Os dois estavam fazendo vigília para ver se alguém aparecia, alguém suspeito. Dean sabia exatamente o que era aquilo, já tinha passado por isso uma vez. Ariel começou a ofegar de repente, parecia que estava sendo sufocada por alguma coisa. Dean se virou para ela tentando ajuda-la, Ariel gemia algo que não dava para entender.

— Ariel, olha para mim – Dean segurou o rosto dela e pela primeira vez seus olhos foram de encontro ao seu – Ariel, foca em mim – uma lágrima desceu pelo seu rosto

— Me tirem daqui – ela falava em um sussurro – me tirem daqui – os olhos dela não se focavam em um ponto específico – por favor...

— Sam! – o irmão mais novo veio correndo – não podemos esperar por mais tempo, precisamos tirar ela daqui

— Se tirarmos ela, ela pode morrer. Ele está mantendo ela viva, temos que encontrar ele primeiro. Dean, Ariel é forte, ela vai aguentar – outra vez os olhos focaram nele, somente nele. Ariel estava chorando, parecia desesperada

— Dean... me tira daqui – ela disse com a voz fraca e logo depois os olhos se fecharam e a cabeça de Ariel tombou para o lado

— Droga! – Sam foi verificar se ela ainda respirava, a respiração dela estava fraca mas ainda estava viva – ela...

— Ainda está viva, precisamos encontra-lo e mata-lo ou ela vai morrer – os dois olharam para a menina a sua frente e Ariel parecia fraca demais, a qualquer momento ela não poderia resistir

Ariel abriu os olhos e se viu no mesmo quarto novamente, suspirou e se sentou na cama. Suspirou pois tinha voltado no mesmo lugar, ela não podia acreditar naquilo, nada era real, não era possível que fosse real. Ela se levantou, a cabeça estava pesada, parecia que tinha ficado por horas dormindo, ela viu o notebook ligado do seu lado, a tela estava preta e apareceu seu nome. Ariel olhou para todo o quarto e não tinha ninguém, apertou qualquer tecla e apareceu um ‘WAKE UP!’, ela não entendeu o que era aquilo, apertou outra tecla qualquer e a palavra ‘YOU’ apareceu logo em seguida no monitor. Ariel começava a ficar nervosa, apertou outra vez a palavra ‘ARE’ apareceu e logo depois ‘DYING’. Ariel se levantou depressa e começou a se sentir tremula, passou a mão nos cabelos e se assustou quando viu Dean entrando no quarto

— Você parece melhor – ela olhou novamente para o notebook e ele parecia desligado

— O que é você? – Dean soltou uma risada e foi até ela – não se atreva...

— Do que você está falando?

— O que é você? Você não é o Dean, não o que eu conheço – ela foi se afastando até encostar na parede

— Ariel você está delirando – ele tentou segurar seus ombros mas ela se esquivou

— Não encosta em mim – ela sentia aquela sensação novamente – eu quero sair daqui, eu preciso sair daqui – ela o empurrou e saiu do quarto. Seus pais estavam na sala, Ariel ouviu sua mãe chama-la mas ela ignorou e tentou abrir a porta mas ela estava trancada. Ela tomou um susto ao sentir alguém virando ela, era seu pai – você não é real

— Ariel...

— Você está morto, você não é real. Nada aqui é real. A vida perfeita que eu queria ter, essa não é a vida que eu tenho de verdade. Por favor não... eu não...

— Eu sinto muito – Ariel olhou para o pai que sorria para ela – eu sinto muitíssimo – Carter largou ela – você está morrendo

— O que?

— O veneno cada vez mais entra em seu organismo, destruindo todas as suas células e se você não acordar, não lute contra isso, você morre e esse é o final perfeito – Carter continuou sorrindo para a filha – ou você pode escolher viver aqui, para sempre. Com toda a vida que você sonhou em ter, seus pais vivos, casada, com uma família grande e feliz. Você não precisa voltar

— E eu morro do mesmo jeito

— Tecnicamente... sim

— Pai...

