueirei a mão por impulso e peguei a dela. O sorriso se desmanchou e a boca escancarou-se. Por um segundo pensei em soltar, mas não o fiz.

Ela parecia ter prendido a respiração por segundo, parecia estupefata olhava para nossas mãos unidas.

Me perguntei se ela estaria sentido o mesmo que eu. As correntes elétricas percorrendo cada centímetros de pele e se alastrando para resto do corpo. Me perguntei se ela sentia tão bem quanto eu quando nossos dedos estavam entrelaçados. Se sentia que o mundo parecia girar mais rápido e nós dois fossemos os únicos a girar em câmera lenta como se estivéssemos em carrossel quebrado

Ela mordeu o lábio parecendo estar lutando internamente com algo. Os azuis cristalinos se escureceram e se acinzentaram por um segundo. Pensei em retirar a mão, mas ela entrelaçou ao dedos e suspirou.

Ela ergueu a cabeça e olhou pra mim e sorriu.

Uma onda de euforia me atingiu e me senti exultante. Flutuando no ar como balão de gás hélio que deseja que corda arrebente para que possa alcançar o céu.

— Enquanto a você Caroline?

— Hum, o que? – ela inquiriu virando o rosto e franziu a testa para Lexi que riu revirando os olhos. 

— Eu perguntei qual é o seu sonho. O que quer fazer depois de terminar o colégio.

Caroline sorriu e acenou com a cabeça e abriu a boca para responder e ansioso me inclinei mais um pouco na mesa, ávido para saber mais sobre ela.

Qual era seu sonho, do que tinha medo, o que costumava fazer quando ninguém estava olhando. Mas os segundos se passaram e ela pareceu si perder em si mesma. Bonnie franziu a testa para ela.

— Eu costumava querer fazer artes cênicas – confidenciou retirando a mão da minha e cruzou os braços e deu fraco sorriso fitando as pernas.

— Costumava? – Bonnie foi que quebrou o silêncio. Porque Lexi franziu a testa e me encarou fazendo mil perguntas de uma só vez com os olhos.

O bom de se ser amigo de alguém por mais de cem anos e que se aprende tudo que há para si saber sobre a pessoa. Com tempo nem mesmo as palavras se fazem necessárias. Era assim comigo e com a Lexi. E ao julgar pelo olhar confuso e preocupado de Bonnie pude perceber que não era caso delas. A barreira que sentia envolta de Caroline pelo visto era armada para todos. E isso me entristeceu de jeito inexplicável. Porque naquele momento voltei a enxergar a garota misteriosa e cheias de máscaras que não tinha ninguém para ser verdadeira.

E inevitavelmente lembrei de quando estava no lugar dela, quando não conhecia Lexi e vagava pelo mundo andando nas sombras e matando pessoas pelo meu bel prazer, apenas seguindo o extinto primitivo da minha verdadeira natureza.

— Você sempre quis ser atriz, cantar na Broadway – lembrou Bonnie sorrindo, Caroline ergueu os olhos até ela e anuiu com a cabeça mais seus olhos pareciam não enxergar Bonnie.

— Você não quer mais isso?

— Eu não sei mais – ela disse em voz baixa – Não acho que eu ainda....

— Seja a mesma pessoa – completou Lexi ganhando a atenção de Caroline — Eu sei como é.

Lexi sorriu e também contemplou o chão de madeira antes de voltar a falar.

— As vezes acontecem coisas que nós muda tanto ao ponto que tudo que se sonhou um dia deixa de fazer sentido.

Caroline anuiu com a cabeça e notei como seus olhos escureceram e se inundaram de lágrimas. Ela forçou um sorriso que Lexi correspondeu com simpatia.

Ela me lançou um olhar rápido e soube que ela tinha deixado as ressalvas de lado e aprovado Caroline.

— Aqui por acaso tem sinuca – inquiriu Lexi abruptamente

— Sim tem, bem ali - apontou Bonnie para esquerda.

— Opa – ela se levantou – Vamos jogar uma partida.

— Por mim tudo bem – concordou Bonnie se levantando

— Ótimo, então você vai ser minha dupla. Assim a gente equilibrada a partida.

— Mas por quê? Eu sou meio mais ou menos, mas a Caroline e ótima na sinuca.

