Dança da Extinção escrita por yumesangai


Capítulo 10
No teto de vidro está escrito: Todos os monstros são humanos


Notas iniciais do capítulo

#mortes #cliffhanger



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O carro sacolejava pelas ruas que estavam cheias de pedras, morros de terra e destroços. O conforto do carro vinha dos assentos de couro, as janelas estavam abertas e o vento batia de forma agradável, apesar da situação em que se encontravam.

— Vocês podem conversar, eu não me importo. - Kris disse quebrando o silêncio quase desagradável no veículo.

Chanyeol e Suho trocaram um olhar desconfiado, mas o líder soltou um longo suspiro, ele devia alguma coisa ao rapaz que nada tinha a ver com essa situação.

— Eu sinto muito. – Pediu de cabeça baixa.

— Eu não. - Chanyeol deu um sorriso consolador, mas era apenas triste.

O líder deu outro suspiro e afundou o rosto nas mãos.

Taemin olhou do retrovisor para eles e então voltou a encarar a estrada. Kyungsoo estava com aquele grupo, ele queria perguntar sobre ele, se estavam com ele ha muito tempo, se eram seus amigos.

— Por que você parece deprimido? Deu tudo certo no fim. - Kris disse dando uma cotovelada de leve no loiro.

Taemin apenas assentiu, mas voltou ao estado de apatia. 

[...]

As respirações em conjunto ecoavam mais alto do que o motor, eles olhavam para tudo e para o nada ao mesmo tempo, até que todos desandaram a falar, rápido, com ideias, demandas.

— Espera, o que você disse? - Minseok perguntou tentando raciocinar.

— Naquele colégio tem uma horda, nós precisamos fazê-los seguir para Exodus, eles vão ser distração o bastante. – Baekhyun repetiu.

— Funcionaria? - Jongdae perguntou se virando para Kai.

O garoto pareceu pensativo, ele não sabia de quantos errantes eles falavam, mas a palavra horda dava para ter uma ideia.

— Sim, com os errantes na entrada principal, nós podemos seguir pelos fundos, eles definitivamente vão soar um alarme e vão tirar as pessoas das torres de vigia.

— Ok, ok, como vamos atrair as malditas criaturas? - Minseok levantou a questão.

Baekhyun e Jongdae não estavam em condições de tomar uma decisão, e com Taemin sendo alguém conhecido por Kyungsoo e Kai, ele acreditava que os dois também não eram exatamente confiáveis, embora ele precisasse de um aval de Kai por conhecer Exodus internamente.

— Moto. - Sehun respondeu se metendo. - Podemos tirar o escapamento, vai fazer muito mais barulho, deve ser o bastante para deixá-los na porta.

— Precisamos de um veículo também, e armas carregadas. – Kyungsoo os lembrou, ele olhou para Minseok que aparentemente estava no comando.

— Eles foram idiotas o bastante de não conferirem o nosso armamento. – Sehun teve que sorrir.

Eles tinham armas e munição, não seria o bastante, mas seria algo. Ou talvez eles tivessem que ter em mente o verdadeiro objetivo.

— Não, eles são arrogantes. – Jongdae colocou a mão no ombro de Sehun e de Baekhyun. - Por isso o nosso plano vai dar certo, nós também não podemos ficar muito tempo aqui, eles vão voltar. 

— Sehun e Kai, organizem as armas. Kyungsoo vá atrás de um mapa local, uma planta, qualquer coisa. Jongdae para a garagem, nós precisamos de mais de um veículo e também como tirá-lo daqui. – Minseok já estava ficando com dor de cabeça. – Baekhyun recolha mais suprimentos. Nós estamos de partida.

O grupo bateu continência antes de cada um seguir para suas funções designadas. Minseok olhou para o próprio reflexo no espelho.

— Faça isso dar certo, por favor. – Pediu para o nada.

[...]

— Então? 

As janelas estavam abertas. Na mesa comprida havia um mapa desenhado cuidadosamente, Zitao ocupava uma cadeira digna da presidência de alguma corporação. Ele estava ocupado com um tabuleiro de xadrez, ele girava o rei entre os dedos.

— Trouxe Suho, e um outro garoto que estava com eles, havia rostos novos.

— Mande ele para os experimentos, não me interessa. – Derrubou um peão do time adversário, embora não houvesse mais ninguém jogando. – Faça Suho assistir, mas antes me traga ele aqui.

Zitao derrubou o Rei do outro time com um único movimento. Kris assentiu. Suho já estava aguardando no corredor, com algemas prendendo seus pulsos. Ele foi empurrado para dentro da sala que deveria ser a biblioteca do departamento que eles ocupavam. Chanyeol também entrou na sala, mas ficou para trás junto de Kris.

— Suho. – O líder o cumprimentou com um sorriso.

— Zitao. - Ele apenas o encarou.

— O seu amigo sabe porque vai morrer? – Perguntou olhando para Chanyeol que tentou –e falhou- em manter uma expressão neutra.

— Ele não tem nada com isso, o deixe ir embora, eu estou aqui, não estou? – Pediu fazendo com que Zitao o encarasse.

Mas Tao continuou olhando para Chanyeol.

