Tudo está mudando... escrita por Gaby Mendes


Capítulo 1
Capítulo 1 - Quando tudo é confuso e certo


Notas iniciais do capítulo

Bem, a história começa para valer em Julho/2016 mas, como havia dito, o primeiro capítulo sai antes, como pré-estreia, da Parte II de TUDO PODE MUDAR. Espero que gostem e comentem, incluindo, os novos leitores que espero também conquistar.

Kisses Sweeties



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Estou sentindo sentimentos que nunca pensei ser capaz de sentir. Estou sendo cobrada a ser alguém que nunca pensei que seria ou que voltaria a ser. Estou tendo que ter a força de todos os povos que foram, e que estão sendo escravizados, nesse momento, galáxia a fora. Estou sendo impedida de chorar.

O motivo? Tudo por que eu sou a “Salvadora de Meninos Perdidos”.

Sempre achei que o destino era cruel, mas, nunca pensei que pudesse se divertir tanto com a vida de alguém. Por que isso é o que ele vem fazendo comigo desde o principio. Eu só estou tão cansada.

Agora, nesse misero instante em que meus átomos estão em movimento, se agitando para lá e para cá, eu tenho que ser tantas coisas. Tenho que ser aquela que nada sente e tudo presencia, tenho que ser onisciente e onipresente. Tenho que ser alguém que aprendi a ser, querendo ou não.

Eu só queria poder ir embora. Eu só queria não estar tão envolvida em toda essa sujeira, que a cada vez que recuo, só se eleva e me engole cada vez mais. Só queria não estar sendo digerida viva por tudo aquilo que nunca quis fazer, mas que, de uma forma sombria, senti prazer ao fazê-lo.

Queria poder nunca ter aprendido a me perdoar, me tornando um monstro, que agora, parece tão pequeno perto de tudo o que eu sou/fui/poderei ser. Aliás, de tudo que aconteceu, vendo da maneira certa – ou errada – me tornou uma pessoa, no mínimo, diferente do que eu já fui.

Assim sendo, observando friamente minha alma definhar em seus princípios moralistas, vi que fui uma idiota. Uma pateta alegre que corria em meio a grama sintética e sentia-se feliz por ser exposta a oxigênio e detritos industriais, apenas, pelo simples fato, de ter o homem que achava que amava.

A verdade é que agora, que já fui consumida pela verdade do que alguém nas mãos erradas, e no caminho errado, poderia ter se tornado, é que vejo o quão perigoso estavam sendo meus caminhos. É que observo que a linha tênue entre bem e mal que eu havia traçado no primeiro dia, estava a um milésimo de segundo de romper e, infelizmente, ela rompeu antes que eu percebesse ou me importasse.

A verdade nua e crua, é que tudo isso sempre foi sobre mim e minhas decisões. Eu sempre fui a protagonista, apenas, nunca percebi. Não percebi por que estava envolvida demais em todo o nevoeiro de felicidade momentânea que me circundava.

A verdade é que eu sempre fui uma viciada. Uma viciada em ilusões, uma dependente de mentiras, uma usuária de anestésicos para a realidade. Eu, somente, nunca percebi.

Ilusões são tão fáceis de criar e de se acreditar, que se não tiver cuidado, elas acabam enganando até a pessoa que as criou. E bem, eu sempre fui muito boa em mentir – para mim mesma - e principalmente em acreditar.

Mas, acredite, eu aprendi da pior maneira, que mentir, não é a solução. É outro vício que terei que aprender a sobreviver sem.

O mal também não é tão ruim quanto parece. Ele, ao menos, é verdadeiro e gélido. Ele, ao menos, mata sua alma, deliciosamente, mais devagar. Ele, ao menos, te seduz e te oprime, de uma maneira tão inebriante, que te faz perder a essência. Que te faz torna-lo sua essência.

Sua fragrância é doce. Seu gosto amargo. Suas consequências devastadoras. E, ainda assim, você se pergunta: “O que eu tenho a perder?”

Nada. Nada que importe mais que a adrenalina, a escuridão ou a vontade de nunca parar.

Você nunca acha que é suscetível ao mal, até o momento em que conhece o demônio. Você nunca acha que é capaz de matar, até que saiba que aquilo é bom e merecido, mesmo que não seja.

Por que quanto você vê as coisas por outro ângulo, deixando de lado toda a questão do quanto aquilo é errado e todas as baboseiras que você está acostumada a pensar, você vê que nenhuma morte é em vão, e que se você pensar, – do jeito não tão certo assim – você fez um favor aquela criatura mundana.

Dizem e vão continuar dizendo que não te sobra nada quando você volta do Inferno. Pobres almas, eles nunca conheceram o inferno, como eu fiz. E sim, te sobra uma coisa. A certeza, que a menos que você enlouqueça em sua estadia, é um lugar que você jamais quer retornar, mas que, você sentirá saudades.

E eu estou tão perdida. Perdidamente e satiricamente confusa que não posso deixar de rir. Não posso deixar de rir, por que agora, que nada resta, eu não tenho mais ao que me apegar, por tanto, perdi meu norte, e seja qual for minha decisão, ela sempre será a errada.

Porém, nesse instante, isso é o que menos importa.

Eu tenho uma preocupação maior.

Eu tenho essa maldita criança em mim, e eu não vou arrancá-la de meu ventre ou de meu coração, mesmo sendo o certo a se fazer, já que ela sempre me levará aos momentos que não voltaram mais.

Em meu corpo, eu sinto as marcas e as cicatrizes aumentando a cada vez que essa coisa cresce em mim, e eu não vou destroça-la, por que quero me lembrar. Eu quero não esquecer, e quero saber aquilo que já fui. Eu não quero acabar com a única que me liga a ele, por que nada mais restou.

O carrasco também não deixaria. O carrasco também não quer que eu faça isso, talvez, como mais uma punição ou para que posso atingir aquele que deve ser atingido.

O carrasco, não se chama carrasco. Na verdade, nem eu quero saber qual era seu nome verdadeiro. Na verdade, nem eu queria me lembrar de qual é meu nome.

Nomes têm significados e não deixam de ser esperança. Eu não tenho mais isso. Eles também não.

E o nome dele, mesmo tendo vários significados, sempre terá aquele que é o mais especial para mim, por que também, me resumirá até o fim, seja ele qual for. Ele sempre será minha pedra fria e brilhante.

Mas, isso não me impede de odiar aquilo que ainda é inominável. Aquilo que ainda está dentro de mim e que me faz ter repulsa de mim mesma.

O amor só traz destruição, é isso que eu aprendi.

Elizabeth sabia disso, tanto, que desistiu de ser mulher. Preferiu ser uma caricatura de si mesma. Uma boneca de porcelana sem sentimentos. Talvez fosse mais fácil do que ser isso que eu sou agora.

Eu já tenho minha decisão formada, infelizmente e apesar de tudo isso, apesar, de contrariar a mim mesma, eu já posso dizer.

O Decisum já pode chegar, por que nele, talvez eu possa ser livre do que eu sou.

Quem sabe eu terei sorte? Quem sabe não terei?

O tempo corre, a areia na ampulheta está acabando e em breve será somente eu e minha decisão final, seja ela qual for, seja aquela que se considere certa ou não, ela é minha e não é apenas a mim que importa.


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Notas finais do capítulo

Espero que sirva, ao menos, para atiçar a curiosidade de vocês. Vejo todos em Julho.



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