Contos do desconhecido... escrita por Nando


Capítulo 8
Edward


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta com um novo cap! Desta vez no papel de Edward, que está a lidar de uma maneira estranha em relação a Fake, após ele lhe ter destruído a teoria... Aproveitem!



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            Avistei-o ao longe, embora tivesse desejado que não passasse de alguma alucinação… Porque isto acontece sempre que o vejo?

Após me ter humilhado em público eu não conseguia mais olhar para a cara dele. Cada vez que o via era como se uma força qualquer dentro de mim me impingisse a ir ter com ele, com o objetivo de destruí-lo… Após aquilo eu comecei a experienciar algo estranho, que me fazia querer desprezá-lo, e de uma maneira que o humilhasse e, de preferência, de uma forma lenta… Só assim ficaria contente…

            Vários alunos encontravam-se sentados a conversar uns com os outros – Tinha chegado á escola. Sentei-me e cruzei os meus pés, sem direcionar palavra a ninguém. Depois daquilo tinha-me tornado mais solitário, várias pessoas tinham vindo a me tentar contentar, mas eu sabia que, por dentro, estavam-se a rir de mim. Estavam todos! Este acontecimento tinha-me mostrado uma coisa: o facto de que a nossa sociedade é desprezível! Podes ser o melhor hoje, mas ao menor erro mudam logo a ideia que tinham de ti!

Observei o espaço em volta á procura dele. Não demorou muito para o encontrar, pois há volta dele havia um monte de alunos que o elogiavam por ter destruído a minha teoria. Todos eles, de sorrisos contentes a meter conversa com ele… Comecei a roer a unha em sinal de frustração, eu é que devia ter aquela atenção toda, após ter criado aquela teoria! Mas ele…ele tinha que a destruir! Maldito!

            Senti uma mão pousar no meu ombro. Devido a estar tão embrulhado nos meus pensamentos, a surpresa fez-me dar um salto que assustou até a própria pessoa que me tinha tocado, pois a sua reação foi encolher-se no chão. Fiquei a observá-lo naquele estado lastimável, quem era aquele?

            Houve alguns alunos que tinham visto a cena e começaram a dar umas gargalhadas, dizendo:

            -É apenas o “Rolling”!

            Então aquele era o famoso Rolling… Embora já o tivesse visto, e também observado vários alunos a rirem-se dele, nunca tinha estado tão perto dele como agora. Ele era gordo fazendo jus ao nome Rolling, pois parecia que o seu corpo em vez de andar, rolava (bom, acho que aí era um pouco de exagero…). Embora achasse que o verdadeiro motivo para aquela alcunha era o facto de se encolher assim… Decidi falar com ele:

            -Posso saber porque me tocaste no ombro?

            Ele levantou-se rapidamente, um pouco atrapalhado, sem saber o que dizer. Levou algum tempo para se acalmar e então, por fim, ele começou a falar:

            -Eu quero falar contigo, mas agora não, há muita gente… Depois de a aula terminar espera por mim.

            E foi-se embora sem dizer mais nada. Fiquei a observa-lo enquanto se tentava sentar, alguns alunos riram-se dele devido a ser desajeitado. Rolling, não era? Ele até tinha uma alcunha. Qual seria o verdadeiro nome dele? E o que ele quereria comigo?

            Livrei-me dos pensamentos e sentei-me, enquanto a aula começava. Passado algum tempo da aula, eu mal consegui aguentar mais! As aulas cada vez se tinham tornado mais cansativas. Já tínhamos dado o mais interessante sobre aquele mundo, e agora só estávamos a dar a mesma coisa, mas com uma coisita aqui ou ali diferente que só servia para complicar a cabeça dos alunos. Suspirei. Também não havia grande coisa certa sobre aquele mundo, por isso os professores tentavam ao máximo incluir coisas novas, mas que no final não levavam a lado nenhum… Era o mesmo com os sentimentos. A princípio pensei que fosse interessante explicar como nos sentíamos, mas devido a ser muito vago, nem os professores sabiam ao certo o que dizer. Havia a alegria e a tristeza, mas ainda havia muitos mais por descobrir. Então quais seriam as outras?

            Um pensamento veio-me á mente. E se tudo aquilo que sinto contra ele fosse um novo sentimento? Não era alegria nem tristeza, então só podia ser um novo! Mas como é que seria esse sentimento? E porquê ele?