— Eles devem ter te contato uma história muito emocionante, de como eles estavam vivendo num armazém e meu grupo chegou e os recrutou. Eles não aceitaram e por um motivo tão mesquinho, nós tacamos fogo na 'casa' deles, não foi?

Chanyeol assentiu, olhando um pouco desconfiado para Suho, nunca havia passado pela cabeça dele que poderia haver um outro lado, mas ele deveria saber melhor.

— Ele contou que no nosso primeiro encontro, ele tinha pessoas doentes e feridas, e nós levamos essas pessoas para o nosso centro médico? Que nós usamos nossos medicamentos, para que elas pudessem ter mais uma chance?

— Tao-- - Suho começou.

— Cale-se!

— Não... – Chanyeol respondeu baixo. - Mas... ele disse que você faz experimentos. Foi isso que aconteceu? 

Era uma espécie de teste, mas todas as cartas estavam sobre a mesa. Zitao estava sendo sincero porque ele não tinha nada a perder, se eles conseguissem sair dessa, então era melhor saber o que realmente estava acontecendo.

— Não. Nós realmente cuidamos desses pacientes, temos prontuários se você quiser ver, mas eles não sobreviveram, um deles inclusive estava infectado. – Seu tom foi quase um rosnado encarando Suho.

— Eu disse que não sabia sobre isso.

— E eu acho que você nos deu uma bomba relógio. Você nos deu um paciente zero, que infectou toda uma ala de pessoas e que quase acabou com nossos médicos.

— Eu não sabia! – Retrucou irritado.

— Você era o líder!

— Eu não sou Deus! Foi um erro...

— O seu erro me custou pessoas que confiaram na segurança da minha casa, meus médicos, nosso material e nossa melhor sala para cuidar de feridos.

— Eu não sabia...

— Você deveria saber, tinham pais, irmãos, namorados e amigos naquela ala. Essas pessoas perderam seus entes queridos por sua causa. Então eu vou tirar de você os seus. Um amigo, um companheiro, um namorado, um por um.

Chanyeol soltou um suspiro enquanto era levado para uma cela, que ao julgar pelas escadas que eles desceram ficavam no subsolo do departamento. Ele não sabia se ainda tinha forças para se importar.

Exodus era alguma base policial, era cercada por um muro, havia pequenas torres, os prédios não eram altos e havia alguns que eram depósitos, a ala médica mencionada por Zitao ficava ao fundo e parecia isolada, também havia outras construções.

Mas novamente, Chanyeol não tinha forças para se importar.

— Você deveria comer. Não fica muito bom de um dia para o outro.

Ele não reconheceu a voz e acabou erguendo o rosto. Chanyeol estava ocupando uma cela, tinha um colchão jogado num canto e ele havia ignorado o pão doce que estava num prato. O garoto do outro lado era loiro, magro e estava com Kris quando eles invadiram a loja.

— Não estou com fome. – Disse, mas pegou o prato o colocando no colo.

— É bom comer, açucar vai te dar energia.

— Por que dar energia para um prisioneiro? Eu vou morrer, não vou? É só uma questão de tempo, ou é por isso que você está aqui?

— Eu sou da equipe de desenvolvimento. Tenho até um jaleco. – Disse apontando para o uniforme. – Você está comendo algo assim porque eu trouxe pra você. Não posso fazer o mesmo pelo líder, mas você é mais fácil.

— Por quê?

— Ninguém espera nada de você. – Disse meio que dando de ombros.

Chanyeol riu sem vontade.

— Que ótimo.

— Isso é bom. Se fosse outra pessoa, fosse algum deles, provavelmente estariam sendo torturados ou usados de cobaia.

— Espera. – Isso rapidamente captou a atenção de Chanyeol. – Você sabe sobre isso? Sobre os experimentos? - O garoto assentiu. – Qual o seu nome?

— Lee Taemin.

— Kyungsoo falou de você. – Chanyeol sorriu aliviado.

— Eu o vi. – Mas Taemin não compartilhava da mesma alegria. - Foi estúpido ele ter se candidatado, ele não poderia fazer nada. Tao provavelmente teria atirado nele na frente de Suho.

Chanyeol se sentiu um pouco grato por ser insignificante a esse ponto.

— Você conhece algum Kai? Ele disse que veio de Exodus e escapou, ele também estava com nosso grupo.

Taemin estreitou os olhos, mas só conseguia pensar no outro garoto, no que ficou o encarando.

— Naquela hora?

— Não. Ele estava na parte de cima.

Taemin se aproximou da grade e agarrou as barras com força.

— Kai está vivo? Como ele está? O que ele falou?

Chanyeol olhou surpreso Taemin, agora parecia outra pessoa. Seu tom era genuinamente sincero e preocupado.

— Sim, eu não sei dos detalhes, ele disse que veio de Exodus e escapou, que conhecia Zitao.

Taemin sentou no chão, na verdade parecia que seus joelhos desistiram de funcionar. Ele sorriu aliviado.

— É o meu melhor amigo, nós viemos juntos para cá, ele quis ir embora eu não. As coisas não ficaram muito melhores depois disso. Mas ele está vivo e isso é tudo que importa.

Chanyeol não entendia, mas assentiu.

[...]

— Eu não quero contabilizar as falhas desse plano, porque são muitas. – Minseok olhou para os membros que concordaram.