— Ela é? – inquiri não contendo um sorriso com o rosto enrubescido de Caroline

— Sim, ela sempre vence a partida. Acho que só perde pro Matt.

— Hum, bom saber disso...

— Tá, eu menti – Caroline cobriu o rosto com as mãos – Estava tentando ser... Simpática

— Claro, claro! – concordei tentando conter o riso

— Mas é verdade! Eu não queria acabar com você logo de cara.

— Você ia o que?

— Isso está começando a ficar interessante – Lexi cochichou para Bonnie.

— Quer apostar?

— Claro! – estendi a mão apertando a dela – Quem ganhar escolhe o prêmio.

— Ah, achei que iam apostar dinheiro – lamentou Lexi

— A coisas mais legais de se ganhar do que dinheiro.

— Existe? – Lexi franziu a testa e depois riu batendo a mão na testa – Ah é, existe mesmo.

— Okay, chega de conversa fiada. Vamos começar – Caroline cortou animada.

— Alguém aqui esta ansiosa – Lexi zombou apertando os ombros de Caroline como se ela estivesse prestes a entrar no ringue.

— Eu estou mesmo. Vou acabar com seu amigo, desculpe.

— Ah, não se desculpe. Vou amar ver esse convencido perder.

— Traidora!

— O que é, você pode ser uma verdadeira dor na bunda quando vence.

Bonnie e Caroline balançaram a cabeça rindo de Lexi. Bonnie pegou os tacos e os distribuiu. Enquanto Caroline arrumava as bolas no centro. Lexi se aproximou de mim apoiando o braço no meu ombro

— Okay, você tinha razão

— Sobre?

— Ela é incrível

— Sim, ela é – concordei.

 

(...)

 

— Ei, você tem que torcer pra mim.

— Desculpa, Caroline. Mas ele realmente bom – Bonnie desculpou-se dando ombros

Caroline revirou os olhos e respirou fundo fuzilando Stefan que estava apoiando o queixo no taco com sorrisinho convencido no rosto. Ela esfregou as mãos e prendeu cabelo com elástico azul e esse foi bom movimento porque distraiu Stefan, até mais do que deveria. Ele fixou seus olhos no pescoço esguio dela e engoliu seco. Podia notar um leve tremor em suas mãos. Disfarçadamente me afastei de Bonnie e me aproximei dele lhe dando uma cotovelada. Ele piscou os olhos e franziu a testa pra mim.

— Disfarça – murmurei bem baixo para que só ele é escutasse.

Ele anuiu com a cabeça, mas a íris ainda permaneceu dilatada. Ele continuava seguindo cada movimento que Caroline fazia com os olhos vidrados. Sabia a onde seus pensamentos estavam o levando. E mais uma vez senti pena dele.

O sangue era sua ruína, mas piorava ainda mais quando se tinha sentimentos por essa pessoa. O desejo se misturava com a sede e era quase impossível não perder o controle. Estava admirada que ele não tivesse cometido nenhum deslize ainda. E na frente de um Bennett seria um erro possivelmente fatal.

Pedi um tempo e Caroline protestou de imediato, ela estava mesmo levando aquilo a sério, ou era muito competitiva por natureza. No caso dela, acho que eram as duas coisas. Arrumei uma desculpa qualquer para arrastar Stefan comigo até o bar.

— Você realmente precisa se controlar.

— Eu estou me controlando – Stefan rosnou com dentes cerrados olhando para Caroline por cima do ombro.

— Não, não está. Sua sorte e que ela é muito competitiva e por isso não notou como você olhou para pescoço dela. Das duas uma,  ou ela matava a charada, ou vai achar que você tem tara por pescoço.

— Não exagera... eu só... me desconcentrei com...

— Excesso de pele da Caroline – completei — Nós dois sabemos que não foi só a pele que te distraiu.

Agarrei seu braço e o arrastei até o bar. Tive que me esgueirar até conseguir chegar até bendito balcão.

— Por que esse lugar está tão cheio? – resmunguei alto e esperei que me Stefan respondesse, mas olhei por cima do ombro e ele ficou um pouco para trás.

— É porque hoje é sexta e não tem nenhum outro lugar para irem além daqui – alguém respondeu em voz alta e minha boca se escancarou quando me deparei com Matt – O que vai querer?

