Todo meu corpo doía, podia sentir algo molhado descendo de minha testa e tinha total certeza que era sangue, porque minha cabeça latejava como inferno. Em nenhum momento ousei olhar para o lado ou sequer me mexer, toda vez que tentava me mexer ou levantar o animal ao meu lado rosnava fazendo que parasse.

Já estava achando estranho que o animal ainda não tivesse me atacado, em uma hora dessas já devia estar conhecendo o céu. Esperar pela morte não era uma coisa legal.

Pelas copas das árvores podia ver o sol sumindo aos poucos do céu, precisava sair daqui antes que escuresse, a floresta de noite não era um lugar seguro, principalmente quando um animal do seu lado não para de rosnar pra você. Eu poderia me arriscar e sair correndo, mas minha perna não parecia estar em boas condições para correr de um animal.

Deus não tava muito a fim de colaborar comigo hoje.

Decidi me virar para ver o que rosnava para mim, respirei fundo me virando com cautela, no meio de algumas raízes de uma árvore estava um lobo de pelos totalmente negros de olhos âmbar. Ele estava deitado entre as raízes apenas com a cabeça erguida, o lobo me encarava com certa raiva, algo em seus pelos brilhava em uma coloração vermelha. Era sangue, o lobo estava cheio de machucados espalhados no corpo, meu coração se apertou em ver o pobre lobo nesse estado.

Serio, Lexi?!! Esse pobre lobo pode se levantar e arrancar sua cabeça!

Ele não parecia estar em boas condições pra atacar alguém ou arrancar a cabeça de alguém. Tentei levantar novamente, mesmo que meu corpo protesta-se por conta das dores, enquanto me levantava devagar o lobo me encarava com seus olhos âmbar cerrados. Consegui me ajoelhar próximo dele sem que ele rosnasse, eu devo ter batido a cabeça muito forte pra estar tão próximo de um lobo selvagem.

— Oi, lobinho. - lobinho? Olha o tamanho do animal, ele provavelmente passava do tamanho comum de um lobo normal e você chamando de lobinho. Sorri esticando minha mão em sua direção ao lobo.

Sim, eu sei que corro o risco dele arrancar a minha mão, mas foda-se.

O coitado parecia exausto, seus olhos transmitiam certo receio que o fizesse algo.

— Não vou machuca-lo. - Não teria coragem de fazer algo desse tipo, toquei com cuidado em seu focinho.

Ele ameaçou a rosnar, mas parou e olhou pra mim, parecia que ele estava olhando para o fundo da minha alma, me examinando, o lobo abaixou a cabeça e aproveitei para fazer carinho nele. Ele é tão fofo.

Levei um susto com o barulho de latidos, me virei olhando pra cima vendo Duque em cima do pequeno penhasco de onde havia caído, Duque me olhava com a cabeça inclinada para o lado com um olhar inocente. Cara de pau, nem parece o cachorro louco de antes que fugiu para a Floresta das Sombras.

—Vem. -o chamei.

Voltei minha atenção ao lobo que se encontrava com a cabeça deitada em meu colo, sorri boba com a cena. Aproveitei para olhar os machucados espalhados em seu corpo que aparentava estar muito ruim, quem havia o machucado desse jeito? Caçadores? Não, eles não teriam coragem de entrar aqui na floresta.

Continuei passando minhas mãos por seus pelos negros, ele aparentava estar relaxando com os carinhos que recebia de mim. Duque já estava ao meu lado apenas nos observando, ele devia estar com um pouco de ciúmes de me ver dando atenção ao lobo em vez dele.

Enquanto passava minhas mãos por entre seus pelos percebi pequenos tufos de pelos caindo de seu corpo, arqueie a sobrancelha confusa, mas o que diabos estava acontecendo?

Afastei-me bruscamente do lobo quando vi seus pelos negros caírem como chuva de seu corpo, ouvi estralos de ossos se quebrando, aos poucos o corpo do lobo ganhava outra forma. Fiquei parada em choque com o que estava vendo, não era possível...

O que antes era um lobo agora era um humano, um homem de pele mais ou menos bronzeada, os seus cabelos negros estavam totalmente bagunçados e sujos, seus olhos verdes cansados me encaravam com receio e medo. Aos pouco seus olhos foram se fechando, ele havia desmaiado.

(n/a nn manjo de descricao de pessoas, mas eu tentei '-')

Duque se aproximou do homem desacordado que estava nu, o cachorro me olhou como se me perguntasse o que iríamos fazer com ele. Aproximei-me com dificuldade por conta de meu pé que estava dolorido, olhei para o homem. O que eu faria? O homem que antes era um lobo estava machucado e não poderia deixa-lo aqui.

Droga!! Sinto que vou fazer algo louco.