I'll be waiting by the bleachers escrita por GabanaF


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente, tudo bom? Espero que estejam bem. Essa fic eu ando escrevendo desde antes da Lexa morrer (sim, faz muito tempo) e como já estou terminando ela, resolvi postar a primeira parte para que eu posso continuá-la haha

Tentei adaptar da melhor forma que pude o universo de The 100 para esse mundo futebolístico que criei e espero que vocês curtam esse capítulo!



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— Não.

Lexa franziu o cenho.

— Como assim, não?

— Não — repetiu Clarke, dessa vez com mais intensidade. — Você não vai continuar no futebol para jogar contra a Nação do Gelo!

Lexa soltou um suspiro e desviou o olhar da expressão irritadiça de Clarke. Lexa era capitã do time de futebol da Trikru High desde o seu segundo ano na escola. Ela era o orgulho do colégio e tinha sido eleita a melhor jogadora do estado nos últimos dois anos, mesmo que o time de Trikru tivesse perdido as duas últimas finais do campeonato.

Clarke era muito protetora quando o assunto era sua namorada. Ela torcia por Lexa em todos os jogos, fizera o design da camiseta e escudo do time, mas, na realidade, ela temia que algo acontecesse com Lexa em campo. Lexa já voltara de jogos ralada, severamente machucada, com torções no joelho, um braço quebrado e, a mais recente, um nariz sangrando — que ela se recusara a limpar enquanto a partida não terminasse.

Lexa podia não ter medo de defender sua escola com unhas e dentes, mas Clarke tinha medo por ela.

Lexa se sentiu na responsabilidade de contar a Clarke que continuaria mais um ano no time. Ela já esperava tal reação da namorada, embora quisesse que Clarke fosse mais receptiva. Estavam no último ano do colegial e Lexa esperava garantir sua bolsa para uma boa faculdade com os resultados do novo time.

— Clarke, preciso disso — retrucou Lexa, calmamente. — Como você acha que vou arranjar uma bolsa para entrar na St. John’s? Além disso, podemos ter um time forte esse ano. Não vamos competir só contra garotos. Você mesma não disse que Arkadia estava com um time misto também?

Relutantemente, Clarke assentiu. Elas estudavam em escolas diferentes que tinham um histórico de disputas. Como Clarke não era muito interessada nos times de sua escola, ninguém se preocupava se ela estaria passando informações ou não para Lexa. Ser filha da vice-diretora também podia ajudar nesse caso. Com o passar do ano anterior, os amigos de Clarke começaram a gostar da companhia de Lexa e a rixa entre as escolas estava diminuindo.

— Sim, Bellamy e Octavia são co-capitães, mas isso não interessa agora! — reclamou Clarke, apontando dramaticamente o dedo para Lexa. — Da última vez que você jogou contra a Nação do Gelo, você quase foi levada para o hospital. Não quero que isso aconteça novamente.

O time de Azgeda High, conhecida por ser uma das escolas mais rígidas e cruéis do estado, também era brutal como a educação que eles tiveram. O capitão era Roan, um garoto musculoso de 1,90m que parecia comer criancinhas do jardim de infância no café da manhã. Todos os seus companheiros eram tão brutamontes quanto seu líder, e Lexa tinha a estranha impressão que ninguém os passava de ano para que eles pudessem ter a liberdade de ganhar o campeonato estadual nos últimos sete anos.

Havia três anos que Lexa entrara no time de futebol da Trikru e havia três anos que ela tentava derrotar Azgeda High e tirá-la de seu posto. Falhara nas três vezes, mas a mais humilhante delas certamente fora no ano anterior, quando duas de suas jogadoras foram expulsas por tentar entrar na violência do jogo da Nação do Gelo e Lexa levara uma cotovelada que quase partira seu nariz ao meio.

No entanto, esse ano talvez ela tivesse a chance de levar o campeonato para casa. Parecia que os gigantes e ignorantes alunos haviam finalmente se formado por conta de uma ordem judicial e o time da Nação do Gelo estaria em desfalque. Roan fora um dos únicos que sobrara e ele teria que assistir Lexa ganhar seu último campeonato do ensino médio.

— Prometo que não vou me machucar durante a temporada inteira. — Lexa ergueu a mão direita e piscou para Clarke. — E se por acaso eu me machucar, você tem todo o direito de terminar o serviço.

Clarke sorriu e puxou Lexa para um beijo demorado.

 

***

 

Clarke iria matar Lexa assim que o primeiro tempo terminasse.

A primeira partida do campeonato era contra os Reapers, que pareciam ter sido produzidos da mesma fábrica de brutamontes da Azgeda High. Clarke tinha dificuldades de diferenciar os garotos das garotas do time. Trikru ganhava de 2x0 ainda no primeiro tempo, e a cada minuto que passava os Reapers criavam mais jogadas violentas que o juiz ignorava cegamente.

Clarke estava à caráter: usava a camiseta do time de Lexa e um dedão de espuma com o número da camiseta de sua namorada. Seu rosto estava parcialmente pintado de verde, cor oficial do time, e a bochecha livre estava escrito o nome de Lexa com um #1 do lado. Octavia e Raven estavam ao seu lado, mais para observar as estratégias de cada time do que torcer para o Trikru.

