As lágrimas pesadas e sofridas escorriam dos belos olhos cor avelã da jovem Búlgara, manchando o seu rosto ainda pálido pelo esforço que fizera para trazer sua pequena menininha ao mundo.

Apesar do enorme cansaço físico e mental que Katerina Petrova sentia, ela não poderia se dar ao luxo de descansar, não naquele momento tão importante e doloroso para ela: O momento em que ela escrevia uma carta de despedida para a sua amada filha.

Seu coração doía apesar de tudo, pois mesmo não tendo a oportunidade de ter visto como era o rosto de sua filha, a jovem amava aquela pequena criança que carregou em seu ventre. Era difícil aceitar a decisão que seu pai havia tomado por ela, mas a Búlgara não tinha outra opção. Ela teria que se separar de sua filha e, após a recuperação do difícil parto, Katerina seria enviada para outro país, longe de homem que desonrou o bom e prestigiado nome da família Petrova.

─ Minha querida filha... ─ Murmurou entre soluços, pousando a pena com tinta no papel bege, incerta do que escreveria para a filha.

Um suspiro quebrou o silêncio do quarto da jovem, fazendo com que toda a coragem e amor se transformassem em palavras na ponta da pena usada por Katerina Petrova, uma moça de dezessete anos, mãe de uma criança que nunca poderá ter ao seu lado.

"Minha querida filha...

Eu sou a mulher que, apesar de amá-la com todo o meu coração, nunca poderá dizer o quanto você é especial em minha vida, pois o destino não quis que ficássemos juntas.

Mas, por favor, nunca pense que eu nunca te amei. Eu teria dado tudo para tê-la ao meu lado, fazendo-te a criança mais feliz desse mundo, minha pequena e amada criança. Todavia, por não ter planejado o seu nascimento, acabei sendo obrigada a dá-la para alguma família criá-la, esquecendo-me completamente de sua existência, coisa que nunca irá acontecer, pois meu amor de mãe jamais me permitirá esquecer o maravilhoso presente inesperado que a vida me deu: Você.

Eu posso não ser a melhor pessoa desse mundo, mas eu gostaria de ter sido a melhor  pessoa que você poderia  ter para todo o sempre ao seu lado, minha amada filha.

Não te dei um nome assim  que chegou ao mundo.Todavia, farei isso agora, pois quero que sempre tenha a certeza de que a sua mãe se importou verdadeiramente com você, apenas não pôde ser forte para enfrentar tudo para tê-la ao dela.

Seu nome é Nadia Petrova, filha de Katerina Petrova.

Espero que algum dia me perdoe por não estar ao seu lado nos momentos mais importantes de sua vida.

De sua mãe: Katerina Petrova."

─ Espero que essa carta dê alguma motivação para  você procurar-me. ─ Sussurrou para si mesma, relendo a carta feita para  a pequena Nadia.

Ao terminar de escrever a carta para a filha, Katerina dobra o papel com delicadeza, apenas esperando o momento certo de entregá-lo para o servo mais fiel a ela colocá-lo nas coisas da sua filha.

Aquela seria a primeira e última vez que a jovem teria algum tipo de contado com a filha bastarda, por isso, tratou de ocultar detalhes irrelevantes como o nome do pai dela, explicando somente os motivos de tê-la abandonado.