— Eu...

— É, você. E sua vez – ele explicou displicentemente com copo de alumínio na mão – O que deseja?

Engoli seco e cocei a nuca, incomodada com tom seco dele, não houve sorrisos nem si quer um oi dessa vez. Ergui o queixo e o encarei.

— Dois Long Island Iced Tea. Sabe fazer? – desafiei e ele ergueu os olhos para mim e lábios se curvaram em sorriso.

— Claro que eu sei!

— Hum, okay se você diz — dei ombros 

— Está duvido?

— Não, longe de mim duvidar dos seus... Dotes de barman – zombei e ele riu. Mas era de nervoso. Sabia disso porque escutei seu coração disparar e suas orelha enrubesceram de leve.

Ótimo, agora ele me detestava. Era bipolar esse garoto, num dia me atropela, no outro me canta e depois me odeia.

— Você vai provar o melhor drink da sua vida.

— Eu acho difícil – provoquei não controlando minha maldita língua – Eu já provei muitos e vários lugares.

— É eu sei. Você é uma aventureira. E deve acha cidadezinha como Mystic Falls entediante.

— Eu não disse isso!

— Nem precisa. Dá pra ver de longe.

Abri a boca ofendida e estava pronta para responder, mas ele virou de costas para preparar o drink me ignorando. Bufei irritada e apoiei meu cotovelo no balcão e apoiei queixo na mão o observando. Ele estava concentrado em separando a garrafa de Rum e Vodca. Seus ombros largos ficaram ligeiramente mais firmes e o e maxilar trincado. Ele estava irritado, mas era eu que deveria ficar irritada. Foi ele que fez suposições sem nem me conhecer e ainda ficava me julgando.

Ele demorou quatro minutos para terminar e estendeu dois copos para mim. Peguei o primeiro e ele arqueou a sobrancelha expectativa. Dei um gole pequeno e me surpreendi. Ele era bom nisso, mais eu não admitiria.

— Então?

— Então o quê?

— Como está?

— Por que quer saber, por acaso a minha opinião importa? Achei que me achasse esnobe demais para dar opinião.

— Eu não disse isso.

— Rá! Viu como é bom colocar palavra na boca dos outros?

Matt revirou os olhos, mas sorriu. E dessa vez não parecia ser de irritação, seus ombros relaxaram e ele descruzou os braços e ergueu as mãos em rendição.

— Okay, eu fui um idiota. Me desculpe – ele sorriu mais largamente e fui pega de surpresa pela mudança repentina dele

— Está desculpado... Eu fui um pouquinho metida.

— Só pouquinho?

— Ei!

— É brincadeira – ele se apressou em dizer rindo e se aproximou se inclinando no balcão e seu rosto ficou numa distância perigosa que ultrapassava as normas de espaço pessoal. O que permitiu ter certeza que seus olhos eram azul turquesa sobe uma boa luz – Mas então. Gostou ou não do meu drinque?

— É, dá pro gasto.

— Ah para! Você só não quer dar o braço a torcer. Admite que gostou.

— Tá! É bom, ótimo na verdade.

— Eu te disse. Eu sou bom nisso.

— E você disse, convencido!

— Ei, Lexi – Stefan chamou e desviou de um cara e se aproximou de mim – Cadê a bebida.

— Hum, eu me esqueci. Está aqui.

Peguei a taça e entreguei a ele que franziu a testa e depois desviou os olhos para Matt.

— Oi, Matt

— Ah... Oi, Stefan – cumprimentou Matt parecendo subitamente desanimado.

— Você está melhor? Soube do acidente – explicou Stefan.

— Sim, estou bem. Não foi nada grave.

— Fico em feliz em saber.

Matt se ateu a dar apenas um sorriso amarelo para Stefan e novamente fez aquilo de fingir que eu não existia. Qual era problema daquele garoto?

Quando me virei, encontrei Stefan tomando o drinque com sorrisinho no rosto.

— O que foi?

— Hum – ele gemeu de satisfação com drinque – Nada não.

Ele disse isso e me deu as costas

— Nada não, coisa nenhuma. O que esse sorrisinho significa?