            A voz do professor a anunciar o fim da aula acordou-me destes pensamentos. Já tinha acabado a aula! Tinha estado tão preso nos meus pensamentos que nem tinha tomado atenção ao decorrer da aula! Bem, também não importava…

            Preparava-me para me ir embora quando me lembrei de Rolling. Ele tinha-me dito para esperar por ele, mas porquê? Eu não tinha nada a ver com ele, era melhor nem nos falarmos. Era a melhor solução. Quando a escola acabasse cada um iria para o seu lado e nunca mais nos veríamos. Então para quê esperar?

            Dei um passo em frente, mas parei logo de seguida. Podia ser algo importante. Mas ainda assim… Eu não era de me juntar com as outras pessoas. Então, porque não continuava? Livrar-me dele seria a decisão certa, mas era como se uma parte de mim quisesse esperar para ouvir o que ele queria… O que faço?

            Depois de muito debater sobre o problema, acabei por me sentar á espera dele. Também, não tinha mais nada para fazer…

Ele acabou por vir, mas tinha demorado muito! Se tivesse demorado mais eu tinha-me ido embora!

Ele chegou ao pé de mim mais atrapalhado do que antes. Estava desesperado para falar, mas as palavras não chegavam a sair. Suspirei. Não tinha tempo para aquilo. Fitei-o nos olhos e acabei por ser eu a falar:

—Porque demoraste tanto?

Ao ouvir a pergunta ele parou por um bocado. Respirou fundo e então respondeu á minha pergunta, de uma forma apressada e com muitas paragens, parecendo que ganhava coragem para falar o resto:

—Bem… É que eu... Eu estive a falar com professor… Sobre…

Coloquei a minha mão na frente dele, para evitar que falasse mais:

—Eu não preciso de saber o que estavas a falar, eu só te perguntei porque tinhas demorado, certo?

Ele acenou afirmativamente com a cabeça. Houve um silêncio entre nós, que eu quebrei, na esperança que aquilo acabasse rapidamente:

—Então, querias falar comigo sobre…

Um sorriso iluminou-se na sua cara. Ficou um bocado quieto (provavelmente a pensar no que iria dizer) e por fim falou:

            -Bem... Eu… Eu gostei muito da tua teoria! Sabes… aquela que tu disseste que houve outros que criaram a nossa civilização… Eu acredito na tua teoria! Embora tivesse uns pontos que ainda não foram explicados… Mas eu acredito na tua teoria! E… Acho que juntos podemos melhorá-la!

            Fiquei pasmado, sem saber o que dizer. Ele tinha falado com várias pausas, mas o vital da conversa ele tinha dito com determinação. Então ele realmente tinha acreditado na minha teoria! Lembrei-me de todos os outros, mais precisamente a sua reação ao verem a minha teoria ser destruída. Também me lembrei porque me tinha distanciado deles e porque me tinha zangado com eles. Todos disseram coisas do tipo: “Foi boa, mas afinal não dava” ou “Para a próxima consegues!”… Eles estavam enganados! O que eu queria que eles dissessem… era isto! Queria que mesmo com alguns pontos não explicados, queria que eles tivessem acreditado na teoria!

            Fiquei a observá-lo, ainda com tudo o que tinha dito bem presente na minha mente. Sorri. Talvez tinha sido bom esperar por ele… Fitei-o nos olhos e estendi a minha mão direita:

            -Muito bem então! Vamos lá melhorar a minha teoria!

            Ele ficou pasmado a olhar para mim e para a minha mão, até que por fim tomou a decisão e com um sorriso agarrou fortemente a minha mão:

            -Vamos!

            As nossas mãos separaram-se e ele parecia até uma nova pessoa, mais calma e confiante. Chamar-lhe Rolling não seria bom…:

            -Como te chamas?

            -O meu nome é Robert!

            Robert era um pouco estranho de falar. Foi então que tive uma ideia:

            -Já sei! E que tal se te tratasse por Robb? Também me podes tratar por Ed!

            Ele concordou alegremente com a proposta. Sorrimos um para o outro e, dentro de mim, tinha chegado a uma fantástica conclusão! Ele é perfeito para o que tenho em mente! Vou usá-lo para melhorar a minha teoria, e então mostrarei a ele e a todos, que eu sou aquele que sempre está certo! E que ficará por cima de todos os outros!

           


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Notas finais do capítulo

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