Ultimamente, algo de estranho vinha acontecendo comigo, sempre fui uma pessoa reservada e fria, nunca liguei para essa coisa de amor, mas agora eu não parava de pensar em minha melhor amiga. Estranho, não? Sempre que eu me encontrava apenas a sós com sua companhia, meu coração disparava, minhas mãos tremiam e meu estomago embrulhava. Mulher alguma havia provocado tamanha reação em mim. Eu prezava mais pelo bem estar dela do que o meu. Para mim, se ela estivesse bem, eu também estaria bem. O sorriso dela me fascinava, sua voz me encantava e seu olhar me enchia de volúpia. Os pelos de meu braço se ouriçaram quando seu corpo encontrava-se próximo ao meu. A todo momento eu tentava protegê-la do que fosse e não conseguia ver outro homem olhando-a com desejo. Se bem que Catherine nunca deu importância para eles, mas aquilo me importunava bastante. Estaria eu, Gilbert Arthur Grissom, apaixonado por minha melhor amiga? Bem disso eu ainda não tinha certeza. Não sei se realmente o que eu estava sentindo por ela poderia ser chamado de amor. Pra falar a verdade, eu nunca havia me apaixonado antes e por isso não sabia dizer o que aquele turbilhão de atitudes e sensações significavam para mim.

  Iniciei aquele turno de sexta-feira e distribui os casos, quase todos já estavam em campo, mas Catherine ainda não havia chegado, não era de seu feitio se atrasar, ou faltar sem antes avisar,  cruzei com Warrick no caminho e aproveitei para perguntar pela ruiva:

  - Warrick, você viu a Catherine?

  - Não vi não. Ela não está na sala de descanso?

  - Não, eu acabei de vir de lá. – Falei erguendo a xícara de café que trazia a mão.

  - Foi mau cara, mas eu não vi ela não. – Alem de ser minha melhor amiga, Cath era meu braço direito no laboratório e eu não conseguia me imaginar sem ela, tanto profissionalmente como pessoalmente.

  Encerrei minha conversa com Warrick e segui destino a minha sala, mas não antes de esbarrar em cheio com a ruiva, deixando cair sobre nós dois o café que trazia a mão:

  - Cath, me desculpe. – Falei tentando limpar a sujeira que acabara de fazer, mas ela, em um ato ágil e nervoso, impediu que minhas mãos tocassem seu corpo que era protegido por uma camisa grande e frouxa.

  - Tudo bem Gil.

  Aquela mulher que estava parada a minha frente não era a Catherine Willows que eu conhecia. Sua maquiagem estava extravagante, seu rosto parecia um pouco inchado, suas roupas se encontravam largas e amarrotadas e seus cabelos que costumeiramente encontravam-se sempre impecáveis, estavam desgrenhados e embaraçados:

  - Já faz um bom tempo que eu a procuro. Você estava em outro lugar antes de vir para o laboratório? – Eu não queria me intrometer em sua vida pessoal, mas seu estado me despertou curiosidade.

  - Por que? – Perguntou-me com um certo nervosismo em sua voz.

  - Bem é que você está... deixa pra lá. Vamos até a minha sala, eu preciso lhe mostrar alguns resultados das analises de nosso caso! – Falei colocando a mão em torno de sua cintura, mas ela se contorceu e soltou um gemido de dor, recuando logo em seguida. – Você está bem?

  - S-Sim, eu estou. – Notei imediatamente que algo estava errado, Catherine havia trocado seu doce rebolado por um andar pesado e doloroso. Assim que entramos em minha sala, ela se sentou em meu sofá e eu tranquei a porta, se eu fosse perguntar-lhe algo e ela tivesse que me responder, com certeza ela não me responderia em um local onde outras pessoas pudessem nos ouvir. – Por que fez isso?- Questionou-me, referindo ao meu ato de fechar a porta.

  - Agora estamos a sós, quer me contar o que está acontecendo?

  - Não está acontecendo nada. – Disse-me desviando o olhar do meu.

  - Cath, você hesitou, por favor, não minta para mim, nós somos amigos e seus segredos sempre estarão bem guardados comigo! – A ruiva se manteve em silêncio por alguns instantes, quando me aproximei dela, notei que uma lagrima percorria sua face. – Oh Cath, o que ouve? – Envolvi seu pequeno corpo em meus braços, atritando ainda mais eles, então ela chorou por alguns minutos e depois seus soluços foram cessando. Catherine se desprendeu de meu abraço e retirou um lenço de sua bolsa. Aos poucos, quando o lenço foi percorrendo sua face, marcas horrendo foram sendo desencobertas por quase seu rosto inteiro. – Catherine quem fez isso?

  - Ainda não acabou!