Eles não tinham tempo a perder. E eles dependiam da horda seguir a moto que Kyungsoo iria guiar. Sehun havia se candidatado originalmente, mas ele não conhecia o colégio ou a região.

Abrir a garagem do shopping também levou um tempo considerável e o barulho atraiu errantes, eles tiveram que sair com o carro rapidamente.

As armas de Sehun estavam prontas para uso e carregadas. Kyungsoo havia partido com duas pistolas com o pente cheio. Sehun estava em outra moto, ele havia ficado de tacar fogo em pontos visíveis a Exodus para confundi-los.

O carro com Minseok, Baekhyun, Jongdae e Kai chegaria pelos fundos. Eles estavam testando a potências dos comunicadores que haviam roubado de uma das lojas de equipamentos esportivos.

Kyungsoo já estava fora do alcance. Era possível falar com Sehun, mas havia muita interferência, sem falar que ele estava muito rápido.

O problema da cidade grande era o estado em que ela havia ficado. Havia muitos carros fechando as ruas, batidos, capotados. Kyungsoo as vezes subia na calçada. O barulho do motor acordava qualquer criatura.

Com o tanque cheio deveria ser o bastante. Ele precisava que fosse o bastante.

Sozinho seguindo o horizonte, ele tentava pensar e repensar no plano, como ele sabia que Minseok estaria fazendo.

— Suho e Chanyeol. Suho e Chanyeol. Eles vão estar ocupados, nós vamos fugir. Taemin também está lá. Vai dar tudo certo.

Era uma espécie de mantra.

Ele não precisou chegar até o colégio para encontrar com a horda de errantes, eles estavam um pouco mais para frente depois daqueles dias. Todos aqueles rostos deformados e famintos olharam em sua direção.

Crianças uniformizadas, era um pesadelo.

—/-

Sehun tinha menos problemas, a estrada que ele tinha que seguir para Exodus era mais deserta, algumas fábricas pelo caminho e árvores. Ele tinha um mapa no bolso da jaqueta, mas tinha memorizado mais ou menos o percurso. Na mochila trazia álcool e no outro bolso isqueiro.

A fumaça deveria chamar atenção de Exodus, seria uma distração o bastante.

 

— Se você não conseguir retornar vá embora. – Kai disse num tom baixo enquanto eles ainda arrumavam as armas e verificavam a munição.

 

— Não posso deixar vocês.

 

— Sehun, isso é sério.

Ele queria ter tido mais tempo para conversar com Kai e também Minseok, mas eles estavam correndo contra o relógio. Quando chegou numa região apropriada ele deu inicio ao plano.

[...]

Eles andavam pelo espaço aberto de Exodus, aos poucos os moradores iam desaparecendo e havia apenas soldados em pé com armas. Suho ia olhando desconfiado, Kris andava sem nem piscar.

Suho travou quando começou a escutar os grunhidos familiares e o ranger de dentes. Kris o apertou com tanta força pela base do pescoço que seus dedos deveriam estar marcados na região.

— Kris, Kris!

Ele tentou capturar a atenção do outro, piedade, pena, qualquer coisa.

Os errantes estavam presos por uma corrente ao chão, como cachorros. Dali dava para ver o muro, era alto, mas não tinha torres de vigia ali, os guardas eram o que eles passaram, ninguém queria ficar perto daquele cheiro.

Kris o derrubou no chão com um golpe em seu ombro, e foi o que ele precisou para fechar a trava no tornozelo do líder.

— Torre no sol, beba água da chuva, não me interessa. Quem sabe você consegue conversar com eles.

Ele puxou a corrente, mas de jeito nenhum aquilo iria soltar. O barulho e a voz deles atraiu os outros errantes que tentaram caminhar na direção deles, mas a corrente tinha um limite, eles não chegavam tão perto, mas era perto.

— Nós chamamos isso aqui de cemitério. Zitao ainda está decidindo o que fazer com você e com o outro garoto do seu grupo, além do grupo inteiro é claro. Eles vão vir para o jantar? Eu sei que você e o outro tinham namoradinhos.

Suho segurou a respiração, ele queria socar Kris, mas o outro sabia lutar, seria tolice e ele precisava de energia e também precisava estar consciente, ele precisava de um plano e de uma rota de fuga.

Minseok deveria estar comandando o time e eles tinham Kai, eles iriam tentar invadir e Suho só podia torcer que fosse pelos fundos, mas se eles explodissem algo corriam o risco de soltar os errantes que estavam ali e eles iriam atrás dele que estava acorrentado.

— É sério, deixe o garoto ir, ele realmente não tem nada com isso. – Tentou inutilmente.

— É pra pesar na sua consciência, você não entendeu? – Kris girou os olhos. – O namoradinho dele vai ficar vivo, você não precisa se preocupar, mas a morte do garoto vai ser culpa sua.

— Me deixa falar com Tao, Kris, por favor.

Suho estava ajoelhado na lama, Kris enfiou o pé em seu ombro o afundando no chão. Alguma coisa havia estalado e o líder suprimiu chorar de dor embora seus olhos estivessem lacrimejando.