Lexa prometera que não partiria para métodos mais violentos no jogo, mas aos trinta minutos do primeiro tempo, ela deu um carrinho em um jogador dos Reapers que Clarke chegou a sentir um pouco de pena. Lexa recebeu um cartão amarelo pela violência gratuita, o que causou tumulto dentro e fora do campo.

Um jogador dos Reapers cobrou a falta e o jogo seguiu sem muitos estragos até os 45, quando Aden, um calouro magrelo da Trikru High, foi empurrado por um dos Reapers no meio do campo sem nenhum motivo aparente. Lexa, que estava perto de marcar o seu primeiro gol da partida, abandonou a jogada e marchou em direção a Aden, caído no chão e com a mão do ombro. Clarke não podia ver sua expressão, mas suspeitava que ele estava com uma dor terrível.

— Isso é covardia — reclamou Raven. Ela estava de pé e xingava o juiz e todos os jogadores dos Reapers. — O jogo deles não costumava ser sujo assim, ou era?

— Raven, eles foram expulsos da liga por dois anos por causa da violência — disse Octavia em um tom óbvio. Ela soltou um suspiro de ódio. — Lincoln jogou com eles durante a adolescência. Até hoje tem problemas com os anabolizantes que usavam.

Lexa agora apontava o dedo para o juiz e Clarke via a raiva no seu olhar. Aden era seu protegido desde o primeiro dia do semestre. Clarke nunca vira Lexa se interessar por um calouro antes, por isso imaginara que Aden deveria ser muito bom no esporte para que ela começasse a gostar dele.

Três jogadores dos Reapers se juntaram contra Lexa e ficaram de maneira defensiva perto do juiz. Ao ver a namorada não se intimidar pelos brutamontes e continuar gritando afrontas para o juiz, Clarke sentiu medo. Pelo jeito que os jogadores se postavam, pareciam prontos para atacar Lexa a qualquer instante e não se importavam que ela era apenas uma garota contra todos eles.

— Eles vão matá-la — Clarke sussurrou para suas amigas.

Raven revirou os olhos.

— Não seja tão dramática, Clarke — ela falou, mas seu olhar também era de preocupação.

O jogo estava parado havia quase cinco minutos. Clarke duvidava que o juiz daria algum tempo extra depois daquela confusão. De fato, ela sequer sabia se haveria um segundo tempo. Eles poderiam cancelar o jogo e tentar em outro dia? Ela não fazia ideia.

Por fim, Aden foi levado, com ajuda de outro jogador do Trikru, para fora do campo e rapidamente substituído. Lexa ainda borbulhava de raiva quando o jogo recomeçou com três minutos de acréscimo. Os Reapers jogaram com calma e deixaram que o Trikru dominasse, assim como fora o primeiro tempo inteiro.

O apito do juiz soou e Lexa, que estava com a posse de bola, a pegou e jogou de má vontade para um jogador do outro time. Ela esperou que todos os seus companheiros de time fossem para o vestiário antes de entrar. Ao olhar pela multidão, seu olhar encontrou o de Clarke e ela sorriu. Lexa mandou um sinal de cabeça informando que estava tudo bem, embora Clarke duvidasse disso. Mesmo assim, ela retribuiu o sorriso da namorada.

— O que eu fiz para merecer isso? — Clarke se perguntou em voz alta. — Por que Deus não me mandou uma namorada que gostasse de xadrez ou algum esporte que não envolvesse tanto contato físico?

Octavia riu.

— Ânimo, Clarke. Trikru está ganhando de 2x0 e o juiz foi comprado pelo time adversário. Podia ser pior.

— É, os Reapers podem dar o resto do dinheiro para ele durante o intervalo e o juiz pode virar o jogo para eles em menos de 15 minutos dentro do segundo tempo — sugeriu Raven, o que fez o estômago de Clarke dar uma volta completa. Ao ver a expressão quase doentia da amiga, Raven se desculpou: — Olha, o time de Lexa é forte. Ela é a melhor jogadora do estado, Clarke. Trikru só precisa levar mais uns tapas e segurar o jogo. É simples.

— Sua definição de simples é bem diferente da minha — retrucou Clarke.

O segundo tempo começou com o gosto dos acréscimos do primeiro. Os Reapers não estavam tão violentos e até ganharam alguns passes e posse de bola com jogadas justas. Clarke achou aquele método de jogo estranho e que não cabia aos brutamontes, mas não questionou. Se Lexa não se enfiasse em outra briga que a expulsasse do jogo, estava tudo bem.

Gustus substituiu Aden no meio de campo e deu passes importantes para que Lexa tentasse a finalização, porém o goleiro dos Reapers estava mais atento e pegou todas as bolas. O gol dos Reapers veio aos 20 minutos, numa falta de fora da área que deixou todo mundo boquiaberto. Clarke imaginou que se a mão da goleira do Trikru estivesse na frente, faria um buraco em sua luva.