— Nada Alexia – ele disse sem se virar e sabia que ele estava rindo.

— Você demorou – Caroline disse também sorrindo. E notei que Bonnie também sorria

— Eu... Tive que esperar o drinque ficar pronto – expliquei alternando o olhar entre eles – Sério, porquê estão rindo. O que perdi de tão engraçado?

— Nada – disseram em uníssono e franziram os lábios para não rirem.

— Ah fala sério! Não vão dizer?

— Dizer o que? – Bonnie inquiriu inocentemente

— Argh, deixa! Não quero saber mesmo. Quem ganhou?

— Adivinha? – Bonnie inquiriu sorrindo. Ao julgar pela expressão aborrecida de Caroline e o sorriso vitorioso de Stefan, nem precisei adivinhar

— Ah Caroline! Você perdeu para ele?

— Ele roubou!

— Não roubei não. Ganhei honestamente.

— Honestamente – Caroline o imitou o fazendo rir

— Pode ficar bravinha o quanto quiser. Eu ganhei honestamente e você perdeu a aposta.

— Que seja – ela deu ombros emburrada e cruzou os braços. Stefan sorriu largamente e se aproximou dela dando um beliscão afetuoso na costela – Para!

Ela pediu tentando muito permanecer brava, mas depois de outro beliscão na cintura ela se rendeu rindo

— Qual vai ser o prêmio? — inquiri curiosa — Você pode contar, ou é algo indecente?

— Lexi!

— O que? – indaguei rindo e me fazendo de inocente.

— Claro que... Não é nada indecente.

— Então o que é?

— Uma canção.

— Que?  — inquiri confusa.

— Caroline me deve uma canção no Karaokê.

— De jeito nenhum! – Caroline negou veemente – Eu não vou fazer isso.

— Vai sim! Aposta é aposta – Bonnie rebateu ganhando um olhar gelado de Caroline.

— Você está do lado de quem afinal?

— De ninguém. Eu sou imparcial e justa. E você perdeu e tem que cumprir.

— Argh okay! Eu canto. Satisfeitos?

— Muito — respondemos  juntos e ela revirou os olhos.

 

Bonnie

 

Não sabia como, mas acabou acontecendo. Eu realmente estava me divertindo naquela noite de sexta. Coisa que pensei ser impossível admito. Quase recusei o convite de Caroline porque a briga com Elena me roubou as energias e confesso que bancar a vela não parecia nada atraente, mas acabei aceitando quando notei o nervosismo na voz de Caroline. Aquele era o momento, ela estava pedindo socorro e no código da amizade estava explícito que nunca se nega ajuda a uma amiga em crise.

Principalmente se ela se afastou de você e se fechou feito uma ostra, mas não hesitou em me acudir quando pensei que estava enlouquecendo, ao contrário, ela me acalmou e abriu sem dificuldade alguma a porta que eu tanto temia.

Caroline tentou negar o quanto pode que aquilo não seria um encontro, ou uma tentativa de encontro. Ela bem tentou não ficar ansiosa conforme as horas passavam e tentou muito não se arrumar, mas falhou.

Ela estava apaixonada e não tinha mais volta. Acho que era isso que a assustava. Isso e mais umas mil coisas que ela escondia de mim.

Mas no fim o encontro não foi um completo desastre. Caroline e Stefan apesar de algumas vezes se perderem eu seu mundinho particular, não excluíram suas respectivas velas. A conversa fluiu fácil e o tempo voou sem que me desse conta. Graças a irreverência de Lexi e a disputa de sinuca de Caroline e Stefan.

Mas no meio disso ainda descobri meio sem querer algo inesperado, mas que mesmo assim me deixou feliz.

Mesmo de longe podemos observar de camarote algo novo acontecendo entre Matt e Lexi. Ela parecia ignorante ou quem sabe fingiu não saber qual era motivo do nosso sorriso. Mas a verdade e que Matt não conseguiu disfarçar o sorriso. Um sorriso que ele reservava apenas a uma pessoa. E essa pessoa deveria estar péssima em casa e eu aqui torcendo que Matt a esquecesse.

Isso me fazia uma péssima melhor amiga e quebrava o código de garotas. Afinal eu estava confraternizando com o possível novo interesse amoroso de Matt Donavan.