— Você acha que Tao é tão ruim por causa de experimentos, mas ele está fazendo alguma coisa, o que você fez? Tinham crianças naquela ala médica, sabia? E eu durmo escutando todos eles gritarem por causa das pessoas do seu grupo.

Suho se deu por vencido, ele não tinha como contra argumentar. Foi um erro que não poderia ser reparado. Talvez ele devesse mesmo pagar com a própria vida.

Mas não Chanyeol, não Jongdae.

O tempo passou, mas Chanyeol não conseguia ter noção, ele desistiu de contar depois de chegar a conclusão que 15 minutos haviam se passado. Não tinha janela ou relógios no porão, mas provavelmente deveria ser no final tarde.

A porta dupla e pesada se abriu e Taemin entrou com seu jaleco, Chanyeol sorriu.

— Quantas pessoas tem aqui? – Perguntou assim que o outro empurrou uma maça e um copo de água.

— Não tem muitas, quando eu e Kai viemos para cá tinha mais, as coisas ficaram um pouco difíceis.

Chanyeol mordeu a maça.

— Por que você não vai embora?

Taemin deu um sorriso triste.

— Eu achei que tinha matado meu melhor amigo, achei melhor continuar aqui.

— Mas agora você sabe que ele está vivo.

— Parte de mim não acredita sabe? Eu não o vi lá.

— Mas e as pessoas? Kai disse que não tem como sair de Exodus, que Zitao não permite.

— Veja bem, quando Kai e eu chegamos a situação estava tensa, o incidente na ala médica já tinha acontecido, Zitao estava desconfiado, então ele não queria pessoas entrando e saindo, e ele também estava com os experimentos, algumas pessoas se revoltaram.

— Família?

— É, você o ouviu. Aquelas pessoas tinham parentes aqui, então claro que eles se revoltaram, eles queriam tirar Tao do comando.

— Essas pessoas foram as cobaias... – Chanyeol não precisava que Taemin entrasse em detalhes, seu rosto dizia tudo.

— Foram realmente experimentos, não foi só para se livrar do motim. Você já viu alguém se transformando? Bem na sua frente...

Chanyeol suspirou. Ele conseguia se lembrar de seu primeiro grupo, das crianças, da menina doente, dos mais velhos. Ele não viu a transformação, mas o tempo o fez entender. O remédio não chegou a tempo, a menina morreu, se transformou e atacou todos da casa.

Ele não havia sido rápido o bastante para conseguir o remédio.

E ele ainda havia voltado de mãos vazias, sem remédios, apenas com comida.

— Algo assim. – Seu tom também era pesaroso.

— Ele testou a velocidade da transformação, amputação de membros, testou também com a presença de outros familiares, se havia alguma coisa, alguma capacidade de interferência. Eu participei disso, eu também queria saber.

Chanyeol fechou os olhos tentando afastar a imaginação de colaborar com as palavras do outro. Seu estômago embrulhou.

— Tem uma coisa que você precisa saber sobre isso tudo. – Ele disse se aproximando na grade, eu tom havia ficado bem mais baixo.

Chanyeol abriu os olhos.

— Você realmente sabe de algo, não é?

— Eles estão mortos.

Chanyeol fez uma careta.

— Todo mundo já reparou nisso.

— É uma bactéria, ok? – Chanyeol assentiu, mas ele visivelmente não estava acompanhando a linha de raciocínio do outro. – Bactérias quase não se proliferam no inverno.

— Mas as pessoas ficam mais doentes no inverno...

— Isso é vírus e não bactéria. Pense! Por que os laboratórios são tão gelados?

— Pra evitar a proliferação...

— Exato! E quando isso tudo começou? – Chanyeol arregalou os olhos, finalmente captando. - Não faz um ano. Eles estão mortos, eles não tem sangue quente, eles vão congelar, e o que vai acontecer quando descongelarem?

— ... Vão permanecer mortos...? É isso então? – Ele não acreditou no que estava ouvindo – Nós só precisamos aguentar até o inverno?

— É uma hipótese, é a única que eu tenho.

Chanyeol sorriu, pela primeira vez.

— Eu não compartilhei isso com mais ninguém, porque se não for verdade vai ser um pouco problemático, mas...

Ele conseguia imaginar os primeiros flocos de neve. Conseguia se lembrar das férias de quando havia ido esquiar pela primeira vez, de todos os casacos que teve que usar. Eles precisavam ir para Gangwon-do, para as cabanas.

Era uma questão de meses.

Quando o sol se pôs, Suho esperou que Zitao aparecesse, ou Kris, depois esperou por qualquer vigia com uma arma para acabar com sua vida, mas o céu se encheu de estrelas, e o único barulho que ouvia era o grunhido e o arrastar de correntes dos errantes. Não era uma visão agradável, mas depois do que parecia ter sido mais de uma hora, não havia muito o que vislumbrar naquele espaço.

Eram definitivamente as cobaias. Sem braço, sem a mão, sem pés, sem dedos, havia vários testes e aparentemente nenhum deu certo. Por algum tempo ele também se perguntou, e ele também quis respostas.

Mas não a esse custo, a custo da vida de outras pessoas. Pessoas tão desesperadas quanto eles.

Estava há tanto tempo sentado no chão de lama que suas pernas estavam dormentes, ele não queria se mexer muito ou os errantes voltariam a tentar alcança-lo, o que não era possível, mas o tintilar das correntes era desagradável, assim como o grunhido rouco de fome.

