A menina caiu nos braços do amado após esta revelação, não só por causa desta surpresa, mas porque seu corpo doía muito.
— Você está bem? — Ele perguntou e ela negou. Não pensou duas vezes e a pegou no colo, levando-a novamente para a cama e a deixou de forma que ela ficasse meio sentada. Se sentou ao lado dela, olhando para o chão, sem jeito.
— E-era você o tempo... i-inteiro? 
— É... E você?
— Eu acho que sim. — Deu um suspiro.
— Quer dizer que você não tem cinco mil anos?! — Fez uma pequena brincadeira que acabou causando uma risada nos dois.
Era possível ver a dor nos olhos de Marinette, a resistência para não sofrer com o que estava passando. Adrien saiu do local e voltou rapidamente, desta vez com uma caixinha de primeiros socorros.
— Posso? — Ela assentiu. O loiro começou a fazer curativos nos machucados do corpo dela, que ficava toda arrepiada e às vezes fazia algumas caretas para esconder o que sentia.
Os minutos foram passando e o silêncio predominava, até o celular da "vítima" da queda começar a tocar. Pegou de dentro da sua bolsinha e viu quem era.
— É a Alya! O que eu falo para ela?!
— Simplesmente diga que você está comigo.
— Então "tá"... Qualquer coisa a culpa é sua. — Finalmente atendeu a ligação.
— Ei! — Fingiu estar ofendido pela ação da outra e começou a escutar a conversa.

— Amiga, onde você está? Eu fiquei preocupada.
— Desculpa, eu... — Olhou para o modelo. — Eu estou bem, tenho companhia.
— De quem? — Em sua voz era possível perceber a curiosidade que tanto havia.
— Oi Alya. — Agora foi a vez do garoto se manifestar no viva voz.
— Adrien?! Pera, você está com o Adrien?!
— É uma longa história... — Ficou corada.
— Depois você me conta tudo! Mudando de assunto, vocês viram o que aconteceu com a Ladybug?
— Não. — Disseram em uníssono, fingindo. — O quê?
— Ela caiu do topo da prefeitura depois de derrotar um akumatizado. Eu estou me perguntando se ela está bem.
— Espero que esteja. — Os dois se entreolharam após a resposta do jovem.
— Bem, vocês vão ir no segundo período do colégio, né?
Novamente os olhares se encontraram, desta vez confusos, Marinette não estava em condições de sair da cama, nem do lado de seu gatinho protetor.
— Provavelmente sim. — A garota não podia contar a verdade, mas também não poderia faltar suas responsabilidades.
— Então vejo vocês daqui a pouco. — Desligou a chamada, fazendo que o bate papo continuasse naquele dormitório.
— Você sabe que não pode ir para a escola deste jeito, não é?
— Eu tenho que ir, é minha responsabilidade cuidar do nosso time.
— Não é só sua. É só uma gincana, não podemos arriscar.
— Tem razão. — Abaixou a cabeça. — Está quase na hora do almoço, é melhor você ir... Almoçar. — A última palavra saiu em um tom muito baixo, que era quase impossível de ser escutado.
— Eu não vou te deixar sozinha.
— Eu sei me virar. Seu pai vai ficar preocupado se você não for para casa.
— Não se preocupe, eu lido com ele depois. Eu vou mandar uma mensagem para a Nathalie e falo que irei almoçar com algum amigo. Deveria fazer o mesmo. — E assim foi feito. Os dois enviaram seus motivos e voltaram a ficar em silêncio, tentando evitar o encontro de um par de esmeraldas com um de diamantes. Mas, realmente, eles não foram feitos para ficarem mudos.
— Você está com fome? — O loiro se levantou.
— Um pouco...
— Do que gosta de comer?
— Eu gosto de... — Ficou pensativa. — Qualquer coisa que você trouxer está bom.
— Então tá, volto logo. — Deu um beijo na bochecha dela e saiu correndo, deixando-a mais vermelha do que sua kwami. Falando na Tikki, onde será que ela está?
— O que foi isso? — A pequena se aproximou de sua dona, que continuava de boca aberta.
— Eu não sei, e não quero saber. — As duas riram.
