Contos do desconhecido... escrita por Nando


Capítulo 2
David


Notas iniciais do capítulo

E estou de volta com mais um capítulo (eu adoro o nome David!!!!!!) Aproveitem este personagem curioso...



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         O que farei agora? Que é que á a fazer? Qual o passo a seguir, a direção a tomar? Estava confuso… Estava perdido. E ainda estou…

            Vozes soavam á minha volta. O que diziam? Não sabia. Estava envolto nos meus pensamentos. Esforcei-me para ouvir. Não consegui. O barulho misturava-se de tal forma que não conseguia entender o que estava á minha volta. E a minha altura também não me ajudava. Não compreendia o facto de embora ser mais velho do que alguns, ser mais baixo. Isso deixava-me nervoso. Mas também me deixava curioso… Gostava de puder crescer e conseguir ser mais alto que todos os outros…

            Abanei a minha cabeça. Isso não era possível. A altura da pessoa permanecia sempre igual, não importava quanto tempo passasse, assim como tinha vindo, assim ficaria…

Eu não ganhava juízo! Não me podia deixar levar pela curiosidade. Sempre acabava por me excitar demais com coisas insignificantes, começava a tentar descobrir e no final acabava apenas por me desapontar…

            Levantei a cabeça e observei o espaço á minha volta. Pessoas a conversar contentes sobre o que iria acontecer a seguir. E foi então que os meus olhos a encontraram. Alice. A rapariga por quem eu sentia uma coisa que me deixava sem palavras, não sabia o que era. Perguntara a muita gente mas ninguém sabia. Todos diziam que nunca tinham sentido algo parecido. Então porque apenas eu? E porquê ela? No meu futuro sempre me via com ela. Talvez com ela a presença neste mundo não se tornaria tão aborrecida…

            Era mais alta que eu (passava apenas por pouco a sua cintura), mas os seus longos cabelos castanhos deixavam-me sem palavras, os seus olhos azuis deixavam-me totalmente hipnotizado e as suas feições… Sem palavras para explicar! Até as suas roupas condiziam com ela. Uma saia azul e uma camisola rosa. Para completar tinha uns sapatos  brancos. Interessava-me cada coisinha nela e às vezes imaginava como ela seria em outras roupas. Ridículo não é?! As roupas são parte de nós, nunca as devemos tirar. Foi assim que viemos ao mundo. E as roupas que connosco vieram, connosco devem ficar. A minha curiosidade era impressionante! Às vezes a minha imaginação surpreendia-me…

            Senti alguém a tocar-me no meu ombro. Virei-me e deparei-me com Marta. O seu sorriso alegre era inconfundível. E o seu cabelo castanho curto voavam com o vento. Era das poucas pessoas com uma altura igual á minha e feições também similares com as minhas. Fitou-me com os seus olhos castanhos e então disse:

            -Outra vez a olhar para a Alice? Não achas que estás a ficar demasiado curioso?

            -Que queres? Não consigo evitar! Parece que sou controlado por alguma força que me leva a olhar para ela e… - Fui interrompido pela mão de Marta a fazer sinal para me calar.

            -Já ouvi isso várias vezes… Mas se fosse a ti tinha cuidado. A rapariga pode acabar por achar estranho…

            Estranho? Estranho era o lugar onde vivíamos! Olhei á minha volta e fiquei a observar o meu espaço em volta, e então perguntei a Marta:

            -Porque será que as nossas roupas e a nossa pele tem alguma cor diferente com nome, e tudo o que nos rodeia (que é sempre a mesma cor) não tem nenhum nome?

            -Outra vez essa pergunta? A professora já nos respondeu! Os primeiros habitantes que criaram a língua não conseguiram dar um nome a essa cor que nos rodeia devido a acharem que era inexplicável.

            -Sim, mas… Parece uma explicação demasiado esquisita não achas?

            -Esquisita? Porquê?

            Agarrei na minha camisola:

            -Isto é uma camisola que tem a cor vermelha.

            -Muito obrigado Sr. Óbvio!

            Ignorei o comentário sarcástico e agarrei nas minhas calças:

            -Isto são calças com cor azul.

            -E? Que é que isso importa?

            Suspirei e comecei a explicar a minha teoria:

            -São coisas diferentes e têm cores diferentes! – Apontei para baixo – Isto é o chão. – Apontei para cima – E aquilo é o céu. São coisas diferentes mas têm cores iguais!

            -Isso não quer dizer nada! Há pessoas que têm camisolas e calças da mesma cor! Como que resolves essa?

            Foi como um espelho a partir-se. Mais uma vez as minhas teorias tinham sido destruídas por Marta. Era verdade. Não conseguia explicar esse pormenor, embora acreditasse na minha teoria. Abaixei a cabeça derrotado. Marta deu um longo suspiro e então falou no seu tom repreendedor:

            -Tu acabaste mesmo agora a escola! Olha que já não podes aprender mais nada! Em vez de criares teorias podias começar a pensar no que vais fazer a seguir…

            Aquelas palavras atravessaram-me por completo. Era verdade. Neste momento estávamos na cerimónia de adeus á escola e eu nem sabia o que iria fazer a seguir.

            -O que estás a planejar fazer a partir de agora Marta?

            -Vou começar a treinar para ser professora para que não hajam seres como tu a ter ideias maluquinhas – Tocou-me de leve na cabeça e então disse – Bem vou andando, até uma próxima vez! – E saiu disparada sem me dar tempo para dizer mais nada.

            Fiquei a observá-la até ter desaparecido completamente do meu ponto de vista. Após uns segundos sem pensar em nada deparei-me com um facto. Estava sozinho e tinha voltado ao ponto de início dos meus pensamentos: O que farei agora?


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Notas finais do capítulo

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