Tudo está mudando... escrita por Gaby Mendes


Capítulo 7
Capitulo 7




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A perfeiçao é algo tão inalcançavel quanto buscavel. Parece uma contradição, mas a verdade é que todo mundo parece viver em funçao de algum sentimento que leva a ela. Buscam no amor, na amizade, nos filhos. Ainda assim nunca a encontram.

Eu aprendi que o preço que se tem de apenas tentar parecer possuí-la é alto demais. Um fardo pesado demais. Essa parte, as revistas e as publicaçoes nao mostram. Não venderia exteriorizar a vida infeliz que a perfeição nos dá.

Ela não alegria, diferente do que divulgam. Nunca haveria de ser, pois ilusões trazem prazeres momentos e não felicidade. Felicidade é alem disso. Mas também tão inalcansavel.

Eu tenho tudo o que preciso, é o tento me convencer. Mas a cada dia essa verdade parece mais distante. Eu persisto, no entanto. Por que sei que devo fazê-lo. Se não acontecer, vou sucumbir a mesma parte sombria de antes. De antes de tudo. Não foi uma experiencia a qual quero reprisar.

Não merece ser reprisada ainda mais quando pode ser pior.

Eu tento ser forte em meio a essa luta diaria. Um dia de cada vez é o que os dependentes dizem sempre que mais um dia acaba e assim vão somando seus dias. Não há motivos pra eu contar. Eu, particularmente, acho perda de tempo. Os dias que eu não estou extasiada pela dor ao ponto de não me levantar ou os dias que simplesmente sigo minha vida, não são como fases de uma corrida. De uma maratona rumo ao pódio. Não há premio no final da jornada.

Os dias melhores so sao menos debilitantes e ponto.

Não há vitoria ou gloria nisso.

Eu luto todos os dias. Mas, ate mesmo o que me dá prazer, tem me feito sentir culpa. E as minhas motivaçoes, quando paro para pensar ainda soam futéis e vazias para mim. Não sou futil e vazia, mas muito provavelmente minha vida inteira tem sido. Despropositada. Sem retorno.

Ás vezes eu me iludo. De vez em quando acho que encontrei um motivo. É passageiro. É um anestesico que minha mente cria para blindar o resto de sanidade que ainda me resta. Tão logo quanto vem o proposito, se decipa como a brisa de outono. Não dura nem é para durar. Eu sou uma prisioneira, e, como tal, não tenho direito de ser feliz.

A esperança a muito me foi tirada. Eu me adaptei e tentei tornar menos pior. Consegui na medida do possivel me sentir mais confortavel na situaçao que eu vivia. Apreciar a pouca liberdade que eu posso desfrutar.

Não é fácil. Por isso, a medida que os momentos bons vêm, eu os mando embora. Se eles persistirem terei que com que comparar, o que so tornaria a situaçao mais dificil.

Sinto falta dos meus pais. As pessoas que eu achavam que eram. Sinto falta dos meus amigos mesmo eles estando tão perto. A distancia que eu venho criado se tornou intransponivel e eu tenho absoluta consciencia disso. Sinto falta ate mesmo de achar que eu me conhecia.

Ultrapassei tantos limites meus que obviamente não me conhecia realmente. Ou.. simplesmente ignorei.

Não importa mais. Aquela pessoa não existe mais. A que veio apos ela tambem não e ate mesmo a de amanhã, no findar do dia, não terá existido.

É o prazo de validade da máscara. É prazo de validade que dou a cada nova mentira que conto. Me tornei boa nelas. Melhorei bastante em me fazer confiante com elas.

É diferente, contudo, quando tenho que dormir. Não que eu consiga realmente, mas, não reclamo. Algum dia, eu pararei de procurar subterfugios seja para me manter acordada seja para me dopar e dormir por cansaço.

Promessa vazia, mas que não me importo em revalidar por mais algumas horas.

— Senhora?

Eu já havia dito que não queria ser incomodada enquanto tirava o dia de folga. Mesmo eu sabia que ficar naquela comiseraçao por mais alguns instantes iria me fazer mal.

— Algum recado importante, Tynn?

A serva assentiu e me contou. Havia fogo no setor norte

— Reforços e a cabeça do prisioneiro. Chame o Tenente, assim que ele resolver essa bagunça, reveremos a segurança de todo forte.

— Seu marido ja esta com ele.

Eu assenti. Obviamente que ele estava. O segundo erro em 5 meses. Acompanharia pessoalmente qualquer movimento. Como se já não houvessem outros problemas.

— Pode ir.

A mulher não esperou uma segunda deixa.

Desde que haviam dividido o mundo em dois lados, viviam em constante impasse. O fato do prisioneiro mais importante do reino ter fugido agravou ainda mais a situação. O fato do rei não aceitar que deveriam expor o Conselho também não melhorava em nada.

Bastava um deslize e a mídia explodiria tudo. Um pequeno descuido. Mas, eu também ponderava em cima dos argumentos dele. Muito de nossos pontos fracos também estavam nas mãos dos inimigos. E como vento que venta lá venta cá, tinham que ser cuidadosos.

Não que particularmente se importasse. Ás vezes me pegava pensando se não seria melhor que toda verdade viesse a tona. Porém, tinha muito em jogo. Seu filho estava. Sai a toda velocidade para fora do escritorio. Tinha que mudar de lugar algumas coisas valiosas. A cada ataque essa era a instruçao.

Foi entao que, no meio do caminho o viu. Era claro que pessoalmente estaria lá ainda com risco de ser uma das baixas.

— Não vai conseguir salvá-lo sendo um capacho deles. Já avisei que sua melhor opção é conosco.

— Vocês são os vilôes.

— Deveria saber que todos somos. Inclusive você.

Era a verdade.

— Você pode vir comigo, Rose.

— Você sabe que essa não é uma escolha para mim. Não é uma decisão que eu tomaria.

Irritava perceber que ele ainda me tinha como a garota que precisava ser salva. De si, do mundo ruim, de seu dia a dia na loja de departamentos. Tinha sim muitos fantasmas e tristeza, mas, eu havia aprendido a lidar com as consequências. Pelo menos mascara-las com a indiferença necessária ao ponto de que não me atordoassem demais.

Eu não tinha tempo para aquela conversa nem meios de impedi-lo de passar. Optei por continuar meu caminho em toda aquela explosão.

Era o grupo dele e ele não me machucaria. Meus guardas em relação ao pequeno grupo dele não podia dizer o mesmo. Ele não usava mascara. Não atirariam nele.

Abri o cofre rapidamente e peguei o que queria. Com a escolta de outros dos meus alterei o lugar com sucesso. Menos esse dilema.

*

— Farei isso, majestade. Com sua licença, rainha.

O tenente saiu decidido a cumprir as determinações. Todos naquela sala estavam frustrados. Irritados além do saudavel mesmo em uma guerra civil. Tinham confiança em seu plano que não fora prejudicado de todo com o atentado.

— Por quê?

Eu sabia ao que ele se referia. Revirei oa olhos. Ele que tanto o conhecia estava confuso em um assunto tao banal.

— Ciúme, medo pela criança, sabe que pode levar um homem a cometer atitudes impensadas.

Ele tinha consciencia. Não deixava mais digerivel.

— Vou aumentar sua guarda.

— Não irá fazer coisa alguma.

— Se ele foi capaz de se aproximar de você, outro poderia.

— Estaria morto antes que tentasse.

Precisava fazer com que entendesse. Mas antes de seus labios se abrirem recebeu um novo recado que os fez estremecer. Um video de seu filho enaltecendo o conselho. Precisavam agir antes que nao houvesse mais saida.


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