Talvez essa fosse sua maldição, ele fechava os olhos e tentava pensar em outra coisa, em outro lugar, mas ele só conseguia ver o rosto de Zitao dizendo que as pessoas morreram quando ele pediu por ajuda, para integrantes de seu grupo.

Não eram seus amigos, eram apenas pessoas que haviam sobrevivido e eles haviam se juntado, eles ajudavam uma as outras, era importante ter com quem contar.

Ele achou que não conseguiria pegar no sono, mas seus olhos foram ficando pesados e sua cabeça tombando para frente.

[...]

— Já é noite, nós deveríamos fazer isso hoje! – Baekhyun deu um soco na porta do carro.

O veículo estava parado no acostamento de uma rodovia, ainda faltava Sehun e Kyungsoo, o rádio só fazia chiar, sem nenhum sinal deles.

— Nós também estamos frustrados! – Jongdae devolveu no mesmo tom.

Minseok estava de cabeça baixa, mãos apertando o volante, eles tinham um prazo, um cronograma.

— Nós demos 24h, parem de resmungar. – O líder olhou para trás na direção dos dois que estavam inquietos já havia algumas horas. Eles viram o sol se pôr de dentro do carro.

Baekhyun balançou a cabeça negativamente e encarou o reflexo no vidro, ele estava cansado de ficar lá sem fazer nada. Ele abriu a porta do carro e pulou para fora. Minseok e Jongdae foram imediatamente atrás dele, Kai continuou sentado no banco do carona enquanto reclinava a cadeira para ver melhor o que estava acontecendo.

— Onde você vai?

— Você não pode sair!

Os dois disseram o mesmo tempo.

— Eu vou para Exodus, não está longe. Eles vão me receber, não é? Eu já vou estar lá, aí eu posso procurar por Chanyeol.

— Você vai colocar o plano em risco, seu estúpido ingrato, nós estamos indo resgatar mais de uma pessoa. – Jongdae o agarrou pelo braço.

— Não! Vocês só se importam com o de vocês! – Baekhyun estava soluçando. – Vocês não vão salvar Chanyeol duas vezes.

— É claro que vamos. – Minseok colocou a mão sobre o ombro dele. – Nós combinamos de continuar juntos depois disso. Soo e Sehun vão chegar e nós precisamos estar prontos.

Baekhyun olhou relutante na direção de Exodus, mas virou as costas e seguiu de volta para o carro.

[...]

Junto dos primeiros raios de sol era possível ver fumaça vindo de pontos diferentes, não era pouca fumaça de um acampamento, era um incêndio. Não era totalmente incomum, embora significasse algo muito errado.

Porque significava pânico.

Alguém sem controle tomando uma medida desesperada e cometendo um erro. Kris abaixou os binóculos, ou uma distração, era suspeito demais um incêndio na direção da rodovia voltando para a cidade.

— Tsc.

É claro que os outros iriam aparecer cedo ou tarde. Zitao se aproximou da janela com uma expressão desagradável.

— Mate o garoto e coloque o corpo dele na entrada, que isso sirva de aviso para eles.

—/-

— Novidades? – Chanyeol perguntou para tentar amenizar o clima. Taemin entrou parecendo cansado.

— Suho está preso, vai ficar lá até que Tao pense em algo. Tem fumaça saindo de pontos estratégicos nas rodovias do norte, os idiotas dos guardas acham que são acampamentos, mas Kris é mais esperto do que isso. Se isso é o melhor que seus amigos podem fazer, vocês dois vão morrer.

— Eles tem um plano, Kai está com eles e ele conhece Exodus, lembra?

— Não é o bastante, eu não sei o que vocês tem em mente, mas não é o bastante.

— Aqui não é uma fortaleza, é um departamento policial, certo? Eu reparei quando chegamos de carro. Tem vigias em pontos estratégicos, mas Tao não confia em muitas pessoas.

— Diga-me você como foi confiar em um grupo e parar como prisioneiro.

— Touché. – Chanyeol se ajeitou no chão, sua cabeça estava apoiada na grade.

Taemin parecia estar matando tempo. Ou talvez quisesse saber sobre Kai, o que era mais provável, mas não era como se Chanyeol tivesse conversando com o garoto, ele estava preocupado com Sehun, não teve tempo de dirigir a palavra ao outro.

O barulho de disparos ecoando distante chamou atenção dos dois. Taemin imediatamente se levantou.

— O que? O que foi isso? – Chanyeol também deu um pulo.

— Seus amigos, eu acho... Não parece bom, está vindo da entrada principal, achei que você tinha dito que eles eram melhores do que isso. – Seu tom era furioso.

— Eles são, não... – Chanyeol esticou a mão segurando o braço de Taemin. – Não vá para lá, você precisa soltar o Suho e fugir com a gente.

Taemin olhou ansiosamente para a porta, mas ninguém entrou e então ele tirou uma chave do bolso e abriu a cela.

— Tente não fazer algo idiota. – E empurrou um outro jaleco que estava pendurado.