Clarke podia ver o nervosismo de Lexa mesmo de longe. No entanto, o time estava estabilizado e não se abalou diante da falta bem cobrada dos Reapers. O segundo gol deles, contudo, feito por um jogador que acabara de entrar em campo e costurara por entre os jogadores da defesa como se eles não fossem nada, deixou o Trikru inseguro de suas jogadas.

— Quem é ele? — indagou Clarke ao ver o novo jogador dos Reapers tentar fazer outro gol, mas parando na defesa do Trikru.

— Eu acho que é ela — respondeu Octavia, apontando para o cabelo longo do jogador. A garota olhou de maneira assassina a arquibancada. Clarke engoliu em seco. — Vamos ter problemas com ela no futuro também, sinto isso.

Passava dos 40 minutos e Clarke já tinha roído uma mão inteira de unhas e seu cabelo estava bagunçado de tanto passar a mão nele e puxá-lo ao ver Lexa se aproximando do goleiro adversário mas ser parada por algum jogador. O jogo estava 3x3, após os Reapers virarem e Gustus marcara o gol de empate um minuto depois. Agora, a corrida era para que Trikru conseguisse vencer a partida.

Os últimos cinco minutos passaram rapidamente com as três finalizações fracassadas de Lexa ao quarto gol. O juiz deu mais dois minutos de acréscimos. Clarke já estava de pé e gritava em apoio à namorada, balançando seu dedão de espuma sem se preocupar se estava incomodando os outros ao seu redor.

Aos 46 minutos, Gustus chamou a atenção da defesa dos Reapers e passou a bola para uma Lexa livre de marcação. Clarke prendeu a respiração quando sua namorada ficou frente a frente com o goleiro dos Reapers e chutou em direção ao gol. Os segundos passaram devagar e ela viu a bola fazer sua trajetória completa até bater na rede.

Como se fossem um só, a arquibancada explodiu em vivas. Clarke abraçou Raven contra sua vontade e gritou junto com Octavia. Lexa saiu comemorando no campo e sorriu de novo para Clarke antes de ser englobada pelo seu time num abraço de grupo.

O juiz reiniciou a partida e só um toque na bola dos Reapers foi o bastante para que o jogo acabasse e todo mundo comemorasse ainda mais. Clarke estava louca para pular o cercado que separava o campo da arquibancada para poder beijar sua namorada, mas sabia que a Reaper High tinha um número alto de pais preconceituosos, e a capitã do time adversário beijando uma garota em campo seria uma afronta e tanto.

— Bom, eu acho que podemos confirmar a festa para mais tarde, certo? — Raven perguntou, sacando seu celular e começando a enviar mensagens.

— O que?

— Trikru ganhou, Lexa é a heroína da vez, seria bobagem não dar uma festa hoje — respondeu Raven como se falasse o óbvio. — Além disso, é o primeiro jogo da temporada. Merece uma festa.

— Você joga para a Arkadia, o que quer fazer em uma festa do time dela? — indagou Clarke, sinceramente curiosa.

— Clarke, é uma festa. Ninguém se importa que time estamos ou não. E eu sou amiga da namorada da capitã do time, acho que mereço um convite.

— Ai, Deus. — Clarke ouviu Octavia murmurar ao seu lado.

— Ok, você confirme a festa com sua namorada e nós avisamos para todo mundo. — Raven se levantou e Octavia a acompanhou. — Pensando bem, nada de Reapers ou Azgeda na festa. Nos vemos à noite!

Clarke voltou a se sentar, confusa. Qual seria a reação de Lexa ao contar para ela que Raven decidira dar uma festa em comemoração à vitória Trikru no primeiro jogo da temporada? Esperava que os pais de Lexa estivessem viajando, senão o plano de Raven iria por água abaixo. A garota soltou um suspiro e enviou uma mensagem para a namorada. Às vezes, Raven Reyes podia ser insuportável.

 

***

 

— Ei, pombinhos! — exclamou Octavia ligeiramente bêbada. A garota entrara sem bater na porta. Lexa, por baixo de Clarke, abriu os olhos e tentou manter seu olhar o menos assassino possível.

A festa de Raven era basicamente entre os times de futebol de Arkadia e Trikru. No fim do dia, o casal formado por Clarke e Lexa era o que unia as duas escolas e eles eram os únicos a celebrar a vitória um do outro — exceto, é claro, quando a partida era entre eles. De qualquer forma, a casa de Lexa estava lotada e ela não tivera um minuto de paz até que Clarke a puxara para um canto e as duas pararam na cama de Lexa para a merecida sessão de amassos que Lexa desejava desde que ganhara a partida contra os Reapers.

— Eu falei para trancar a porta — sibilou Clarke, saindo de cima de Lexa e abrindo um sorriso forçado para Octavia. — O que foi?

— Aden está meio... — Octavia parecia procurar as palavras na sua mente — chapado. Mas ele está arrasando no Guitar Hero.

Lexa passou a mão pelo cabelo bagunçado e suspirou. Maconha na festa só poderia ser coisa de John Murphy. Lexa não o detestava, porém desprezava suas atitudes. Deveria tê-lo expulso de sua casa quando ele levou uma bebida barata e todo o time da Trikru passou mal antes de um jogo importante. Na verdade, Lexa não tinha ideia porque Raven continuava convidando-o para eventos sociais dos times — ou porque ele ainda estava no time de Arkadia.

