Contos do desconhecido... escrita por Nando


Capítulo 11
Fake


Notas iniciais do capítulo

E estou de volta! Lamento pelo atraso, (dois meses inativo - lamento imenso) tive ocupado com alguns projetos e a escola também não facilitou em nada. Caso não saibam, eu estou a traduzir a história para inglês, em formato podcast e já completei o 1ºcap. O link está na minha página do facebook - Rick Moore. Mas sem mais demoras, que comece o novo capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/691269/chapter/11

Pisquei os olhos múltiplas vezes, para tentar provar que aquilo era fruto da minha imaginação. Mas rapidamente me apercebi que não, o que eu estava a ver era a pura realidade. Aquela coisa continuava ali. Esfreguei os olhos, mas o resultado acabou por ser o mesmo. Estava até tão impressionado com o que vira, que só me tinha dado conta de uma rapariga que se encontrava ao pé daquela coisa e que me olhava como se eu fosse algum tipo de monstro, enquanto o verdadeiro monstro se encontrava ao pé dela!

            Engoli em seco e decidi aproximar-me, com passos lentos. A cada passo que dava, a rapariga recuava para perto da criatura, como se a tentasse proteger de mim. Era óbvio que ela tinha alguma coisa a esconder, alguma ligação com aquela criatura… O que seria aquela criatura? Como aquela rapariga tinha feito contacto com aquilo? As perguntas multiplicavam-se na minha cabeça, e o espanto por algo tão desnatural ter-me aparecido mesmo á frente era enorme! Embora estivesse mais espantado comigo mesmo! Geralmente, limitar-me-ia a me ir embora, sem me importar, mas o aparecimento daquela criatura despontou algo em mim. Algo que eu tinha guardado dentro de mim, uma criatura que estivera sempre a dormir e que nunca antes se tinha mostrado, tendo acordado agora e tomado controle de todo o meu corpo – Curiosidade. Queria saber tudo sobre aquela criatura, e sobre a rapariga que a tentava proteger. Sorri para mim mesmo. Finalmente! Algo apareceu para mudar esta rotina penosa e dolorosa!

            Cheguei ao local onde a rapariga e a criatura se encontravam. Devido a estar tão perto consegui então distinguir a aparência de cada um. A criatura tinha uma enorme quantidade de pelo em comparação com as pessoas, e dividia-se em duas cores – por cima era preto e por baixo era branco. Tinha quatro pés, todos assentavam no chão e eram bem diferentes do das pessoas, com um formato muito peculiar. O desejo do conhecimento palpitava dentro de mim. Que segredos guardava aquela criatura? Queria-me aproximar mais, queria saber mais, o meu corpo tremia de excitação, mas algo na criatura me fez recuar. Tinha os dentes afiados á mostra, e soltava um som que eu nunca tinha ouvido antes, mas era o suficiente para me fazer recuar. Foi como se o meu instinto me estivesse a avisar de um perigo iminente se continuasse a aproximar-me. Como descobrir então as respostas para as minhas perguntas? Virei-me para a rapariga na esperança que ela me respondesse, mas só de olhar para ela percebi que isso seria algo difícil. Todo o corpo dela tremia e os seus olhos não paravam de me fitar com um horror totalmente estampado na sua cara. Porquê tanto medo? Olhando-a de cima parecia uma criatura frágil, era mais baixa do que eu e o seu cabelo curto também tremia, seguindo os movimentos do resto do corpo. Mais uma vez a pergunta assomou-me á cabeça: Para quê tanto medo? Porque queria ela esconder tanto a existência daquela criatura? Fitei-a mais uma vez na esperança que ela me desse alguma resposta satisfatória. Mas após alguns segundos percebi que ela não iria dizer nada. Suspirei, e então eu tomei a dianteira:

            -Quem é aquilo? – Disse apontando para a criatura.

            Ela deu um salto e ficou logo de pé. Ainda tremia, mas desta vez via-se que tentava combater o horror na sua cara. Engoliu em seco e começou então a dar as respostas que eu procurava:

            -Eu também não sei… Ele apenas me apareceu à frente, e… após algum tempo com ele decidi chamar-lhe Harley.