— Mas você está bem?
— É, acho que estou.
— Parece que você conseguiu conquistar o Adrien.
— Não sei não, acho que ele gosta é da Ladybug, não da Marinette. — Voltou a abaixar a cabeça, triste com seus pensamentos, recebendo um abraço de sua pequena joaninha e uma surpresa na porta.
— Não, você está totalmente errada. — O modelo já estava de volta, segurando em seus braços um buquê de rosas vermelhas e uma caixa de bombons, com um sorriso no rosto. — Acho que são suas preferidas. — Entregou para ela, junto com a bela caixa em formato de coração.
— São lindas, não precisava.
— O que não faço por My Lady? — Piscou, finalmente podia libertar sua real personalidade com alguma pessoa fora de sua máscara. Porém ele voltou a ficar sério. — Sobre o que você falou, não é verdade. E posso te contar uma coisa? — A menina assentiu. — Você era a pessoa que eu mais gostaria que fosse a garota por trás da máscara.
— Por quê? Somos tão diferentes.
— Vamos analisar o conteúdo, pra começar as duas tem os olhos mais bonitos que já vi, o mesmo sorriso que ilumina a noite iniciada pelos seus cabelos. A coragem, a vontade, a perfeição em tudo que faz, não sei como não percebi nada. — Novamente estavam corados. — Agora, acho que você devia nem imaginava que eu seria ele.
— Graças a minha kwami, não aconteceu ao contrário. Ela me fazia acreditar que você era o meu parceiro, mesmo com as diferenças.
— Então acho que estamos kits. — Sorriram. — Vamos comer? — Se retirou e voltou com dois pratos com comida. — Espero que goste. — Entregou para ela, junto com um copo de suco.
De acordo com as reações, estava bom, pelo menos parecia estar. Adrien não comia um almoço simples há muito tempo, seu pai é muito rígido com a alimentação do filho e praticamente nunca o deixa comer coisas que não sejam "saudáveis".
— Acho que entendi o porque de você não estar em casa hoje mais cedo. — Deu um sorriso, deixando o prato de lado.
— Pera, você passou lá em casa?!
— Fui comprar uns biscoitos para a Tikki. — Fez carinho na vermelha que estava sentada em cima da cômoda.
— E o que você disse para meus pais?
— Simplesmente perguntei se você estava lá.
— Então tá... — Novamente, os olhares brilhantes se encontraram, e Marinette pôde prestar uma atenção melhor nos dele, percebendo um pequeno detalhe. — Você estava chorando?
— Vamos recalcular, My Lady caiu de um prédio e ficou desmaiada até agora pouco, como acha que eu me sentiria se a pessoa que tanto amo... — Terminaria se não fossem interrompido pela jovem que estava surpresa, seus olhos refletiam a luz do sol e competiam em questão de brilho.
— Você... Me... Ama?
— Bem... — Corou. — Sim... E você? Me ama?
— E-eu... — Também foi interrompida, mas desta vez pela sua conselheira.
— Ela tem fotos suas espalhadas pelas paredes, a capa do computador dela é uma montagem com vários recortes de imagens suas, ainda tem dúvida?
— Tikki! — Repreendeu a kwami, envergonhada.
— É sério?
— É...
— Ele passa quase o dia inteiro mexendo no Ladyblog e babando por imagens da Ladybug. — Foi a vez do gato preto aparecer e deixar seu mestre envergonhado.
— Plagg! — Também repreendeu.
— Mas é verdade. — Depois dessa, risadas doces podiam ser ouvidas naquele dormitório.
— Posso fazer mais uma única pergunta? — O loiro não tinha mais assunto, ou melhor, tinha, mas não sabia. Só possuía uma dúvida, romântica.
— Claro.
— Você ainda quer me dar um abraço, Bugaboo?
— Eu vou fazer melhor do que isso. — Depois dessa, um beijo doce e suave foi iniciado, para eles nada mais importava, a sensação era inesquecível, não precisavam mais esconder as personalidades perdidas por trás das identidades, podiam ser eles mesmos. Realmente, as máscaras haviam caído, e  sem dúvidas, nenhum dos dois imaginou que seria desta forma.