Os Mistérios da Mansão escrita por Hana


Capítulo 11
Découvertes


Notas iniciais do capítulo

"Chapter X - Découvertes"
"Descobertas"



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- Tem certeza de que ninguém percebeu?

Indagava a garota.

- Absoluta.

Respondeu o outro.

 

 Augusto fora devidamente velado, e enterrado, para a tristeza dos que ainda estavam vivos. Mas aquele mistério, ou melhor, mais um dos mistérios, ainda teria de ser esclarecido.

 A cidade ainda estava às escuras, trazendo mais agonia dentro e fora da mansão. A população tinha medo o tempo todo, e Melisse mais ainda por estar representando os humanos naquela guerra.

 

- Nem tudo são flores, garota anjo. Onde seu irmão estava quando Augusto morreu? No quarto com ele. Isso te ajuda a descobrir quem o matou?

 

 Melisse ouvia a voz da mulher em sua mente, embora tentasse ignorar, afinal, estava acusando seu irmão de assassino. Mas Marck não era capaz nem de matar uma mosca, porque mataria logo o próprio pai, que sempre lhe deu todo o amor e carinho do mundo?

 Eram perguntas confusas, e respostas sem fundamento, na visão da garota. Seu irmão não era um monstro. Porém, a cada pensamento que defendia Marck, aparecia outro que o humilhava. Mas ela não queria acreditar que fora ele o culpado.

 

- Espera um pouco! – pensou consigo mesma. – Márcio estava com eles quando o crime aconteceu, ou seja, somente ele pode esclarecer tudo.

 

 Levantou da cama por um impulso e desceu as escadas correndo. Márcio não estava na casa, mas alguém tinha que saber seu paradeiro.

 

 No dia seguinte, ou deveria dizer, na noite seguinte, ele voltaria, e ela poderia falar com ele. Teria de ser o mais rápido possível, seu irmão precisava ser ajudado, caso fosse ele mesmo o assassino.

 

 Então, com medo e receio de tudo o que acontecera, foi dormir perturbada. Volta e meia levantava da cama e acendia a lanterna, e Erik sempre ali do seu lado vigiando, já que ele não precisava dormir. Marck estava em seu quarto, lendo um livro. Silenciosamente, de madrugada, Melisse foi espiar o irmão. Este parecia estar com a consciência tranqüila, ou seja, se ele estivesse mesmo calmo, era porque não havia matado ninguém.

 

 Suspirou aliviada com essa possibilidade.

 

- Não seja tão ingênua.

 

 Começava a ficar angustiada, novamente. O que essa mulher queria? Torturá-la, ou ajudá-la? Talvez estivesse tentando ajudar lhe contando através de pensamentos o que sabia. Porém, estava falando de seu irmão e ela não suportava ouvir alguém falando mal dele. Era sua única família, agora. Primeiro sua mãe havia morrido... depois o irmão Marco e agora... Augusto. Nunca iria perdoar o irmão se o que a mulher revelara fosse verdade. Nunca era uma palavra muito forte. E ela sabia disso.

 Voltou, então, ao seu quarto, e, aconchegada nos braços de Erik, conseguiu ter um sono mais tranqüilo.

 

 Ao acordar, viu uma sombra perto da porta. Começou a sentir calafrios, afinal, aparentemente era um estranho, não sabia quem era. Tentou olhar fixamente para ver se conseguia descobrir, mas era impossível.

 

 Até que ele foi chegando mais perto. E ela começava a ver seu rosto arredondado e sua pele morena. Era alto, olhos castanhos escuros, e segurava uma faca com uma das mãos, e de sua outra mão escorria sangue. Ele ria, descontrolado. Agora podia ver que era uma pessoa conhecida, uma pessoa inesperada. Uma pessoa que nunca poderia imaginar que fosse cruel e que há algum tempo eram somente hipóteses.