Clarke apertou sua mão carinhosamente. Lexa se levantou e seguiu Octavia até a sala, com Clarke em seu encalço. O som estava ligado no último volume e Aden estava com a guitarra, jogando com uma habilidade que Lexa duvidava que ele teria se estivesse sóbrio. O resto do time de Trikru observava o garoto de boca aberta. Lexa identificou Murphy rindo com Jasper do outro lado da sala e engoliu em seco, indo na direção dos três com ódio no olhar.

— O que você deu para ele?! — indagou Lexa, empurrando Murphy até que ele batesse na parede mais próxima e pressionando seu braço contra a garganta do garoto.

— Lexa... — Clarke chamou, tocando de leve em seu ombro. Lexa fingiu que não percebeu.

— Não sei do que está falando. — Murphy abriu um sorriso escárnio.

— Seu filho da... — Lexa não terminou o palavrão e empurrou seu braço com mais força contra a garganta de Murphy.

— Não foi nada, Lexa — Jasper interveio. — Ele só bebeu demais, só isso. Raven vasculhou os bolsos do Murphy antes de ele entrar.

Relutante, Lexa se desvencilhou de Murphy, mas ainda manteve um olhar desconfiado no garoto. Ela olhou para Clarke, que não parecia surpresa pela sua raiva. De fato, parecia entendê-la. Clarke sabia o tanto que ela gostava de Aden. Sabia que Lexa iria protegê-lo até de babacas como Murphy.

— Acho que eles deveriam ir embora — murmurou Clarke, apontando com o olhar a sala cheia dos jogadores rindo dos movimentos bêbados de Aden. — Já são quase quatro da manhã.

Lexa assentiu. Muito dos caras do time de futebol eram maiores que ela, mas eles entendiam que Lexa era a capitã e faziam como ela mandava. Lexa os obrigou a se levantarem do sofá e acharem o rumo de suas casas.

Clarke ajudou, chamando a atenção do time de Arkadia. Por algum motivo que Lexa não queria saber, Monty estava trancado no armário embaixo da pia da cozinha e chorou ao ver que estava livre. Raven dormia da maneira mais desconfortável possível abraçada a uma caixa de gelo. A garota estava próxima de uma hipotermia, mas Octavia garantiu que cuidaria dela.

Bellamy ajudou Lexa a tirar Aden do Guitar Hero e o colocar para dormir no quarto de hóspedes. O garoto estava cansado, mas suas mãos ainda brincavam mentalmente com o jogo. Lexa se despediu dos irmãos Blake e Lincoln, os últimos a saírem, e por fim olhou para Clarke, exausta. O dia estava amanhecendo. Sorte a sua que seus pais não chegariam dali dois dias.

— Quando Arkadia ganhar sua primeira partida, a festa vai ser na casa da Raven — disse Lexa, caindo no sofá. Clarke já estava sentada nele e deixou que a namorada colocasse a cabeça no seu colo. — Quando que é a partida mesmo?

— Semana que vem — respondeu Clarke. — Temos tempo até lá.

— Tempo para dormir — comentou Lexa, sonolenta.

— Bom... — começou Clarke, fitando Lexa e mordendo o lábio — Aden está dormindo... Todo mundo já foi... E acho que você está me devendo uns amassos que Octavia infelizmente nos interrompeu.

Lexa se sentou no sofá, não quebrando contato visual com Clarke. Estava cansada, sim, mas nenhum cansaço era suficiente para impedir que ela amasse sua namorada. Lexa se aproximou de Clarke e passou a mão pelo seu rosto de maneira lenta. Clarke fechou os olhos e colocou sua mão em cima da de Lexa e inspirou profundamente.

— Às vezes, não consigo acreditar que eu realmente sou sua namorada — Lexa falou baixinho, beijando as bochechas de Clarke e depois colou seus lábios nos dela lentamente.

— Depois que você me usou para pegar informações do time da Arkadia e me deixou plantada no baile, também acho inacreditável — respondeu Clarke em um tom humorado e ressentido.

Lexa revirou os olhos e deixou que sua mão caísse no colo de Clarke.

— Isso foi há dois anos, Clarke.

— Ás vezes, ainda dói — disse Clarke, fingindo limpar uma lágrima. Lexa estava pronta para bater na namorada se fosse preciso. — Mas sua redenção valeu a pena.

— Um ano de namoro praticamente e só minha “redenção valeu a pena”? — indagou Lexa, beirando à indignação. — Realmente, não acredito que namoro você.

— Tem os beijos também... — sussurrou Clarke, apertando o corpo de Lexa mais próximo do seu e deixando suas bocas a centímetros uma da outra. — E as outras coisas...

Lexa conhecia e era apaixonada por Clarke desde o segundo ano do colegial e ela ainda ficava impressionada com a beleza da garota. Ela ainda ficava sem ar quando Clarke falava daquela maneira. Ainda olhava para Clarke como se fosse a primeira vez que a via. Seus sentidos continuavam malucos perto de Clarke. Lexa sempre fora uma pessoa reservada, mas ao lado de Clarke, tudo isso sumia.