Taemin saiu primeiro de lá, o prédio ficava próxima da entrada, e assim que saiu viu o caos, os portões de Exodus estavam ameaçando tombar, havia várias mãos em putrefação esticadas. Os vigias das torres atiravam para todos os lados e pelo menos um havia caído de costas no chão.

— O que diabos é isso...?

— Horda! É uma horda! – Um dos guardas gritou de lá de cima. Ele pulou os degraus de dois em dois e saiu correndo. – Nós não podemos segurar isso.

— Eles deveriam passar direito. – Um outro comentou, suas mãos tremiam, ele não deveria estar com uma arma em mãos.

— Uma moto passou fazendo barulho! Nós precisamos sair daqui agora.

As pessoas corriam para os carros, corriam para pegar coisas. Corriam e se esbarravam. Empurram Taemin tantas vezes que ele acabou dentro de um departamento qualquer.

Todos eles iriam morrer.

Ele só havia visto uma horda uma única vez, e não era o tipo de visão que você gostaria de ver novamente, muito menos de perto.

Na ocasião era apenas ele e Kai, os dois estavam no terraço da biblioteca nacional, ainda era manhã.

— Nós deveríamos estar por aí e não fazendo um tour nas sessões de biologia, medicina e.... agronomia?

 

Kai ainda tinha os cabelos castanhos.

 

— E como você pretende sobreviver? – Taemin estava deitado numa espreguiçadeira com um livro sobre pesca.

 

Na mesinha ao lado havia mais pilhas e pilhas de livro, ele já havia marcado pontos importantes e mais coisas que eles deveriam saber.

— Supermercados e entrando de casa em casa?

 

— Você não é tão idiota assim. – Taemin tacou um exemplar de alguma coisa na direção do amigo que esquivou. – Essas coisas tem data de validade e principalmente precisam de refrigeração.

 

— Seres humanos precisam de refrigeração... – Disse se abanando com um folder sobre vacinas. - Ei, Taeminnie!

 

Taemin ergueu o rosto para ver Kai pendurado na grade que não tinha manutenção bem antes do fim do mundo. Ele rapidamente se levantou para tirá-lo dali.

 

Ele esticou o braço, mas sua mão apenas deslizou pelo braço do outro, ele ficou em choque, duas ruas acima caminhava uma horda de errantes.

 

— Você já viu algo assim? – Kai estava surpreso, mas não parecia assustado.

 

Taemin estava com as pernas tremendo, ele caiu sentado no chão. Não demorou muito para que eles ouvissem tiros, gritos e mais tiros.

 

Os tiros, os carros sendo preparados, não era diferente, mas ele não estava no alto do prédio e não estava com seu melhor amigo.

—/-

Zitao foi marchando na direção de Suho que já tinha acordado com aquela bagunça. Ele se colocou de pé assim que viu o líder, mas antes que pudesse dizer algo, um soco tão forte foi desferido que ele caiu com força na lama, ao abrir os olhos ele viu estrelas.

— O que eu fiz para você e o seu grupo de degenerados trazer uma horda para a minha porta!?

— Eu não sei o que está acontecendo... – Murmurou com a mão na cabeça, tentando fazer tudo parar de girar e também seu nariz pingava sangue.

— Você matou pessoas daqui, eu trago você e seu amigo estúpido e de repente tem uma horda daquela assombrações aqui e eles vão destruir tudo! Mas se eu morrer você também vai.

Ele o agarrou pelo colarinho. Zitao tinha um olhar insano.

No alto do muro, Kai tinha finalmente escalado, ele olhou para baixo e viu os errantes presos e mais a frente viu Suho e Zitao, definitivamente não era o que ele esperava. Ele ergueu a arma, mas ele não tinha confiança, ele não tinha uma boa pontaria.

— Merda. – Murmurou guardando o arma, o jeito seria descer, abater os errantes presos e subir o muro novamente para fugirem.

— Você! – Tao apontou na direção de Kai que ainda estava decidindo o que seria a melhor opção. – Você deveria estar morto!

Zitao jogou Suho com força no chão, o garoto bateu com o ombro no metal que prendia a corrente, o impacto o fez gritar. Tao enfiou o pé em seu ombro. As mãos de Suho se fecharam na bota dele, mas ele não tinha forças para tirá-lo dali.

Zitao ergueu a arma, mas antes que ele pudesse disparar, Kai decidiu se jogar no chão, para dentro do jardim-cemitério. Assim que tombou os errantes próximos foram em sua direção.

Kyungsoo e Jongdae também chegaram no alto da mureta.

Tao mirou em Kyungsoo, mas um disparo de outra arma foi mais rápido e o corpo do garoto tombou atrás de um contêiner. O líder se virou a tempo de ver Kris com a arma em mãos.

— Soo!

Jongdae ergueu a arma com a mão trêmula, Zitao foi mais rápido lançando uma shuriken o fazendo derrubar a arma entre os errantes do pátio. O garoto estava desequilibrado emocionalmente, Suho estava bem ali e tão inalcançável.

— Mate o garoto. – Zitao gritou apontando para Suho que ainda estava abaixo de si.

Kris apontou a arma. Suho olhou de esguelha na direção de Jongdae. Nada disso precisava ter acontecido.

— Não! – Chanyeol pulou nas costas de Kris, ele puxou o gatilho e o tiro acertou no chão.