 

 - Marck... não... acredito... – murmurou, abaixando a cabeça para não encarar como aquela sua face sorridente havia tornado-se assustadoramente estranha. Tentou esconder o medo e a decepção, mas era impossível diante das circunstâncias em que se encontrava. Erik pousou-se a seu lado, amparando-a para que não caísse de repente. Melisse, naquele momento, queria que tudo fosse um sonho, menos Erik. Queria que nunca tivessem adentrado a mansão, queria que tudo fosse imaginação, e que já iria passar, porém, era tudo verdade, aparentemente.

 

- eu falei, srta. Você não quis me ouvir... as aparências enganam, e você sabe muito bem disso.

 

 A garota tampou os ouvidos com a mão, tentando não ouvir mais o que a voz em sua mente falava. Porém, era uma coisa totalmente inútil, pois a voz era de seu subconsciente, e não por fora dele.

 - Já chega! – gritou, por impulso. Chegou perto do irmão e o empurrou com força, fazendo a faca cair ao chão. Estava fora de si, e Erik percebeu isso, tentando fazê-la parar de empurrá-lo.

 O garoto parecia também estar sendo controlado, sua face não poderia ter-se tornado tão cruel de uma hora para outra. O mistério da morte de Augusto fora resolvido, mas agora tinha o de Marck. Por que, afinal, ele estava fazendo tudo aquilo? Como ela pôde deixar que tudo acontecesse tão rápido? Mistérios e mais mistérios... Como se eles estivessem sendo colocados em ordem... Como se tudo fosse um grande jogo mortal, onde um passo em falso pode custar uma vida. Como se Hydan soubesse exatamente o que fazer, como se tudo fosse um grande e cruel plano.

 

 - AAAAAAAAH! Minha... cabeça... – Marck gemia, aturdido. – Não pode... fazer... isso... comigo... – sim, ele estava sendo controlado. Era o que aparentava, vendo ele se contorcer gritando de dor.

 

 Melisse, que havia sido afastada por Erik, novamente chegou mais perto do irmão e murmurou em seu ouvido.

 - Sou eu... sou a Mel, sua irmã... – lágrimas rolavam pela sua face, e ela já não podia impedi-las de cair.

 Ele pareceu sair do transe.

 

- Mel! Mel! Perdoe-me! Fiz-lhe alguma coisa? Machuquei-te? – ele parou de falar e esperou a garota respirar. Em seguida, continuou – Você está bem?

 A garota deixou escapar um sorriso no canto dos lábios, e respondeu, singelamente.

 

 - Sim, estou bem... meu irmão. – os dois se abraçaram. Até que Marck percebeu seus sangramentos e machucados, sua mão coberta de sangue e a faca um pouco afastada de onde eles permaneciam. Ele virou-se para a parede, levantou uma das mangas e sentiu arder a marca demoníaca. Ele... havia se transformado? Gemia de dor e Erik, como pertencia ao mundo vampiresco, percebeu algo de errado. Como sempre.

 

 Esperou o garoto abaixar a manga e virar-se para começar a falar.

 

 - Me deixe ver isso. – ele levantou a manga novamente. Um susto grande o fez dar um passo para trás, e Melisse ficou boquiaberta ao olhar aquela marca, levando as mãos à boca.

 - Mel... – Marck tentava se explicar, mas era inútil. Mel decepcionara-se com a única pessoa que restava em sua família. – Eu não queria, eu... não... – ele abaixou a cabeça, tentando lutar contra sua própria dor. Ela não conseguia mais acreditar naquele que há pouco tempo contava suas confidências, seus medos, naquele que além de irmão era seu melhor amigo.

 

 - Não acredito que me enganou esse tempo todo. – ela falou, dessa vez fitando-o forçadamente. – nunca vou te perdoar... Nunca... – quanto mais falava, quanto mais o fitava, mais repulsa sentia, e mais vontade de chorar emergia de sua alma.

 

  O garoto, saiu de casa arrependido, mas quem possuía aquela marca não poderia tirá-la. Ele teria de ser morto, pela própria Reichert, afinal, era seu dever tirar os vampiros malignos do mundo, e a única maneira era transformando-os em pó.