Mas o que eu podia fazer se era amiga dos dois e desejava o melhor para Matt. E todos incluindo Elena sabiam que ela não o amava, logo não o merecia.

Só me restava assistir a tudo e torcer que nenhum deles se machucassem mais ainda. Caroline estava emburrada, enquanto escolhia uma canção. Ela pensou em dedicar Smile da Lily Allen como vingança, mas não deixei.

— Caroline, qual é?

— O que? Smile é uma boa música.

— Sim, mas não o que ele espera.

— Ele disse uma canção. Não especificou nenhuma. Por isso posso cantar qualquer uma.

— Verdade. Mas nós duas sabemos que ele espera algo...Real.

— Real?

— Caroline, qual é? Você sabe o porquê ele pediu isso.

— Não, não sei. Além do fato de querer me constranger.

— Porque isso te constrangeria. Você tem uma voz de anjo. Ele quer conhecer você. Saber do que gosta... O que sonha. Ele só que uma amostra da Caroline real.

— Que diabos isso significa? Que sou falsa o tempo todo?

— Não, mas ele sabe que você se esconde. Assim como eu.

Caroline abriu a boca para protestar, mas se calou quando olhou para ele sentado numa mesa olhando para ela. Ela agarrou o microfone com força

— Cante algo que diga como ele te faz sentir. Não deve ser tão difícil assim.

— E difícil pra cacete, acredite – ela disse entre dentes e comecei realmente a me preocupar com as oscilações de humor da minha amiga. Ela esfregou a testa e balançou a cabeça. Me pus na frente dela e apertei seu ombro.

— Você consegue. E só focar nele quando estiver cantando... Ou em mim se preferir. Mas cante algo que represente alguma, qualquer coisa.

Ela anuiu com a cabeça. E saiu em direção ao palco. Me juntei a Stefan que seguia Caroline com expectativa

— Eu não deveria ter pedido isso — ele lamentou

— Como soube que ela costumava cantar?

— Ela deixou escapar quando nós encontramos aqui a primeira vez – disse ele sorrindo enquanto olhava para chão – Desde então eu fico imaginando como é voz dela.

— Então é melhor sentar e apreciar. Seja qual for a canção que ela escolha, vai ser pra você.

— Caroline vai cantar? – inquiriu Matt

— Ahãm. Ela perdeu aposta — Lexi explicou

— Ela perdeu na sinuca? – indagou ele admirado – Ela já me derrotou duas vezes.

— Sim, mas ela achou um concorrente a altura — zombei

— Quem?

— Eu – Stefan forçando um sorriso.

— Ah claro!

Lexi franziu a testa para mim apontando Matt com os olhos e dei ombros. Não era algo que ela entenderia ou gostaria de saber. Matt se ressentia de Stefan por causa de Elena. Coisa que não fazia o menor sentido, porque Stefan não pediu para que isso acontecesse.

Lexi tentou puxar assunto com Matt, mas esse se emburrou novamente.

— Qual é o seu problema?

— Nenhum. O que te faz pensar que eu tenho um problema?

— Essa sua cara.

— Nossa, obrigada!

— Você entendeu o que quis dizer - disse ela rolando os olhos. 

— Sim, minha cara e feia.

— Você consegue ser realmente irritante quando quer.

— Eu faço o que posso.
Lexi revirou os olhos e saiu e para minha surpresa Matt a seguiu para fora.

— Isso vai ser interessante — Tyler comentou e tomei um susto com sua voz irritante atrás de mim – Eu só queria ver a cara dela agora.

— A cara de quem? Do que esta falando, ou melhor. Por que esta falando comigo?

Tyler abriu e fechou a boca e sorriu. 

— Tem razão, porque eu estou falando com você? Daqui à pouco fica louca e começa a alucinar.

— Eu já... Ai quer se saber. Dane-se você não tem neurônios suficientes para entender isso.

— Entender o que? – ele riu – Que você é uma paranormal?

— Eu não... Sou...

— Paranormal – ele completou – Tem razão, não a nada de super em ser estranha. Acho que anormal seria o termo correto.

Estava pronta para rebater com bom xingamento quando Caroline começou a cantar. Sorri quando reconheci a letra. Tyler também se calou quando ouviu a voz dela e sorriu, mas sorriso logo se desmanchou quando ele olhou na direção que Caroline olhava, Stefan.

