Contos do desconhecido... escrita por Nando


Capítulo 9
Marta


Notas iniciais do capítulo

E estou de volta com mais um cap! Agora no papel de Marta, que está com um dilema nas mãos: o que fazer em relação á estranha criatura que lhe tinha aparecido? Aproveitem e descubram!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/691269/chapter/9

            O nervosismo estava à flor da pele. Na minha mente a única coisa que se ouvia era “Acaba, por favor!”. Nunca tinha desejado tanto para que uma aula acabasse. Geralmente estava sempre atenta a tudo que o professor dizia (e mesmo no curso esse hábito não tinha mudado nada), mas desta vez era diferente. Até estranhei o facto de ninguém ter notado o meu nervosismo… Acho que posso agradecer á minha altura por isso e também pelo facto de ninguém ter notado o aumento da minha barriga…

            Ele voltou-se a mexer, provavelmente a mostrar a sua impaciência e o desejo de sair dali. Sussurrei um pequeno “chiu” na esperança que ele se aguentasse um pouco mais, enquanto na minha cabeça se desenrolava um confronto de pensamentos. Porque estava a fazer aquilo? Era uma loucura! Porque eu não tinha dito a ninguém sobre aquilo? Seria a melhor ideia para lidar com aquele estranho caso, mas algo me dizia que não era a escolha certa… Ahhhhhhhh, que confusão!

            Tal era o estado dos meus pensamentos que mal notei o fim da aula. Assim que me deparei com todos a levantarem-se, levantei-me de um salto e desatei a correr deixando um monte de olhares confusos, ao qual eu nem dei a menor importância, tudo que eu queria agora era chegar a um local onde não encontrasse ninguém…

            Ele começou-se a mover novamente, animado devido á correria, tentei esconde-lo o melhor que conseguia enquanto revistava o espaço á minha volta á procura de um espaço onde não estivesse ninguém.

            Isso provou ser um feito difícil de se realizar e só aconteceu depois de uma longa correria, tão longa que as minhas pernas davam sinais de se vir a desfazer a qualquer momento. Deixei que o meu corpo tombasse para o chão, suspirando de alívio pelo fim da correria. Olhei para confirmar se não havia mesmo ninguém, e só então o deixei sair do seu esconderijo.

            Assim que se viu livre começou a dar saltos de um lado para o outro, cheio de alegria. Com medo que alguém o notasse mandei-o ficar quieto, e, para minha surpresa, ele parou logo a seguir, ficando á minha frente como se estivesse a aguardar novas ordens. Fitei-o nos olhos enquanto o debate na minha mente continuava. O que raios era aquilo? Porque tinha de aparecer logo á minha frente? Qual a melhor decisão a tomar? Tantas as perguntas e nenhuma resposta…

            Enquanto estes pensamentos se confrontavam na minha mente, ele fez, mais uma vez, o barulho de sempre. Outra coisa que me deixava mais confusa era o facto de ele não falar a mesma língua que o resto das pessoas. Seria pelo facto de não ser uma pessoa? Ah! Que frustração! Se ao menos ele me pudesse responder a todas as minhas perguntas… Espera aí! Será que ele entendia o que eu dizia? As coisas podiam ficar muito mais fáceis… Decidi experimentar:

            -Olá, o meu nome é Marta e o teu?

            Ele voltou a reproduzir o mesmo som, enquanto deitava a sua língua comprida para fora e movimentava de um lado para o outro algo que se encontrava atrás dele, colado ao seu corpo. De facto era uma criatura estranha. Mas ele tinha dado o som logo após a minha pergunta, será que tinha entendido e aquele som era uma resposta? Era melhor experimentar outra vez:

            -Como chegaste aqui?