 

 A garota ficou sentida por ter falado daquele jeito com o irmão, mas fora necessário. Ele era um vampiro agora, um sugador de sangue, um assassino. Não conseguia se conformar. Sentou-se na beira da cama, e suspirou. Naquele momento, só pensava na morte. Mas sua missão teria de ser cumprida antes de tudo.

 

 - Não estou agüentando mais, Erik. – ela fitava-o, aflita.

 - Você precisa ser forte, meu amor. É seu dever.

 - Eu sei... eu sei... – ela o beijou.

 

 Não precisava mais falar com Marcio para saber se realmente havia sido Marck o assassino de Augusto porque o próprio suspeito havia confessado. No entanto, a garota começava a suspeitar de que seu irmão tivesse sido obrigado a cometer tal ato. É claro! Como fora baka por não acreditar numa pessoa sangue do seu sangue. Bom, agora era vampiro, mas nem por isso havia deixado de ser seu irmão.

 

"tudo que somos está desaparecendo" 

 

 

 Dias se passaram e nenhuma notícia de Marck, nem de Hydan, ou Rurik e Joanne. Estranho. Como vampiros malignos somem assim, do nada, e sem deixar nenhuma pista? Oras, isso cheirava a armação.

 

 Calafrios.

 

 - Sinto alguém me espionar. – Melisse falava, estremecendo. Estava frio.

 - Não deve ser nada. – Erik disse, tentando mantê-la serena.

 

- eles estão chegando, Melisse Reichert. Eles vão te destruir se desistir de lutar.


Mas quem disse que ela havia desistido?

- Se uniram para acabar com você. Até mesmo seu “papai” biológico e seu irmão, querida.

Maldita.

 

 Estava começando a ficar agoniada por ouvir aquela garota falar mal de sua família, de tudo. De seus amigos, de sua família, e até dela mesma. Que tipo de ajuda Melisse podia esperar de uma pessoa como essa? É, dava pra imaginar. E sim, isso foi totalmente irônico.

 

 Erik saiu do quarto para deixar Mel descansar em paz. Porém, era impossível com tudo o que estava acontecendo. Após o vampiro sair, a garota foi fechar a porta, e ao virar-se, deparou com uma pegada... sangrenta.

 Imediatamente deu um pulo para trás, mas ao virar-se para o outro lado, mais pegadas. Foi seguindo todas elas, até chegar ao banheiro. E olhando, dos pés a cabeça, viu quem era... Rurik.

 - Tava demorando. – seu tom de voz era debochado.

 - Por que, sentiu saudades? – ele olhava sedutoramente para ela, com seu tom de voz irônico, mas esta, não correspondia àquele olhar.

 

 Ela não respondeu.

 

 - Desembucha. – disse, após alguns segundos, fazendo caretas.

 

 - Não vim aqui para falar nada, pelo contrário, vim seguir ordens. Ordens de seu querido pai, garota.

 

 - Infeliz... – murmurou.

 

 Flashback on:


 - Espere... filha! – pela primeira vez ele chamava-a de filha com certo amor por ela.

 A garotou virou para trás, esperançosa.

 - Não é nada. Vá. – sua grosseria voltara, e a garota, deixando uma última lágrima cair, foi embora.

Flashback off:

 Rurik puxou-a pelo braço, forçadamente, ela tentou gritar, mas estava sem voz para tanto. Tentou empurrá-lo e felizmente, conseguiu livrar-se daquelas mãos sombrias.

 

 - Por que meu próprio pai não veio aqui? O que ele quer, afinal?

 

 - Ele quer que eu te leve junto comigo. Disse que tem um assunto importante a tratar.

 A garota aceitou, mas pediu para deixar uma carta. Tudo estava fácil demais para seu gosto. Rurik aceitou e esperou-a redigi-la.