 

Matt

 

 

Eu estava agindo feito um imbecil e sabia disso. Mas não conseguia evitar de sentir raiva dele. Afinal foi por ele que ela se apaixonou e começou a me esquecer dia após dia. Mas não era certo descontar em Lexi. Por isso a segui até o lado de fora, mas não contava que ela fosse tão rápida.

— Ei, por favor, espera – pedi ofegante e ela me ignorou – Lexi, por favor.

Ela fingiu não escutar e atravessou para parquinho que ficava na praça.

— Eu... Estou passando mal – apelei e ela parou na mesma hora. E voltou quase correndo, ela agarrou meu ombro e se inclinou para analisar.

— O que está sentido?

— Eu... Estou com falta de ar.

— Tem asma?

— Não.

— Síndrome do pânico?

— Também não.

— Então o que você tem? – inquiriu ela preocupada.

— Eu tenho... Eu sofro de uma doença rara.

— O que? – ela pousou a mão no meu outro braço e parecia mais pálida agora

— Eu sofro de imbecilidade galopante...

— Como é que é? Você está me zoando?

Ela riu e balançou a cabeça e me empurrou. Cai de bunda no chão e isso levantou uma nuvem de poeira que me fez espirar.

— Ai, ai – gemi sentindo uma pontada forte na costela direta – Ai

— Não adianta gemer, Matt. Eu não caio mais nessa – ela avisou em voz alta

— Eu não estou fingindo. Minha costela...

Ela olhou por cima do ombro e se virou com braços cruzados.

— Si for outro truque, eu vou chutar você é ai sim..

— Eu não estou, juro. Mas não é nada. Eu só estou dolorido ainda.

Ela revirou os olhos e voltou me estendendo o braço, sem pestanejar aceitei e ela me ajudou a levantar colocando o braço envolta da minha cintura. Ela me guiou até uma cadeira vermelha de balançar e me ajudou a sentar. Depois ela se sentou na outra e ficou olhando para as botas de couro cheias de tachinhas douradas.

— Me desculpa. Eu fui um idiota com você. Eu realmente sofro dessa doença. Eu... descontei em você...

— Descontou o quê? Eu nunca te fiz nada.

— Eu sei. Nem você e nem ele na verdade.

— Ele?

— Stefan – expliquei e ela franziu a testa ainda mais confusa – Tudo mudou depois que ele chegou. Eu sabia que ela não era apaixonada por mim, mas gostava. E isso me bastou por um tempo porque eu tinha fé que ela se apaixonaria com o tempo. Mas eu soube desde primeira vez que ela o viu... que eu a tinha perdido.

— Você está falando daquela garota...

— Sim, essa mesma. O nome dela é Elena. Eu gostava dela desde a sexta série. Eu acho que nem lembro de como era antes...

— De gostar dela – Lexi completou e sorriu. Ela deu um impulso com os pés e se balançou – Eu sei exatamente como é.

— Sabe? – duvidei e sorri quando ela começou a ir mais rápido e seu cabelo loiro se esvoaçou

— Claro que sei. Eu já me apaixonei assim.

— E como terminou?

Acho que foi uma pergunta ruim porque o sorriso se desfez e ela deu outro impulso e inclinou a cabeça para cima olhando para céu.

— Terminou mau, muito mau. Mas não por escolha nossa e sim de... Deus. Eu acho que... Ele queria um bom pianista.

— Eu sinto muito.

— Não sinta. Foi incrível e durou o tempo que tinha que durar. Ele foi... Meu Outono – disse ela sorrindo para o céu. Franzi a testa confuso, mas esqueci toda e qualquer dúvida quando ela olhou para mim – Anda, experimenta.

— O quê, balançar nisso? De jeito nenhum, vai quebrar.

— Não quebrou comigo.

— Claro, você é magrinha.

— Medroso!

— Eu não sou – revirei os olhos quando ela cacarejou.

Dei um impulso com os pés e balancei segurando na corrente cheia de ferrugem e quando dei por mim estava balançando alto como si fosse uma criança.

— Ele não gosta dela – ela gritou

— O que?

