JunHo e eu tentavamos sermos discretos por onde passavamos. Andei com cuidado quando um enorme ser foi jogado contra nós, empurrei JunHo e segurei o ser com o que me restava de força. Caí no chão com a criatura sobre mim. 

— Carla! - JunHo empurrou o corpo de cima de mim.

— Estou bem - falei me levantando com sua ajuda.

— Que bom. - olhamos pro ser que falou e vi que era um homem, muito bonito por sinal, mais bonito que JunHo. - Eu detestaria machucar minha melhor combatente.

— Sua melhor o quê? - perguntei sem entender.

— Combatente. Você sabe, Carla, não existem ganchos de direita como os seus.

— Olha... Eu não te conheço.

JunHo levantou o seu analisador de criaturas, mas o homem o abaixou antes que o aparelho descobrisse sua espécie. 

— Confie em mim.

— Desculpa - eu afastei um passo puxando JunHo e o colocando atrás de mim - Eu não sei quem é você.

— Você só pode estar de brincadeira, Carla. - o homem arrumou o casaco enorme, aquilo lhe dava um charme além do normal. Se o que ele falava era correto, como eu conseguiria combater ao lado de uma beleza daquela? Balancei minha cabeça para afastar aquele pensamento de mim.

O homem a  nossa frente, colocou as mãos no bolso da calça, e deu um sorriso que fez meu coração se derreter, contive demonstrar tal atração. 

— Você não pode estar falando sério - falei controlando a respiração, ele abaixou a cabeça na altura da minha e sorriu.

— Eu estou e você sabe, bem aqui - ele ia tocar em cima do meu coração, dei um tapa em sua mão - Essa é minha Carla.

— Sua? - olhei JunHo, ele observava algo que eu não conseguia ver. Segui seu olhar, vários alienigenas vinham na nossa direção, peguei a mão do coreano e saí correndo. O outro homem vinha logo atrás. Nos enfiei na outra confusão, acertei um alienigena que ficou bem no meio do meu caminho. Acertei outro ser que tentou falar com a gente.

— Merda, Carla! - olhei para quem eu tinha atingido, ele parecia humano, assim como o outro e assim como o tal Doctor, os dois Doctors.

— Quem é você? - perguntei assustada, novamente me coloquei a frente de JunHo.

— Você só pode estar zoando com a minha cara - ele falou limpando o sangue que escorria da boca.

Meu celular vibrou. Olhei a tela, luzes piscavam vindo na nossa direção.

— O que são essas luzes? - JunHo perguntou.

— Não sei.

— Deixa eu ver - o primeiro homem tomou da minhas mão o celular - Vem, eu sei como nos tirar daqui.

— Por que eu confiaria em você? - tomei o celular de volta.

— Senão confia em mim, pelo menos, acredite que quero me manter vivo. Vem, Owen, tem um duto de circulação de ar aqui por perto, podemos entrar lá.

Os dois correram, JunHo e eu fomos atrás. 

Os dois homens tentavam abrir a grade de proteção. Fui até eles e com o canivete do Doctor loiro abri a grade, o primeiro homem entrou, o segundo, depois Junho, e eu por fim passei fechando a grade. Era um espaço minusculo, eu não conseguia ficar ali de forma confortável, tentei olhar os outros três, eles estavam piores.

— Quem são vocês? - JunHo perguntou olhando os outros dois.

— Capitão Jack Harkness - uma pontada na minha cabeça, grunhi sentindo dor.

— Carla, tudo bem? - JunHo se virou para mim, apoiei a cabeça em seu ombro enquanto meu cérebro parecia ser espremido. Droga!

— E eu sou Owen.

Eu não pude conter um grunhido ainda mais forte de dor, meu corpo se contorceu. Eu suava frio.

— Japinha, você consegue pegar o celular dela e passar para cá? - o Capitão Jack Harkness pediu.

JunHo enfiou a mão no meu bolso com dificuldade, pegou o objeto e com mais dificuldade ainda passou para o Capitão, que olhou algo.

— River? - ele falou surpreso, tentei olhá-lo, mas eu não conseguia, minha cabeça doia muito - Que ótimo saber que você está bem, agora uma ajuda. - nada em resposta não para mim - Carla está estranha - eu me forcei para olhar para ele, mas eu não conseguia me mexer direito - Então, é isso...

— O quê? - Owen perguntou. JunHo os observava.

— Eles nos usaram de marionetes - o Capitão explicou - Já podem sair.

Eu me arrastei até a grade a derrubei, saí e encostei na parede ao lado da abertura, fiquei sentada sentindo minha cabeça latejar e me dar ansia.

— Eles querem que ela pegue o Doctor - Owen encarou o Capitão, JunHo olhava em volta preocupado.

— E o que nós temos com isso?

— Fomos iscas para que ele viesse até aqui - o Capitão abaixou na minha frente e entregou o celular - E deu certo. 

— River falou que eu irei pará-la, que ela foi criada para acabar com o Doctor, o que isso quer dizer?

— Acho que você dará problema.

O Capitão pediu para eu virar. Ele tocou no machucado em minha nuca, encolhi com dor, Owen observou o mesmo machucado.

— Isso não parece ser algo bom - comentou.

— E o que eu tenho com isso? - JunHo perguntou.

— Não faço ideia - o Capitão o olhou - Mas com toda certeza você não foi capturado para atrair ao Doctor, então deve ser algo sobre ela. - apontou para mim com a cabeça.

— Ela falou algo sobre reunir os seis - ele pensou e pareceu se assustar - Carla, os outros estão aqui também?

Confirmei me levantando e apoiando em Owen.

— Temos que encontrá-los logo, devem estar em perigo no meio dessas coisas.

— Calma - falei ofegante - Preciso me recuperar de... - meu cérebro pareceu contrair como uma estrela prestes a explodir, meu corpo se contorceu, Owen quase me deixou cair, ele me ajudou a sentar novamente - Capitão... Faça isso parar.

— Eu não posso... - ele falou parecendo sentir muito com aquilo.

— Capitão, ela não aguentar isso por muito tempo.

— Ela vai! - Owen olhou o Capitão - Se pegaram ela é porque ela pode resistir a isso, eles não destruiriam a chance de acabar com o Doctor. 

Eu sentia lágrimas escorrendo pelos meus olhos, apertei minha cabeça com força, tudo ficou preto e então meus músculos relaxaram, eu estava ofegante. Abri os olhos, estava deitada no colo de alguém. JunHo me olhou e sorriu. Um enorme casaco estava sobre mim, era o do Capitão.

— O que aconteceu? - perguntei sonolenta.

— Depois de sua mente quase explodir você desmaiou - JunHo observou o meu celular - Os dois foram atrás de uma tal de Tosh e Gwen. Pediram para eu tomar conta de você. - eu me enrolei no casaco - Falaram que nos manteriam seguros assim que encontrassem a River.

— Vem, vamos - eu vesti o casaco que praticamente arrastou no chão - Temos que encontrar os outros.

— Você não pode se esforçar muito.

— Preciso, JunHo. 

— Não, não precisa. - eu o olhei.

— Acho que se eu os encontrar terei minha mente de volta, poderei saber quem eu sou.

— Você não precisa disso...

— Preciso! - eu me virei para ele - Eu não aguento não saber em quem confiar, em que lembrança é real ou não, eu sequer tenho certeza de quem eu sou, JunHo, eu preciso de tudo isso, preciso que algumas perguntas tenham respostas e preciso que o Doctor me explique tudo. 

— Certo... - ele olhou o aparelho na mão - Vou dar o meu melhor para te ajudar.

— Obrigada, agora, vamos logo.