A Garota da Lua escrita por calivillas


Capítulo 7
Enamorados – amor que pode enganar




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Naquele momento, resolvi parar de perguntar, queria estar na companhia dele, não queria colocar um fantasma entre nós.

— Aonde vamos? – Ele me perguntou.

— Não sei. - Pois não conseguia pensar sobre comida naquele momento.

— Posso de levar a um lugar que eu gosto muito?

— Sim. – Respondi com um pouco de medo de para onde aquela resposta iria me levar.

— Seu livro. - Ele me entregou o livro de Samuel Zargo, que havia ganho na noite de autografo e me esquecido no carro dele.

— “O mundo que está a nossa volta – A guerra que não conhecemos”. – Li o título em voz alta, me lembrando que Hélio conhecia esse livro, depois olhei a dedicatória que ele tinha feito para mim. – ‘ Para a encantadora Dama da lua, Samuel Zargo”. O que ele quer dizer com isso?

— Deve ser uma referência ao seu nome que é o mesmo da deusa romana da Lua, Diana. Samuel é assim mesmo, sempre cheio de metáforas. – Ele explicou.

— E você acredita nessas coisas? – Perguntei, enquanto folheava o livro.

— E você não? – Ele me devolveu a pergunta.

— Não, só acredito no que podemos ver e sentir.

— Então, você não acredita em átomos, bactérias ou vírus? – Ele perguntou, dando uma gargalhada.

— Você sabe que não foi isso que quis dizer, esses podem ser vistos por algum equipamento de alta tecnologia, mas fantasmas, fadas, anjos ou o quer que sejam não têm sua existência comprovada. – Defendi minha opinião.

— Assim seu mundo é muito chato, pois seria somente nascer, se reproduzir e morrer, nada além disso. Talvez precisássemos de um pouco de magia para vivermos, Diana.

— Mas não acho que faz sentindo, a magia seria apenas explicações para o que não foi explicado cientificamente.

— Você é, realmente, bem cética. Por que você ficou assim?

— Eu apenas vejo a realidade que nós cerca, é não há magia nela.

Ficamos quietos por algum tempo, não foi silêncio incomodo, não aquele que não temos mais nada a dizer ao outro, mas era um momento para se refleti.

— Quem sabe, se um dia você reencontre com a magia da vida. – Profetizou, depois de um certo tempo.

Finalmente, chegamos a uma praia, onde havia um pequeno restaurante com uma varanda de madeira com as mesas iluminadas por velas, escolhemos uma delas perto do parapeito, onde se podia ouvir o som das ondas e sentir a brisa do mar, o sol se punha no horizonte, dando cores douradas e avermelhas ao céu e a água.

— Espero que goste daqui. É um dos meus lugares favoritos, porque gosto de ficar perto do mar. – Gabriel revelou.

— É lindo, mas para uma pessoa nova na cidade, você conhece mais lugares do que eu que moro aqui a toda a minha vida.

— Mas eu já vim na sua cidade, algumas vezes, e sempre procuro lugares diferentes por onde eu vou. Podemos pedir?

Meu telefone tocou, era um número desconhecido, atendi.

— Diana, sou eu Hélio.

— Hélio! – Por essa eu não esperava, Gabriel me olhava prestando atenção na conversa, sem nenhuma cerimônia. – Aconteceu algo? Como conseguiu meu número?

— Pedi a Suzana. Não aconteceu nada demais, só queria pedir desculpas pela minha atitude hoje à tarde, foi muito grosseiro da minha parte me comportar como um selvagem.

— É, aquilo assustador mesmo.- Declarei, sem amenizar a situação.

— São histórias antigas, ainda bem que você estava por perto. – Ao ouvir ele falar assim, lembrei que Gabriel falou algo parecido. – Não quero que tenha uma má impressão de mim.

— Claro que não, Hélio. Isso é apenas relativo a você e a Gabriel, não tenho nada a ver com isso. – Falava, olhando para Gabriel, que não estava com uma cara boa.

— Por isso quero me redimir, podemos almoçar amanhã? – Hélio me convidou.

— Almoçar amanhã? – Repeti o convite, surpresa, os olhos de Gabriel ficaram negros de raiva.

— Sim, seria um sinal de boa vontade. Você aceita? – Hélio insistia, e eu não sabia o que fazer.

— Jantar! – Gabriel falou baixinho.

— Que tal jantar, amanhã já tenho um compromisso para o almoço. – Aceitei a recomendação, sem entender o porquê.

— Então, está bem. Jantar amanhã às sete. Me dê seu endereço, que eu pego você a esta hora. - Passei meu endereço para ele e nos despedimos.

— Essa não entendi! – Disse a Gabriel, surpresa.

— Ele não quer que você fique aborrecida, por isso quer se aproximar. – Gabriel ponderou e eu pensei que não queria ser um cabo-de-guerra entre esses dois.

— Mas por que jantar e não almoço? – Quis saber.

— Porque você é a deusa da lua e ele do sol, seus poderes são mais fortes à noite. – Respondeu, em tom de brincadeira. – Além do mais, você já tem um compromisso para o almoço.

— Tenho? – Perguntei, já desconfiada da resposta.

— Sim, comigo. Agora me fale sobre você, eu quero saber sobre a sua vida. – Repetiu a pergunta que me fizera antes.

— Não tenho muito que falar, sou uma mulher normal, nunca viajei para fora do país com você, embora tenha planos para isso. Meus pais são pessoas comuns, professores universitários aposentados, que gostam do campo e de uma vida calma. É isso, sem muitas emoções. – Esclareci, sem enrolar muito.

— Entendo, sem emoções, nada de ruim acontece quando você está por perto. – Observou, e eu me surpreendi pois eram as mesmas palavras que a velhinha do metrô havia me dito.

— Não é bem assim. – Lembrei da história da minha mãe biológica, que teria morrido quando eu nasci.

Depois do jantar, ao meu pedido, Gabriel me levou para casa.

— A noite foi maravilhosa, outra vez, obrigada.

— Então, amanhã, no almoço? – Ele indagou.

— Acho melhor, não. Como eu falei ontem, estamos indo muito rápido. Não sou assim tão espontânea.

— Você quem sabe. – Falou, resignado, me inclino para beijar seu rosto, mas ele segura meu queixo suavemente, e beija de leve meus lábios, não estou surpresa, não resisto. O beijo vai ficando cada vem mais intenso. Lembro do beijo do meu sonho, não quero ir embora, mas preciso ir, não tenho forças.

Nesse momento, o alarme antirroubo do carro à nossa frente dispara, o som agudo e as luzes piscando me trazem de volta à realidade, me afasto dele.

— Preciso ir agora. – Sussurro, tentando me convencer.

— Você não sabe por quando tempo esperei por esse beijo. – Gabriel confessa em voz suave, passando a mão nos meus cabelos.

— Você é muito exagerado. – Falo sorrindo. – Nós só nos conhecemos há três dias.

— Mas, para mim, foi como eu esperasse por você, há milhares de anos. – Ele parecia triste, preciso ir embora agora, pensei, ou não haverá volta, então me despedi mais uma vez, sem me aproximar dele e sai correndo do carro.

Entrei em casa, o coração aos pulos, aquela história estava tomando um rumo próprio, fugindo do meu controle, mas não podia evitar, por mais que tentasse fugir, era atraída por aquele homem, como uma mariposa pela luz, porém, o inseto não sabia dos riscos dessa atração, mas eu sabia com podia ser perigoso para mim, atirei minha bolsa sobre a mesa e me dei conta que ainda tinha o livro de Samuel Zargo em minha mão, coloquei-o sobre a mesa de centro.


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