Clarke a beijou suavemente. Após quase um ano namorando Clarke, era de se esperar que Lexa não fosse sentir mais aquela sensação gostosa na barriga de estar beijando alguém que ela amava, mas não. Toda vez parecia a primeira. Ela sabia que Clarke sentia o mesmo e isso só lhe fazia mais feliz.

— Lexa? — Uma voz sonolenta chamou.

Clarke soltou um gemido de insatisfação. As duas olharam para o portal da sala e encontraram Aden, coçando os olhos. O garoto estava descabelado e suas roupas pareciam ter sido viradas ao avesso. Lexa sentiu vontade de rir mas Clarke a impediu com um soco de leve na barriga.

— Sim?

— A festa acabou? — Aden perguntou em tom inocente.

Dessa vez, nem Clarke conseguiu segurar a risada. Elas voltaram a sentar no sofá, de mãos dadas de maneira inconsciente. Se por um lado Lexa ria de Aden, ela estava chateada por ter sido mais uma vez interrompida quando estava com Clarke.

— Todo mundo já foi embora, Aden — explicou Lexa. — Já amanheceu. Só está aqui porque estava bêbado demais para voltar para casa. E porque sua mãe me mataria se soubesse que você está bêbado.

— Eu não estou... — Aden andou alguns passos e tropeçou no próprio pé. — Ok, entendi o que quis dizer.

— Pode voltar a dormir no quarto de hóspedes se quiser — ofereceu Clarke.

— É, valeu... — Aden soltou um suspiro. — Acho que nunca serei tão bom no Guitar Hero quanto eu fui enquanto estava bêbado.

Lexa abriu um sorriso. Aden acenou com a cabeça para as duas e disse que voltaria a dormir. Lexa prometeu que o levaria à sua casa a hora que quisesse. Ela e Clarke ficaram na mesma posição por alguns segundos até voltarem a se beijar.

 

***

 

A quarta partida do time da Arkadia era contra a Rock Line High, um time pouco conhecido de Clarke, que vinha de um empate e duas derrotas seguidas. Bellamy e Octavia estavam confiantes no time, mesmo com a derrota na última partida de virada. Arkadia estava em terceiro lugar no Grupo B do campeonato e dependiam desse jogo para se firmarem entre os quatro que iriam seguir para as oitavas-de-finais.

Trikru, por outro lado, estava invicto no campeonato e seguia seguro em primeiro lugar do Grupo A. Lexa era a heroína da escola e vários olheiros estavam indo aos seus jogos para oferecer uma bolsa de estudos se fosse jogar em nome da sua universidade. Assim como Octavia e Raven iam aos jogos de Lexa para que pudessem observá-la, Lexa sentava ao lado de Clarke naquela noite fria do início de novembro a fim de tomar algumas anotações dos times em campo.

— Eles estão em 4-4-2 — comentou Lexa, observando as posições do time de Arkadia. — Parecem que só jogam assim.

— Bellamy não gosta de mexer em time que está ganhando — disse Clarke. — Mesmo que eles tenham perdido o último jogo.

O treinador Kane estava assistindo o jogo do banco, em toda sua calma, e às vezes se levantava para gritar ordens para Raven, que hoje substituía Murphy no meio de campo. Mesmo de longe, Clarke podia perceber as narinas de Raven se inflando de fúria toda vez que Kane a mandava fazer algo.

— Esse ano podemos estar na final — disse Lexa de mansinho. — Digo, eu e Trikru contra Arkadia.

— É — respondeu Clarke, distraída com uma jogada de Octavia. Ela passou a bola alta para Bellamy, que chutou diretamente para o gol, porém o goleiro foi mais rápido. Bellamy jogou as mãos para o alto, desesperado; era a sua terceira bola defendida em 15 minutos de jogo. — Desculpe, o quê?

— Arkadia pode enfrentar Trikru na final do campeonato — repetiu Lexa.

— Ah. — Clarke não tinha parado para pensar nisso. Esportes não eram a sua praia, muito menos calcular que time enfrentaria o outro nas oitavas e semi. — Bom, suponho que terei que escolher, não é?

— Eu não estava falando dessa forma.

— Não posso aparecer na final com metade do rosto pintado de azul e outra pintada de verde.

Clarke fazia todas as pinturas dos jogos que ia. Hoje, estava com parte do rosto pintado de azul, e ajudara alguns de seus amigos a pintarem os seus rostos também. Ela desenhara um pôster de Bellamy e Octavia baseado em uma foto do anuário do ano anterior e escrevera “Nos lidere para a vitória!” em letras garrafais (Raven detestara).

Ela geralmente fazia qualquer arte que a escola precisara. Clarke era boa com desenhos e pinturas. Apenas ela sabia a maneira certa de despertar o espírito escolar em Arkadia com suas ilustrações. Abby já arranjara para ela alguns bicos em empresas de publicidade e Clarke esperava entrar para uma universidade que tivesse vários cursos de desenho e design para que pudesse se aprimorar.

— Talvez eu nem vá a uma suposta final entre vocês — murmurou Clarke, despretensiosa.