— O Stefan, não gosta dela. Não assim. Ele está irrevogavelmente apaixonado pela Caroline.

— Eu sei. Deu pra perceber, mas não muda o que ela sente.

— Não, não muda. Eu sinto muito.

— Não sinta. Não culpa de ninguém. Elena tem todo direito de não....

— Matt?! – parei a brutalmente quando escutei aquela voz atrás de mim.

— Elena.

— Então foi por isso que você terminou comigo?  – Elena inquiriu se aproximando com braços cruzados — Essa é tal loira?

— Não é nada disso Elena. Você entendeu errado.

— Entendi? Porque pra mim isso ficou bem claro. Você encheu a boca para me acusar e olha só você com essa...

— Elena, chega!

— Eu... Acho melhor eu deixar vocês dois conversarem.

— Isso! Vai mesmo, não tinha nem que estar aqui.

— Não fala assim com ela.

— Nossa – Elena riu batendo palmas – Já está até defendendo ela? 

Lexi suspirou alto e balançou a cabeça

— Eu vou indo. Vocês realmente precisam conversar.

— Lexi – chamei, mas ela ergueu a mão me pedindo para não segui-la

— Incrível – Elena disse rindo, mas o rosto estava vermelho e olhos inchados – Como teve coragem de me acusar quando estava fazendo muito pior.

— Eu não fiz nada.

— Ainda.

— Chega! – gritei – Para de fazer ceninha de ciúme. Isso não combina com você.

— Eu não estou fazendo cena alguma.

— Sim, você está! E eu só queria saber o porquê está fazendo isso?

— Ah você não sabe?

— Não faço ideia – dei ombros – Não sei porque está tão irritada.

— Você terminou comigo como se eu fosse ninguém. Me jogou um monte acusações e me abandonou sozinha no meio da nada.

— Eu errei nisso. Eu deveria ter terminado as coisas de outro jeito, mas é só isso que me arrependo.

— Claro. Você já tem outra mesmo.

— Não, não tenho. Lexi é só uma amiga. Eu nunca te trai, nem si quer pensamento. Eu te amei Elena e enquanto estive com você não existia outra.

— Nem mesmo a Caroline?

— O que tem ela haver com...

— Você deve gostar muito dela. Porque foi por causa dela que você terminou comigo, ela fez sua cabeça.

— Ninguém fez a minha cabeça. Eu não sou nenhum imbecil incapaz de pensar sozinho. E pare de jogar a culpa na Caroline. Nós dois sabemos porque esta com raiva dela, está assim porque ele escolheu ela.

— O que...

— Stefan. Tudo isso se resume a ele! Você não está brava comigo porque me ama ou coisa assim. Está porque ele escolheu a Caroline, se apaixonou por ela e já que você não tinha outra escolha, eu servia. Pelo menos não ficaria sozinha.

— E isso que pensa de mim – Elena perguntou cruzando os braços e chorando – Que só usei você...

— Eu não acho que tenha sido sempre assim, também não acho que você tinha intenção de me machucar. Mas machucou mesmo assim.

— Eu não queria te machucar. Você foi... Tão importante pra mim, ainda é. Eu nunca quis...

— Se apaixonar por outro. Eu sei que não. Mas isso não muda nada Elena.

— Você realmente não... Não me ama mais?

— Não, eu menti. Eu ainda te amo e vou continuar amando por algum tempo. Mas dia após dia, eu vou te esquecer.

— Não! – ela quebrou a distância e agarrou meu rosto me beijando e chorando ao mesmo tempo.

Ela começou a tremer e soluçar quando notou que eu não a correspondia. Ela apoiou a cabeça no meu peito e continuou chorando. Passei os braços ao redor dela e abracei com força. Ela agarrou minha camisa e implorou que não deixasse de amá-la. Apoiei minha queixo em sua cabeça e apertei mais um pouco. Inalando o perfume de jasmim e lembrando de como eu me senti quando a beijei pela primeira vez. Olhei para banco vermelho e visualizei Lexi olhando para céu, pensando no seu ex-amor e desejando poder ser como ela. Ver Elena Gilbert apenas com estação do ano e não me despedaçar por dentro toda vez que a visse.

 

Caroline

 

Cantar.

