Amor Livre. escrita por Wendy Fernandes


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ♥



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Vicente sorriu, dando mais um trago no beck e soprando fumaça na cara dela. Ficava tão bonita assim. Queria poder comentar aquilo, mas não dava para esquecer que estava em uma roda com os outros colegas de curso. Ah, aquele segredo mal guardado, quase escancarado. Seria sua sina? Esconder o que não conseguia disfarçar em seus olhos negros?

Não saberia dizer muito bem porque havia se apaixonado por Valentina, nem sabia exatamente com descobrira ser capaz de tal sentimento. Não se sentira assim antes, nem como descobrira ser capaz de tal sentimento. Não se sentira assim antes, nem com homens e nem com outras mulheres. E justo por quem fora desenvolver essa emoção?

Ela é do mundo, da liberdade. Nenhum pouco fã da monogamia. Em um primeiro momento, pareceu excelente. Finalmente uma amiga com quem poderia manter relações sexuais sem o perigo do apegar-se. E quem sabe não se enquadrasse em uma dessas novas categorias do amor livre?

Afinal, como Emma Goldman já falava, pode o amor ser outra coisa senão livre? O amor que transforma, que transborda. Longe dos conceitos de amor romântico, instrumento de manipulação desse sistema burgo-capitalista, herança nojenta de períodos onde era essencial a dominação da mulher. Para que servia a monogamia, afinal? Em termos práticos, poderia apontar a necessidade antiga de ter controle sobre suas posses. Afinal, se você tem uma terra, precisa passá-la para alguém e se os filhos são os herdeiros, há a necessidade de assegurar que são os seus filhos legítimos.

A solução tomada poderiam ter sido várias, deixando a mulher como proprietária – afinal, era ela que gerava a vida em seu ventre e teria certeza absoluta, salvo algumas enganações pontuais, que a criança era mesmo dela. Oras, ela pariu, não é mesmo? No entanto, o ser humano parecia ter sido criado com o único objetivo de prejudicar-se uns aos outros e complicar o simples, então mantiveram os homens como proprietários e não só isso, transformaram a mulher sua propriedade – nada além de um instrumento para a reprodução, para a produção de herdeiros considerados legítimos.

Val considerava a monogamia extremamente não-natural, e Vince precisava admitir que fora seduzido pelos seus argumentos. E como algo construído historicamente e socialmente, necessitava de instrumentos para embasá-lo. E então o amor romântico, algo tão doentio que consideravam surpreendente sobreviver até os dias atuais, tão bem aceito. Eu mato por você, eu morro por você. O amor possessivo, que aprisiona, que sofre, que foi feito na dor.

Mas agora, conseguia enxergar um contraponto. Bem, em primeiro lugar era preciso dizer que não teve uma história fácil e podia ser influenciado pelos dogmas conservadores de sua família. O fato era que ainda tinha asco desse amor romântico, mas acreditava que a monogamia podia ser uma via natural. Não a única, mas uma opção.

Afinal, estava sendo possessivo ao não conseguir imaginar Val com outra pessoa sem se sentir extremamente desconfortável? Era errado ou construído socialmente o fato de que não conseguia olhar ou se relacionar com outras pessoas, por seu pensamento e sentimentos estarem presos a ela?

Passou o baseado e pegou um cigarro, sem deixar de olhá-la. Talvez fossem perguntas que não seriam respondidas.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?



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