— Não falei assim — retrucou Lexa, magoada. — Eu ia querer você lá. Ainda que fosse torcer para Arkadia.

Clarke ponderou. Não era um dilema assim tão complicado. Se ela torcesse para Lexa, a escola inteira a olharia estranho no dia seguinte. No entanto, com os amigos que fizera durante o ano em Trikru por causa de Lexa, seria estranho não torcer para eles.

— A final é só em maio. — Ouviu-se um “ooh” em coro quando Bellamy perdeu mais uma chance de gol. — Podemos nos preocupar com isso lá.

Clarke e Lexa se levantaram ao mesmo tempo que a arquibancada quando Octavia pegou um contra-ataque e partiu para um frente a frente com o goleiro, ignorando os pedidos para que passasse a bola para Bellamy. Todos prenderam a respiração por um instante ao ver o chute de Octavia passar raspando pelas mãos do goleiro e entrar no cantinho da rede.

— ISSO! — exclamou Clarke, jogando os braços pra cima e abraçando Lexa. Octavia abraçou Raven enquanto Bellamy as encarava, a expressão indecifrável. Bellamy provavelmente estava frustrado pelas tentativas falhas de gol. Clarke se perguntou o que estaria acontecendo com ele.

O resto do primeiro tempo passou sem nenhum outro gol ou jogada mais marcante. Harper, a goleira de Arkadia, teve que lidar com alguns chutes, porém nada que fosse preocupante para a vitória do time. Clarke tinha confiança no time da sua escola e esperava que eles vencessem a partida e pulassem para a liderança do Grupo B.

Ao voltar para o segundo tempo, Raven usava a faixa de capitã junto com Octavia e Bellamy estava no banco. De longe, sua expressão não era a mais feliz. Quem o substituiria seria Monroe. Clarke anotou em sua mente para perguntar ao garoto o que estaria acontecendo. Bellamy focava nos jogos e nunca parecia se distrair durante as partidas.

— Monroe vai jogar em uma posição que não é a dela — disse Lexa. A garota tinha razão; pelo que Clarke sabia, Monroe jogava no meio de campo e não como atacante, que era o que aparentemente Kane estava planejando. — O esquema vai continuar, pelo menos. Octavia é uma boa atacante, mas não sei se ela conseguiria lidar com tudo sozinha.

Clarke assentiu. O jogo continuava morno tal qual no primeiro tempo. Ela comprou um pacote de amendoins de uma vendedora ambulante e dividiu com a namorada. Monroe e Raven compartilhavam passes incríveis que sempre faziam a plateia bater palmas, mas nenhuma finalização aconteceu nos primeiros vinte minutos.

Uma falta em Raven perto da grande área fez o time inteiro rugir de raiva e deixou Clarke preocupada. Raven nunca reclamava de dores e ela estava deitada no chão, se contorcendo com as mãos no joelho direito. Clarke olhou para Lexa, também aflita. Após alguns minutos, Raven conseguiu se levantar e mancou em direção ao banco, espalhando xingamentos para qualquer jogador da Rock Line que se aproximasse.

Monroe cobrou a falta e fez um lindo gol. A arquibancada encheu de vivas. O jogo recomeçou faltando dez minutos para o fim. Clarke olhou de soslaio para o banco, para ver como Raven estava, e a encontrou discutindo com Kane. Mais uma vez, ela se perguntou o que estava acontecendo no time.

— Você vai torcer para mim no domingo, não é? — indagou Lexa.

— É claro que vou — respondeu Clarke sem pensar.

— E você vai no jogo, não é? — Lexa insistiu. Harper defendeu uma bola aérea e logo a jogou para Monty, que a passou rapidamente para Monroe.

— Onde você está querendo chegar? — perguntou Clarke sem rodeios.

— Bom... — Lexa desviou o olhar de Clarke — no domingo jogaremos com a Nação do Gelo.

Ah, droga, pensou Clarke. Esquecera que o time de Lexa iria jogar contra Azgeda High. Todo o pesadelo da primeira partida do campeonato, quase um mês antes, voltou aos seus olhos. O time de Azgeda era pior que os Reapers, pois eles não eram apenas uma força bruta. Eles eram inteligentes e usavam da estratégia para derrotar os outros times.

Clarke suspirou. Ela evitou responder Lexa nos minutos finais de jogo. Não queria demonstrar preocupação, mas temia que sua reação já mostrasse isso. Ela gostava da sua namorada inteira. Gostava de Aden, que já estava em recuperação e provavelmente jogaria no domingo. Quando o apito final do juiz deu a vitória à Arkadia, Clarke se levantou como os outros da arquibancada e disse à Lexa:

— Só espero que vocês deem uma surra neles.

Lexa não pode deixar de sorrir.

 

***

 

— Tudo bem, galera. — Lexa chamou a atenção dos seus companheiros de time. — Hoje é o dia.

— A final vai ser o dia — retrucou Gustus. — Hoje é só o aperitivo.

— Talvez — disse Lexa de má vontade. — Mas hoje é o dia que enfrentamos quem ganhou o campeonato em cima do nosso time ano passado.