            Para desaponto meu ele entortou a cabeça, dando sinais de quem não tinha entendido nada. Suspirei, vendo as minhas esperanças por água abaixo. Voltei a observá-lo, numa esperança de encontrar algo que me ajudasse a resolver aquele problema. A sua aparência deixava a minha curiosidade a palpitar, pois nunca tinha visto nada igual e nunca algo como ele fora alguma vez citado na escola. Era um autêntico mistério… Ah! O que iria fazer? E para o esconder? Só foi uma aula com ele e mal consegui aguentar! Como iria aguentar o resto das aulas? E depois quando fosse eu a dá-las?! O que faço?

            Como se tivesse lido os meus pensamentos a criatura chegou-se ao pé de mim e lambeu-me a mão. Fiquei chocada devido àquele estranho ato, do qual eu nunca esperara (tendo até de reprimir um grito, que quase ia saindo da minha boca), mas, por alguma razão, o choque foi momentâneo pois aquele ato passou-me uma sensação de conforto, não conseguia explicar – sentia-me protegida, como se com aquele lambidela ele me estivesse a dizer que poderia contar com ele…

            Sem sequer me dar conta, a minha mão direita (a que não tinha sido lambida) moveu-se, como que involuntariamente, e quando me dei conta tinha a mão na cabeça dele, e com mais um movimento involuntário comecei a passa-la por o pelo para sua grande felicidade. Por algum motivo não estranhei este movimento involuntário, parecia até que já estava habituada

            O nervosismo parecia que se tinha ido embora. Pelos vistos aqueles estranhos atos tinham-me acalmado. Quem diria que o motivo das minhas preocupações iria-me acalmar daquela maneira! Sorri, lembrando-me de David. Por algum motivo acabei por os comparar, nem eu mesma sabia explicar as semelhanças, apenas sentia uma sensação parecida quando estava ao pé dos dois, o que seria?

            Também me dei conta de outro fato. Não podia continuar a chamá-lo de ele ou criatura, precisava de arranjar-lhe um nome. E como ele não me conseguia dizer na minha língua, precisava de o chamar com um nome que fosse fácil para mim… Lembrei-me de lhe ter chamado Harley quando ele saltou para cima de mim. Mais uma pergunta sem resposta era a origem daquele nome, donde o tinha tirado? E ele também parecia ter respondido ao nome. Seria mesmo o nome dele? E como eu o tinha descoberto? Decidi experimentar:

            -Chamas-te Harley?

            Ele ficou todo contente após ouvir o nome, acho que tinha acertado. Mais perguntas para adicionar ao grupo. Mas mesmo assim decidi chamar-lhe Harley. Harley… Cada vez que pronunciava esse nome sentia algo dentro de mim, era uma sensação boa… Sorri para ele e ele respondeu-me com mais um dos seus barulhos. Por algum motivo as minhas perguntas pareciam que se iam desvanecendo á medida que me tornava mais próxima de Harley, parecendo até que pela primeira vez a lógica não estava no início dos meus pensamentos. Sorri, pensando o que diria David se lhe contasse…

            Fui surpreendida por um movimento estranho de Harley. Ele encolheu-se e começou a fazer um barulho diferente do habitual, enquanto tremia por todos os lados.

            -Que se passa?

            Ele nem sequer se virou para mim, continuando a fitar algum ponto atrás de mim, virei-me para tentar descobrir qual era a razão daquele estranho movimento e quase que o meu peito rebentava! A minha mente ficou sem funcionar durante uns momentos. Comecei a perder razão enquanto o meu nervosismo atingia o ápice. Sentia um ribombar no meu peito e parecia que a qualquer momento eu cairia e perderia todas as forças. Engoli em seco. Tudo o que tinha tentado esconder tinha ido por água abaixo, de uma maneira tão simples que eu quase me batia a mim mesma por não ter escondido melhor. Mas aí estava. Havia uma pessoa que nos fintava, espantado com o que via. A conclusão para o seu espanto era simples…Ele tinha visto Harley!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então gostaram? Não esqueçam de dar o vosso apoio comentando e favoritando a história! Por hoje é tudo, até á próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Contos do desconhecido..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.