Kris e Chanyeol rolaram pela lama. Tao pegou a própria arma, Suho fechou os olhos.

O disparo o fez comprimir os olhos, ele sentiu algo respingar em seu rosto, e então lentamente ele abriu os olhos. Tao estava caído no chão, metade da cabeça estava aberta, havia sangue e miolos espalhados.

Suho poderia vomitar se não estivesse há um dia sem comer.

— Sehun, cuidado! – Jongdae gritou do alto.

Sehun tinha acabado de acertar Zitao quando dois errantes vieram por trás, ele se virou, mas o rifle foi agarrado , ele tentou puxar, mas o outro errante esticou a mão quase acertando seu rosto.

Ele largou a arma com os dois. Não ajudava que o território inteiro estava cheio de errantes amarrados pelo tornozelo, alguns se rastejavam, outros estavam em pé, outros não tinham braços.

Mas não era a melhor hora para fazer cálculos de qual se desviar. Era um campo minado nível hard.

Kai estava com a adaga, mas seus movimentos não podiam ser certeiros, ele não tinha tempo ou espaço para isso, era apenas o bastante para se livrar do mais próximo e empurrar outro. Ele precisava alcançar a arma que Jongdae havia derrubado.

O garoto em questão estava com a mão sangrando ainda no alto. Baekhyun foi o próximo a chegar na mureta, ele saltou sobre um contêiner.

 - Soo! Olhe o Soo! – Jongdae gritou apontando na direção que o amigo havia caído.

Baekhyun tentou não se distrair com todos os outros, era muita coisa pra ter foco. Ele pulou para trás do contêiner, Kyungsoo estava encostado na parede com uma mão sobre o ombro, metade de sua camisa estava cheia de sangue.

— Merda...

— Eu to bem, pode ir. – Ele apertou a mão com mais força.

— Mas...

— Vai logo!

Baekhyun sinalizou para Jongdae e pulou dali, começando a se livrar dos errantes que estavam próximos.

— Minseok! – Jongdae gritou para o amigo que já havia destruído a unha inteira, impaciente com todos os gritos e disparos,

Mas alguém tinha que ficar responsável pela rota de fuga. Ele foi correndo buscar o kit de emergência.

Do outro lado do muro as coisas não pareciam que iriam ficar melhores. Kris esticou a mão para trás e agarrou o casaco que Chanyeol vestia, foi o bastante para tirá-lo de cima, o jogando para frente, tudo que ficou na mão de Kris foi o casaco do outro. Chanyeol caiu derrubando dois errantes.

Kai chutou um errante e enfiou a adaga no olho de outro. Ele finalmente conseguiu ver a arma, mas de repente ele viu Chanyeol cair por cima dela e rolar na direção de outras criaturas.

— Cuidado! – Kai gritou na direção do garoto.

Mas ele não se recuperou do impacto rápido o bastante. Ninguém teria. Os errantes em questão não tinham as pernas e Chanyeol caiu no alcance deles. Um dos errantes o mordeu na perna, o outro em seu ombro. Chanyeol gritou.

Sehun estava literalmente do outro lado, seu rifle caído no chão, criaturas vindo de fora e o empurrando para os presos no cemitério. Ele começou tentando usar uma faca, mas logo desistiu e começou a gastar munição nos que se aproximavam.

Minseok estava agachado com Kyungsoo atrás do contêiner, enquanto terminava de prender gaze na ferida da bala para tirá-lo dali. Jongdae era o novo responsável por cuidar da rota de fuga.

— O que você fez!? – Suho gritou na direção de Kris.

Chanyeol jogou o corpo para frente para se livrar deles, mas apenas conseguiu sair do alcance do que mordia seu ombro. E era muito sangue, o estrago era grande demais. Ele apertou a mão na região, mas seus dedos afundaram no sangue e em carne viva.

Ele estava chorando e não conseguia controlar o corpo tremer, seus dedos se afundaram na terra enquanto ele tentava puxar o corpo para longe deles.

— Chanyeol! – Baekhyun gritou, ele pegou a arma e atirou nos errantes, por que tinham tantos no meio do caminho!?

Ele não conseguia vê-lo.

Kai jogou a adaga no que estava ocupado com a perna de Chanyeol, o errante tombou para o lado. Kai finalmente pegou a arma e atirou no segundo e em mais outros cinco que estavam próximos o bastante para alcança-lo.

— Baek... – Chanyeol afundou o cotovelo na terra, o sangue chegou a espirrar.

Kai caiu sentado no chão.

Ele viu o garoto cuspir sangue, o viu lutar, se arrastar naquela terra amaldiçoada na direção de Baekhyun.

Era uma corrida contra o tempo e ele estava perdendo.

Kris olhou para Suho que estava de pé, a mão no ombro que deveria estar deslocado, pingava sangue por seu braço direito. Seu olhos foram na direção do corpo de Tao ainda caído ali ao lado, mas ele não iria se levantar, Sehun havia acertado na cabeça, ou o que havia sobrado graças ao tiro do rifle.

— Nós estamos todos mortos, e a culpa é sua.

Suho segurou a respiração quando Kris estendeu o braço com a arma.

— O que você--

O líder não completou a frase, Kris apontou o cano para a própria cabeça e puxou o gatilho. O sangue respingou no rosto de Suho que o viu cair.