— E no ano anterior — completou alguém.

— E no ano antes desse — disse outro.

Lexa suspirou. Perdera por dois anos seguidos para o time de Azgeda e ela não tinha vontade de perder um terceiro. Seu time estava mais forte, mais diversificado e melhor do que nunca. Ela não perderia para Roan e seu time de brutamontes hoje.

— Estamos invictos e Azgeda vem de uma derrota vergonhosa — Lexa continuou seu discurso. Ela ouviu um “Como que alguém perde de 5x1 para o pior time da liga?” e risadas antes de prosseguir. — Somos melhores que eles. Roan não tem mais seus melhores jogadores. Muitos são calouros e sem prática. Nós vamos derrotá-los hoje.

Aden incentivou um grito de guerra e logo seus companheiros o acompanharam. Lexa sentiu orgulho do seu time. O treinador Titus, lá do fundo da sala de preparação, sorriu à ela. Ela sabia que iria fazer a coisa certa no campo.

Era domingo à noite e se por acaso ganhassem, Lexa daria outra festa em sua casa. Seus pais sempre viajavam e eles não se importavam com as festas — contanto que nada estivesse quebrado ou sujo quando chegassem. Ela passava pouco tempo com os pais, mas não se importava. Eles eram importantes no que faziam e Lexa queria ser tão importante quanto eles.

O time de Trikru foi ovacionado ao entrar no campo. Estavam jogando em casa, o que era uma vantagem. Azgeda High ficava na parte mais gelada do estado e durante novembro seria um horror jogar por lá. A escola recebera o apelido de Nação do Gelo por causa disso.

Lexa se preparava para dar o toque que iniciaria a partida quando percebeu Clarke na arquibancada, reconhecível de longe com sua cabeleira loira e face toda pintada de verde. Seu dedão de espuma com o símbolo da Trikru High balançava contra o vento frio. Lexa pessoalmente achava o artifício ridículo e desnecessário para uma partida de futebol, mas Clarke era uma pessoa difícil de se persuadir quando gostava de algo.

Ela acenou para a namorada e voltou a se concentrar no campo. Precisava de foco. Trikru ganharia aquela partida. Lexa fitou Gustus, com quem ela dividiria o primeiro passe, esperando pacientemente o apito do juiz. Era agora ou nunca.

O apito soou pelo campo todo e finalmente o jogo começou. Lexa passou a bola para Gustus que não perdeu tempo e já começou a armar o primeiro ataque de Trikru. Lexa o acompanhava de longe enquanto o atacante dividia a bola com Aden. O calouro pegou a bola com um toque e fez um chapéu no jogador do outro time que fez a plateia gritar “oooh” animada.

Mesmo com as investidas do Trikru, a primeira chance real de gol veio de Azgeda. Aden perdera a bola no meio de campo e Roan a pegou num movimento rápido, cruzando o campo até a área do Trikru em questão de segundos. Lexa, na área adversária, gritou para que seus defensores tentassem recuperar a bola, mas em vão. Roan era um ótimo atacante e jogador. Na pequena área, o garoto chutou a bola, livre de marcadores. A bola bateu na trave, e seu baque se pode ouvir por todo o campo. Por pouco a bola não atingiu os dedos do goleiro de Trikru.

Os poucos torcedores de Azgeda não ficaram tão entusiasmados. O goleiro cobrou o tiro de meta e o jogo seguiu sem maiores jogadas. Os marcadores não deixavam Lexa mover por muito tempo no campo, sempre arranjando um jeito de fazê-la perder a bola. Ela estava começando a ficar irritada com isso. Roan já tinha um histórico com ela; obviamente faria com que os novatos a conhecessem também.

O primeiro tempo acabou 0x0. Lexa estava frustrada por suas tentativas fracassadas de chegar na área do goleiro. Os gritos de Titus não a ajudavam. Seu técnico podia ser bem rigoroso quando queria. Bom, ela pensou, tentando não ser tão negativa, um empate era melhor que nada. Pelo menos Azgeda não ganharia pelo quarto ano seguido.

— Se não mudarmos nossa estratégia, eles vencerão fácil — começou Titus assim que todos os jogadores entraram no vestiário. Lexa nem tivera tempo para acenar à Clarke, na arquibancada. Sua namorada provavelmente saberia que o jogo não estava sendo um dos melhores. Pelo menos ela não se machucara. Ainda. — Roan nos conhece muito bem.

— Porque ele tem reprovado seu caminho até aqui desde que Lexa era uma caloura — respondeu Gustus amargamente.

— Porque ele é inteligente e sabe coisas sobre mim que nem eu sei — Lexa retrucou. Ela mordeu o lábio. Parecia que a derrota de Azgeda na partida anterior fora uma zebra muito grande. O time de Roan estava em perfeitas condições e, se Trikru não fizesse algo, perderiam também.

O resto do time ficou em silêncio. Ninguém parecia ter alguma ideia que os salvaria. Lexa olhou para Titus, mas o treinador também estava confuso. Ele comandava o time de futebol da Trikru High havia anos.

— Me coloquem no lugar da Lexa — disse Aden de repente.

