Tudo está mudando... escrita por Gaby Mendes


Capítulo 5
Capitulo 5 - Luto


Notas iniciais do capítulo

Mais um, por que quero ir logo para a parte legal.



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Acordo com o barulho da porta sendo destrancada.

— Fique de pé.

Eu não me movo.

— Fique de pé, o rei solicita a sua presença.

Os dois ciborgs olham entre si.

— Não nos obrigue a usar a força.

— Ou a eletricidade de suas correntes. - O outro completa.

Eu enfim, me levanto. Estava na hora de conseguir algumas respostas. Ou ao menos, tentar.

*

— Doutor! Achei que fosse apresentar alguma resistência.

— Eu já aprendi as regras desse lugar.

Ele sorri. - Sua pele fica feliz com isso.

— Rose...

— Você não consegue se desligar nenhum minuto dessa garota? Pensei que quando se terminasse um relacionamento se quisesse distancia dos "ex". - Sua voz silva na ultima palavra.

Eu olho com desdém para ele.

Como se um homem como o mestre fosse entender alguma coisa. Como se um homem como ele, se importasse com isso.

— Mas, antes que comece a esperniar no meu tapete, eu digo. - Ele olha para o ciborg que me trouxe e ele coloca algo num tipo de projetor. - Sua adorável Rose Tyler está morta.

Por um instante, acho que escutei errado.

No momento seguinte, imagens de uma cama e de Rose caída ao lado dela aparecem no ar.

— Você não pode tê-la matado! - A fúria mal contida começa a queimar em minha garganta.

— É bem visivel as posições nesta sala, Doutor. E obviamente, eu não sou quem está acorrentado.

— Você disse que ela estava segura!

— E ela está! - Sua voz parece aborrecida. - Ela é boa, deve estar num lugar melhor, não é o que dizem?

— Cale a boca!

— Ora Doutor! Eu lhe fiz um favor, você não queria aquele filho mesmo! – Ele vem até mim – Pense na vergonha que seria para nossos amigos de Gallifrey quando soubessem.

Meu filho. Só então havia pensado nele. Ele também estava morto.

CÉUS! Eu poderia matar o mestre, agora mesmo!

No entanto, eu sei que ele está certo. A fúria dá lugar ao luto, a repulsa por estar impotente diante dessa situação.

— Eu poderia deixar que você os visse. No entanto, eu sou o seu inimigo. E isso, não seria coisa típica de mim.

— Você é um monstro. – Respondo com a voz corroída por um sentimento que pensei nunca mais ser capaz de sentir. Não depois dela.

— Você ficaria feliz se eu fosse só isso.

*

Era impossível conseguir manter-se imóvel, meus pés andavam de um lado pro outro na cela.

Entretanto, minha mente ainda estava petrificada na cena anterior. Nas imagens de Rose caída, inerte. Sua respiração interrompida.

Eu ainda tinha sido um cretino. Eu ainda a amava. Eu ainda precisava resolver as coisas. Eu tinha um filho com ela.

Meu filho. Mais um que morreu.

Por mais que eu não quisesse admitir. Por mais que meu instinto de sobrevivência estivesse inteiro dentro de mim, eu não poderia deixar de pensar que seria muito melhor se o mestre me matasse agora.

Por que eu só trago destruição, e talvez eu seja o monstro, afinal.

*
LUTO - o tempo necessário para a mente entender o sentimento de perda que o coração já sente. Partiu para não mais voltar, e meu coração se partiu para não mais se recompor. Saudades de quem a morte levou para sempre.
Eu sempre soube todos os significados dessa palavra.

Seja em latim, alemão, gallifreyano, hakuenio. Em todo universo, existe algo para representar a dor da perda.

As cores também acompanham os diversos tipos de rituais fúnebres. As cores fazem parte da tristeza.

Vermelho, para o sangue derramado.

Branco, para que a paz alcance aqueles que não mais irão voltar.
Azul, para que a alma brilhe intensamente no universo.

No entanto, por mais que se morram mil entes queridos, cada luto é diferente. Cada ritual é novo. Cada vez é uma dor forte e avassaladora abrindo, rasgando, retrocedendo e voltando, em todos.

Você leva a destruição por onde passa.

Sim, eles estão certos.

Você não se importa.

Não, eles estão errados. Pois, a cada vez, que alguém morre em meu nome, sou eu que sou destruído novamente.

Os muros não mais resistem, e não vou reconstruí-los.

Não, depois de hoje.

— Seu luto é tocante, Doutor. Pensei que fosse ser mais furioso, mas não. Só fica aí parado.

— Você não sente a perda de ninguém, não é?

A voz dele parece sumir do outro lado.

— Você sabe que sinto. E também tem consciência que foi você o responsável.

— Eu não larguei todos para trás. Eu tentei voltar.

— Não me julgue, Doutor. Você é único que não pode fazer isso.

Eu silencio.

Nisso ele tem razão, não se pode jogar pedra no telhado dos vizinhos se o seu próprio é de vidro.

— Eu não deveria, mas, vou deixa-lo sofrer por alguns dias.

— Muita bondade. – Eu reviro os olhos.

— Sim. Esteja preparado, tenho uma surpresa para nosso próximo encontro.

Eu me encolhi. Ele poderia mostrar o que fosse, nada mais me surpreenderia.


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Notas finais do capítulo

Sejam uhul.



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