E ele viu o resultado. Na direção da entrada de Exodus, pessoas ainda corriam, haviam pessoas sendo devoradas, pessoas vivas matando pessoas vivas.

Se agachou com dificuldade para pegar a arma e atirou na presilha para quebrar a corrente. O coice da arma fez seu ombro esquerdo latejar, ele acabou soltando a arma novamente.

— O que eles estão fazendo? – Kyungsoo perguntou quando subiu no contêiner com Minseok o ajudando.

— Precisamos dar o fora daqui e já. – Ele se agachou e Kyungsoo subiu em suas costas e com mais dificuldade ficou em pé até que alcançou a mureta, ele mordeu a língua para não gritar quando teve que jogar o corpo para cima.

— Onde você vai? – Perguntou preocupado.

— Descer é mais fácil, eu vou buscar Suho. – Minseok pulou do contêiner para a lama.

Kyungsoo viu que havia uma escada improvisada com caixas. Jongdae foi a seu encontro.

O corpo de Chanyeol parou de se mexer. Kai balançou a cabeça negativamente, o garoto lutou até o fim, ele já conseguia ver o cabelo de Baekhyun se aproximando.

Kai seguiu na direção oposta, ele ainda precisava achar Taemin e ficar parado naquele campo não iria ajudar.

Sehun estava disposto a procurar uma forma de subir na mureta novamente, quando encontrou com Minseok e Suho.

— Onde estão os outros? – Perguntou olhando ansioso para todos os lados.

— Jongdae e Soo estão no carro, eles estão machucados, mas vão ficar bem. – Minseok passou a mão pela cintura de Suho o ajudando a mantê-lo em pé.

— Eu ouvi alguém gritar, também ouvi Baekhyun, onde eles estão?

— Provavelmente mais para o fundo. – Minseok apontou para o lado oposto. Ainda havia muitas criaturas em pé e com tanto barulho e pessoas correndo eles faziam um aglomerado que ficava impossível enxergar a frente.

— Vão embora então.

— Sehun! – Suho o chamou antes que o garoto saísse correndo sozinho por aí. – Nós vamos partir o mais rápido possível.

— Eu perdi o Kai de vista e também tem Taemin.

Suho assentiu e com isso Sehun saiu correndo.

— Por que tem tantos mortos-vivos aqui!? Saiam do caminho! – Baekhyun chutou um no peito e atirou em mais três. Havia tantos corpos caindo próximos que ele pisava nas criaturas e tentava não se desequilibrar.

Ele havia finalmente se livrado do grupo que bloqueava sua visão, até que ele viu uma outra pessoa vindo em sua direção, com o rosto abaixado. Alto, mesmo corte e cor de cabelo.

— Chanyeol! – Baekhyun sorriu aliviado.

— Baekhyun, não!

Ele se virou lentamente na direção da voz de Sehun. Era Chanyeol quem estava atrás de si, mas não era Chanyeol. Aos poucos ele ergueu o rosto e Baekhyun conseguiu vê-lo perfeitamente. Olhos que não são dele. Lábios roxos, marcas roxas seguindo pelas veias, a pele extremamente pálida. E a mordida visível em seu ombro, ainda com sangue escorrendo.

Baekhyun caiu sentado no chão, as pernas simplesmente fraquejaram.

Chanyeol que não é Chanyeol inclina o corpo, o rosto, boca aberta, um grito rouco, como de todos eles.

Talvez fosse um pedido de ajuda ao invés de fome. Talvez fossem palavras. Baekhyun começou a esticar a mão na direção do namorado, ele precisava de ajuda. Ele era diferente. Ele estava querendo dizer algo.

Ele iria ouvir Baekhyun.

Eles iram inseparáveis.

Baekhyun não escutou Sehun gritar.

— Baek! – A arma estava em mãos. Baekhyun não reagiu, Sehun conseguiu apenas ver o corpo do menor tremer e Chanyeol se aproximar, com fome. – Me perdoe.

Ele mirou a arma na cabeça do outro e apertou o gatilho.

O corpo de Chanyeol tombou dois passos, e caiu para frente, caiu bem ao lado de Baekhyun. O garoto virou o rosto na direção da figura caída, o sangue formava uma poça.

Eles estavam tão próximos um do outro.

— Cha-chanyeol...?

Baekhyun o sacudiu pelo ombro, a mão afundando no sangue.

Chanyeol não responde.

— C-chanyeol... – Ele o sacodiu, uma, duas, três vezes, mas ele não se mexeu.

A poça de sangue vai aumentando e caído no chão, meio que afundada naquele mar vermelho ele vê uma foto da polaroid. Ele e Chanyeol sorrindo, metade da foto está coberta de sangue, Chanyeol está coberto de sangue.

E ele não consegue ver seu sorriso, apenas sabe que está ali.

Seu melhor amigo. Seu namorado está morto.

E o culpado é Oh Sehun.

Baekhyun pegou a arma que estava consigo, ele vira para trás e vê Sehun arregalar os olhos, ainda com a arma nas mãos. A arma que matou Chanyeol.

Sehun abriu a boca, Baekhyun não deu uma chance que ele falasse.

Ele puxa o gatilho.


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