Eu costumava amar cantar, cantava o tempo todo. Era tão natural que quase nunca percebia que estava cantarolando. Começou com clássicos da Disney e depois peças da Broadway. Decorei quase todos e forçava meus amigos e familiares a ver minhas performances. Todos diziam que tinja uma voz de anjo, mas nunca acreditei realmente. A maldita o insegurança pareceu crescer junto com minhas pernas longas e com tempo deixei de cantar.

Deixei de sonhar em ser uma estrela da Broadway, ou uma cantora famosa de Country Music. Mas um dia, alguém me disse que só teve certeza que me amava enquanto eu cantava.

Stefan confidenciou num dia chuvoso em que as crianças estavam com Alaric e tive a oportunidade única e rara de dormir até mais tarde e ele contou com voz ainda rouca pelo sono que foi naquele momento. No enterro da minha mãe, ele teve certeza de que o que sentia era algo grande, algo que ele nunca sentiu por ninguém e isso o assustou.

A minha voz foi a responsável por despertar a consciência letargica de Stefan, minha voz que um dia me fez subir naquele mesmo palco e me declarar para Matt Donavan, agora estava me fazendo cantar outra vez.

Dessa vez uma musica diferente que não falava sobre uma chama ardente que podia ser eterna, nem um sobre ir em paz. Eu estava cantando de olhos fechados uma música que parecia ter sido escrita para mim.

Ela conseguia traduzir tudo que sentia, tudo o que eu era e mais importante. Traduzida a maneira que ele me fazia sentir.

When I was younger I saw. My daddy cry and curse at the wind. He broke his own heart and I watched. As he tried to reassemble it. And my momma swore that she would. Never let herself forget. And that was the day that I promised. I'd never sing of love if it does not exist. 

Abri os olhos incerta, sentindo o aperto no peito piorar, mas a dor e todo medo si dissolveu quando encontrei com os olhos dele.

Era o mesmo olhar.

Era admiração e tanto amor que a melodia pareceu crescer na minha cabeça, as pessoas ao redor desaparecendo como magica e só restando ele. A minha exceção.

You are the only exception. Well, you are the only exception. You are the only exception. Well, you are the only exception. And I'm on my way to believing. Oh, and I'm on my way to believing.

O som de palmas batendo me trouxeram de volta para realidade e pisquei os olhos e olhei envolta. Senti minhas bochechas queimarem com todos aqueles olhos sobre mim. Não porque era tímida ou coisa assim, mas por todas aquelas pessoas me verem vulnerável como eu estava naquele momento. Alguns pediriam bis, mas neguei veemente com a cabeça e devolvi o microfone para o garçom e cruzei o salão visando a porta de saída, querendo fugir dali o mais rápido possível. Estava na calçada quando ele me alcançou.

Ele agarrou meu braço e tentei empurra-lo, mas ele agarrou meus pulsos. 

— Caroline, olha pra mim.

— Não! – fechei os olhos e teimei feito uma crianças. Ele soltou meu pulso e agarrou meu rosto

— Por favor, olha pra mim – ele implorou sussurrando e manei a cabeça dizendo que não. Então ele encostou o rosto no meu e começou a distribuir beijos. Começando pela testa, deslizando para nariz, depois as bochecha e queixo enquanto pedia que abrisse os olhos

— Eu não posso.

— Por que não?

— Porque se eu olhar pra você agora... Eu nunca vou conseguir.

— Conseguir o que? — inquiriu ele com o nariz roçando no meu.

— Deixar você.

— Não, você não vai fazer isso.

— Mas eu tenho.

— Não, não tem. Olha, eu sei que ele te machucou muito e você acha que não pode amar de novo, mas está errada.

— Você não entende.

— Então me faz entender, confia em mim, me deixa ser sua exceção.

Sorri ainda chorando e abri os olhos, ele sorriu e beijou meus lábios demoradamente. E se afastou mantendo  os olhos fechados ainda sorrindo.

Ele abriu os olhos e não pude evitar de sorrir junto. Ele deslizou a mão pela minha cintura e me puxou para ele. E quando ele me beijou, eu deixei. Agarrei sua nuca e abri a boca e deixei que ele entrasse e  naquele momento dei belo dane-se o futuro.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam do date SC, Lett e Eleninha?
XOXO



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