— Você tem uma escolha – Ariel olhou para todos ali. Todos estavam esperando pela resposta dela. Ariel fechou os olhos e ao abrir olhou para o seu corpo e estava com as mesmas roupas que estava quando encontrou a criatura. Ela colocou a mão por dentro da jaqueta e tirou uma faca de prata de lá – muito bem, você fez a escolha – ele estalou os dedos e só ficou os dois na sala, Carter agora tinha os olhos azuis e brilhando – mas não será tão fácil assim

— Veremos – ele avançou contra ela. Ariel se esquivou. Carter avançou na filha novamente, os braços agora brilhando. Ariel fazia o possível para não encostar nele. A luta durou por algum tempo até que ela percebeu um deslize dele e conseguiu segurar ele e o encostou na parede – eu sinto muito

— Papai te ama – Ariel tinha lágrimas nos olhos, fechou os mesmo e cravou a faca no estomago do “pai” e o largou. O corpo do “pai” ficou imóvel por um tempo, até uma luz clara demais invadir seus olhos e ela acordar. Os dois pareciam lutar com alguma coisa mais a frente, Dean cravou a mesma faca na criatura que, parecendo mais fraca do que o normal, morreu na mesma hora. Ariel suspirou e tentou soltar os braços o que não deu certo, o barulho das algemas despertou a atenção dos dois que foram correndo até ela

— Por favor, me diz que agora é o mundo real e que...

— Bem-vinda de volta – Dean soltou os braços dela, Ariel gemeu de dor e se encostou na parede. Ele tirou a agulha de seus pescoço e ela fez uma careta de dor – bad trip?

— Não enche – os dois sorriram um para o outro.

— Precisamos tirar ela daqui – Sam disse chegando perto dos dois – você está bem?

— Parece que eu fiz uma viagem louca e usei drogas ilícitas mas eu estou ótima – ela tentou se levantar mas não conseguiu – acho que foi exatamente isso que aconteceu – os dois ajudaram ela a se levantar e saíram dali.  

—x-

Ariel estava deitada, olhando para o teto e pensava, em tudo que passou naquela madrugada, não sabia por quanto tempo tinha ficado desacordada mas para ela parecia dias. Porque a mente dela colocou Dean como o marido dela? Porque logo ele? Ela bufou e saiu do quarto com destino já traçado em sua cabeça, ela só não sabia se ele iria receber ela. Ela abriu a porta devagar, ele estava deitado de bruços, estava dormindo. Como ele conseguia dormir depois disso tudo? Ela o invejava por isso. Ariel foi chegando mais perto dele, devagar, com medo de acorda-lo. Dean colocou a mão por debaixo do travesseiro e virou de uma vez com uma arma apontada para ela

— Tudo bem, é bom para eu não vir aqui sem te avisar antes

— Que droga Ariel – ele guardou a arma debaixo do travesseiro de novo – você deveria estar descansando

— Já dormi demais não acha? – ela notou que Sam não estava ali – cade o Sam?

— Foi procurar o Castiel, ele não me atende e pelo que eu entendi não atende você também. Você chamou por eles várias vezes e ele não apareceu

— Isso é estranho

— Demais – Ariel olhou para baixo e viu que ele estava apenas de boxer preta, sentiu seu rosto queimar

— Hum... você pode pelo menos...

— Droga – ele pegou a calça numa cadeira próxima e vestiu – o que você queria?

— Conversar um pouco, tentar... colocar minha cabeça no lugar porque depois de tudo isso, a coisa ficou ainda mais confusa

— Okay, porque você foi procurar essa coisa?

— Porque vocês estavam preocupados demais em saber o que vem me perseguindo esses dias e iam deixar isso de lado se eu fosse falar para vocês. Eu vi algo sobre naquele diário - Dean olhou sério para ela - me desculpe

— Pelo menos da próxima vez fale, podemos te ajudar.

— Mesmo estando centrado em...

— Iremos te ajudar, não vamos deixar você resolver essas coisas sozinha, é perigoso – Ariel lembrou de tudo de novo, o jeito que ele a tratava, era como se ele sempre fosse apaixonado por ela e o jeito que ele olhava para Sam era como se o odiasse, aquilo não fazia sentido, não era real – hey!

— Me desculpe eu... ainda to meio área

— Normal, eu já sofri isso. Quem você viu? – Ariel não quis responder que ele estava na visão como marido dela, seria estranho demais

— Meus pais, estavam vivos. Nada disso existia, não que eu tenha percebido e... eu estava casada com uma pessoa

— Quem era o louco?

