O Homem do Fim do Universo escrita por Vlk Moura


Capítulo 10
Capítulo 10 - Tente não cometer suicídio




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Eu apontei a arma para mim, atirei, eu não movi. Eu fiquei ali parada observando os integrantes do 2PM tentando se soltar. A enorme caixa azul atrás de mim começou a fazer um barulho engraçado e sumiu, a minha eu mais nova veio correndo e me acertou um soco, mas foi o soco mais forte que eu tomei na vida, com aquilo algo veio a minha mente.

— Carla - ele pegou meu braço - Fique com isso.

— Seu relógio? - ele confirmou - Eu não posso pegar isso, Capitão, ele é seu e sei o quanto ele significa para você.

— Fique com isso como um presente, e eu nunca presenteio as pessoas.

— Não posso... 

— Carla, vamos, temos um universo inteiro para explorar - o Doctor saia de dentro da caixa azul. 

— Já vou, só um instante - ele confirmou e entrou novamente - Capitão, não faça essa cara.

— Que cara? - ele me olhava triste.

— Isso não é um adeus, eu vou voltar - sorri - Eu prometo.

— Eu sei como é com ele e como ele é, não vou te culpar se não voltar.

— Você falando assim parece que vou te abandonar. - ele riu.

— É quase isso. 

Eu peguei as mãos dele, as apertei bem firme entre as minhas e no meio das quatro mãos o relógio.

— Então vamos combinar algo - ele me observou - Você guarda esse relógio e quando chegar a hora você me entrega.

— A hora? Que hora?

Dei de ombros.

— Eu prometi que vamos nos encontrar, quando nos reencontrarmos você me entrega.

Ele confirmou.

— E se não nos encontrarmos?

— Não pensei nisso - eu sorri - Eu quero te reencontrar, eu preciso te reencontrar.

— Precisa? - confirmei.

— E por quê?

— Não importa - eu ri - Você não está parecendo o Capitão de sempre, o que sempre tem as respostas.

— Eu estou perdido, nunca me senti assim antes.

— Não fique assim, não por minha causa, eu não mereço que você se perca por mim.

— Por você, tudo vale.

Eu entrei na caixa azul. Fechei a porta e olhei o Doctor, ele estava escorado nos controles, me observava curioso, no monitor vi o Capitão olhando a caixa, o Doctor mexeu em alguns controles, eu estava parada observando o Capitão Jack que nos observava, ele parecia saber que podíamos vê-lo, e provavelmente ele sabia, já andara nessa nave estranha que é maior por dentro do que por fora.

— Você ainda pode voltar atrás - olhei o Doctor e ri.

— Primeira coisa sobre mim, senhor Doctor sem nome - ele riu - Eu não volto atrás com minha palavra.

Abri meus olhos, a minha eu do passado estava em cima de mim e me acertava fortemente. Eu a olhava sem entender, sem entender porque eu estava batendo em mim e porque eu fiz isso antes, talvez aquele fosse o momento de eu me mostrar que a violência não resolve tudo. Eu sabia que em algum momento do passado eu percebi isso, mas eu nunca tive certeza de quando isso ocorreu.

Eu acertei um soco em mim, tombei para o lado, montei em mim, prendi meus braços, e fiquei me encarando, as minhas duas versões inchadas. Eu estava cansada, eu não queria mais aquilo, não queria ter de lutar contra mim, não queria ter de lutar e correr desesperada por aquela prisão maluca, e mais, eu não queria não saber das coisas. 

— Para, Carla! Para! - eu gritei comigo, a mais nova eu me olhou. Aqueles olhos desolados - Com quantos anos você está?

— Catorze - ela falou tentando se soltar, eu prendi a respiração, eu, ela acabara de descobrir sobre nossa mãe. Respirei fundo.

— Posso te dar uma dica?

— Quem é você para me dar uma dica?

— Alguém que conhece mais desse universo do que você - por mais que eu não me lembre dele. Ela parou de espernear - A violência não resolve tudo, eu sei muito bem que uns socos muitas vezes parece ser a melhor solução, mas eu te garanto que não é. Eu apanhei muito para entender isso.

— De que importa? Ninguém liga para o que eu faço ou deixo de fazer.

— Não é verdade - e não era mesmo - Sua avó se importa, e por mais bizarro que possa parecer, seu pai se importa. Você ainda vai magoá-lo muito, e eu não posso te impedir disso, mas não o odeie, sei que ele tem tantos defeitos que é impossível pensar que ele possa amar alguém além dele próprio, mas ele ama e esse alguém que ele ama é você.

Ela começou a chorar e eu chorava junto com ela. 

Ouvi o barulho da TARDIS retornar. Olhei para o lado, o 2PM saia. 

— Doctor - ele me observou - Leve-a de volta ao tempo dela.

— E você?

— Preciso salvar o passado de alguém - ele sorriu - E o futuro de outras duas pessoas.

— Tem certeza? - confirmei - E vocês, vão vir?

OS quatro negaram.

— Ela precisa de alguém para protegê-la - Khunnie falou, era o último que pensei que diria algo assim - E eu serei esse alguém.

O Doctor fechou a porta assim que empurrei a outra eu para dentro da TARDIS, ela apitou e sumiu, observei o grupo e pude lançar um sorriso. Voltamos a correr pelos corredores. Eu estava cansada e queria acabar com aquilo o mais rápido possível.

Jun K nos guiava, eu não brigaria mais com ele sobre quem deveria guiar o grupo, quanto menos coisa com que me preocupar melhor. 

Andamos até uma área cheia de alienigenas, JunHo apontou o aparelho para os seres. Eu falava os que achava que eram perigosos, ele apenas confirmava. Eu estava lembrando de muito mais coisa, eu lembrava de muitas aventuras na TARDIS e muitas coisas com o pessoal de Torchwood, muita coisa corria pela minha mente, mas não eram lembranças doloridas, pelo contrário, elas estavam me deixando mais forte.

— Carla, é melhor pararmos - olhei Woo - Seu machucado voltou a sangrar.

Levei a mão até o corte. Não posso ser mais imprudente.

— Você tem razão - JunHo me olhou e riu.

— Nunca pensei ouvir algo assim de você. - dei de ombros.

Sentei.

— Vamos fazer turnos - Khunnie falou - Eu faço o primeiro, depois o Woo, JunHo, Jun K e o último é seu, Carla - confirmei.

Me ajeitei em um canto, coloquei o casaco como um cobertor, fiquei usando meu braço de travesseiro, analisei o relógio do Capitão, ele parecia guardar algo mais, algo muito mais importante do que eu me lembrara, algo mais importante do que minhas partida com o Doctor... Mas o quê? 

Adormeci...

 


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