Matsuyuki estranhou ao acordar com choramingos. Se sentia meio — lê-se extremamente — lerdo, como se ainda estivesse dopado pelo sono. A primeira coisa que reparou é que ainda era madrugada, ou foi pelo menos isso que julgou ser pelo quarto ainda estar tão escuro. Até procuraria o celular para saber que horas eram, mas logo começou a ouvir algumas fungadas do seu lado. Se virou e ergueu um pouco para ver a fonte dos sons que o acordaram, e o que viu lhe surpreendeu.

Tsurumi tremia. Sua pele estava pálida, o corpo suava, o cabelo estava bagunçado e alguns fios rebeldes grudavam em seu rosto. Pôde perceber que ela estava chorando. Vê-la assim sempre fazia o seu coração doer, e olha que foram poucas as vezes em que ela chorou na sua frente. Ela chorar já era algo difícil, na frente de alguém devia ser considerado um milagre por qualquer religião. O pesadelo estava mesmo horrível.

— Tsuruko... — o apelido da amiga de infância escapou de seus lábios. Num tom baixinho, quase inaudível, em forma de sussurro. Levou os dedos até o seu rosto e colocou os fios de cabelo que grudavam nele atrás de sua orelha, fazendo em seguida uma leve carícia em sua bochecha. Isso fez seu corpo parar de tremer tanto e que ela parasse de chorar um pouco, porém a respiração continuava acelerada e descompassada. Isso fez com que um leve sorrisinho brotasse em seus lábios. Ficou feliz em saber que seu toque a acalmava mesmo que minimamente.

Com delicadeza, passou uma de suas mãos por debaixo da mesma e o outro braço foi por cima de sua cintura, a envolvendo em um tipo de abraço. Depositou um calmo e demorado beijo em seu pescoço, querendo sentir melhor o seu cheiro. Notou a sua respiração ficar mais leve a sua expressão no rosto, que antes parecia demonstrar desespero, suavizar. Percebendo que ela já estava calma, deitou sua cabeça no vão entre o ombro e o pescoço — sem depositar tanto peso, claro — e fechou os olhos para tentar buscar o sono.

E isso teria acontecido de imediato se não tivesse sentido a mão de Tsurumi encima da sua. Talvez ela tenha acordado quando Yukiatsu a abraçou e não quis falar nada por ter ficado constrangida. Ou apenas não quis tocar no assunto porque queria deixar pra lá. Soltou um fraco risinho, sem imitir som algum, ao pensar naquilo. Virou um pouco a sua mão para entrelaçar os seus dedos com os da mesma, roçando levemente o mindinho com o anel em sua mão.

Agora ele já sabia o que fazer quando Tsurumi Atsumu tivesse um pesadelo.