            Fiquei a olhar para ela á procura de algum traço no seu rosto que identificasse se o que ela dizia era verdade ou mentira. Com a convicção que tinha dito qualquer um acreditaria logo naquilo, mas eu não. O horror na sua cara quando me vira pela primeira vez contrariava a sua afirmação. Se ela não tivesse nada com aquela criatura (ou Harley) não teria ficado tão horrorizada quando visse alguém a olhar. Decidi continuar com o inquérito:

            -Porquê Harley?

            Ela engoliu em seco mais uma vez. Será que tinha encontrado uma discrepância? Fiquei a observá-la á espera de uma resposta, enquanto Harley alternava o seu olhar entre nós dois, como um réu á espera de um juízo final entre dois advogados, sendo eu o de ataque e ela o de defesa. Após alguma hesitação ela por fim respondeu:

            -Não sei bem o motivo, era como se já soubesse o nome dele… Não consigo explicar…

            Que raio de justificação era aquela?! Aquilo tinha apenas ajudado a confundir mais a situação! Como é que ela podia dar uma justificação daquelas? Olhei-a friamente repreendendo-a por aquela resposta e procurando algo melhor, mas através das suas expressões percebi que ela não daria mais nenhuma explicação. Suspirei e deixei a questão sobre o nome de lado, decidi avançar então com outra pergunta:

            -Porque razão ficaste tão horrorizada quando me viste?

            Ela abriu e fechou a boca repetidas vezes. As palavras misturavam-se na sua boca e gaguejava algumas coisas incompreensíveis. Que motivo seria aquele que nem uma explicação decente conseguia ter? Esperei mais um bocado pela resposta e, por fim, ela veio, e, para meu espanto, pela primeira vez, ela falou de forma clara e convicta:

            -Foi o espanto. Não contava que alguém visse. Não sei porquê, mas não quero que ninguém descubra sobre Harley. Podes dizer que se trata apenas de alguma paranoia da cabeça, eu mesma já pensei isso, mas continuo a acreditar que não devo contar a ninguém. Tenho medo que me separem dele e que lhe façam alguma coisa…

            Então esse era o verdadeiro motivo. Embora estivessem pouco tempo juntos (segundo o que ela dizia) parece que tinham criado alguma ligação, e ela não queria que essa ligação se rompesse…

            Fechei os olhos, deixando que a escuridão me abraçasse. Controlei a minha respiração e, com a mão direita, alisei o meu cabelo, entrelaçando-o entre os dedos, como sempre fazia quando procurava uma resposta. O que fazer? As respostas que ela tinha dado eram totalmente disparatadas… e por serem tão disparatadas talvez fossem verdade. Podia continuar com o inquérito, mas de nada serviria, talvez ainda confundisse mais a situação. Então, o que fazer? Qual a direção a tomar? A minha mão acelerou o movimento, ao mesmo tempo que tentava desesperadamente encontrar uma solução para aquele problema. E quando estava prestes a desistir e a deixar aquele problema de lado, uma luz apareceu na escuridão, que em pouco tempo iluminou todo o espaço em volta, antes preto e, agora, totalmente branco. Era isso! Estava a lidar com uma coisa que não era normal, por isso os meus pensamentos não podiam ser normais naquela situação. Tinha que pensar de uma maneira totalmente diferente do habitual, tinha que mudar de perspetiva. Estendi a mão para o alto, deixando-me levar pela resposta, enquanto a curiosidade tomava total controle do meu corpo. A luz ficou tão forte que quase me cegou, e por fim abri os olhos. Ela continuava ali, confusa, a olhar para mim. Sorri, pensando na ideia maluca que tivera, mas não podia tirar mão daquele acontecimento. Podia ser a única vez que algo extraordinário acontecia comigo, por isso tinha que aproveitar. Estendi a mão para a rapariga e abri um largo sorriso, tão desnatural para mim que nem me conhecia:

            -Podes tratar-me por Fake. Eu vou ajudar-te a esconder Harley!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então gostaram? Se sim, não esqueçam de dar o vosso apoio comentando a vossa opinião e favoritando a história. Se gostaram do podcast e querem participar eu estou á procura de mais dubladores para os próximos capítulos no casting call club -https://www.castingcall.club/projects/tales-of-the-unknown. E é tudo, até ao próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Contos do desconhecido..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.