— Aden, você já está no time principal — observou Lexa.

— Como atacante. — Aden revirou os olhos. — Eu já estou treinando para mudar de posição mesmo... Vai ser uma surpresa. E eles não me marcariam tanto.

Lexa franziu o cenho. A ideia de Aden não era das piores. Ela nunca fora fã de jogar no meio de campo, mas imaginou que poderia fazer um esforço. A garota olhou para Titus, à procura de aprovação, e o treinador assentiu com a cabeça.

— Ok, faremos isso — falou Lexa. Um apito soou, avisando que deveriam voltar ao campo. Todo mundo se levantou e a cumprimentou na hora de sair.

Na porta do vestiário, Lexa deu de cara com Clarke e seu dedão de espuma.

— Oi — disse Clarke com um sorriso bobo. — Só vim desejar boa sorte. E... — ela se inclinou e beijou de leve os lábios de Lexa — isso.

— Bom argumento — falou Lexa, rindo. Outro apito se fez ouvir. — Ok, eu tenho que ir. Nem está sendo tão ruim quanto você imaginou, não é?

— Só se você perder! — exclamou Clarke enquanto Lexa corria de volta ao campo.

Azgeda tinha a posse de bola agora. Roan lançou um olhar de dúvida para Lexa quando a viu se posicionar mais perto da defesa. Ele não reparou em Aden, e Lexa duvidou que seus marcadores fariam diferente. A garota dava pulinhos no mesmo lugar. O apito do juiz soou mais uma vez e Roan deu o passe que iniciaria o segundo tempo do jogo.

Roan avançou junto com o colega de campo, mas a defesa de Trikru estava preparada. Lexa ficou no meio do campo e esperou um contra-ataque do seu time, e não se decepcionou. Uma bola aérea bateu em seu ombro com força, mas ela se ajeitou e logo partiu para um ataque.

Como esperado, praticamente toda a defesa do time de Roan chegou com força, acompanhando a garota ferozmente. Aden estava livre, mas Lexa não tinha jeito de passar a bola para ele sem que acontecesse uma falta. Ela parou perto da grande área e olhou para o calouro. Os olhos dele estavam determinados.

Rodeada por três zagueiros de Azgeda, Lexa os driblou e lançou a bola para Aden em um passe curto. O garoto mal conseguia acreditar no que vira e ela ouviu a arquibancada gritar com os dribles. Tentando não sorrir, Lexa acompanhou seu calouro ao ataque e pulou quando Aden chutou a bola com força e ela parou no fundo da rede do goleiro de Azgeda.

1x0. Lexa tentou não se animar com isso. Um gol aos poucos minutos do segundo tempo não significava nada. Roan ainda era um dos melhores jogadores em campo e seu time parecia conhecer o de Trikru tão bem quanto Lexa. Aden e Gustus recomeçaram o jogo e a apreensão de Lexa se tornou mais concisa.

Foi aos 15 minutos que Roan finalmente percebeu que Lexa não era mais a atacante principal do time e pediu para que a defesa ficasse de olho em Aden. O calouro se atentou bravamente contra os brutamontes da Nação do Gelo, mas aos 25 minutos, ele levou uma ombrada de um adversário que quase o fez voar para fora do campo.

Lexa se controlou para não soltar um uivo de fúria e bater em Roan ali no campo. Sua pequena felicidade foi ver o juiz erguer o cartão vermelho para quem batera em Aden. Lexa passou a mão pelo cabelo antes do jogo recomeçar. Estava mais uma vez desfalcada. Titus mandou uma garota no lugar de Aden, porém ela não era nem de todo boa no meio de campo como ele.

O jogo seguiu sem mais ataques violentos de nenhum dos times. Lexa se distraíra com a situação de Aden e perdera algumas bolas que viraram um contra-ataque rápido de Azgeda, mas nada que sua goleira não conseguisse defender. Os dois times jogavam sem pretensão: Trikru sabendo que os três pontos eram deles e a Nação do Gelo parecendo conformada com a derrota.

O juiz deu mais três minutos de acréscimo. Lexa achou desnecessário. Ela fez algumas jogadas, mas nenhuma a colocou perto do gol. Faltando um minuto para o jogo acabar, no entanto, Roan pegou um contra-ataque de um passe mal feito de Gustus e avançou quase sem marcação para a grande área.

— Alguém para ele! — gritou Lexa do meio de campo, mesmo sabendo que era tarde demais. Roan chutou a bola no cantinho do gol e ela balançou na rede. Não houve nada que a goleira pudesse fazer.

Segundos mais tarde, o juiz apitou o fim do jogo. Lexa se permitiu um grito de raiva e chutou o gramado com toda a força que tinha. Era o segundo empate do seu time, mas não era isso que a irritava. Era empatar com Azgeda aos 47 do segundo tempo, com um gol feito pelo cara que fora seu carrasco nos últimos três anos.

Era isso que a irritava.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? A próxima parte eu devo postá-la até sábado que vem no máximo... Se tiverem algum elogio, sugestão, xingamento ou qualquer outra coisa, por favor, deixem seus reviews e vejo vocês semana que vem para mais uma parte :D