— Cala a boca – ela sorriu – foi estranho, ver meu pai vivo e... eu não sei. Quando eu vi ele, eu percebi que tudo aquilo não era real. Meu pai não era daquele jeito, eu queria que ele fosse mas ele não era. Empresário? Até parece, ele vivia para a marinha, ele viveu... e... droga – ela sentiu algumas lágrimas se acumularem em seus olhos – o Djinn era ele, eu tive que mata-lo. Eu matei meu pai e isso ta me destruindo

— Você não matou seu pai, você matou uma criatura. Aquilo não era seu pai, tira isso da sua cabeça ou você vai surtar.

— Me desculpe, eu não deveria ter saído sozinha e...

— Está tudo bem, você está viva. Isso que importa agora – Ariel ficou calada por um tempo. Ele estava sentado na cama, olhava para ela sem entender o que estava acontecendo. Ariel por um momento lembrou do Dean do “sonho” dela – não foi só isso que você viu certo?

— Não

— Quer falar sobre? – Ariel suspirou e ficou calada – olha só, você me acordou então não faça eu me arrepender de...

— Você estava na ilusão, você e o Sam

— Okay – eles ficaram em silêncio por um tempo – quando você diz...

— Não quero mais falar sobre isso. Acho melhor eu deixar você dormir em paz, daqui a pouco o Sam volta e você não vai conseguir mais...

— Tudo bem – os dois andaram até a porta, Ariel se virou para ele

— Não foi nada muito significante eu só... estou um pouco confusa, é isso

— Durma um pouco, pode ajudar – os dois ficaram se olhando por um tempo até Ariel respirar fundo e ir de encontro a ele, seus lábios se encontraram com os do Dean, ele com cuidado abraçou sua cintura. O beijo não durou por muito tempo pois ela mesmo se afastou dele

— Me desculpa

— Não, espera eu...

— Me desculpa eu não... droga – Ariel abriu a porta e antes dele poder falar alguma coisa ela bateu a mesma. Entrou quase correndo em seu quarto e, ao fechar a porta, encostou na mesma. Batendo a cabeça de leve várias vezes na porta e repetindo – idiota, idiota. O que está acontecendo contigo? – ela fechou os olhos e tentou controlar a respiração que estava ofegante, sorriu ao lembrar do que tinha acabado de acontecer e quando abriu os olhos, Castiel estava sentado na cama dela – ótimo, acho que você só está um pouco atrasado

— Eu não pude... ordens de alguém com mais influência e...

— Castiel, isso não me importa! A partir do momento que você é meu guardião, eu chamei, você vem. – ele não disse nada mas olhava para ela curioso – li sobre anjos em um livro e tinha uma parte sobre guardiões, você deveria ter aparecido quando aquela coisa me atacou!

— Aconteceu alguma coisa.

— O que?

— Você parece mais...

— Cansada?

— Radiante – Ariel olhou sem entender para o anjo na sua frente – não no sentido de felicidade... eu acho

— Sam está atrás de você – Ariel mudou de assunto rápido, ele poderia descobrir o que tinha acabado de acontecer apenas olhando para, seja lá o que for que ele estava olhando.

— Foi ele que me achou e... – Castiel chegou mais perto dela e respirou fundo

— O que você está fazendo?

— Seu cheiro está diferente

— Sai fora – ela empurrou ele de leve – olha eu só quero ter certeza que você vai estar quando eu precisar e não apenas quando você decidir que é uma boa hora de você aparecer e ser útil.

— Sou seu guardião Ariel, não seu escravo

— Eu não... – ele sumiu diante de seus olhos – ...quis dizer isso, merda – ela mexeu no cabelo e viu seu celular piscando em cima da cama. Chegou perto e, ao pegar o aparelho, viu que tinha uma notificação de mensagem. Ariel abriu a mesma e o número era desconhecido mas a mensagem era a mesma do recado tirando a última parte

“My Impossible Girl,

Você sabe aonde me encontrar pois você já sabe quem eu sou”

Ariel não entendeu, como ela poderia saber quem ele era. Okay, ela tinha suas suspeitas mas aquilo seria impossível e não poderia ser ele. Não ele. Ela já tinha se convencido disso, até ele mandar o endereço. Era o endereço da escola aonde ela dava aulas, a pessoa tinha descoberto seu telefone e marcando um encontro na escola aonde ela trabalhava, ela tinha que ter a prova que era realmente ele ou acabar logo com isso tudo.