 

“Erik,

 Rurik veio me buscar... Fiquei com medo, mas seria pior se eu não fosse. Disse que Hydan tem... Assuntos a tratar, e tenho esperanças de que ele mude, sabe. Então eu fui com ele. Não me procure, pode piorar as coisas. Se eu demorar a voltar, espere. Se eu morrer, você vai saber logo, afinal, noticias ruins correm,não é? Não quero que se sinta mal por minha causa, não quero que fiques triste, não quero te fazer sofrer. Ficarei bem melhor se souber que está bem e esperando eu voltar. Assim que puder sair de lá, eu volto meu amor, eu volto sim. E espero ter boas notícias, quem sabe.

 Eu te amo. Muito.

 

                                                                     Ass., Melisse Reichert.”

 

 

 Os dois partiram.

 

 Tempo depois, Erik voltou ao quarto, e leu a carta. Uma saudade lhe invadiu junto com uma dor no peito, ele sentia falta da garota, mas resolveu atender ao seu pedido. Sabia que ela era esperta. E sabia que ela conseguiria vencer. Tinha medo, mas era o melhor a fazer.

 

 - Pai? – Melisse adentrou ao quarto do vampiro, calmamente.

 - Olá. – Hydan aparentava estar tranqüilo. Estava sentado em uma poltrona que havia ao lado de sua cama. – Querida... – Melisse nunca havia ouvido ele lhe chamar assim. Achou estranho, porém, uma imensa felicidade invadiu-lhe com a possibilidade de ele estar mudando mesmo.

 

 Conversavam tranquilamente, quando alguém bateu a porta.

 

  - Está esperando alguém? – ela perguntou.

 

 - Não. – ele estava mentindo. – deixe-me ver quem é. Com licença.

 

 Ele abriu uma pequena frecha da porta.

 

- Mestre... Deve matar a garota... antes do amanhecer...

 

 

 Se ele deveria matá-la e ela também deveria matá-lo, a batalha entre os dois estava se aproximando. Agora, mas do que nunca teriam que se decidir em que lado eles realmente estavam. Pois um dos dois se renderia, ou não. Um dos dois perderia, e o outro obviamente venceria. Hydan era ambicioso, forte. Melisse era guerreira, e tinha uma missão poderosa a cumprir.

 

 

- Está chegando a hora...!

 

 Era a voz novamente.

 

 Lino Hydan fechou a porta do quarto.

 

 - Problemas? – a garota indagou-lhe.

 

 - Não. Nada. – sua voz, agora, tornava-se fria e calculista, assim como sua forte personalidade.

 

 Melisse tentou sorrir.

 

 Podia imaginar o que ele estava tramando, se é que estava tramando alguma coisa né. E Erik, como será que estava? Tentou concentrar-se somente no que estava acontecendo ali.

 

 - Alguma vez você já se perguntou sobre a vida? Sobre as características que divergem o mundo vampiresco do mundo humano?

 

 Mas que papo doido era aquele? Do que ele estava falando?

 

 - Seu dever é me matar, eu sei disso. Mas você não sabe minha missão. – percebendo o olhar confuso da garota, prosseguiu. – sim, eu também tenho uma missão. É um tanto parecida com a sua, mas, ao invés de matar vampiros... eu mato humanos.... devo matar você também... filha...

 

 - Não precisa ser assim! – ela gritou, deixando suas lágrimas correrem livremente. – Não precisa se entramos em um acordo!

 

 - Mas que acordo? Você acha que vou passar por “papaizinho fofo e amoroso para com sua filhinha mimada?”, não mesmo. – ele estava sendo grosso novamente.

 

 Mas que cara bipolar.

 

 - Gomene... – seu jeitinho fofo de pedir desculpas derretia o vampiro. Ficava caidinho pela filha cada vez que pronunciava “gomenasai” ou “gomene”, era impressionante.

 

 Um dos dois iria ter que morrer. Um dos dois estava com o destino traçado.


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Notas finais do capítulo

Se houver algum erro de digitação, me avisem please D=

Mereço reviews, mereço? *------------*
obrigada =]